Na Espanha na década de
30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa:
13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de
leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no
decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui
uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma
multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas
vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço
é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto
de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro
neste nosso século XXI!
"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc
13,13).
Era o mês de agosto de 1936. A perseguição marxista contra a Igreja tinha-se
abatido em toda a Espanha com uma fúria diabólica. O Seminário dos Missionários
Claretinanos da cidade de Barbastro foi feito prisioneiro na sua totalidade.
Ignorando que os três padres superiores do seminário tinham sido já
assassinados, toda a comunidade (padres, irmãos e seminaristas) foi encarcerada
na cave de um antigo colégio. Para que os jovens seminaristas ficassem sem
apoio dos padres ou dos Irmãos (religiosos não-sacerdotes), os milicianos
executaram no dia 12. Havia a expectativa, que mediante alguma tortura, os
amedrontados jovens seminaristas renunciassem à sua religião e sua Fé em Jesus
Cristo, tornando-se nuns apóstotas. Ficavam assim, 40 jovens seminaristas
desapoiados e deixados à sua sorte. Assim pensavam os vermelhos. Mas aquele
punhado de valentes, verdadeiros cristãos, jovens com uma fé adulta,
agigantaram-se e prepararam-se para o martírio.
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fotografia da comunidade mártir do Seminário Claretiano de Barbastro |
As três semanas precedentes tinham sido terríveis. Na cave que fazia de prisão,
aqueles presos sofreram toda a espécie de indignidades, privações e insultos.
Tentavam vencer a resistência dos jovens, e recorreu-se a prostitutas, ameaças,
ofertas de liberdade em troca de abandonarem sua vocação... e isto até ao
último instante.
Até que ao verem que não conseguiam vergar aqueles valentes cristãos, se
disseram claramente qual era a causa da sua morte: "Não vos odiamos a
título pessoal, mas sim à vossa religião, a vossa sotaina, esse trapo
repugnante. Se as tirarem, pouparemos vossas vidas. Mas a matar-vos, será com
ela vestida, e assim sereis com a sotaina sereis enterrados". Assim
souberam eles porque os perseguiam. Morreriam mártires por Jesus Cristo, e nada
mais que por Jesus Cristo.
No dia 12 de agosto foi um grande dia na prisão. Desse dia nos chegaram uns
testemunhos escritos verdadeiramente memoráveis. Em papel que embrulhava os
chocolates que lhes ofereceram para o pequeno-almoço. Cada um escreveu um lema,
uma frase que resumia o seu ideal de vida, e de seu martírio. Quarenta assinaturas
que escrevem uma das mais gloriosas páginas da Santa Igreja Católica do século
XX: "Viva Cristo-Rei!"; "Viva o Coração Imaculado de
Maria!"; "Morro contente por Deus!... Nunca imaginei ser digno
de receber esta Graça!"; Por Ti, Meu Deus, pela Santíssima
Virgem meu sangue dou!", e assim todos os 40!
Não creio que exista na história da Igreja um documento martirial como este. E
dizem as testemunhas: "Todos estavam contentes e se felicitavam entre
eles, como os Apóstolos, por terem sido considerados dignos a sofrer pelo nome
de Jesus". Ao anoitecer, os candidatos ao martírio, abraçavam-se, beijavam
mutuamente os pés e as faces uns dos outros, choravam de alegria por estar
próximo o fuzilamento...
Às 24h00 do dia 13, irrompiam os milicianos na cave. Leram 20 nomes, em que cada
um era vigorosamente respondido com um "Presente!". Alguns
beijavam com amor as cordas que lhes atavam as mãos, e todos dirigiam palavras
de perdão aos seus verdugos. Atravessaram a praça cheia de gente. E ao subir
para uma camioneta de caixa aberta, gritavam entusiasticamente: "Viva
Cristo-Rei!", e os presentes respondiam: "Morram, morram!
Canalhas, vão ver o que vos espera no cemitério!" E era uma cena
impressionante, pois ao longo da noturna viagem de 3 quilômetros em cima da camioneta,
cantavam e rezavam. Alegres! Diz o relato de uma testemunha dessa noite: "Todo
Barbastro os ouviu! Todos cantavam cânticos religiosos. E eram inocentes com
anjos!" Recusado a última oferta de liberdade em troca da apostasia,
todos caíram debaixo das balas com o nome de Jesus nos lábios, como confessou
um dos assassinos: "Com os braços abertos, em cruz, e gritando Viva
Cristo-Rei, receberam a descarga dos projeteis".
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Monumento erigido no local onde os seminaristas católicos foram assassinados |
A meia-noite do dia 15, os vinte restantes iam para o Céu, celebrar a grande
festa da Assunção. Animados pelo exemplo dos seus colegas anteriores, deixaram
escrito: "Morremos todos contentes, e nenhum de nós sente desânimo ou
pesar". Repetiram-se as mesmas cenas, trágicas para uns, porque nessa
noite, os vermelhos não iam tolerar aquele escândalo dos "Vivas" e
dos cânticos religiosos ao meio da noite pelas ruas, e a golpes de coronhada
das espingardas, desfizeram o crânio de um deles, embora não tenham conseguido
os seus intentos, e até pelo contrário, incentivou os seminaristas a cantar com
redobrado entusiasmo louvores a Cristo-Rei, ao Coração de Maria, à religião
católica e ao Santo Padre.
Um dos verdugos, refugiado em Paris, depois de terminada a Guerra Civil, dizia:
"Não havia quem os fizesse calar. Por todo o caminho foram cantando e
dando Vivas a Cristo-Rei. Nós, mesmo dando golpes com a coronha das armas, não
os conseguíamos fazer parar. E não pense que eram golpes mansinhos... Um deles
caiu morto, com a cabeça aberta. Mas quanto mais lhes batíamos, mais forte
cantavam e gritavam, Viva Cristo-Rei!"
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Lápide no pequeno monumento que lembra o martírio |
Três dias mais tarde, morriam também fuzilados dois companheiros, que por
doença, tinham sido transferidos para o Hospital. Ficava assim completo o
número daquela comunidade cristã: os 51 Missionários Claretianos Mártires: 9
sacerdotes, 5 Irmãos missionários e 37 seminaristas, que em Barbastro encheram
a nossa Santa Igreja Católica Apostólica Romana de Glória.
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Urnas contendo os restos dos mártires. Verdadeiros relicários dos nossos santos. |
Em outubro de 1992 foram Beatificados pelo
Papa João Paulo II, em Roma, ao final da Missa, o Papa emocionado, exclamou:
"Pela primeira vez na História da Igreja, todo um Seminário Mártir!".
Nesse mesmo ano de 1992, abriu em
Barbastro, o Museu do Mártires Claretianos, relicário dos seus restos, seus
testemunhos, suas mensagens, suas recordações, local de peregrinação para
milhares de fiéis católicos do mundo inteiro.
Hoje, o testemunho desses jovens
seminaristas, inspira muito vocacionados a entregarem suas vidas ao Senhor ao
serviço na Sua Igreja.
É esta a fibra dos santos da minha Igreja, na qual tenho a imensa Graça de
caminhar na Fé! Hoje, na minha vida, são estes os meus Heróis!
Santos Mártires de Barbastro, roguem por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo,
pois sou pecador!
PARA LER O ORIGINAL ACESSE O LINK
ACIMA.
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