“Luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo”
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa Pio XI, em excertos da encíclica «Ad Catholici Sacerdotii», promulgada a 20 de Dezembro de 1935:
«A Igreja de Jesus Cristo, depositária e guarda infalível da Divina Revelação, distribui por meio dos seus sacerdotes os tesouros das verdades celestiais, pregando aquele que é “Luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo”, espalhando com Divina generosidade aquelas sementes, pequenas e desprezíveis aos olhares profanos do mundo; porém, que, como o grão de mostarda, têm em si a virtude de pôr sólidas e profundas raízes nas almas sinceras e sequiosas da verdade, e de torná-las, à semelhança das firmes e robustas árvores, inexpugnáveis contra a corrente das mais fortes tempestades.
Em meio dos erros que o pensamento humano produz, ébrio de uma falsa liberdade, que o isenta de toda a Lei, e todo o freio, no meio da corrupção espantosa da malícia humana, ergue-se, como o farol que durante a noite dirige com sua luz o curso dos navios, a Igreja de Deus, que condena todo o desvio, para um ou outro lado da verdade, e que indica a todo e a cada um o caminho direito que devem seguir. E ai de nós, se este farol, não já se extinguisse – o que é impossível, MAS SE CHEGASSE A IMPEDIR A DIFUSÃO DE SUA LUZ RADIANTE!
Vemos já com nossos olhos onde chegou o mundo, por ter repelido orgulhosamente a Divina Revelação, e por ter seguido, sob o falacioso título de ciência, falsas teorias filosóficas e morais. Pois se ainda não deslizou, pelo plano inclinado dos erros e dos vícios, ao mais baixo e abjecto, isto se deve aos raios da Verdade Cristã, que se difundem sempre pelo mundo.(…)
A palavra do sacerdote penetra nas almas, e nelas produz luz e consolo; a palavra do sacerdote, mesmo entre o torvelinho das paixões, emerge serena, exorta à virtude, anuncia impàvidamente a verdade, aquela verdade, dizemos, que ILUMINA OS MAIS GRAVES PROBLEMAS DA VIDA HUMANA, E OS RESOLVE ORDENADAMENTE; AQUELA VERDADE QUE NENHUMA DESGRAÇA PODE ARREBATAR, NEM A PRÓPRIA MORTE, QUE ANTES A ASSEGURA E A TORNA IMORTAL.
Se pois se consideram, uma a uma, as verdades que o sacerdote deve inculcar, para ser fiel aos deveres do seu ministério, e se se pondera a sua força íntima, bem se compreende quão grande e benéfica é a influência do sacerdote, principalmente quando, por exemplo, recorda aos grandes e aos pequenos a fugacidade da vida presente, a caducidade dos bens terrenos, o valor dos bens espirituais e da alma imortal, a severidade dos juízos de Deus, a santidade incorruptível dos olhos Divinos que perscrutam os corações de todos e “hão-de dar a cada um segundo as suas obras”. (…)
Uma gloriosa experiência de quase vinte séculos, demonstra toda a eficácia salutar da palavra sacerdotal, que sendo eco fiel e repercussão daquela Palavra de Deus que (…) suscita heroísmos de todo o género, em todas as classes e em todas as épocas, e cria as acções desinteressadas dos corações mais generosos.»
A Unidade constitui o primeiro atributo transcendental do ser; É pela unidade que um ente é aquilo que é; e quanto mais unidade possui, mais o ente é ele mesmo. Um insecto possui muito menos unidade do que uma pessoa; e esta também possui muito menos unidade do que um Anjo; E DEUS É A UNIDADE INFINITA; quanto mais unidade existe num ente, mais Verdade ele encerra, e por isso mesmo, também mais bondade. Quando nós, cansados do desgaste das vicissitudes do quotidiano, nos retiramos para reflectir, PARA NOS RECOLHERMOS, estamos buscando, na realidade, uma maior unidade, que nos faça sermos mais nós mesmos. E que grande glória damos a Deus Nosso Senhor, quando após uma vida inteira de lutas e sofrimentos, PERMANECEMOS INTACTOS NA NOSSA UNIDADE, NA NOSSA COERÊNCIA CONNOSCO MESMOS, SEMPRE EM LOUVOR DO SENHOR.
Sabemos que a Santa Madre Igreja, à semelhança do seu Fundador, é Divina e Humana, ainda que como uma Instituição. É essa Divindade que explica que tenha conseguido vencer crises tão terríveis, como a do século de ferro, ou seja, século X, e primeira metade do século XI; em que experimentados historiadores, nalguns casos, não concordam em quais os papas e quais os anti-papas; mas em que as trevas que cobriram a Santa Madre Igreja, não lograram, ainda segundo a grande maioria de abalizados historiadores, desfuncionalizar a acção da Santa Igreja, na Pessoa de seus verdadeiros Papas.
É precisamente a Divindade da Santa Igreja que lhe confere uma unidade e uma imutabilidade que NÃO SÃO DESTE MUNDO; pois que a peregrinação da Santa Igreja através do tempo é, e não pode deixar de ser, perfeitamente homogénea; não pode sofrer, INTRÌNSECAMENTE, as vicissitudes do mundo, e muito pelo contrário, deve ser a Santa Mãe Igreja a facultar ao mundo a elevação Sobrenatural que lhe falta. Que se afirme muito claramente: A UNIDADE DA IGREJA NÃO É A UNIDADE DO GÉNERO HUMANO, NEM PODE SER, VISTO QUE A SANTA IGREJA É UMA INSTITUIÇÃO DIVINA, ESSENCIALMENTE SOBRENATURAL, PESE EMBORA O O SER COMPOSTA POR HOMENS, ENQUANTO TAIS, FALÍVEIS E PECADORES. Consequentemente, compete à Santa Igreja comunicar, autoritàriamente, a vida Sobrenatural ao mundo, tutelando inclusive os aspectos temporais da existência que devem ser afeiçoados à acção Divina da Mãe Igreja.
No seio do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, ARDE CONTÌNUAMENTE UMA CHAMA DE ETERNIDADE; porque é no Sacratíssimo Coração de Jesus, unido inefàvelmente ao Coração de Maria, que se encontram todas as almas em estado de amizade com Deus pela Graça Santificante, estejam elas ainda na Terra, ou já no Céu, ou no Purgatório. Tal como ensinou o Anjo de Fátima: “Santíssima Trindade, adoro-Vos profundamente, e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da Terra, e em união com o Seu Sacratíssimo Coração e com o Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.”
A Eternidade é perfeitamente una, pois não possui passado, nem futuro, nem sucessão ou dispersão alguma – É UM PRESENTE PERPÉTUO. Mesmo a Eternidade em NEGATIVO INFERNAL, concentra num presente perpétuo todos os suplícios dos condenados – multiplicando-os impensàvelmente. Todavia, até ao fim do mundo, a Eternidade é, EXTRÌNSECAMENTE, medida pelo tempo terrestre. Mas o tempo, corruptível, material, sucessivo, numerável, terminará com este pobre mundo. Neste quadro conceptual, todos os conspectos da Santa Mãe Igreja se dirigem para a Eternidade, até mesmo porque as almas em estado de Graça, mesmo neste mundo, de certo modo já estão no Céu; assim como os inimigos de Deus Nosso Senhor, mesmo neste mundo, de certo modo já estão no Inferno.
A Unidade da Santa Madre Igreja constitui igualmente uma unidade de PAZ; Já foi referida a intangibilidade intrínseca da Santa Igreja a tudo o que não seja santo, puro e imaculado; nem as mais horrendas vicissitudes da História Profana podem atingir o Coração de Jesus que é o Coração da Santa Mãe Igreja; ora Nosso Senhor é o Príncipe da Paz. Adão foi constituído em Paz e amizade com Deus, e se não tivesse pecado, Adão seria perpètuamente a Cabeça de uma humanidade onde jamais habitaria qualquer discórdia, menos ainda guerra. Mas porque Adão pecou, perdeu por isso o título de Cabeça da Humanidade, o qual passou para o Novo Adão, Nosso Senhor Jesus Cristo, Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, O Qual, restabelecendo na Cruz os Bens da Graça, consumou a Paz, ou a possibilidade de Paz, no coração dos Homens.
Em certo sentido, e depois do pecado original, tudo o que é material é mutável, inconsequente, falho de unidade. No Paraíso terrestre havia tempo e matéria, mas os Dons Preternaturais e Sobrenaturais, de alguma maneira sanavam e elevavam toda a Criação conferindo-lhe uma unidade, só superável no Céu.
O Antigo Testamento, na sua diversidade, é contudo perpassado por um poderoso princípio de unidade, que é o da própria Revelação; Por isso se pode afirmar, conquanto em sentido impróprio, que a Igreja já ERA no Antigo Testamento, PRECISAMENTE PORQUE A REVELAÇÃO, COMO PRINCÍPIO DE UNIDADE, JÁ ESTAVA EM MARCHA.
A explicitação do Depósito Objectivo da Fé, prosseguido pela Santa Madre Igreja ao longo dos séculos, só faz sobressair a sua magnífica unidade, precisamente porque o desenvolvimento dramático do seu peregrinar na História, calcorreia os passos da vida de Nosso Senhor, A Qual constituiu um exemplo de Dignidade de Infinita coerência e unidade, e Causa exemplar, eficiente, instrumental e final, da unidade Sobrenatural que devemos almejar, resistindo às armadilhas da vida, com os olhos postos no Redentor. E as precedentes asserções, ilustram de forma singular, como a tragédia conciliar, a seita anti-Cristo, destruindo a face humana do Corpo Místico, deixou indemne a Divindade da Igreja. O Corpo do Senhor também morreu, mas a Pessoa Divina e a alma humana, não foi, nem podia ser atingida; e o Senhor voltou à vida em Corpo,Sangue, Alma e Divindade -E COMO TAL ESTÁ PRESENTE NO SANTÍSSIMO SACRAMENTO DA EUCARISTIA, QUE É O CORAÇÃO DO CORPO MÍSTICO.
Nosso Senhor Jamais prometeu que a Unidade, Indefectibilidade e Infalibilidade da Santa Igreja, não seriam atingidas a título EXTRÍNSECO E QUANTITATIVO. Muito pelo contrário, o Redentor deu claramente a entender que os últimos tempos testemunhariam uma apostasia universal. “E SE NÃO FOSSEM ABREVIADOS ESSES DIAS, CRIATURA ALGUMA PODERIA SALVAR-SE, MAS POR CAUSA DOS ELEITOS ELES SERÃO REDUZIDOS. (Mt 24,22)
Efectivamente, a usurpação da face humana do Corpo Místico pela maçonaria internacional, configura um ataque extrínseco, que embora tenha obliterado a Santa Igreja como realidade social e cultural, de forma alguma vai contra as promessas de Jesus e a Tradição da Igreja. No texto citado da encíclica do Papa Pio XI, a irradiação Sobrenatural da Igreja é justamente apresentada como a força que impede a queda do mundo na mais absoluta abjecção, daqui se pode inferir o que o mundo é actualmente.
Pela oonstância é que seremos salvos, através de uma unidade Sobrenatural e inquebrantável na nossa vida. Porque a participação na Natureza Divina pelo nosso organismo Sobrenatural, confere igualmente uma simplificação unificante e transformante, em todos os nossos pensamentos, palavras e obras, que é Luz de Salvação, e semente imorredoira das maravilhas celestiais.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 18 de Outubro de 2015
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