Neste dia de Santa Clara, que também é a data em que a obscuridade maçônica anti-Fátima tentou calar a sua verdade com o rapto dos Pastorinhos pelo administrador de Ourém, com esse artigo temos a ocasião de meditar sobre a inutilidade com que a ignorância e a mentira tentam cancelar o que é dos Desígnios divinos. Lembremos que o farol da Palavra de Deus sempre poderá ser visto pelas pessoas de boa vontade abertas à Graça de Sua Sabedoria.
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Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa São Pio X, em excertos da encíclica “Acerbo Nimis”, promulgada em 15 de Abril de 1905:
«Sabemos que para muitos a tarefa de Catequista não é bem vista, porque comummente não é tida como importante, sendo pouco talhada aos aplausos das pessoas. Mas isso, em nossa óptica, é juízo nascido do imediatismo, e não da Verdade. Nós, sem dúvida, admitimos que sejam dignos de louvor aqueles sagrados oradores que se dedicam com sincero zelo à glória de Deus, seja em defesa da manutenção da Fé, seja para o encómio dos heróis do Cristianismo. Todavia, a fadiga deles supõe outra, isto é, a dos Catequistas; onde essa faltar, faltam os fundamentos e trabalham em vão os que edificam a casa. Frequentemente, os sermões coloridos, que repercutem em aplauso nas grandes concentrações, arriscam simplesmente ACARICIAR OS OUVIDOS, não comovem, de verdade, o ânimo das pessoas. Ao contrário, a instrução catequética; embora humilde e simples, faz o que o próprio Deus disse a Isaías: “Como a chuva e a neve descem do Céu, e para lá não voltam, sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, dando semente ao semeador, e pão ao que come, tal ocorre com a Palavra que sai da Minha boca: Ela não torna a Mim sem fruto; antes, ela cumpre a Minha vontade e assegura o êxito da missão para a qual a enviei. (Is 55, 10-11).
Já que é útil repetir, para incentivar o zelo dos ministros do Santuário, são muitos – e cada dia crescem mais – os que ignoram as verdades religiosas; de Deus e da Fé Cristã, possuem apenas aquela ciência que lhes permite viverem como idólatras, em plena Luz do Cristianismo. Quantos são os que, embora não tão jovens, mas já adultos, e até em idade provecta, ignoram totalmente os principais mistérios da Fé; os quais, ouvido o Nome de Cristo, respondem: “Quem é, para que eu creia n’Ele? (Jo 9,36).»
Todo o homem, nascido neste pobre mundo, tem sempre de crer, seja no que for, para poder viver. Efectivamente, os conhecimentos que ele obtém directa e imediatamente, pela aplicação dos sentidos e exercício da inteligência, são muito insuficientes para governar a sua vida. A linguagem, atributo fundamentalíssimo do todo o ente espiritual, puramente intelectual ou racional, constitui instrumento indispensável para a permuta de experiências e de conclusões, sem a qual, qualquer estabilidade humana seria impossível.
Mas não apenas humana, porque os santos Anjos também comunicam uns com os outros mediante actos de inteligência e vontade. Existe, na Ordem Natural, e sem prejuízo da Visão Beatífica, uma iluminação intelectual, mediante a qual, os Anjos mais perfeitos nutrem e acalentam a inteligência dos Anjos menos perfeitos, robustecendo a unidade da maior pluralidade das espécies inteligíveis destes últimos. O que aliás também pode acontecer, anàlogamente, consubstanciando o auxílio que homens mais inteligentes ministram a homens menos inteligentes.
Deus Nosso Senhor, Supremo Monarca do Universo, comunica Sobrenaturalmente as Suas ordens para o governo deste mesmo Universo, e para a guarda dos homens e das instituições, em primeiro lugar, aos Serafins e Querubins, coros superiores da hierarquia angélica, que estão mais próximos de Deus, os quais retransmitem essas ordens, também hieràrquicamente, até chegarem aos destinatários dos coros inferiores, que as deverão executar. Ora isto só poderá acontecer até ao fim deste mundo material; na Eternidade pròpriamente dita, a renovação e espiritualização do Universo será tão imensamente profunda que o conceito de governo do mesmo Universo deixa de fazer sentido; todos os eleitos, Anjos e Homens, estarão eternamente unidos por um só acto absolutamente imutável de inteligência – a visão de Deus – e um só acto absolutamente imutável de vontade – a Caridade Sobrenatural e perfeitíssima tornada Eterna.
A comunicação através da linguagem foi concebida por certos autores católicos como De Bonald (1754-1840), Bautain (1796-1867), e Bonnety (1796-1879), como possuindo não apenas um valor lógico, mas também um particular valor ontológico, como transmissora – a partir de Revelação feita a Adão – não apenas de Verdades Teológicas, mas igualmente de verdades filosóficas. Segundo este sistema de pensamento, denominado tradicionalismo, e condenado pela Santa Madre Igreja, não estaria, fìsicamente, ao alcance da razão humana a demonstração dos “Preambula Fidei”.No entanto, é Verdade de Fé, que Deus Nosso Senhor ministrou a Adão e Eva, como chefes do Género Humano, todos os conhecimentos que lhes eram necessários, incluindo òbviamente a única língua que a Humanidade deveria utilizar até à punição da Torre de Babel, a qual dissolveu a unidade linguística.
Ora esses conhecimentos, foram muito debilitados, mas não perdidos, com o pecado original. Neste quadro conceptual, não há dúvida que a linguagem dos Anjos e dos Homens deve constituir um orgão e um veículo de Verdade, articulando bilateralmente com a inteligência e a cultura do sujeito, que pela mesma linguagem, intelectualmente fecunda e é fecundado. É muito grande o poder da linguagem, oral e escrita, razão pela qual Deus Nosso Senhor providenciou a Sagrada Escritura como parte integrante da Revelação, possuindo Deus como Autor Principal e o hagiógrafo como autor instrumental; portanto a Sagrada Escritura depende imediatamente toda de Deus, e imediatamente toda do homem.
A linguagem, enquanto tal, só pode consubstanciar uma função de Verdade; a mentira, enquanto mal moral, não possui, nem causa eficiente, nem causa exemplar, nem causa final – É SÒMENTE UM RESULTADO.
Existe uma diferença infinita entre a fé humana e a Fé Divina. Mas em que consiste a fé humana? Sabemos que a inteligência, tanto humana, quanto angélica, é essencialmente medida pela Lei Eterna, e participa da analogia geral do ser criado por um desígnio Providencial constitutivo da própria Lei Eterna. Quando a inteligência é quase automàticamente movida ao assentimento pela própria realidade, excluída qualquer mediação, sensitiva ou intelectual – TEMOS A EVIDÊNCIA RACIONAL. Mas mesmo nesta, nunca se pode excluir totalmente uma determinada influência, mesmo mínima, da vontade transcendental, do exercício do acto de ser, da pessoa em causa, no alcance e definição do sentido interpretativo; pois que qualquer realidade, por mais imediata que seja, está sempre necessàriamente enquadrada num determinado contexto que a qualifica. Para além das representações imediatas dos nossos sentidos informados pela luz intelectual; o conhecimento mais imediato que podemos possuir é o conhecimento matemático, pois neste a distância ontológica entre o objecto representado e o objecto significado é nula, ou tendencialmente nula. Quando a mediação ontológica e mesmo metafísica, que se interpõe entre o objecto representado e o objecto significado, é muito grande, a diversidade de opiniões torna-se também muito grande; como acontece no campo filosófico, político e religioso. MAS ISSO NÃO SIGNIFICA, BEM PELO CONTRÁRIO, QUE O OBJECTO DE CONHECIMENTO NESSES CAMPOS NÃO SEJA OBJECTIVO; É ATÉ O MAIS OBJECTIVO DE TODOS, O MAIS EMINENTE, O MAIS TRANSCENDENTE,O MAIS NOBILITANTE; MAS É IGUALMENTE AQUELE TIPO DE CONHECIMENTO QUE ESTÁ MAIS SUJEITO ÀS MISÉRIAS HUMANAS, DECORRENTES DO PECADO ORIGINAL, QUE DESVIAM A INTELIGÊNCIA E A VONTADE TRANSCENDENTAL DOS HOMENS DA VERDADE E DO BEM, CUJO CAMINHO TÊM QUE PERCORRER, E QUE CORRESPONDE EXACTAMENTE AQUELA DISTÂNCIA ONTOLÓGICA E METAFÍSICA ENTRE O OBJECTO REPRESENTADO E O OBJECTO SIGNIFICADO.
Por exemplo; nos “Preambula Fidei”, a Santa Madre Igreja sempre ensinou que a razão humana é, de Direito e fìsicamente, capaz de proceder à prova da existência de Deus; todavia essa operação é “cum voluntate” e “ex ratione”; ou seja é um processo de natureza intelectual, que não exclui a Graça medicinal, mas FUNDAMENTADO NUMA ORIENTAÇÃO TRANSCENDENTAL DA VONTADE PARA O BEM. Mas a inteligência tem de percorrer indutivamente uma distância entre o objecto representado (a realidade do mundo) e o objecto significado (a existência de Deus); e procede assim apoiada no princípio da razão suficiente, que é um primeiro princípio do ser.
Mas frequentemente, a inteligência, quer queira, quer não, necessita apoiar-se numa autoridade humana em cuja proficiência confia; ou seja, sustenta-se na VERACIDADE E NA VERIDICIDADE dessa mesma autoridade; a veracidade significa que essa autoridade APENAS SE VINCULA EXTERIORMENTE ÀS ASSERÇÕES QUE, SINCERAMENTE, JULGA VERDADEIRAS; a veridicidade significa que a referida autoridade dispõe de real capacidade para captar a verdade objectiva. Fundamentada nestas propriedades, a citada inteligência, ainda que hesitante, é obrigada pela vontade a abraçar a determinação da mencionada autoridade. Nunca olvidar QUE ENTRE A INTELIGÊNCIA E A VONTADE EXISTE UMA SUPREMA UNIDADE TRANSCENDENTAL NA PRÓPRIA ESSÊNCIA DA ALMA.
A Fé humana é precisamente isto. Noutros casos, não será necessária a intervenção do império da vontade, porque a inteligência, por si mesma, extrairá as conclusões da veracidade e da veridicidade da fonte.
São Tomás coloca a questão de saber se os demónios têm Fé.
A resposta é que a Fé dos demónios é real MAS NÃO É MERITÓRIA; efectivamente, o império da vontade sobre a inteligência, nos demónios, possui como fundamento e como fim o MAL MORAL; OU MAIS RIGOROSAMENTE: É UM MAL COM APARÊNCIA DE BEM; porque como referimos, o mal não é ser, mas privação qualificada de ser.
Enquanto a Fé Teologal, PARA O SER REALMENTE, tem que apresentar-se como constitutiva de um Bem Sobrenatural integrativo da inteligência e da vontade; a chamada Fé dos demónios nos Mistérios Sobrenaturais é prestada com repulsa, porque os demónios não têm outro remédio. Cumpre assinalar, que na Ordem Natural, o Anjo possui a intuição directa (mas de forma alguma a visão beatífica) de Deus, reflectida através da pura espiritualidade do seu próprio ser. Mas só pela Fé pode, também o Anjo, conhecer os Mistérios Sobrenaturais.
No acto de Fé Teologal processa-se, com plena assistência da Graça de Deus, uma íntima colaboração entre a inteligência e a vontade, AMBAS NORTEADAS SOBRENATURAL E TRANSCENDENTALMENTE PELO OBJECTO FORMAL ABSOLUTO, QUE É DEUS NOSSO SENHOR, INFINITA VERACIDADE E INFINITA VERIDICIDADE.
Na Fé Teologal, os motivos de credibilidade constituem como que o objecto representado; a Fé, no seu objecto material, bem como no seu objecto formal absoluto, constitui o objecto significado; a distância entre ambos é percorrida pela alma, no seu acto transcendental de ser, conduzida providencialmente por Deus Nosso Senhor, no Mistério sublime da Predestinação, e sob a irradiação eloquente e resplandecente da Sua Cruz.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 4 de Agosto de 2015
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