Talvez os anjos tenham levado às inspirações, acompanhando e ajudando seu autor, ditando os versos, sugerindo a letra e harmonia, conduzindo a devoção, de quem imerge nos desígnios da qual a Providência tenha reservado, de tantas virtudes que afloravam, para quem o conhecia.
Apenas uma alma humilde, piedosa e do muito puro espírito católico, poderia atrair para si o privilégio de poder compor uma magnifica obra, que atravessa aos tempos e é recitada a mais de mil anos, superando até as destruições da revolta montiniana, sem atrair para si as atenções e o orgulho próprio.
Quando o Arcanjo saúda Maria, ele transmite uma mensagem de Deus, demonstra a submissão do Anjo àquela que seria o Sacrário Vivo, a Mãe de Deus, a Mãe do Rei dos Exércitos, se inclina o Mensageiro de Deus à sua Rainha.
Assim como a Ave Maria não é e não pode ser recitada pelos filhos da serpente, a Salve Rainha tem também a suas limitações aos seguidores do príncipe deste mundo, Satanás.
O heresiarca Lutero, o Maldito, tinha uma verdadeira aversão ao hino, blasfemava ao ouvi-lo e por saber que era cantado em todo o mundo cristão, blasfemava pelos sinos das grandes catedrais que tocavam em honra a Rainha dos Céus e da Terra. Ele, Lutero, mentiroso e homicida, opôs principalmente às palavras “Rainha da Misericórdia, Vida, Doçura e Esperança nossa, salve”, não sabendo ele o real significado das expressões e entre aqueles que tornaram hereges, os novos luteranos, a recitação da Salve Rainha ainda era costumeira, fazendo com que os lideres luteranos refizessem a oração para evitar uma evasão e volta ao seio da Igreja. Uma versão luterana de 1525 em Erfurt, Alemanha dizia "Salve Rex aeternae misericordiae"²
Se entre os hereges era perturbador a oração, não era entre os marinheiros nas grandes navegações e até mesmos entre os indígenas no Novo Mundo, que o recitavam com grande devoção.
Qual alma teve o privilégio de compor tão belo hino em honra a Mãe de seu Senhor?
Devemos entender que o mundo, em sua grande maioria, rendeu a serpente, hoje é impensável que pessoas dotadas de algum tipo de anomalia, má formação, possa ter, apesar dos discursos falsos, dizerem que buscam a chamada inclusão de pessoas com alguma deficiência, a sociedade hoje demonstra com suas más ações om contrário, abortam fetos com suspeitas de síndrome de Down, alegando depois que é um país 100% livre da doença, aqui, ou aqueles que possuem alguma forma de doença chamada terminal com a morte assistida ou ainda aos anencéfalo: “No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida”, ministro, que se diz católico, relator da ação em que decidiu que aborto de fetos com anencefalia não é crime.
Aos 18 de julho de 1013 em Altshausen, na hoje Alemanha, nascia uma criança disforme, incapaz se movimentar e consequentemente de andar, incapacitado para qualquer estudo, apresentando anomalias congênitas tidas como insanáveis, praticamente tetraplégico, com os membros e o tronco totalmente paralisados e hoje, sobre pretexto de que não teria capacidade para exercer sua cidadania ou inclusão social, possivelmente teria sua invalidez custeada pelo estado, um candidato para o aborto, haveria mãe em nossos dias com coragem e fé para permitir que ele nasça?
Naqueles dias de verão europeu, nascia Hermann ou Hermano de Reichenau filho do conde de Altshausen Wolfrad II Graf von Aleshausen e Hiltrude von Trauchburg und Saulgau, ainda criança foi acometido de paralisia infantil ou poliomielite; tinha ainda o palato fendido ou fenda lábio-palatina, um fenda que ocorre no “céu da boca” prolongando até à cavidade nasal, causando problemas na alimentação, na fala, na audição e resulta em infecções do ouvido constantes; paralisia cerebral; espinha bífida, uma malformação na espinha que faz com que algumas vertebras não se formam, permanecendo aberta expondo o líquido amniótico; esclerose lateral amiotrófica (uma doença que causa a morte dos neurônios de controle dos músculos voluntários) ou atrofia muscular espinhal (doenças neuromusculares que resultam da perda dos neurónios motores e progressiva atrofia muscular). Doenças que causaram grandes dificuldades no movimentar, mal podia falar e o acometia de dores constantes e terríveis.
Com sete anos, Hermann foi enviado ao mosteiro de Reichenau, na ilha do mesmo nome, no lago de Constança para seus estudos, mesmo com as doenças ficou aos cuidados dos piedosos monges beneditinos.
A criança, apesar de suas limitações, não se mostrava uma criança rebelde, revoltada contra tudo e contra todos, aceitava sua condição, com um espírito cristão de amor a Deus, tinha pleno conhecimento dos planos da Providência, dando um sentido e forças para suportar as dores constantes a que era submetido, oferecendo ao Nosso Bom Deus todo o sofrimento. De uma fé profunda, caridoso, piedoso, alegre, afável, manso, humilde e feliz em meio a todas suas limitações.
Com uma inteligência acima dos demais, possuía facilidades em aprender a ler e escrever, aprendeu latim, grego e árabe. Aprofundou nos estudos de várias ciências das quais tornou-se perito, se tornou compositor, matemático, poeta, escritor, historiador, musicólogo, teórico musical e astrônomo.
Fez-se monge aos vinte anos e passou o resto de sua vida no mosteiro. Foi-lhe construído uma cadeira em que era transportado, porém só podia ficar em uma determinada posição, pois qualquer movimento lhe causava dores terríveis.
Suas limitações não o impediram de escrever numerosas obras, como o Chronicon, onde compilou pela primeira vez os eventos desde o nascimento de Cristo até o tempo em que vivia, quando esses dados estavam espalhados em diversas crônicas, escreveu também obras dedicadas a religiosas e sacerdotes; tratados sobre a ciência da música; diversas obras sobre geometria e aritmética; as gestas de Conrado II e de Henrique III; compôs o Ofício litúrgico de São Gregório Magno, Santa Afra de Augusta, Santos Gordiano e Epímaco e Wolfgang de Regensburg, sequências sobre a Virgem Maria, a Cruz e a Páscoa; na astronomia revelou grande conhecimento e duas de suas obras são consideradas com as mais importantes sobre o astrolábio, aparelho de grande utilidade nas navegações, o De Mensura Astrolabii e o De Utilitatibus Astrolabii, com instruções para a sua construção uma grande novidade na Europa.
História:
- Chonicon, escrita em latim e retratando desde a época do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo até o ano de 1054. Após sua morte, sua crônica mundial foi continuada a seu pedido por seu aluno Berthold von Reichenau até 1080.
- Gesta Chuonradi et Heinrici imperatorum
- Afra-Officium
Música
- Musica, A teoria musical
Sequências:
- Sequentia de beata Maria virgine Grates honos hierarchia
- Rex regum Dei Agne
- Benedictio trinae unitati
- Exurgat totus almiphonus
Antífonas:
- Alma redemptoris mater
- Salve Regina
Astronomia / Matemática:
- De mensura astrolabii
- De utilitatibus astrolabii
- Epistula de quantitate mensis lunaris
- De horologio viatorum
- Abbreviatio compoti cuiusdam idiotae
- Prognostica de defectu solis et lunae
- De conflito Rythmimachiae
- Qualiter multiplicationes fiant in abaco
As antífonas e os diversos hinos, tanto a letra quanto a música, foram escritos ao final da vida quando ficou cego.
Além da Salve Rainha compôs a letra e música da Alma Redemptoris Mater, outra antífona de Nossa Senhor ao longo do ano.
Beato Hermann entregou sua alma em 24 de setembro de 1054, aos 41 anos de idade, seu discípulo Bertoldo descreveu seus últimos dias: “Quando, afinal, a bondade amorosa do Senhor se dignou libertar sua santa alma da tediosa prisão do mundo, ele teve uma pleurisia, e sofreu durante dez dias uma grande dor’. “Em seu leito de morte, Hermann consolou seu discípulo, que o velava triste, com estas últimas palavras: ‘Não chores por mim, meu amigo. Sinta-te feliz e contente com meu destino. “Pensa cada dia que tu também terás que morrer, e esforça-te para estar sempre preparado para esta eventualidade, e reflete sobre tua última viagem, porque não sabes nem a hora nem o dia que me seguirás, a teu queridíssimo amigo Hermann’. Dizendo isto, expirou”, após ter recebido a Sagrada Eucaristia.
Foi beatificado em 1863 pelo Papa Pio IX.
Salve Rainha
Salve Rainha é uma das quatros antífonas marianas ao longo do ano, é recitada desde as Completas da Santíssima Trindade até as Vésperas do Advento, sendo as demais Alma Redemptoris Mater, outra composição de Hermann, do Advento até a festa da Purificação, em 02 de fevereiro; Ave Regina Caelorum, da Purificação até a Páscoa e Regina Caeli, no Tempo Pascoal (da Páscoa até a Festa da Santíssima Trindade – domingo depois de Pentecostes).
A oração na sua versão inicial terminava com “Bendito fruto de vosso ventre”, porém São Bernardo ao ouvir a antífona quando chegava a catedral de Speyer, Alemanha, na noite do Natal de 1146, ouviu os fiéis recitarem com emoção a tão bela oração e oa terminarem com a spalavras "et Jesum bebedictum frutum ventris tui, nobis hoc exsilium ostendem", teria o santo, tomado pela emoção na mais incontestável razão, ajoelhado de braços abertos exclamado diante do Altar Mor, "O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria", proclamando aos fiéis ali presentes os versos que ficaram imortalizadas complementando tão bela obra iniciada pelo monge Hermann.
vida, doçura, esperança nossa, salve!
A vós bradamos os degredados filhos de Eva;
a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos
misericordiosos a nós volvei,
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
bendito fruto de vosso ventre.
Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Salve, Regina, mater misericordiae
Vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
Ad te clamamus, exsules, filii evae.
Ad te suspiramus, gementes et flentes
in hac lacrimarum valle.
Eia ergo, Advocata nostra,
illos tuos misericordes oculos
ad nos converte.
Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,
nobis post hoc exsilium ostende.
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.
Quae pervia caeli porta manes et stella maris
Succurre cadenti surgere qui curat populo
Tu quae genuisti natura mirante
Tuum sanctum genitorem
Virgo prius ac posterius
Gabrielis ab ore sumens illud ave
Peccatorum miserere
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1. Trecho da postagem “Salve Rainha”: a maravilhosa origem, visto em Orações e milagres medievais: Nossa Senhora (oracoesemilagresmedievais.blogspot.com) de Luis Dufaur
2. ENCICLOPÉDIA CATÓLICA: Salve Regina (newadvent.org)
Fontes:
* Orações e milagres medievais: Nossa Senhora (oracoesemilagresmedievais.blogspot.com)
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