O Papa Leão XIII na
Encíclica "Immortale Dei" condena o que ele chama de "direito
novo"segundo o qual, em nome da igualdade e dignidade comuns a todos
os homens, rejeita-se qualquer autoridade, cuja origem não seja a mesma vontade
humana: "Segue-se que o Estado, não se julga vinculado a nenhuma
obrigação para com Deus, não professa oficialmente nenhuma religião... deve
apenas a todas atribuir igualdade de direito civil, com o único fim de
impedi-las de perturbar a ordem pública". Desaparece assim a
realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo e, consequentemente se dificulta
enormemente a salvação das almas. Na outra Encíclica "HumanusGenus" Leão XIII denuncia o Estado leigo, rigorosamente neutro em
matéria religiosa, como o meio considerado apto pelas forças secretas para
aniquilar e
"destruir toda disciplina religiosa e social" cristãs.
As forças secretas inculcam deste modo, que "nas diversas formas
religiosas, não há razão alguma de se preferir uma à outra, pois todas devem
ser postas em pé de igualdade". E adverte o Papa: "semelhante
princípio basta para arruinar todas as religiões, e particularmente a Religião
católica, porquanto sendo a única verdadeira, não pode ela, sem sofrer a última
das injúrias e das injustiças, tolerar lhe sejam igualadas as outras
religiões". Daí o laicismo do Estado, "o grande erro do
tempo presente". Para o Estado laico, o cuidado da Religião é
algo inteiramente indiferente. Em um semelhante Estado, é impossível o Reino de
Jesus Cristo. São Pio X na Carta Apóstolica "Notre Charge apostolique"
diz: "Não há verdadeira civilização sem civilização moral, e não há
verdadeira moral sem verdadeira religião". "A verdade, dizia
ainda São Pio X, é "una e indivisível, eternamente a mesma, e não
se submete aos caprichos dos tempos" ( Enc. "Iucunda
Sane", 1904). A ordem moral das ações leva em conta as
deficiências humanas, á imitação da paciência divina que dissimula os pecados
dos homens em vista de sua penitência e conversão (Cf. Sab. XI, 23). Há uma
prudência no agir que pede certa indulgência, mas nunca se pode fazer o mesmo
com relação à verdade. Esta é intransigente: não admite divisões e
amortecimentos. A verdade, pois, não está no campo do agir. Ele é da ordem do
ser, do que é ou não é. Portanto, uma condescendência com a fragilidade humana
que transponha o princípio prudencial do agir para a ordem do ser e da verdade,
através de meios termos que não são certos, mas que não aparecem abertamente
errados, uma espécie de meia verdade, isto, digo, mina e destrói a Fé na mente
dos fiéis. Sabemos, no entanto, que há pessoas que, ao surgirem sistemas
falsos, procuram uma acomodação, um compromisso com tais ideologias, através de
movimentos apostólicos, mas suficientemente vagos e indecisos para não ferirem
a susceptibilidade dos que estão de fora do grêmio da Igreja. São na verdade
inimigos infiltrados nas fileiras da Igreja para solapar-lhe o edifício
da Fé. É o que se chama quinta coluna. Assim, por exemplo, o tristemente
célebre Erasmo de Rotterdam, com o seu pérfido principio: "Todo homem
possui a teologia verdadeira". Digo, pérfida, porque
no bojo dessa sentença está a afirmação de que, em última análise, há uma
concordância religiosa profunda entre todos os homens, apesar de suas
divergências doutrinárias. Pois somente assim se compreenderia que "todo
homem possui a teologia verdadeira". Como conseqüência, não
haveria motivo para conflito entre religiões opostas. Não passariam de
manifestações diversas da mesma teologia verdadeira que todo homem possui. Com
o diálogo, acabaríamos encontrando em todos uma identidade única na base das
diferenças. Seguir-se-ia que a melhor maneira de agir com novas teorias
religiosas, com crenças não católicas, seria evitar colisões, polêmicas,
acirramentos de posições, e manter-se, como se diz vulgarmente, em cima do
muro não porque não tenha decidido, mas porque decidiu aceitar todos os credos.
Dizem que há uma concordância, um fundo comum. Em outras palavras, estes
liberais querem, na verdade, dizer que não há erros. Há só distorções.
Caríssimos e amados leitores, quão distante, não só da razão natural mas também
da Revelação cristã, está tal maneira de pensar! O Beato Pio IX
escreveu a Encíclica "Quanta Cura" e compôs um elenco de
todos os erros do indiferentismo religioso e da liberdade de todos os cultos. É
o "Syllabus". Aí o grande Pontífice da Imaculada
Conceição e do 1º Concílio Vaticano, condena categoricamente a tese do laicismo
do Estado: "Estas perversas opiniões, escreve Pio IX, são
especialmente para detestar, porque visam suprimir a virtude salutar que a
Igreja Católica, por instituíção e mandato de Seu Divino Autor, deve
livremente, até a consumação dos séculos, infundir não somente nos indivíduos,
como também nas nações, nos povos e nos governantes. Como corolário, também
colimam tais opiniões, afastar a harmonia e concórdia existente entre o
Sacerdócio e o Império, que foi sempre fecunda em benefício tanto da vida
espiritual, como da civil". Para terminar citarei apenas duas
proposições que Pio IX condena na Encíclica "Quanta Crura":
"a forma mais perfeita do Estado e o progresso civil exigem imperiosamente
que a sociedade humana seja constituída e governada sem consideração alguma à
Religião, e como se esta não existira, ou ao menos, sem fazer diferença alguma
entre a verdadeira Religião e as religiões falsas". "E, continua
Pio IX,contradizendo a doutrina da Sagrada Escritura, da Igreja e dos Santos
Padres, não temem afirmar que "o melhor governo é aquele no qual não se
reconhece ao poder político a obrigação de reprimir com sanções penais os
violadores da Religião católica, salvo quando a tranqüilidade pública assim o
exija" (Enc. "Quanta Cura" de 8-12-1864).
Depois, se Deus
quiser, mostraremos que as Declarações "Dignitatis Humanae" e
"Nostra Aetate" aprovam o que Pio IX condenou como contrário
à Sagrada Escritura, à Tradição da Igreja, e aos Santos Padres. O Santo
Padre Bento XVI, quando ainda cardeal declarou que a "Dignitatis
Humanae" e a "Nostra Aetate" eram um "Anti-Syllabus".
Nunca esqueçamos as
palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: "QUEM NÃO ESTÁ COMIGO, ESTÁ CONTRA
MIM".
Saibam
os inimigos do Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo que Ele há de reinar
sempre: ou pelos benefícios, graças e bênçãos que vêm da Sua presença; ou pelos
males que advêm da Sua ausência.
VIVA CRISTO REI!!!
27/10 Vigésimo Terceiro Domingo depois de Pentecoste
Festa de Primeira Classe Nosso Senhor Cristo Rei
Paramentos Brancos
Epistola
Colossenses 1, 12-20
Evangelho
São João 18,33-37
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