«Antes de tudo, dirigimos a palavra aos que, na qualidade de bispos, ou então na de vigários e prefeitos apostólicos, presidem às sagradas Missões; deles afinal depende a propagação da Fé, neles a Igreja deposita a esperança da sua maior expansão. Não ignoramos quanto seja vivo neles o espírito do Apostolado.
Todavia, antes de tudo, para aquele que assume este apostolado é indispensável, como dissemos, a santidade de vida. Afinal, é necessário que quem anuncia Deus, SEJA HOMEM DE DEUS, e quem ensina a odiar o pecado, ODEIE O PECADO. Especialmente entre os infiéis, que são guiados mais pelo instinto do que pela razão, o exemplo é mais útil do que as palavras. Seja também o missionário dotado dos mais belos valores da mente e do coração, repleto de Doutrina e cultura. Se essas qaualidades não forem conjugadas com vida pura e santa, bem pouca ou nenhuma eficácia terão para a salvação dos povos; antes, na maior parte das vezes, serão danosas, a ele próprio, e aos outros.(…)
Pensai que o encargo a vós confiado é Divino, e que está muito acima dos pequenos interesses humanos; porque vós levais a luz a quem jaz nas sombras da morte, ENCAMINHAIS PARA O CÉU A QUEM CORRE PARA A RUÍNA ETERNA. Considerando, portanto, que a cada um de vós foi dito pelo Senhor: “Esquece o teu povo e a casa do teu pai”(Sl 44,11), recordai QUE NÃO DEVEIS PROPAGAR O REINO DOS HOMENS, MAS O REINO DE JESUS CRISTO, NÃO CONGREGANDO CIDADÃOS À PÁTRIA TERRENA, MAS À CELESTE. DAÍ SE COMPREENDE QUANTO SERIA DEPLORÁVEL SE EXISTISSEM MISSIONÁRIOS QUE, ESQUECIDOS DA PRÓPRIA DIGNIDADE,PENSASSEM MAIS NA PÁTRIA TERRESTRE DO QUE NA SUPREMA, E ESTIVESSEM PREOCUPADOS EM DILATAR A INFLUÊNCIA, E DE VER SEMPRE E EM TUDO, CELEBRADO O SEU NOME E A SUA GLÓRIA. Essa seria UMA DAS MAIS TRISTES CHAGAS DO APOSTOLADO, QUE PARALISARIA NO MISSIONÁRIO O ZELO PELAS ALMAS E RETIRARIA TODA A SUA AUTORIDADE JUNTO DOS INDÍGENAS. Afinal, também os selvagens e os bárbaros entendem muito bem o que quer e busca o missionário, e conhecem por meio da intuição se ele tem outros objectivos além do seu Bem Espiritual.»
A obra de Vitória foi condenada pelo Papa Sisto V (1585-1590), e estava prestes a ser incluída no Index, quando este Pontífice faleceu; o seu sucessor, Urbano VII, acedeu aos pedidos de Filipe II, retirando a condenação. Seja como for, a doutrina de Vitória, para o qual o poder temporal do Papa seria sòmente extrínseco e acidental, opõe-se frontalmente à definição da Bula “Unam Sanctam” (1302) do Papa Bonifácio VIII, onde é solenemente afirmado que a Santa Igreja possui, por Direito Divino, dois gládios – o temporal e o espiritual – confiando a Santa Igreja, ordinàriamente, o primeiro, à autonomia legítima do Príncipe temporal, que o deverá utilizar, essencialmente, para o Bem da Santa Madre Igreja.
Os referidos objectivos supremos da Santa Igreja – a Glória extrínseca de Deus, e a salvação das almas – FORAM RENEGADOS PELO CONCÍLIO VATICANO 2; MAS NÃO FOI A SANTA IGREJA QUE OS RENEGOU, FOI A MAÇONARIA INTERNACIONAL DISFARÇADA DE IGREJA.
Qualquer modalidade de modernismo nega necessàriamente a Deus, como realidade transcendente, objectiva e Pessoal; consequentemente dilui o conceito de salvação da alma num sentimentalismo cego, fácil, e completamente estéril.
Já Teilhard de Chardin (1881-1955), coveiro qualificado da Fé Católica, havia propugnado a dicotomia – o “deus” para a frente e o Deus para cima – sendo o segundo a concepção tradicional, e o primeiro o “deus” que se faz, que se realiza, no incessante progresso vital e cultural da humanidade, o “deus” do futuro, no qual Teilhard, diabòlicamente, pretendia projectar a Santa Igreja.
Ao liquidar o conceito de salvação das almas, evidentemente que todo o espírito missionário, não só se revelava inútil, como também absurdo. As próprias declarações conciliares em favor das ditas religiões não-cristãs; o apelo criminoso à liberdade religiosa, sem qualquer salvaguarda, sem qualquer referência formal, mesmo teórica, mesmo puramente cultural, ao conceito filosófico e teológico de Verdade Objectiva, Eterna e Imutável; a recusa formal da condenação do cumunismo; tudo concorria para os missionários apostatarem, e abandonarem as almas que lhes estavam confiadas, ou então entregarem-se a uma actividade social puramente naturalista, educacional e assistencial, como acontece presentemente na totalidade dos casos.
A Santa Madre Igreja sempre afirmou, que embora seja possível a salvação sem o conhecimento ACTUAL de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Sua Igreja, TAL É MUITO DIFÍCIL. Efectivamente, se durante tantos séculos, a grande massa das almas, embora baptizadas, embora sujeitas ao Magistério da Santa Mãe Igreja, nominal e socialmente praticantes, em plena luz da Verdade Católica, mesmo assim pensavam e viviam como pagãos – QUE DIZER DE POVOS INTEIRAMENTE PRIVADOS DO LUME CRISTÃO E SUBMETIDOS ÀS MAIS IMPLACÁVEIS SUPERSTIÇÕES? As falsas religiões, não apenas não constituem elementos salvíficos, como se erguem como OBSTÁCULOS POSITIVOS à Graça e à Salvação. Uma alma, excepcionalmente, pode salvar-se, vivendo MATERIALMENTE numa falsa religião, mas essa vivência constituirá sempre uma força que a impele para o Inferno, e que essa alma deve anular, FORMALMENTE, com a Graça Divina e com as Virtudes Teologais e Morais Sobrenaturais e com os Dons do Espírito Santo, que lhe conferem um conhecimento Habitual, VIRTUAL MAS FORMAL, de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Sua Igreja – NA REALIDADE SÃO FORMALMENTE CATÓLICOS, EMBORA PRIVADOS DO CARÁCTER BAPTISMAL. Todavia, insiste-se, tais casos são excepcionais.
O Papa Bento XV, na encíclica acima referida, condena expressamente os Estados Modernos, democráticos ou não, que utilizam e promovem as missões, fundamentalmente, como instrumento nacionalizador; que também são, sem dúvida, mas são infinitamente mais do que isso, tanto quanto a Pátria Eterna supera infinitamente a Pátria terrena.
Exemplo qualificado do que se afirma, é o Estado Novo Português, que na Metrópole utilizava e arregimentava a religião católica como meio de coesão político-social, e no Ultramar servia-se das Missões como instrumento nacionalizador, mas sem excluir, bem pelo contrário, a utilização do Islão como elemento análogo de coesão político-social. Em 1910, o regime republicano instituiu as denominadas “Missões laicas” com finalidade civilizadora e nacionalizadora; mas depressa descobriu que só o amor Sobrenatural a Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor de Deus, pode conduzir os homens a sacrificarem-se em terras insalubérrimas e inóspitas – e as ditas “missões laicas” foram progressivamente abandonadas. A grande hipocrisia do defunto Estado Novo, residia precisamente em subsidiar com salário e direito à reforma os membros das corporações missionárias ultramarinas, enquanto sonegava tais benefícios ao clero metropolitano; acaso não se tratava da mesma sacrossanta Religião Católica? A diferença era o elemento nacionalizador, O ÚNICO QUE INTERESSAVA AO ESTADO NOVO, DE CUJA IMPIEDADE AINDA HOJE SOFREMOS, E DE QUE MANEIRA, AS CONSEQUÊNCIAS.
Quase todos os soberanos católicos, antes e depois da revolução de 1789, sucumbiram à tentação da utilização da religião católica, para objectivos primordialmente políticos.
Insiste-se, esses fins de coesão política e social são legítimos, desde que essencialmente subordinados aos fins religiosos – A GLÓRIA DE DEUS, E A SALVAÇÃO DAS ALMAS.
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