Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelos administradores do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

15/10/2013

Santo Hipólito - Refutação de todas as heresias Livro I

Prefácio


Nós não podemos negligenciar as histórias deixadas pelos assim chamados filósofos entre os gregos. Mesmo suas doutrinas incoerentes devem ser recebidas com algum crédito, de acordo com a loucura incrível dos heréticos; os quais, silenciando-se, e guardando segredos de seus próprios mistérios inefáveis, possam ter sido adoradores de Deus. Nós também, numa ocasião anterior, já tínhamos exposto as doutrinas resumidamente, não tratando as minúcias, mas refutando numa resenha básica; não considerando requisito revelar suas doutrinas secretas, a fim de que, quando forem explicadas suas doutrinas enigmáticas, eles podem ficar
encabulados, assim, pela divulgação de seus mistérios, possamos convencê-los do ateísmo, podendo assim convencê-los a desistir, em algum grau, de suas opiniões irracionais e suas tentativas profanas. Mas, desde que eu percebi que eles não ficam envergonhados por nossa clemência, e não tinha idéia de como Deus é paciente, ainda que seja blasfemado por eles, para que fiquem envergonhados e se arrependam, ou eles perseverar e serem justamente condenados, eu sou forçado a proceder em minha intenção de expor seus mistérios secretos, os quais, para o iniciado, entregam com muito empenho a aqueles que não estão acostumados, primeiro para revelar (para qualquer um), até, aguardando em suspense durante um período (de preparação necessária), e dirigindo blasfêmias contra o verdadeiro Deus para que eles adquiram completo domínio sobre o iniciado, e perceberam que está impulsivo e ansioso pela prometida revelação. E então, quando forem testados para serem escravizados pelo pecado, eles o iniciem, fazendo com que fique em completa possessão do maligno. Previamente, entretanto, eles os obrigam a fazer um juramento para nunca divulgar (os mistérios), nem para manter comunicações com qualquer pessoa, a não ser que tenha o mesmo jugo, já que a doutrina foi simplesmente entregue (para o outro), não há necessidade de um juramento. Ele também foi obrigado a se submeter à purificação necessária, e assim recebem os mistérios perfeitos desses homens, agindo pr si mesmo, tendo por referência sua própria consciência, sentirá-se suficientemente apto para não divulgar a outros; porque se ele revelar a maldade desta descrição para qualquer homem, ele poderia nem ser mais reconhecido como homem, nem ser levado a crer valiosamente para a luz, sendo que nem mesmo animais irracionais poderiam tentar isso, conforme nós explicaremos no seu devido tópico.

Já que a razão nos compele a nos aprofundar na narrativa, nós concluímos que não devemos ficar silenciosos, mas devemos expor as doutrinas de várias escolas com calma, sem demonstrar reservas. É bom que, mesmo à custa de uma investigação mais detalhada, e não fazer um texto pequeno só por causa do trabalho; porque nós não devemos deixar de expor nenhum desses auxílios fúteis para a vida humana contra o erro, e todos saberão de seus ritos clandestinos e orgias secretas, mantidas sob seus auspícios apenas para os iniciados. Mas ninguém pode refutá-los, senão o Espírito Santo, legado à Igreja, recebido inicialmente pelos Apóstolos, que transmitiram àqueles que acreditam piamente. Nós, sendo seus sucessores, e como participantes de Sua graça, sacerdotes, e tendo o ofício de ensinar, assim também reputados como os guardiões da Igreja, nós não devemos ser desleixados na vigilância ou estar dispostos a suprimir a doutrina cristã. Nem mesmo, trabalhando com cada energia do corpo e da alma, nós nos cansamos na nossa tentativa de louvar adequadamente ao nosso Divino Benfeitor com um retorno digno; e ainda que nós não O louvemos de uma maneira adequada, nós não seremos descuidados, nós não nos descuidaremos em fazer o dever que nos foi entregue, nem revelar da má vontade o que o Espírito Santo nos fornece, não apenas trazendo-as à luz, por meio de nossa refutação, problemas alheios (ao nosso tempo), mas também qualquer assunto que a Verdade recebeu pela graça do Pai, ministrou aos homens. Estes também, ilustrando com argumentos e fornecendo testemunhos por cartas, devemos proclamar de cabeça erguida.

Assim, como já dissemos, nós provaremos que eles são ateístas, tanto em suas opiniões quanto em seu método (de tratar uma questão), e de fato, (a fim de mostrar) de onde vieram suas teorias, e como eles se esforçaram para estabelecer suas doutrinas, não utilizando as Escrituras – nem para reivindicar suceder qualquer santo para qualificar suas opiniões – mas que suas doutrinas derivaram da sabedoria dos gregos, daqueles que tinham formado sistemas de filosofia, de supostos mistérios, de vagarias de astrólogos – parece então, aconselhável, em primeira instância, explicar as opiniões dos filósofos gregos, para tornar claro aos nossos leitores que tais coisas são muito mais antigas do que essas (heresias modernas), e pro referência, reverenciando as suas visões da divindade; depois, comparar cada heresia com o sistema de cada especulador, assim para mostrar como os primeiros campeões das heresias, aproveitando-se das teorias antigas, já que se tornou vantajoso, para eles, piorando a situação com mais heresias. A incumbência admitida é trabalhosa, requerendo pesquisa extensa. Nós não devemos, entretanto, ser relaxados na obra; porque logo após haverá alegria, como um atleta que obteve com muito esforço conquista a coroa, ou um mercador viajando pelo mar ganhando dinheiro, ou um marido que goza dos frutos com o suor no rosto, ou um profeta que após provações e insultos vê suas profecias se tornando realidade. Assim, a princípio, devemos declarar quem foi o primeiro entre os gregos a desenvolver (os princípios) da filosofia natural. Já que os heréticos de hoje tomam suas heresias dos antigos, e estas foram passadas de um para outro, devemos provar comparando um com os outros. Examinando a cada um estes que tomaram a liderança entre os filósofos com suas doutrinas peculiares, nós devemos expor publicamente esses heresiarcas.


Capítulo I


É dito que Tales de Mileto, um dos sete sábios, foi quem primeiro tentou moldar um sistema de filosofia natural. Essa pessoa disse que uma coisa como a água é o princípio criador do universo, e seu fim - que para isso, solidificando e dissolvendo ciclicamente, tudo consiste e tem base nela; da qual também se originam terremotos, ventos e movimentos atmosféricos, e que todas as coisas são criadas e estão num estado de fluxo correspondente com a natureza do autor primário da criação – e que a deidade é aquilo que não tem nem princípio nem fim. Tales, ocupado com hipóteses e de investigar as estrelas, tornou-se o primeiro autor grego sobre este assunto. E ele, enquanto observava o céu, alegou estar examinando objetos divinos, que caíram num poço; e que uma certa donzela, chamada Trata, comentando ironicamente, que enquanto tentava observar as coisas do céu, ele não sabia que estavam aos seus pés. Ele viveu no tempo de Creso.

Capítulo II


Mas também havia, não tendo um grande intervalo de tempo, outro filósofo, que ensinou Pitágoras (que provavelmente era nativo de Samos), que era denominado Italiano, porque Pitágoras, fugindo de Polícrates, rei de Samos, construiu uma residência numa cidade da Itália, e ficou lá até seus últimos anos. E aqueles que receberam as suas doutrinas, não ensinaram nada de diferente. E essa pessoa, estabelecendo uma investigação sobre os fenômenos naturais, combinou astronomia, geometria, e música. E então ele proclamou que a deidade era uma mônade; e cuidadosamente se familiarizando com a natureza dos números, ele afirmou que a música em geral, e suas correspondentes harmonias, ele pode achar uma solução para o movimento das sete estrelas com ritmo e melodia. E ficando chocado com precisão da estrutura, ele ordenou que seus discípulos fizessem um pacto de silêncio, e que ensinassem apenas a pessoas iniciadas (nos segredos) do universo; após isso, quando parecia que eles estavam suficientemente familiarizados com o modo de ensinar sua doutrina, então, considerando-os puros, ele os incentiva a discutirem. Esse homem distribuiu seus alunos em duas ordens, e chamou uma de Esotérica e a outra de Exotérica. E para os primeiros ensinou doutrinas mais avançadas, e para os últimos uma quantidade mais moderada de instrução.

E ele também tinha em mente o estudo da magia – como eles dizem – e ele mesmo descobriu uma arte de fisiogonia, formulando como base certos números e medidas, dizendo que eles consistiam do princípio da filosofia aritmética e afins. O primeiro número se tornou um princípio de criação, original, o qual é indefinível, incompreensível, tendo em si mesmo todos os números que, de acordo com a pluralidade, pode ir até o infinito. Mas a mônade primária se tornou o princípio de números, de acordo com a substância - que é a mônade masculina, como um pai para todo os números. O segundo número é a dualidade, e é um número feminino, também chamado pelos aritméticos como “par”. O terceiro é a tríade, e é um número masculino. Foi também classificado pelos aritméticos como “ímpar”. Assim, todos os números que foram derivados do gênero são quatro; mas o número de gênero indefinido, do qual era constituído, de acordo com eles, era o número perfeito, a saber, a década. Por que um, dois, três, quatro se tornam dez, se esta forma própria seja preservada por cada um dos números. Pitágoras afirmou que esse seja uma quaternidade sagrada, fonte de toda natureza perpétua, tendo assim raízes em si mesmo; e que desse número, todos os outros receberam o princípio criativo. Porque o onze, o doze e o resto compartilham em sua origem o dez. Da década, o número perfeito, há quatro divisões – número, mônade, quadrado e cubo. E as conexões e combinações destes são efetuadas, de acordo com a natureza, para a geração de crescimento, completando o número produtivo. Porque quando o quadrado é multiplicado por si mesmo, um biquadrático é o resultado. Mas quando o quadrado é multiplicado pelo cubo, o produto de dois cubos é o resultado. Então todos os números que são a produção de (números) existentes são sete – número, mônade, quadrado, cubo, biquadrado, cubo quadrático, cubo-cubo.

Este filósofo também ensinou que as almas eram imortais, e que subsistem em corpos sucessivos. Por esse motivo ele asseverou que, antes da era troiana, ele era Etálides e, durante a era troiana, Eufórbio, e após a era troiana, Hermótimo de Samos, e depois Pirro de Delos, e, enfim, Pitágoras. E Diodoro, o Eritreu e Aristóxeno, o músico, afirmam que Pitágoras visitou Zaratas, o Caldeu, que explicou a ele que existiam duas causas originais de tudo, Pai e Mãe, e que Pai era a luz e Mãe eram as trevas; e que os componentes da luz eram Quente, Seco, Leve e Rápido; e os das trevas eram Frio, Úmido, Pesado e Lento; e o mundo consiste de todos estes, masculino e feminino. Mas o mundo, diz ele, consiste de uma harmonia musical; por isso, também, o sol efetua uma volta de acordo com a harmonia. Enquanto consideram que as coisas são criadas da terra e do sistema cósmico, afirmam que Zaratas faz as seguintes afirmações: que há dois demônios, um celestial e outro terrestre; e que o terrestre envia um produto da terra que é a água; e que o celestial é um fogo, compartilhando a natureza do ar, frio e quente. Portanto ele afirma que nenhum destes destrói ou dan a alma, porque eles constituem a substância de todas as coisas.

E Pitágoras ensinou a seus discípulos para não comer feijões, porque Zaratas disse que, na origem e formação de todas as coisas, quando a terra estava em seu processo de solidificação, e quando a putrefação começou, o feijão foi criado. E ele menciona o seguinte motivo, que se alguém, após mastigar um feijão sem a casca, colocar no lado oposto ao sol por um certo período – porque isso certamente ajudará no resultado – ficará com cheiro de sementes humanas. E ele menciona outro exemplo mais claro: se, quando o feijão está florescendo, se pegarmos o feijão e sua flor e colocar num vaso, cobrir a tampa, enterrar, e após alguns dias desenterrar, veremos a aparência das partes pudendas de uma mulher e, se ver mais perto, a aparência de cabeça de uma criança crescendo. Pitágoras pereceu em Cróton, na Itália, num incêndio, junto com seus discípulos. Era habitual que, para se tornar um discípulo, o candidato vendesse suas posses, e depositasse o dinheiro selado com Pitágoras e se submeter em silêncio à instrução de Pitágoras de três a cinco anos. E, ao completar a instrução, era-lhe permitido se associar com os outros, e tomar refeições com eles; se, do contrário, ele recebesse seu dinheiro de volta, era rejeitado como discípulo. Essas pessoas, então, eram chamadas de Pitagoreanos Esotéricos, enquanto que o resto, eram Pitagóritas.

Entre os seus seguidores que escaparam da conflagração, estavam Lísias e Arquipo, e o seu servo, Zalmoxis, que pode ter ensinado os druidas celtas a preservar a filosofia de Pitágoras. E eles asseveram que Pitágoras aprendeu dos egípcios seu sistema de números e medidas; e ao ficar chocado com a sabedoria razoável, fantástica, e dificultosa ensinada pelos sacerdotes, ele mesmo imitava os sacerdotes, gostava de silêncio e fez seus discípulos viverem solitariamente em santuários subterrâneos.

Capítulo III


Mas Empédocles, que nasceu após estes, avançou igualmente muitas afirmações a respeito da natureza dos demônios, para efeito que, sendo muito numerosos, passam seu tempo com preocupações terrenas. Essa pessoa afirmou que o princípio criador do universo é discórdia e amizade, e que o fogo inteligente da mônade é a deidade, e que todas as coisas consistem de fogo, e que tudo será resolvido com fogo; com essa opinião, os estóicos concordam, esperando que haja uma conflagração. Mas ele também concorda com a doutrina de transmissão de almas, de corpo a corpo, expressando-se assim: “Certamente jovem e senhora, eu era arbusto, e pássaro, e peixe, do oceano vim”.

Este (filósofo) afirma a transmutação de todas as almas numa descrição qualquer de animal, já que Pitágoras, o instrutor destes (sábios), afirmou que ele mesmo era Eufórbio, que participou na expedição contra Ílio, alegando que reconheceu seu escudo. Estas foram as doutrinas de Empédocles.


Capítulo IV


Heráclito, filósofo natural de Éfeso, rendeu-se a uma dor universal, condenando a ignorância de toda a vida, e de todos os homens; mas ainda, lamentando a existência de mortais, ele afirmou saber de tudo, enquanto o resto da humanidade não sabia de nada. Mas ele também elaborou doutrinas avançadas, quase em acordo com Empédocles, dizendo que o princípio criativo de todas as coisas é a discórdia e a amizade, e que a deidade é um fogo dotado de inteligência, e que todas as coisas levam umas as outras, e que nunca estão paradas; e, assim como Empédocles, ele afirmou que o lugar que está sobre nós está repleto de coisas más, e essas coisas más alcançam uma distância estão tão longe como a Lua, e se estendem pelo quadrante situado ao longo da Terra, e elas não vão além, visto que o espaço além da Lua é mais puro. Isto é de Heráclito.

Após estes, vieram outros filósofos naturais, cujas opiniões nós não consideramos necessário comentar, (visto que) eles não falam nada de diferente em relação aos já estudados. Já que, entretanto, em conjunto, nenhuma escola considerável surgiu (deles), e subseqüentemente muitos filósofos naturais surgiram, cada um ensinando idéias contraditórias sobre a natureza do universo, parece-nos lógico que, explicando a filosofia que veio após Pitágoras, nós devemos recorrer às opiniões que vieram daqueles que viveram após Tales, e assim fornecendo uma explicação destes, nós devemos aproximar a consideração da filosofia lógica e ética que Sócrates e Aristóteles desenvolveram, o primeiro ético, e o último lógico.


Capítulo V


Anaximandro era ouvinte de Tales. Era filho de Praxíadas, e nativo de Mileto. É este homem que disse que o princípio criativo das coisas existentes é uma certa constituição do infinito, fora do qual os céus são criados, e nesse ponto os mundos são criados; e este princípio é eterno e imperecível e compreende todos os mundos. E ele fala do tempo como algo de começo, meio e fim limitados. Ele declarou que o infinito era o princípio criativo e elemento de todas as coisas existentes, e foi o primeiro a empregar esta definição para o princípio criativo. Mas, além disso, ele afirmou que há um movimento eterno, e pela atividade deste, os céus são criados; e a Terra está equilibrada, no meio do nada, existindo a uma certa distância (dos corpos celestiais); e que a forma deles é curva, circular, semelhante a uma coluna de pedra. E nós pisamos sobre uma das superfícies, e há outra é oposta. E que as estrelas são círculos de fogo, separadas do fogo que está na vizinhança do mundo, e cercadas por ar. E que certas exalações atmosféricas se originam nos lugares onde as estrelas brilham; razão também porque quando essas exalações são obstruídas ocorrem os eclipses. E que a Lua algumas vezes parece cheia e outras vezes minguante, de acordo com a obstrução ou abertura de suas trajetórias (orbitais). E que o círculo do Sol é 27 vezes maior do que o da Lua, e que o Sol está situado no (quadrante do firmamento) mais alto; enquanto que as estrelas fixas ficam no mais baixo. E que os animais são criados (na umidade) pela evaporação feita pelo Sol. E que o homem era, originalmente, parecido com um animal, isto é, um peixe. E que os ventos são causados de exalações rarefeitas da atmosfera, que por seu movimento se condensaram. E que a chuva levanta-se da terra devolvendo (os vapores que recebeu) das (nuvens) debaixo do Sol. E que há clarões de luz quando o vento vem para baixo separando as nuvens. Anaxímandro nasceu no 3º ano da 42ª olimpíada.

Capítulo VI


Mas Anaxímenes, que também era nativo de Mileto, filho de Eurístrato afirmou que o princípio criador era o ar infinito, que criou todas as coisas existentes, aquelas que existiram, e aquelas que virão a existir, assim como deuses e (entidades) divinas, e que o resto foi criado da descendência destes. Mas há uma espécie de ar, que quase sempre é imperceptível à nossa visão, mas capaz de se manifestar pelo calor, frio, umidade ou movimento, e que fica sempre em movimento. Assim apresenta uma aparência diferente, como se estivesse condensado ou diluído, porque quando está mais diluído é quando o fogo é produzido, e quando está mais condensado é quando uma nuvem é formada, em virtude da contração; mas quando está ainda mais condensado, (forma-se) água, (e) quando a condensação é maior ainda, forma-se terra, e quando se condensa até o último grau, pedras. Por essa razão os princípios dominantes da criação são contrários – quente e frio. E que a terra expandida é levada pelo ar, e na mesma maneira, o Sol, a Lua e as estrelas; por que todas as coisas que tem a natureza do fogo são levadas através do espaço, no ar. E que as estrelas são produzidas da terra pela mesma razão que a neblina sobe da terra; e quando é diluída, produz-se fogo, e as estrelas consistem de fogo, que é produzido no alto. Também há naturezas terrestres na região das estrelas, carregadas com elas. E ele diz que as estrelas não se movem por baixo da Terra, como alguns supõem, mas ao redor da Terra, assim como um chapéu é virado ao redor de nossa cabeça; e quando o Sol está oculto, não por estar em cima da Terra, mas por estar coberto por pelas mais altas porções da Terra, e na grande distância que está ele de nós. Mas que as estrelas não emitem calor devido à distância; e que os ventos são produzidos quando o ar condensado, ficando rarefeito, é produzido, e quando é coletado e turva-se ainda mais, as nuvens se formam, e assim se transformam em água. E que o granizo é produzido quando a água vinda das nuvens congela; e que a neve é produzida quando essas nuvens, quando ficam mais úmidas, ficam congeladas; e que relâmpagos são causados quando as nuvens são partidas pela força ventos; porque quando são divididas ali, é produzido um clarão brilhante e ígneo. E que o arco-íris é produzido pelos raios do Sol caindo no ar coletado. E que os terremotos aconteces quando há alteração do grande (volume) de calor e frio da terra. Estas são as opiniões de Anaxímenes. Este ensinou no primeiro ano da 58ª olimpíada.

Capítulo VII


Após este (pensador) veio Anaxágoras, filho de Hegesíbulo, um nativo de Clasomene. Esta pessoa afirmou que o princípio criativo do universo era a mente e a matéria; a mente era a causa eficiente, enquanto que a matéria era a causa de formação. Como todas as coisas vieram a existir simultaneamente, a mente supervisionou tudo e introduziu ordem. E os princípios materiais, diz ele, são infinitos; até o menor deles é infinito. E que todas as coisas partilham do movimento da mente, com os corpos similares se aglutinando. E que os corpos celestiais foram organizados pelo movimento orbicular. Que, por isso, o que era grosso e molhado, frio e escuro, e todas as coisas pesadas, juntaram-se no centro, da solidificação, que serve de base para a Terra; mas que as coisas opostas a estas – calor e brilho, secura e luz – se deslocaram impetuosamente para a porção mais longínqua da atmosfera. E que a Terra é uma figura plana; e que continua suspensa no alto, por causa de sua magnitude, por estar no vácuo, e por causa do ar, que é mais poderoso, formando-se ao longo da terra arejada. Mas entre as substâncias úmidas da terra estavam o mar, e suas águas; e quando estes evaporaram, ou se fixaram, o oceano foi criado, assim como os rios que de tempos em tempos fluem para ele.

E os rios derivam das chuvas e das águas da terra; por isso é oca e contém água nas cavernas. E que o Nilo inunda no verão, por que as águas passam por ele vêm da neve em latitudes (ao norte). E que o Sol, a Lua, e todas as estrelas são pedra flamejantes, que giram pela rotação da atmosfera. E que embaixo das estrelas estão o Sol e a Lua, e certos corpos invisíveis que são carregados conosco; e que nós não temos percepção do calor das estrelas, tanto considerando a distância em relação à Terra; e, ainda mais, elas não são tão quentes como o Sol, por estarem numa situação mais fria. E que a Lua, estando mais em uma altitude menor do que o Sol, está próxima a nós. E que o Sol ultrapassa o Peloponeso em tamanho. E que a Lua não tem luz de si mesma, mas do Sol. E o ciclo das estrelas acontece abaixo da Terra. E que a Lua está em eclipse quando a Terra está interposta, e ocasionalmente também as (estrelas) embaixo da Lua. E que os solstícios são causados quando o Sol e a Lua são movimentados pelo ar. E que a Lua está sempre se movimentando porque não pode ficar apenas em direção à parte fria.

Essa pessoa foi a primeira a conceber definições a respeito de eclipses e luz. E ele afirmou que a Lua era sólida, e tinha planícies e desfiladeiros. E que a Via Láctea era uma reflexão da luz das estrelas que não derivam seu brilho do Sol; e que as estrelas que cruzam (o firmamento) como faíscas agudas, surgem fora do movimento dos pólos. E que os ventos são criados quando a atmosfera é atravessada pelo Sol e por aqueles globos brilhantes por baixo dos pólos, e se originam de lá. E que trovões e relâmpagos são causados pela queda de temperatura nas nuvens. E que terremotos são produzidos pelo ar caindo sobre a terra; por que, quando se move, a terra também é soprada e sacudida. E que os animais vieram a existir da umidade, um após um; e a cria é macho quando a semente secretada das partes direitas adere ao útero da parte direita, e é fêmea quando acontece o oposto. Esse filósofo ensinou no ano da 88ª olimpíada, no tempo que Platão também nasceu. Eles, discípulos de Platão, dizem que Anaxágoras estava igualmente presciente disso.

Capítulo VIII


Arquelau nasceu em Atenas, era filho de Apolodoro. Essa pessoa, similarmente com Anaxágoras, ensinou sobre a mistura da matéria e enunciou seus princípios da mesma maneira. Este filósofo, entretanto, defendeu que há uma certa mistura; e que o princípio criativo do movimento é separação mútua de calor e frio, e que o calor se movimenta e o frio fica inerte. E que a água, ao dissolver, flui para o centro, onde o ar seco e a terra são produzidos, dos quais um é produzido de forma ascendente e o outro descendente. E que a terra está em repouso, e por causa disso veio a ter existência; e que repousa no centro, não sendo parte, por assim dizer, do universo, preservada da conflagração; e que da conflagração, o estado de ignição é a natureza das estrelas, das quais certamente a maior é o Sol, e próximo a este, a Lua; e o resto, um pouco menor, um pouco maior. E ele diz que o céu está inclinado num ângulo para que o Sol transmita luz sobre a Terra, fazendo com que a atmosfera fique transparente, e a terra seca; porque no início havia um mar, era altivo ao horizonte e côncavo no meio. E ele aduz, como uma indicação da concavidade, que o Sol não nasce e põe-se em todos os lugares ao mesmo tempo, o que deveria acontecer se a terra estivesse nivelada. E em relação aos animais, ele afirma que a Terra, sendo originalmente fogo na parte baixa, onde o calor e frio se misturavam, o resto dos animais apareceu, numerosos e diferentes, todos tendo a mesma comida, alimentando-se de grama; e suas existências foram de curta duração, mas depois uma geração após a outra ergueram-se e os homens foram separados do resto (da criação animal) e eles designaram chefes, leis, artes, cidades, e o resto. E ele assevera que uma mente é inata em todos os animais do mesmo modo; por isso cada um, de acordo com as suas diferenças de constituição física, empregou (a mente) de um modo mais lento ou mais rápido.

A filosofia natural continuou, então, de Tales até Arquelau. Sócrates foi o herdeiro destes (últimos filósofos). Entretanto houve muitos outros introduzindo várias opiniões a respeito da divindade e da natureza do universo; e se pudéssemos abordar todas as opiniões destes, seria necessário escrever uma vasta quantidade de livros. Mas, lembrando o leitor de quais filósofos devemos prestar atenção especial – quem merece menção por sua fama, e por ser, por assim dizer, os líderes daqueles que subsequentemente desenvolveram os sistemas de filosofia, e por tê-los fornecido um ponto de partida para estes empreendimentos – vamos acelerar nas nossas investigações sobre o que é considerável.

Capítulo IX


Parmênides igualmente supôs que o universo seja único, eterno e sem início (definido), e de forma esférica. E nem ele escapou da opinião de um grande corpo (de especuladores), afirmando que o fogo e a terra serem os princípios criativos do universo – a terra como substância e o fogo como causa eficiente. Ele afirmou que o mundo seria destruído, mas ele não diz como. O mesmo, entretanto, afirmou que o universo é eterno, e sem início definido, esférico e homogêneo, mas amorfo, imóvel e limitado.

Capítulo X


Mas Lêucipo, um companheiro de Zenão, não teve a mesma opinião, mas afirmou que as coisas são infinitas, e estão sempre em movimento, e que a criação e a capacidade de mudança existe continuamente. E ele afirmou que plenitude e vácuo são elementos. E ele assevera que os mundos são produzidos quando muitos corpos são fundidos e fluem junto do espaço vizinho até um ponto de equilíbrio, para que pelo contato mútuo eles formem substâncias da mesma figura e similar em forma (e) se conectem; e assim quando se entrelaçam, há transmutações em outros corpos, e que as coisas criadas aumentam e diminuem através de uma necessidade. Mas ele não definiu a natureza da necessidade.

Capítulo XI


E Demócrito foi um discípulo de Lêucipo, filho de Damásipo, nativo de Abdera, tendo contato com vários gimnosofistas indianos, com sacerdotes egípcios e com astrólogos e mágicos na Babilônia. Ele fez afirmações parecidas com as de Lêucipo, em relação aos elementos, isto é, plenitude e vácuo, denominando a plenitude de “entidade” e o vácuo de “não-entidade”; e isto ele afirmou com base no fato de que existem coisas se movimentando continuamente no vácuo. Ele acreditava que mundos fossem infinitos, e variavam em tamanho; e que em alguns não há nem sol nem lua, enquanto que em outros eram maiores do que o nosso, e outros mais populosos. E que os intervalos entre os mundos não são iguais; um quarto deles é mais populoso, e os outros menos; e que alguns deles aumentam em tamanho, e outros aumentam até alcançar o tamanho máximo, enquanto que outros definham, sendo que em quarto deles está nascendo, enquanto que em outro está terminando; eles também estão se destruindo em colisões um com o outro. E que alguns mundos são destituídos de animais ou plantas, e toda espécie de umidade. E que a terra do nosso mundo foi criada antes das estrelas, e que a Lua está por baixo; próximo (a ela) o Sol, e as estrelas fixas. E que (nem) os planetas nem estas (estrelas fixas) estão na mesma altitude. E que o mundo floresce, até não poder suportar. Esse (filósofo) levou tudo ao ridículo, como se todas as preocupações de humanidade fosse risíveis.

Capítulo XII


Xenófanes, um nativo de Colofon, era filho de Ortomenes. Esse homem viveu até o tempo de Ciro. Este (filósofo) afirmou primeiramente que não há possibilidade de compreender qualquer coisa, expressando-se assim: “Por que se a maior parte da perfeição os homens podem falar, ainda ele sabe que não é, e em tudo obtém apenas suposições”.


E ele afirma que nada é gerado ou perece, ou se movimenta; e que o universo, sendo um, está além de mudanças. Mas ele diz que a deidade é eterna, e única, um conjunto homogêneo e limitado, de forma esférica, dotada de percepção em todas as partes. E que o Sol subsiste todo dia de um conglomerado de pequenas faíscas, e que a Terra é infinita, não é rodeada nem por uma atmosfera nem por um céu. E que há infinitos sóis e luas, e que todas as coisas emergem da terra. Esse homem afirmou que o mar é salgado devido às muitas misturas que fluem nele. Metródoro, entretanto, partindo do fato que a água é filtrada pela terra, afirma que é por causa disso que o mar é salgado. E Xenófanes é da opinião que houve uma mistura entre a terra e o mar, e que durante o tempo a terra foi separada da umidade, alegando que podia mostrar provas suficientes disso: que no meio da terra, e em montanhas, foram descobertas conchas; também em Siracusa ele afirma que foram encontradas impressões de peixes e focas em pedreiras, e em Paros, uma imagem de louro no fundo de uma pedra, e em Melitapartes de toda sorte de animais marinhos. E ele diz que eles foram criados quando todas as coisas estavam na lama, mas que todos os homens pereceram quando a terra, sendo precipitada no mar, se tornou em lama; então, de novo, que isso produziu a geração e esta ruína aconteceu em todos os mundos.

Capítulo XIII


Um certo Ecfanto, nativo de Siracusa, afirmou que não é possível alcançar um conhecimento verdadeiro das coisas. Ele define, entretanto, como raciocinado por ele, os corpos primários como sendo indivisíveis e há três variações deste, a saber, tamanho, forma e capacidade, dos quais são gerados os objetos do sentido. Mas há uma multidão determinável destes, que é infinito. E estes corpos não são movidos nem por peso nem por impacto, mas pelo poder divino, que ele chama de mente e alma; e que este mundo é uma representação; razão pela qual foi feito em forma de esfera pelo poder divino. E que a Terra, no meio do sistema cósmico, é movimentada ao redor de seu próprio centro para leste o leste.

Capítulo XIV


Hipo, um nativo de Régio, defendeu como princípios criativos, o frio, exemplo a água, e calor, exemplo o fogo. E que o fogo, quando produzido pela água, suprimiu o poder de seu produtor, e formou o mundo. E a alma, disse ele, é às vezes o cérebro, e outras a água, por isso a semente cresce na umidade, porque dela, diz ele, a alma é produzida.

Até aqui, nós cremos que nós tivemos suficientemente aduzido (as opiniões) destes; por isso, visto que, nós fomos vendo adequadamente revendo através das doutrinas de especuladores físicos, nós devemos nos voltar para Sócrates e Platão, que deram preferência especial à filosofia moral.

Capítulo XV


Sócrates, então, era ouvinte de Arquelau, o filósofo natural; e ele, reverenciando a regra “Conhece a ti mesmo”, reuniu uma grande escola, e Platão estava (ali), que era muito superior aos seus alunos. (Sócrates) não deixou escritos. Platão, entretanto, compilando notas de todas as suas (palestras sobre) sabedoria, estabeleceu uma escola, combinando (filosofia) natural, ética (e) lógica. E os pontos que Platão elaborou são estes.

Capítulo XVI


Platão (declara) que há três princípios criativos no universo, Deus, a matéria, e o modelo; Deus, como o Criador e Regulador de seu universo, exercendo a providência sobre ele; mais importa que, assim como ele está por trás de todos (os fenômenos), sendo que com a matéria é cuidadoso como uma enfermeira, rege a harmonia dos quatro elementos constituintes do universo; fogo, água, ar e terra, dos quais todo o resto das que são denominadas substâncias concretas, como animais e plantas, foram criadas. E o modelo, que ele também chama de idéias, é a inteligência da deidade, para a qual, assim como um desejo da alma, a deidade obedece, criando todas as coisas. Deus, disse ele, é incorpóreo e sem forma e compreensível apenas para os homens sábios; considerando que matéria é um corpo potencial, mas que não é utilizada, sem forma e qualidade, e, ao assumir forma e qualidades, se tornou um corpo. Isso implica que há um princípio criativo e da mesma época da divindade, e por causa disso o mundo não teve início definido. Por que (Platão) afirma que (o mundo) foi criado a partir disto. E que (o atributo da) eternidade necessariamente pertence àquilo que não teve início. Até aqui é suposto que o corpo contenha muitas qualidade e idéias, e tem início e fim. Mas alguns seguidores de Platão empregaram o seguinte exemplo: que uma biga pode continuar indestrutível, através de reparos parciais de acordo com o tempo, ainda que as partes inutilizadas sejam destruídas, a biga se mantém sempre completa; assim também é o mundo, pode perder partes, mas quando essas partes são removidas, reparadas, novas partes são introduzidas, e permanece eterno.

Alguns afirmam que Platão disse que a deidade era única, ingerável e incorruptível, assim com ele diz em As Leis: “Deus, portanto, possui o começo, o fim e o meio de todas as coisas, de acordo com os ancestrais”. Assim ele mostra Deus como sendo único, assim como ele permeia todas as coisas. Outros, entretanto, afirmam que Platão defende a existência de muitos deuses, de número indefinido, quando ele usa estas palavras: “Deus dos deuses, de quem eu sou o Criador e Pai”. Mas outros afirmam que ele fala de um número definido de deidades: “Assim, o poderoso Júpiter guiando sua carruagem nos céus”, e quando enumera a descendência dos filhos do Céu e da Terra. Mas outros afirmam que (Platão) colocou os deuses como sendo criaturas; e por conta de terem sido criados, todos eles foram submetidos à corrupção, e pela vontade de Deus, eles são imortais, (afirmando isso) na passagem supracitada quando ele adiciona à frase “Deus dos deuses, de quem eu sou o Criador e Pai”, adiciona “indissolúveis, de acordo com a minha vontade”; se Deus estivesse disposto a dissolvê-los, seriam facilmente dissolvidos.

E ele admite a natureza de demônios, e diz que alguns deles são bons, e outros são desprezíveis. E alguns afirmam que ele declara que a alma não teve início definido e é imortal, quando usa as seguintes palavras: “Toda alma é imortal, por que está sempre se movimentando é imortal”; e quando explica que a alma move a si mesma, e capaz de criar movimento. Outros, entretanto, (dizem que Platão afirmou que a alma foi) criada, mas é eterna pela vontade de Deus. Mas outros dizem que ele considerou a alma como um composto, criado e corruptível; porque ele sempre considera que há um receptáculo para ela, e que possui um corpo luminoso, mas que tudo que é corruptível. Aqueles que dizem que a alma é imortal são fortemente apoiados pelas passagens (nos escritos de Platão), onde ele diz que existem julgamentos após a morte, e tribunais de justiça no Hades, e que as (almas) virtuosas recebem uma recompensa, e as más têm sua justa punição. Alguns, não obstante, asseveram que ele também reconhece que há uma transição de almas de um corpo para outro, e que diferentes almas, de acordo com seu propósito, passam por diferentes corpos, e que depois de certos períodos de tempo elas são enviadas a este mundo para provar suas escolhas. Outros, entretanto, (não admitem essa doutrina, mas afirmam que Platão ensinou que as almas) obtém um lugar de acordo com a vida de cada uma; e eles usam como prova em seus escritos que alguns homens bons estão com Jove, e que outros estão (no céu) com outros deuses; assim como outros estão envolvidos em punição eterna, por que em vida fizeram obras más e injustas.

E algumas pessoas afirmam que Platão disse que algumas coisas não têm uma média, que outras tem uma média, e outras são uma média. (Por exemplo, que) andar e dormir, e coisas assim são uma condição sem estado intermediário; e que há coisas que tem um significado, como virtude e vício; e que existem médias (entre extremos), como cinza, que está entre preto e branco, ou outra cor. E eles dizem que ele afirmou que as coisas que concernem à alma são absolutamente boas, mas as coisas que concernem ao corpo, e aquelas externas a ele, não são absolutamente boas, mas supostas bênçãos. E freqüentemente ele as classifica para serem utilizadas para o bem ou para o mal. Algumas virtudes, ele diz, são extremos por causa de seu valor intrínseco, e por causa de sua natureza essencialmente na média, nada é mais estimável do que a virtude. Por exemplo, ele diz que existem quatro virtudes – prudência, temperança, justiça e coragem – e que cada uma delas tem paralelamente dois vícios, de acordo com seu excesso ou falta: por exemplo, para a prudência, descuido para a falta e desonestidade para o excesso; para a temperança, licenciosidade para a falta e estupidez para o excesso; para a justiça, desconsiderar uma prova para a falta e considerar excessivamente para o excesso; para a coragem, covardice para a falta e imprudência para o excesso. E quando estas virtudes, se forem absorvidas por um homem, fazem-no perfeito e o permitem ser feliz. E a felicidade, diz ele, é a assimilação com a deidade até onde seja possível; e a assimilação com Deus acontece quando alguém combina santidade, justiça e prudência. Porque, para ele, este é a finalidade da sabedoria e virtude suprema. E ele afirma que uma virtude segue a outra, sendo uniforme, nunca antagônica uma à outra; enquanto que os vícios são o contrário. Ele afirma que o destino existe; apesar de não estar muito certo, ele diz que todas as coisas são produzidas pelo destino, e que há algo em nosso poder, na passagem que diz: “O erro é feito pela pessoa que fez, Deus é inculpável” e “seguindo a lei de Adrastéia”. E assim (sobre este tópico) seus seguidores se dividem entre aqueles que defendem um sistema de destino e outro de livre-arbítrio. Ele afirma, entretanto, que os pecados são involuntários. Porque sendo a mais gloriosa coisa em nosso poder, que é a alma, ninguém pode admitir (deliberadamente) que é corrupto, sendo a transgressão derivada da concepção ignorante e errônea da virtude, supondo que estava tentando alcançar algo honrável, transformando-se em vício. Ele demonstra essa doutrina de forma mais clara em A República: “Mas de novo vocês presumem que o vício é desgraçado e desprezível para Deus; como então, eu posso perguntar, alguém escolheria coisa tão má? Ele, você responde, é vencido pelos prazeres. Portanto isso também e involuntário, se vencer é voluntário; assim, em cada ponto de vista, a consumação de um ato torpe é racionalmente provado ser involuntário”.

Alguns em oposição (a Platão) fazem a seguinte pergunta: “Por que então os homens são punidos se o pecado é involuntário?”. Mas ele responde que ele pode ser liberto do vício passando por uma punição. Porque a punição não é uma coisa ruim, mas uma coisa boa, é como uma purificação de todos os maus; e que o resto da humanidade, ouvindo isso, não deve praticar transgressões, mas se guardar dos erros. (Platão, entretanto, mantém) que a natureza do mal não é criada pela deidade, nem possui subsistência de si mesma, mas que deriva do contrário daquilo que é bom, e do fracasso em fazê-lo, tanto por excesso quanto por falta, assim como já afirmamos sobre as virtudes. Platão inquestionavelmente, como já afirmamos, explorou as três divisões da filosofia universal, deste modo formando seu sistema especulativo.

Capítulo XVII


Aristóteles, que foi discípulo de (Platão), reduziu a filosofia em uma arte, e se distinguiu principalmente por sua competência na ciência lógica, supondo que todos os elementos se originem da substância e do acidente; e que há apenas uma substância sustentando todas as coisas, e nove acidentes – quantidade, qualidade, relação, onde, quando, possessão, postura, ação e emoção; e que a substância tem uma descrição parecida com a de Deus, homem, e todos podem ter denominação similar de seres. Mas a respeito dos acidentes podem ser descritos e exemplificados assim: “qualidade” como preto e branco; “quantidade” como dois cúbitos, três cúbitos; “relação” como pai e filho; “onde” como Atenas e Megara; “quando” como durante a 10ª olimpíada; “possessão” como aquisição; “ação” como escrever, e fazer proezas em geral; e “emoção” como ficar chocado. Ele também supõe que algumas coisas têm médias, e outras não, assim como dizia Platão. E em quase todos os pontos seu pensamento está de acordo com o de Platão, exceto quanto à alma. Platão dizia que a alma era imortal, mas Aristóteles dizia que a alma envolve permanência; e depois de tudo, ela desaparece no quinto corpo, juntamente com os outros quatro –a saber, fogo, água, ar e terra – para algo de natureza mais misteriosa (do que estes), a natureza do espírito. Platão afirma que as coisas realmente boas são aquelas que pertencem à alma, e que elas sozinhas trazem felicidade; enquanto que Aristóteles introduz uma classificação tripla das coisas boas; e afirma que os sábios não são perfeitos a menos que eles tenham as coisas boas do corpo e aquelas que estão extrínsecas a ele - beleza, força, vigor dos sentidos e saúde; enquanto que as extrínsecas (ao corpo) são riqueza, nobreza, glória, poder, paz, amizade. E as qualidades interiores da alma recebem a mesma classificação de Platão, prudência, temperança, justice e coragem. Este (filósofo) também afirma que o mal se forma de acordo com a oposição a essas coisas boas, e que também existem abaixo de um quarto da distância da Lua, mas não vão além; e que o mundo é eterno em si mesmo, assim como sua alma, e a alma individual, como já dissemos, desaparece (no quinto corpo). Este (especulador) debatia no Liceu e elaborou pouco a pouco sua filosofia; mas Zenão (formou sua escola) no pórtico chamado Pecílio. E os seguidores de Zenão ganharam seu nome do lugar – isto é, de Stoa (pórtico) – sendo chamado de estóicos; enquanto que os seguidores de Aristóteles (foram denominados) pelo modo como se dedicavam enquanto ensinavam. Já que eles ficavam dando voltas no Liceu enquanto raciocinavam, foram chamados de Peripatéticos. Estas são as doutrinas de Aristóteles.

Capítulo XVIII


Os estóicos também fizeram avanços na filosofia, a principalmente na arte do silogismo, e incluíram quase tudo em definições, sendo que Crísipo e Zenão coincidiram neste ponto. Igualmente, eles supunham que Deus era o princípio criativo de todas as coisas, sendo um corpo da máxima pureza, e seu cuidado providencial penetra todas as coisas; e esses especuladores estavam certos de que o destino estava em todos os lugares, empregando exemplos como estes: que assim como um cão, supondo que ele esteja amarrado junto a um carro, ele pode ir de boa vontade, fazendo exercício de seu livre-arbítrio, de acordo com a necessidade, ou ser arrastado, quando ele não está disposto a seguir, sendo forçado a fazer; assim funciona o destino. E o mesmo, obviamente, funciona no caso do homem. Mesmo que ele não esteja disposto a seguir o seu destino, ele será compelido a seguir o que foi decretado a ele. Os (estóicos) afirmam que a alma permanece após a morte, mas que tem um corpo (próprio), e que este é formado através da refrigeração da atmosfera; daí também é chamada psique (alma). E eles confessam do mesmo modo que há uma transição de almas de um corpo para outro, isto é, para as almas cuja migração foi destinada. E eles também aceitaram a doutrina de que haverá uma conflagração, uma purificação deste mundo, em que alguns dizem que será completa, enquanto que outros dizem que será parcial, e outro que dizem que (o mundo) está se destruindo; e tudo isso, exceto a corrupção e a produção daí de outro mundo, eles chamam de purgação. E eles admitem a existência de todos os corpos, e que corpos não passam para outros corpos, mas que uma refração acontece, todas as coisas envolvem plenitude, não existindo o vácuo. Estas foram as opiniões dos estóicos também.

Capítulo XIX


Epicuro, entretanto, teve uma opinião contrária a quase todos. Ele supôs, como princípios originais de todas as coisas, átomos e o vazio. Ele considerou o vazio sendo que continha as coisas que viriam a existir, e átomos como a matéria das coisas que seriam formadas; e que da multidão de átomos, a deidade e todos os elementos e as coisas inerentes a eles, assim como animais e outras (criaturas), foram formados; então nada foi criado ou veio a existir sem os átomos. E ele afirmou que esses átomos eram feitos de partículas extremamente pequenas, nas quais não poderiam existir pontos ou manchas, ou qualquer divisão; daí ele os chamou de átomos.

Reconhecendo a deidade como sendo eterna e incorruptível, ele diz que Deus não tem cuidado providencial por nada, e que não existem coisas como providência ou destino, mas que todas as coisas acontecem de acordo com a oportunidade. Porque a deidade repousa em espaços intermundanos, e tudo é nomeado por ela; porque fora do mundo há uma habitação de deus, denominado “espaço intermundano”, e que a deidade rendeu-se ao prazer, e ficou com seu bem-estar entre a suprema felicidade; assim ela não tem consciência de seu dever, e nem dá atenção a ele. Como conseqüência dessas opiniões, ele também propôs sua teoria em relação à sabedoria, dizendo que o fim da sabedoria é prazer. Entretanto diferentes pessoas tiveram interpretações diferentes da palavra “prazer”; alguns (entre os gentios entenderam) como sendo as paixões, e outros como sendo a satisfação causada pela virtude. E ele concluiu as almas do homem se decompõem junto com seus corpos; assim como são produzidos junto com eles, porque eles são sangue, e quando ele se vai ou é alterado, o homem perece completamente; e mantendo esta doutrina, (Epicuro ensinou) que não existem julgamentos no Hades ou tribunais de justiça; então qualquer coisa que qualquer um cometer nesta vida, que, possa escapar de ser descoberto, está completamente livre da responsabilidade de julgamento (em um estado futuro). Deste modo, então, Epicuro formulou suas opiniões.

Capítulo XX


E outra opinião dos filósofos foi aquela dos Acadêmicos, cujo fundador foi Pirro, de quem foram chamados filósofos pirroenos, sendo que foram os primeiros a introduzir a noção de incompreensibilidade de todas as coisas, para assim (estarem preparados para) elaborar um argumento com os dois lados da questão, mas ele não afirmam nada com certeza; porque não há nada compreensível ou verdade sensível, mas que elas pareciam aos homens serem assim; e que todas substâncias estão em um estado de fluxo e mudança, e que nunca continuam na mesma (condição). Alguns seguidores dos Acadêmicos disseram que ninguém deve declarar uma opinião sobre o princípio de qualquer coisa, mas simplesmente fazer a tentativa disso; enquanto que outros acrescentaram a fórmula “não antes” (este do que aquele), dizendo que o fogo não é mais do que fogo que ateia fogo a qualquer coisa. Mas eles não declaram o que é, mas que tipo de coisa é essa.

Capítulo XXI


Há entre os indianos uma seita composta por filósofos entre os brâmanes. Eles passam por uma existência frugal, abstêem-se de carne e comidas cozidas, ficando satisfeitos com frutas; e eles não as pegam frutas diretamente das árvores, mas apenas as que caem das árvores. Eles subsistem com elas, bebendo água do rio Tazabena.
Eles vivem nus, dizendo que o corpo foi constituído como uma roupa da alma pela deidade. Eles afirmam que deus é luz, não uma luz visível, ou uma luz como o Sol e o fogo; mas para eles, a deidade é o raciocínio, não aquele que pode ser expresso em sons articulados, mas o conhecimento pelos quais os mistérios da natureza são percebidos pelos sábios. E essa luz, que eles dizem ser o raciocínio, seu deus, eles declaram que os brâmanes só conhecem através da rejeição solitária de toda opinião vã que é a última cobertura da alma. Estes desprezam a morte, e sempre na sua linguagem peculiar clamam por deus pelo nome que já mencionamos anteriormente, e cantam hinos (a ele). Mas nunca há entre eles mulheres ou filhos. Aqueles que querem viver uma vida como a deles, depois que cruzam o rio para o outro país, continuam a residir lá, e não voltam nunca mais; e estes também são chamados de brâmanes. Mas eles não passam suas vidas como os outros brâmanes porque têm mulher e filhos. E este raciocínio que eles chamam de deus, eles afirmam que ele é corporal, envolvido por um corpo fora dele, como se estivesse usando uma roupa de ovelha, mas se despisse ele aparecia claramente ao olho. Mas os brâmanes dizem que há um conflito no corpo que os rodeia, (e eles consideram que o corpo é cheio de conflitos); em oposição a isso, como se estivessem reunidos para batalha contra os inimigos e combatendo, como já explicamos. E eles dizem que todos os homens são cativos de suas próprias lutas congênitas, a saber, sensualidade e luxúria, glutonaria, raiva, alegria, tristeza, concupiscência, e coisas assim. E aquele que triunfou sozinho sobre estes, vai para deus; por isso os brâmanes divinizam Dândamis, a quem Alexandre visitou, como alguém vitorioso num conflito corporal. Mas eles detestam Calanus, por ter se retirado profanamente de sua filosofia. Os brâmanes se livram dos seus corpos, como peixes pulando para fora d’água, em direção ao Sol.

Capítulo XXII


Os druidas celtas investigaram até o mais alto ponto da filosofia pitagoreana, após Zamolxis, por nascimento um trácio, servo de Pitágoras, que se tornou o pioneiro da filosofia e disciplina celta, após a morte de Pitágoras. Os celtas estimam a eles como profetas e videntes, de acordo com suas predições de certos (eventos), de cálculos e números da arte pitagoreana; nos métodos sobre os quais nós não devemos nos manter em silêncio, já que também por eles foram introduzidas heresias; mas os druidas também utilizam rituais mágicos.

Capítulo XXIII


Mas Hesíodo, o poeta, diz também que ele ouviu assim das Musas em relação à natureza, e as Musas eram filhas de Júpiter. Quando por nove noites e dias juntos, Júpiter, através do excesso de paixão, deitou-se ininterruptamente com Mnemosine, que Mnemosine ficou grávida das nove Musas, tendo ficado grávida de cada uma em cada noite. Tendo então invocado as nove Musas da Pieria, que é o Olimpo, ele as exortou com a seguinte instrução:
Assim que os deuses e a terra foram feitos,
Rios, profundezas infinitas, e oceano surgiram;
E estrelas brilhantes, e céus espaçosos acima;
Eles conquistaram a coroa e dividiram a glória,
E a princípio eles ocuparam o valioso Olimpo.
Estas (verdades), vós Musas, digam me, disse ele,
Da primeira e da próxima erguem-se.
Caos, sem dúvida, foi o primeiro a erguer-se; após veio
Terra, ampla e larga, tornando seguro o trono de todos os imortais,
Que protegem os picos do alvo Olimpo;
E o Tártaro, com brisas, no fim da terra;
E Amor, que é a mais bela dos deuses imortais,
Tomando conta de todos os deuses e homens,
Suprimido no seio a mente e o sábio conselho.
Mas Erebus, do Caos e da obscura Noite, ergue-se;
E, por sua vez, da Noite, o Ar e o Dia, ambos nascem;
Mas Terra primordial suavemente gera
O Céu tempestuoso para velá-la ao redor em todo o lado,
Para sempre estão os deuses felizes pelo trono seguro.
E adiante ela trouxe das altas colinas, os abrigos agradáveis
Das ninfas que habitam ao longo das florestas altas.
E também o Mar estéril gerou, arremessado pelas ondas,
O Dilúvio, à parte da adorável Amor; mas depois,
Abraçando ao Céu, Oceano procriou com redemoinhos profundos,
E Céos e Créos, e Hipérion, e Japeto,
E Téia e Réia, e Têmis e Mnemosine,
E Febe, coroada graciosamente, e a bela Tétis
Mas depois destes nasceu por último o impiedoso Cronos,
O mais violento dos filhos, ele detestou seu exuberante pai,
E se aliou à família dos Ciclopes, que tinham sentimentos selvagens”.
E todo o resto dos gigante desde Cronos, Hesíodo enumera, e em algum lugar diz que Júpiter nasceu de Réia. Todos estes, então, elaboraram as afirmações antecedentes na doutrina a respeito da natureza e criação do universo. Mas todos, afundando entre o que é divino, ocuparam a si mesmos sobre a substâncias das coisas existentes, ficando chocados com a magnitude da criação, e supondo que constituem a deidade, cada especulador seleciona uma diferente porção do mundo, de acordo com a sua preferência; falhando, no entanto, ao discernir o Deus e criador destes.

Considero que explicamos o suficiente sobre as opiniões daqueles que desenvolveram sistemas filosóficos entre os gregos; e que destes heréticos, aproveitando a ocasião, empenharam-se para estabelecer as doutrinas que serão depois de um tempo declaradas. Parece, entretanto, útil que primeiro expliquemos os ritos místicos e o as doutrinas imaginárias a respeito das estrelas; porque heréticos aproveitando a ocasião, são considerados pelas multidões por fazerem prodígios. Nós devemos elucidar as opiniões medíocres destes.



Extraído do site http://pt.wikisource.org com adaptações.

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