"Iudica me, Deus, et discerne causam meam de gente non sancta: ab homine iniquo, et doloroso eripe me: quia tu es Deus meus et fortituto mea."
175. 4. Todas as cruzes e imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos santos devem estar cobertas com véu roxo, véu da paixão, desde as primeiras vésperas do domingo da paixão (C. E. II, 20, 3; Mis. Sabb. Ante Dom. Pass.; d. 1275 ad 3).
Entende-se as imagens sobre os altares. Pois, à pergunta: 《an non solum Cruces et imagens Salvatoris, sed etiam omnes imagines Sanctorum, quae super altaribus reperiuntur, tegi debent?》, ndeu a S. R. Congregação: Debent tegi omnes imagens. Este inciso: omnes imagines é a resposta à pergunta e compreende só 《imagines Salvatoris e omnes imagines Sanctorum super altaribus》. Não modificando nada, a S. Congregação dos Ritos aprova a restrição: super altaribus. Portanto, não está prescrito que se cubram com véu as imagens fora do altar.
176. Nem parece segundo o espírito da Igreja, respeitadora da beleza clássica, meter as imagens dos santos fora do altar em sacos roxos, sendo impossível outro modo de velá-las. Na catedral de S. Pedro em Roma as imagens dos santos em a nave não são cobertas com véu.
No mês de março, em honra a S. José, a sua estátua que está fora do altar, pode ficar descoberta e os altares podem ser ornados com flores (d. 3448 ad 11). Portanto, é permitido colocar uma imagem de S. José numa espécie de altar semelhante ao que costuma erigir em honra de Maria Santíssima no mês de maio, e enfeitá-lo com flores. Com maior razão outras imagens fora do altar e menos visíveis podem ficar sem véu.
As imagens da via-sacra não se cobrem (d. 3638 ad 2).
307. 1. O tempo da paixão abrange as duas semanas precedentes à festa da Páscoa, a semana da paixão e a semana santa. É que nestes dias a Igreja chama a atenção dos fiéis intensivamente sobre os sofrimentos da Vítima divina. Por isso, no sábado antes do domingo da paixão, manda cobrir as cruzes e imagens dos santos no altar; suprime no ofício do tempo o Gloria Patri ao Venite, nos responsórios, ao introito e lavabo na missa, omite o salmo Iudica, a comemoração A cunctis, para não desviar a atenção dos fiéis da obra da redenção.
Esta simplificação do rito parece ter o seu fundamento no antigo rito, menos desenvolvido; exprime, porém, visivilmente o luto da Esposa de Cristo sofredor.
O tempo da paixão começa duas semanas antes da festa pascal, porque duas semanas antes da páscoa israelitica principiou a sagrada paixão de Cristo pelo decreto de morte lançado contra Ele, exequível em qualquer momento. Esta sentença injusta era consequência do milagre da ressurreição de Lázaro, ocorrida duas semanas antes da páscoa, no primeiro dia do mês de nisã, na festa de novilúnio.
A data aproximadamente consta pela fuga de Nosso Senhor de Betânia e o tempo necessário para voltar ali. Sem dar ensejo de execurar o decreto sanguinário, partiu Nosso Senhor no domingo para Efrém (Jo 11, 54), c. 25 km ao norte de Jerusalém (1 dia), ali permaneceu com os seus discípulos por alguns (3-4) dias; desceu depois para Jericó, onde curou o cego Bartimeu (Mc 10, 32), converteu Zaqueu (Lc 19, 1), em cuja casa se hospedou (2-3 dias) e pregou ao povo. Subiu emseguida com os romeiros pela estrada que conduzia para Jerusalém (1 dia) e no sábado esteve em Betânia (6 dias antes da Páscoa. Mt 26, 6; Perk, sinopse 1934, p. 34*). Por conseguinte o dia do milagre foi o primeiro dia de nisã.
A data é confirmada pela notícia do evangelho de que a páscoa estava próxima e muitos subiram a Jerusalém para se santificar (Jo 11, 55). Esta cerimônia exigia às vezes oito dias (Nm 6, 10) e no dia 10, nosso domingo de ramos, já se preparavam os cordeiros ( cf. Rupert. Tuit. de off. l.5, c. 1).
Ora, este primeiro dia de nisã caía 15 dias antes da páscoa israelítica e no calendário juliano é a sexta-feira antes do domingo da paixão. Nela a Igreja manda rezar o evangelho de Lázaro ressuscitado, motivando assim a entrada do tempo da paixão. Pois informados do milagre, os príncipes fariseus no sábado de manhã reuniram o grande conselho e resolveram a morte de Jesus (Jo 11, 53). Na tarde deste dia memorável a Igreja entristecida começa o seu luto pelo Esposo divino, fazendo-O pedir socorro: Eripe me Domine ab homine malo, a viro iniquo eripe me (Versículo).
No domingo da paixão a Igreja lembra a fugida do Redentor, mas adaptando um fato de caráter igual acontecido meses antes. A fugida histórica é mencionado quase 8 dias depois de ocorrido, na sexta-feira da paixão. A Igreja quer motivar o luto e não resolver questões cronológicas.
308. 2. A cerimônia de velar as imagens do altar deriva do costume, antigamente obsetvado no começo da quaresma, de cobrir ou tirar da igreja tudo o que servia de ornato (Beletho c. 85). Segundo o piedoso pensamento da Idade Média e da Liturgia, a Igreja material deve tomar parte na penitência da Igreja, Esposa de Cristo. Ornato do altar são《as cruzes, relicários, evangeliários》(Beletho c. 85). Por conseguinte a cruz era considerada como objeto de ornato e como tal coberta. 《Só coberta se deve levar pela igreja》(l. c.). Do véu da cruz e das outras alfaias passou-se, por ser mais cômodo e mais expressivo, ao véu do altar inteiro e depois de todo o coro, a parte mais enfeitada do santuário. Neste caso tomou o nome de véu quaresmal (velum quadragesimale) e recordava aos fiéis a obrigação de jejuar (pano de fome) (d. 3448 ad 16). Impedia aos fiéis a vista do 《Santo dos Santos》, equiparando-os de algum modo aos penitentes públicos, os quais na quarta-feira de cinzas deviam sair da igreja. O costume, de algumas igrejas, de cobrir as cruzes e as alfaias no domingo da paixão, por causa das palavras do evangelho: 《Jesus escondeu-se》, tornou-se geral.
A cerimônia parece ser de origem galicana. Era conhecida na Gália já no séc. VII, na Itália por volta de 1000. Toda sua significação profunda mística só a recebeu no séc. XI pelo lugar predominante no próprio altar, ao passo que antes tinha sido colocada diante ou atrás altar ou em outro lugar. A cruz velada no altar representa o grande mistério de que Nosso Senhor, escondeu-se dos seus inimigos, escondeu a sua divindade por nosso amor. Com este heroísmo inflama o coração nobre a amar o Redentor tão amoroso, que foi capaz de tamanha humilhação para alcançar aos filhos adotivos de Deus glorificação no céu.
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Fonte: REUS, Pe. João Batista. Curso de Liturgia: III Edição Revista e Aumentada. Petrópolis, Rj. Rio de Janeiro- São Paulo: Editora Vozes Limitada. 1952. Pp 97, 151-152.
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