Por
Evaristo Eduardo de Miranda
Quem inventou a árvore de Natal?
O inventor da árvore de Natal foi São Bonifácio, o apóstolo dos germanos
ou evangelizador da Alemanha. Ele nasceu na Inglaterra em 672 e faleceu
martirizado em 5 de junho de 754. Seu nome religioso, em latim Bonifacius, quer
dizer “aquele que faz o bem”, e retoma o mesmo significado do seu nome saxão
Wynfrith. Em 718 ele esteve em Roma e o Papa Gregório II enviou-o à Alemanha,
com a missão de reorganizar a Igreja. Por cinco anos ele evangelizou
territórios que hoje fazem parte dos estados alemães de Hessen e Turíngia. Em
722, foi feito bispo dos territórios da
Germânia e, um ano depois, inventou a
árvore de Natal, causando um certo impacto no meio ambiente germânico.
Quando surgiu a árvore de Natal?
Em 723 São Bonifácio derrubou um enorme carvalho dedicado ao deus Thor,
perto da atual cidade de Fritzlar, na Alemanha. Para convencer o povo e os
druidas de que não era uma árvore sagrada, ele abateu-a. Esse acontecimento é
considerado o início formal da cristianização da Alemanha. Algum dia estudarão
o impacto ambiental da evangelização: na queda o carvalho destruiu tudo que ali
se encontrava, menos um pequeno pinheiro. Segundo a tradição, Bonifácio
interpretou esse fato casual como um milagre. Era o período do Advento e, como
ele pregava sobre o Natal, declarou: “Doravante, nós chamaremos esta árvore de
Árvore do Menino Jesus”. O costume de plantar pequenos pinheiros para celebrar
o nascimento de Jesus começou e estendeu-se pela Alemanha e de lá para o mundo,
dizem.
Para que tanto enfeite na árvore de Natal?
A tradição católica assimilou a árvore de Natal com uma nova árvore da
vida, aquela do jardim do Éden, lá no Paraíso (Gn 2,9). É costume enfeitá-la
com bolas coloridas, como se fossem frutos, e com outros adornos natalinos. Os
enfeites alegorizam desejos, virtudes, vínculos e sonhos das pessoas e da cada
onde está a árvore de Natal. Já no tempo de São Bonifácio, as árvores de Natal
eram enfeitadas com maçãs, evocando a nova frutificação e o antigo pecado
original. Ao contrário da história do Éden sobre a serpente e a maçã (do
latim: malum), a árvore de natal passou a evocar vida e salvação, plantada
nas casas. As árvores também eram decoradas com velas, representando Nosso Senhor
Jesus Cristo, a Luz do mundo. O costume difundiu-se pela Europa. Uma das
primeiras registradas dos enfeites é do século XVI e vem da Igreja da Alsácia,
na França. As familias decoravam os pinheiros com papéis coloridos, enfeites,
frutas e doces. Espalhada por toda a Europa, a tradição de enfeitar a árvore de
Natal chegou ao continente americano por volta de 1800.
Qual o simbolismo das bolas?
Desde o século VI, a tradição da árvore de Natal evolui: trocaram-se as
perecíveis maçãs da árvore do Éden por bolas e enfeites, como sinal dos frutos
da vida. As tradições familiares variam. Alguns colocam 12 bolas ou múltiplos
de doze para evocar os doze apóstolos. Outros colocam 33 bolas, para lembrar os
anos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outros adornam progressivamente a
árvore de Natal com 24 a 28 bolas, dependendo do número de dias do Advento (do
latim, Adventus: chegada). Outros ainda adornam a árvore de uma só vez. Às
vezes, as crianças elaboram suas próprias bolas. Em outras famílias, as bolas
são colocadas com uma oração ou um propósito em casa uma, até o dia de
nascimento de Nosso Senhor. Para certas ordens religiosas, as bolas representam
as orações do período do Advento: as azuis são orações de arrependimento, as
prateadas de agradecimento, as douradas de louvor e as vermelhas de prece.
Por que as bengalas, os 3 sinos e os 7 anjinhos?
Os enfeites da árvore de natal são um espaço de liberdade, arte e
poesia para a criatividade familiar. Alguns são tradicionais e merecem
destaque. Os 3 sininhos simbolizam a Santíssima Trindade e também costuma
adornar a guirlanda do Natal, na entrada das casas. Os 7 anjinhos representamos
espíritos angélicos, os anjos dos pequeninos diante de Deus, contemplando e
intercedendo por todos (Mt 18,10). As bengalinhas evocam a caminhada, o
trabalho de cada um e também o pastoreio de Nosso Senhor, o cajado do Bom
Pastor. Também colocam-se pequenos e bonitos pacotinhos e presentinhos
dependurados na árvore ou aos seus pés. Eles representam as boas ações e os
sacrifícios, os "presentes" que serão dados a Nosso Senhor Jesus
Cristo no Natal.
Quem inventou o presépio?
Foi São Francisco de Assis quem armou o primeiro presépio da história,
na noite de Natal de 1223, na localidade de Greccio, lá na Itália. Ele é o
inventor do presépio, mas nunca cobrou direitos autorais, nem de propriedade
intelectual. São Francisco de Assis quis celebrar o Natal da forma mais
realista possível e, com a permissão do papa, montou um presépio de palha, com
uma imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de José, juntamente com um boi e
um jumento vivos. Nesse cenário, foi celebrada a missa de Natal. O costume
espalhou-se pela Europa e de lá pelo mundo. A Igreja Católica considera um bom
costume cristão armar presépios no período do Natal em igrejas, casas e até em
praças e locais públicos.
Qual o simbolismo das cores do Natal?
O verde, o vermelho e o dourado são as cores dominantes no Natal. O
verde é símbolo primaveril de renovação, esperança e regeneração. O
verde das plantas capta a energia solar e pelo processo da fotossíntese e a
transforma em energia vital. O vermelho está ligado ao fogo, à redenção e ao
amor divino. O dourado também é utilizado e está associado ao sol, à luz, à
sabedoria e ao Reino vindouro. Para a tradição católica há uma relação entre
essas três cores e os presentes dos Reis Magos: ouro (dourado), incenso
(vermelho) e mirra (verde).
Qual o significado da guirlanda na porta?
Um dos sinais mais visíveis do Natal é a guirlanda, colocada na porta de
entrada das casas, feito uma coroa. Essa guirlanda circular é feita de ramos
vegetais entrelaçados e enfeitados com fitas, sinos e objetos. O entrelaçamento
desses dois ramos simboliza o Mistério da Encarnação do Verbo Divino. Deus se
fez carne e habitou entre nós. Ele tomou corpo humano. Para os católicos, Jesus
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. As duas naturezas, divina e
humana, se entrelaçaram, como dois ramos que se buscavam num mesmo jardim.
Por que a guirlanda do natal é verde?
O verde é a cor da esperança. No Hemisfério Norte, de clima temperado, o
Natal ocorre em pleno inverno. Com o frio, a vegetação perde as folhas. As
únicas árvores verdes são os pinheiros (usados na árvore de Natal) e arbustos
de folhas coriáceas (usados na guirlanda). Alguns ainda apresentam, em
dezembro, pequenos frutos vermelhos. Eles não caem e permanecem nos ramos.
Essas plantas secam sem murchar, e ao secar não perdem a cor verde ou os frutos
e mantém a vivacidade. Algumas são conhecidas como sempre-vivas ou
sempre-verdes. Muitas vezes as guirlandas são entrelaçadas com fitas vermelhas,
sinal colorido de frutificação. Os detalhes dourados prefiguram a glória do
Reino futuro.
Qual o significado das coroas?
A guirlanda, a Coroa do Advento, as coras de flores, todas significam:
vitória. Nomes como Estéfano, Estêvão e Stefane, por exemplo, vem do
grego stephanos, coroa, e evocam uma vitória, um coroamento. Antes, o nome
designava a coroa de louros, símbolo da vitória de atletas e guerreiros, ainda
entregues no dia de hoje aos vencedores de automobilismo, hipismo e,
especialmente, nas Olimpíadas. Com o sacrifício do primeiro mártir do
cristianismo, Santo Estevão, ela passou a significar a coroa do martírio ou do
testemunho (At 7,54-60). A guirlanda do Natal representa um coroamento do lar,
da família, da sua união e do fim do ano.
Dá para coroar o tempo?
Dá. E o católicos gostam de coroar o tempo. A Coroa do Advento, um outro
símbolo natalino, é feita de ramos entrelaçados. Eles formam um círculo, no
qual são colocadas quatro grandes velas, de preferência de cor roxa (cor do
tempo litúrgico). Elas representam as quatro semanas do Advento, o Tempo
do Natal. Nas igrejas, essa coroa deve ser colocada em um lugar evidente no
presbitério, bem perto do altar ou do púlpito, sobre uma mesinha, um tronco de
árvore ou em qualquer outro lugar bem visível. Essa colocação é recomendada até
pelo Pontifício Instituto Litúrgico de Santo Anselmo de Roma. Nas casas, a
Coroa do Advento costuma ser colocada numa mesa da sala ou num lugar bem
central.
Como acender a Coroa do Advento?
Além do uso de fósforo ou isqueiro, um rito natalino acompanha a Coroa
do Advento: a ordem do acendimento das suas velas. A cada domingo, em geral à
noite, uma vela é acesa. No primeiro domingo uma, no segundo duas, até serem
acesas as quatro velas no quarto domingo. Essa luz nascente indica a
proximidade do Natal, quando Cristo Salvador e Luz do mundo brilhará para toda
a humanidade. A cor roxa das velas, a mesma do período da Quaresma, convida a
purificar os corações para acolher o Cristo que vem. Às vezes existem coroas
com velas de cor rosa. Elas evocam a alegria: o Senhor está próximo. Os
detalhes dourados, como em todos os áureos símbolos natalinos, prefiguram a
glória do Reino que virá.
Onde surgiu a tradição da Coroa do Advento?
A tradição da Coroa do Advento surgiu no norte da Alemanha e
na Escandinávia, no século XVI, para preparar os católicos para a Festa de
Natal, quatro semanas depois. Na Suécia, a Coroa do Advento é reservada para a
Festa de Santa Luzia no dia 13 de dezembro. Do norte da Europa, o costume
ganhou o mundo com uma nova maneira de atualizar o antigo tema do Natal de
Jesus.
Qual o simbolismo das quatro velas?
Ao ser colocada na casa, a Coroa do Advento aparece sem luz e sem
brilho. Para os católicos, ela recorda a experiência de escuridão do pecado. A
primeira vela lembra o perdão concedido a Adão e Eva. A segunda simboliza a fé
de Abraão e dos outros patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. A
terceira lembra a alegria do Rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma
aliança eterna. A quarta recorda os profetas que anunciaram a chegada do
Salvador.
Por que meias e sapatos na janela no dia de Natal?
A tradição de pendurar meias na lareira ou deixar sapatos na janela,
originou-se de uma das muitas histórias sobre São Nicolau. No passado, para uma moça era indispensável era
indispensável dispor de um dote para se casar. São Nicolau soube da triste
situação de uma família, sem o recurso para o dote das filhas. Secretamente,
ele jogou três pequenos sacos com moedas de ouro pela chaminé da casa da
família. Os sacos caíram dentro das meias das moças, pendurados na lareira para
secar. Em outras versões foi pela janela, e caíram dentro de uns sapatos.
Enfim, São Nicolau era generoso e bom de arremesso.
São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira, no
século IV. São Nicolau nasceu em 280 em Patara (Patras), na atual Turquia, e
morreu aos 41 anos. Ele acostumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em
dificuldades financeiras. Bondoso e generoso, nas várias histórias a seu
respeito, São Nicolau sempre oferecia presentes aos pobres e salvava
marinheiros vítimas de tempestades. "Um certo nobre, seu vizinho, pensou
em prostituir as suas três filhas virgens por falta de recursos, para, com o
infame comércio delas, se poder sustentar. Quando o santo homem soube, ficou
horrorizado com o crime e atirou uma quantidade de ouro envolvida num pano
através de uma das janelas da casa onde ele morava e regressou à sua às
escondidas. Foi declarado santo após muitos milagres lhe serem atribuídos.
São Nicolau também tornou-se padroeiro das crianças e dos marinheiros.
Porque a troca de presentes no natal?
O costume de dar e trocar presentes é o resultado de vários aspectos
ligados ao nascimento de Nosso Senhor. Pelo Mistério da Encarnação, Deus se fez
presente. Dar presente é uma forma de estar presente na vida do outro. Esse
gesto evoca a presença dos Reis Magos junto a Cristo e à Sagrada Família,
entregando presentes. O presente é uma lembrança, é um lembrar-se do outro,
mesmo quando é uma "lembrancinha". A compra de presentes, a mobilização
do comércio e os apelos ao consumo, aliado a disponibilidade do 13º salário e
vários outros mecanismos, deram um impulso consumista e nada católico ao Tempo
do Natal.
Quem inventou a flor do Natal?
Em primeiro lugar a natureza. Em segundo lugar, esse símbolo vegetal não
vem dos astecas e sim dos franciscanos, especialistas em criar novidades para o
Natal. A partir do século XVII, no México, a flor da poinsétia começou a ter um
significado natalício. Os frades franciscanos a utilizaram em comemorações
natalinas e associaram as formas de suas brácteas vermelhas à estrela de Belém.
A planta é muito utilizada para fins decorativos na Europa e América do Norte,
especialmente no Natal. Como é um planta de dia curto, floresce exatamente no
solstício de inverno e coincide com o Natal no Hemisfério Norte. Não é tão
identificada com o Natal do Brasil, a não ser nas regiões Sul e Sudeste, onde
cresce muito como arbusto nos jardins.
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