Escutemos o Papa Pio XII, em excertos da sua encíclica “Mediator Dei”, promulgada em 20 de Novembro de 1947:
«Nós vos exortamos ainda, veneráveis irmãos, a que tomeis cuidado em promover o canto religioso popular e a sua acurada execução, feita com dignidade conveniente, podendo isso estimular e aumentar a Fé e a Piedade das populações cristãs. Ascenda ao Céu o canto uníssono e possante do nosso povo, como o fragor das ondas do mar, expressão canora e vibrante de um só coração e uma só alma, como convém a irmãos e filhos do mesmo Pai.
O que dissemos da Música, aplica-se às outras artes, especialmente à Arquitectura, à Escultura e à Pintura. Não se devem desprezar, nem repudiar, genèricamente e por preconceitos, as formas e imagens recentes, mais adaptadas aos novos materiais com os quais são hoje confeccionadas; mas evitando, com sábio equilíbrio, o excessivo realismo, de uma parte, e o exagerado simbolismo, de outra, e tendo em conta as exigências da comunidade Cristã, mais do que o juízo e o gosto pessoal dos artistas. É absolutamente necessário dar livre campo também à Arte moderna, SE ESTA SERVE COM A DEVIDA REVERÊNCIA, E A DEVIDA HONRA AOS SAGRADOS EDIFÍCIOS E RITOS, de modo que ela possa unir a sua voz ao admirável canto de Glória com que os génios cantaram, nos séculos passados, a Fé Católica.
Não devemos deixar, porém, por dever de consciência, de deplorar e reprovar AQUELAS IMAGENS E FORMAS, POR ALGUNS RECENTEMENTE INTRODUZIDAS, AS QUAIS PARECEM SER DEPRAVAÇÃO E DEFORMAÇÃO DA VERDADEIRA ARTE, E QUE MUITAS VEZES, REPUGNAM ABERTAMENTE AO DECORO, À MODÉSTIA, E À PIEDADE CRISTÃ, E OFENDEM, LAMENTÀVELMENTE, O GENUÍNO SENTIMENTO RELIGIOSO; ESSAS FORMAS DEVEM SER MANTIDAS ABSOLUTAMENTE AFASTADAS E COLOCADAS FORA DAS NOSSAS IGREJAS, COMO EM GERAL TUDO O QUE NÃO ESTÁ EM HARMONIA COM A SANTIDADE DO LUGAR.»
A arte constitui a criação consciente, racional e espiritual do belo. Por sua vez, a beleza constitui a síntese, metafìsicamente dialogada, de todos os transcendentais reunidos.
Efectivamente, o Ser, abstractamente definido, não apenas como aquilo que É, mas como O QUE NÃO PODE NÃO SER, possui três propriedades, denominadas transcendentais:
A Unidade, define-se como a expressão transcendental do grau de coesão daquele que exerce o acto de ser, ou seja, do ente; da intensidade com que o ente é ele próprio; em suma – Unidade é o grau com que uma realidade é aquilo que é.
A Verdade exprime, transcendentalmente, a proporção do ente com a Inteligência. A Verdade ontológica constitui, essencialmente, a medida de todo o criado pela Inteligência Divina; efectivamente, a Criação é Metafísica e Teològicamente medida pela Verdade Divina. Por outro lado, a nossa inteligência, bem como a dos Anjos, é medida pela realidade dos entes, pela sua inteligibilidade. Mesmo que não existissem inteligências criadas, a inteligibilidade do Universo seria uma expressão da Verdade Divina. E caso não houvesse Criação, mesmo assim, a Infinita Verdade de Deus seria conhecida pela Infinita Inteligência Divina, através de um Acto de fecundidade Infinita, indissociável da Geração do Verbo.
A Bondade exprime transcendentalmente a amabilidade daquilo que é verdadeiro; porque quanto mais uno é um ente, mais verdadeiro e mais amável é. A Bondade proporciona-se, essencialmente, com a vontade. A Criação pluralizou, necessáriamente, o Ser; o ente finito e contingente terá de ser, também, múltiplo; ao fragmentar o ser, fragmentou-se a Verdade e o Bem dos entes; consequentemente, esses mesmos entes, conhecem-se, amam-se, completam-se, uns aos outros, no Ser, na Verdade e na Bondade.
Mesmo que Deus não tivesse criado o Mundo, Deus seria Infinitamente Bom, Infinitamente amável; Deus amar-Se-ia a Si mesmo num Acto Infinitamente fecundo, não na linha da Inteligência, mas na linha da Sua Vontade Infinita.
Ora, quando o Ser, na Sua Unidade, Verdade e Bondade, atinge elevada magnitude, os trancendentais como que dialogam, exigindo-se uns aos outros no próprio resplendor do Ser – É A BELEZA.
A criação consciente, racional, espiritual, Sobrenaturalmente iluminada, da beleza, não se pode reduzir à cópia, pura e simples, do mundo natural; SERÁ, SIM, CONSTITUTIVA DE UMA INTERPRETAÇÃO OBJECTIVA E ORDENADAMENTE IDEALIZADA DAS REALIDADES NATURAIS.
Qualquer arte pressupõe que o artista domine um conjunto de técnicas que lhe permita actuar com elevado padrão de definição, incluindo aspectos subliminais, sobre os materiais que utiliza. Um retratista, só o será verdadeiramente, se souber transfundir sublimadamente na figura real o princípio espiritual caracterizadamente definidor de uma personalidade, de uma vida, e de um ideal.
Na exacta medida em que o Homem é um animal racional, a sua existência processa-se nos confins do Mundo espiritual com o Mundo material. O homem possui assim uma percepção absolutamente privilegiada DO SENTIDO ÚLTIMO DA ANALOGIA PROFUNDA DO SER, o que não acontece com o Anjo.
Neste quadro conceptual, o homem, iluminado pela Graça de Deus Nosso Senhor, pode produzir, mesmo sem nenhuns dons pròpriamente artísticos, os mais belos hinos à Glória de Deus, simplesmente operando no quotidiano da sua vida o Pensamento e a Caridade Divina, de que Sobrenaturalmente participa. A vida dos Santos constitui a maior obra de arte que se pode conceber neste mundo; precisamente porque nestas vidas, a Unidade, a Verdade, e a Bondade, dialogam maravilhosamente sob a Luz Sobrenatural de Deus Uno e Trino.
De tudo isto se infere que a Beleza constitui uma forma de ser que deve impregnar toda a nossa vida, e não apenas as actividades denominadas artísticas. Cumpre assinalar, que o Ser não é Deus. Ser é um conceito ABSTRACTO, impessoal, que assimilamos a partir da diversidade de entes e de princípios que nutrem a nossa inteligência. Deus, é uma realidade EMINENTEMENTE CONCRETA, Pessoal, Transcendente, que é conhecida fielmente pela inteligência rectamente constituída, a partir das coisas visíveis, e igualmente pela Revelação Sobrenatural. Em Deus, a Unidade, a Verdade, a Bondade, a Beleza, são Infinitas.
Portanto os homens tementes a Deus, que O amam sobre todas as coisas, que O adoram, se possuem dons artísticos, evidentemente que poderão criar, e efectivamente criam, a verdadeira Beleza, seja na Música, na Pintura, na Arquitectura, ou na Literatura; os homens ímpios, que não conhecem nem amam a Deus, confeccionam a negação da beleza, NA QUAL A PRIVAÇÃO DE SER, ANTI-PRINCÍPIO DE FEALDADE, APARECE FALSAMENTE COMO BELA A OUTROS HOMENS ÍMPIOS, IGUALMENTE PRIVADOS DE SER.
Daqui se infere todo um corolário de formas arquitectónicas, tanto civis como religiosas, ABERRANTES, FRUTO DO ATEÍSMO, E FONTE PROPAGADORA DO ATEÍSMO. Os chamados arranha-céus, que na realidade, querem repetir o pecado da torre de Babel, constituíram, no século XIX, o grande chamariz da maldição da civilização urbana, ateia com todas as suas forças, adorando o bezerro de ouro do grande capitalismo industrial, que após eliminar a Deus, conseguiu destruir também o Homem, na sua mais íntima dignidade de criatura, que veio de Deus, e para Ele deve voltar. A moderna arquitectura urbana esmaga as almas, destruindo-lhes toda a inclinação para as coisas de Deus e da salvação da alma. A própria funcionalidade dessa arquitectura é materialista, empurrando o homem para a Terra.
A mil vezes maldita seita anti-Cristo, cujo “dogma”, segundo Bergoglio, é: VIVE E DEIXA VIVER; evidentemente que, ao destruir o Santo Sacrifício da Missa, liquidou sumàriamente toda a Arquitectura e Arte Sacra, transformando as “igrejas” em cinemas, ou clubes de recreio, verdadeiros templos de satanás, onde o FEIO é entronizado.
Porque não duvidemos: a heresia e o ateísmo, na sua privação radical de ser, utilizam a falsa arte, para difundir esse mesmo ateísmo nas almas de milhões – E CONSEGUEM.
Nem ouso referir a monstruosidade edificada em Fátima, autêntico templo maçónico e satanista, implantado em terras de Santa Maria. Portugal ainda vai pagar muito caro por essa hediondez.
Tudo o que vai na alma do Homem, seja bom ou mau, reflecte-se e difunde-se, necessàriamente, em todo o seu corpo, em todas as suas atitudes, e em todo o ambiente à sua volta. Por sua vez, as outras almas, contactando com essas atitudes, com esse ambiente, tendem a seguir o seu exemplo, seja para o bem, seja para o mal.
Que Deus Nosso Senhor e Sua Santíssima Mãe nos auxiliem neste doloroso transe, em que tudo à nossa volta, humanamente, É FEIO, para que possamos irrevogàvelmente dirigir o nosso olhar para a FONTE DE TODA A VERDADE E DE TODA A SANTIDADE, RELICÁRIO DE ETERNA SABEDORIA, E INEFÁVEL BELEZA INCRIADA.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 22 de Outubro de 2014
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