"Têm os modernistas por princípio geral, que numa religião viva, TUDO DEVE SER MUTÁVEL E MUDAR DE FACTO". - Papa São Pio X, em "Pascendi Dominici Gregis”
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa São Pio X, em excertos da encíclica“Pascendi Dominici Gregis”, promulgada em 8 de Setembro de 1907:
«Têm os modernistas por princípio geral, que numa religião viva, TUDO DEVE SER MUTÁVEL E MUDAR DE FACTO. Por aqui abrem caminho para uma das suas principais doutrinas, que é a da evolução. O Dogma, pois, a Igreja, o Culto, os Livros Sagrados, e até mesmo a Fé, se não forem coisas mortas, devem sujeitar-se às leis da evolução. Quem se lembrar de tudo o que os modernistas julgam sobre cada um destes assuntos, já não ouvirá com pasmo a afirmação deste princípio. Posta a lei da evolução, os próprios modernistas passam a descrever-nos o modo como ela se efectua. E começam pela Fé. Dizem que a forma primitiva da Fé foi rudimentar e indistintamente comum a todos os homens; PORQUE SE ORIGINAVA DA PRÓPRIA NATUREZA E VIDA DO HOMEM. PROGREDIU POR EVOLUÇÃO VITAL; quer dizer, não por acréscimo de novas formas, vindas de fora, mas por crescente penetração do sentimento religioso na consciência. Esse mesmo progresso se realizou de duas maneiras; primeiro negativamente, eliminando todo o elemento estranho, como seja o sentimento da família, ou da nacionalidade; em seguida, positivamente, com o aperfeiçoamento intelectual e moral do homem, donde resultou maior clareza para a ideia Divina e excelência para o sentimento religioso. As mesmas causas que serviram para explicar a origem da Fé, explicam também o seu progresso. A esaas, porém, devem-se acrescentar os génios religiosos, a que chamamos profetas, dos quais o mais eminente teria sido Cristo; seja porque eles, na sua vida, ou nas suas palavras, tinham algo de misterioso, que a Fé atribuía à Divindade, seja porque alcançaram novas e desconhecidas experiências, em plena harmonia com as exigências do seu tempo(…)
Nada portanto, veneráveis irmãos, se pode dizer estável ou imutável na Igreja, segundo o modo de agir e de pensar dos modernistas, Para o que também não lhes faltaram precursores, esses de quem o nosso predecessor Pio IX escreveu:
ESTES INIMIGOS DA REVELAÇÃO DIVINA, QUE EXALTAM COM OS MAIORES LOUVORES O PROGRESSO HUMANO, DESEJARIAM, COM TEMERÁRIO E SACRÍLEGO ATREVIMENTO, INTRODUZI-LO NA RELIGIÃO CATÓLICA, COMO SE ELA NÃO FOSSE OBRA DE DEUS, MAS OBRA DOS HOMENS. OU ALGUM SISTEMA FILOSÓFICO QUE SE POSSA APERFEIÇOAR POR MEIOS HUMANOS.
Nesse sentido é que o Sagrado Concílio Vaticano I prossegue, dizendo: CRESÇA POIS, E COM ARDOR PROGRIDA A COMPREENSÃO, A CIÊNCIA, A SAPIÊNCIA, TANTO DE CADA UM COMO DE TODOS, TANTO DE UM SÓ HOMEM COMO DE TODA A IGREJA,COM O PASSAR DAS ÉPOCAS E DOS SÉCULOS, MAS NO SEU GÉNERO SÒMENTE, ISTO É, NO MESMO DOGMA, NO MESMO SENTIDO, E NO MESMO PARECER.»
A degenerescência do pensamento humano nos últimos cinco séculos, consubstanciou-se fundamentalmente numa perda de ser, numa atomização da inteligência, num enlanguescimento da compreensão.
Mesmo na Ordem Natural, a inteligência contingente, reflexo finito da Inteligência Divina, encontra-se, essencialmente, vocacionada para a compreensão, mediante a qual unifica inteligível e anàlogamente o que aparece como separado. O maior erro dos sistemas de ensino, em geral, é conceberem o conhecimento segundo multiplicidades unívocas, mecânicamente memorizadas, sem apelarem à compreensão e assimilação inteleccionada de Princípios análogos. Na exacta medida em que o verdadeiro conhecimento, e a verdadeira cultura, apenas de podem haurir de Princípios Inteligíveis, e não de pluralidades concretas e avulsas.
Ora, nos últimos cinco séculos, se é um facto que no domínio das ciências positivas se desenvolveu muitíssimo a compreensão da realidade, não é menos verdade que no terreno filosófico e teológico as perdas foram brutais, e com a agravante extraordinária, do acima mencionado progresso científico haver inebriado o homem de uma autosuficiência e de uma presunção que ainda mais acentuou a insensibilidade filosófica e teológica, aquela rotura profunda do sentido medieval da unidade da Fé e da Razão; do Sobrenatural e do Natural; do Público e do Privado; do Sagrado e do Profano. Porque, não duvidemos, a decadência iniciada logo no século XIV, sobretudo nos ataques que fraticellos, imperiais de Luís da Baviera, e proto-democratas como Marsílio de Pádua, moveram contra o Papa João XXII, constituíam o prenúncio de uma desagregação em que o Protestantismo no plano religioso, e o Cartesianismo no plano filosófico, rubricariam com letras satânicas a nova idade antropocêntrica.
Enquanto que o pensamento culto, medieval, Tomista, se definia e resolvia, essencialmente, nos conceitos de ASSEIDADE, ANALOGIA, ETERNIDADE E IMUTABILIDADE, aí assimilando a luz para saciar a inteligência, na fonte da mais elevada contemplação; todos aqueles que enveredavam pelo Escotismo, já sentiam essa luz diminuir, na profissão de um sistema filosófico inferior que afectava, mas não destruía, a Fé Teologal.
É necessário que se afirme frontalmente: O Protestantismo finitizou Deus; ainda que de início não tivesse talvez essa intenção. Mas assim procedendo, abriu as portas às alcateias de ditos filósofos, como Descartes, Leibnitz, Newton, Espinosa, Hobbes, Locke, Hume, Kant, Hegel e outros, que um artigo da “Civiltá Catolica” em meados do século XIX, considerava constituírem a História da Patologia mental Ocidental.
É francamente triste folhear uma História da Filosofia, escrita numa perspectiva católica; efectivamente, à medida que os séculos passam, os filósofos verdadeiramente católicos vão escasseando assustadoramente, até pràticamente desaparecerem nos últimos duzentos anos. E porquê? PORQUE ESCOLHERAM A EVOLUÇÃO, A MUDANÇA, A NOVIDADE, A VERDADE COMO CRIAÇÃO DA SUBJECTIVIDADE. Esqueceram-se que a verdadeira Paz, a verdadeira Sabedoria, a verdadeira felicidade, mesmo neste mundo, só se alcançam na infinita fecundidade d’Aquilo que não muda, nem pode mudar, E PRECISAMENTE, PORQUE NÃO MUDA, NEM PODE MUDAR, PORQUE SÒMENTE TAL PROPRIEDADE SACIA A ALMA, AQUÉM COMO ALÉM TÚMULO.
Uma vez lançados no vórtice da evolução, da mutação, TUDO SE ACABA, NÃO FICA NADA. Alguém duvida? Então dirija um olhar por sobre o miserável processo da seita conciliar, quando pela introdução, tendencialmente subliminal, de um vírus relativista e evolutivo, se deu início ao processo de aniquilamento, o mais profundo, o mais extenso, e o mais rápido da História, e em que qualquer valor só pode existir como condição da própria pulverização.
Argumentar-se-á; mas Deus Nosso Senhor criou o mundo mutável, então, que mal haverá nessa mudança? A mutabilidade contingente do mundo deve permanecer teleològicamente vinculada à Glória Imutável e Eterna de Deus; isto é: A aparente relatividade evolutiva do mundo, de uma forma ou de outra, tem necessáriamente que servir os desígnios de Deus Nosso Senhor, Esse sim, ABSOLUTO, ETERNO E IMUTÁVEL.
Todavia a Criação só neste pobre mundo corruptível e mortal apresenta esta face incessantemente mutável; na Eternidade, todo o tempo, toda a sucessão, serão infinitamente superados, sublimados; reinará a mais soberana imutabilidade ontológica (não imutabilidade metafísica) visto que todas as inteligências, angélicas e humanas, estarão abismadas na contemplação de Deus, e todas as vontades congraçadas na mais perfeita e inefável Caridade; a História terá definitivamente terminado. Exactamente, porque a definição de História consubstancia-se no dramatismo das incessantes vicissitudes sofridas por uma unidade, seja ela individual, social, institucional, ou da própria Humanidade como tal. Tais vicissitudes desenvolvem-se, e só podem desenvolver-se, no tempo. Mesmo as almas separadas, no purgatório e no Céu, são extrìnsecamente medidas pelo tempo do mundo. Por este quadro conceptual se pode observar a loucura daqueles que há vinte e cinco anos, com a queda da União Soviética, proclamavam o fim da História, hipotèticamente cristalizada no capitalismo Demo-liberal. Enquanto este pobre mundo for mundo, o Bem e o Mal permanecerão inextricàvelmente amalgamados, com predominância muitíssimo acentuada do segundo sobre o primeiro; MAS NEM UM NEM OUTRO OBTERÃO VITÓRIA DEFINITIVA. Sòmente a consumação escatológica glorificará Eternamente o Bem, castigando, também Eternamente, o mal.
A mutabilidade do mundo, não pode valer por si mesma, só pode possuir como objectivo, algo que a transfigure e assimile a um plano de ordem essencialmente superior.
A mutabilidade incessante deste desgraçado mundo, privada da referência fundamental a Deus Uno e Trino – NADA É.
ORA FOI NESTA VERTIGEM ANIQUILANTE QUE O NUNCA SUFICIENTEMENTE AMALDIÇOADO CONCÍLIO VATICANO 2 NOS QUIS PROJECTAR, SEM REMISSÃO. QUALQUER VALOR, OU PSEUDO-VALOR, QUE O DITO CONCÍLIO NOS PROPONHA, É SEMPRE CONDIÇÃO DA ANIQUILAÇÃO DESSE VALOR, EM NOME DE UM OUTRO PSEUDO-VALOR; E ASSIM SUCESSIVAMENTE, SEMPRE, SEMPRE, EM CORRIDA LOUCA, ABSURDA, COMPLETAMENTE CEGA E ESTÉRIL – QUE A NADA CONDUZ!
A seita conciliar nem mesmo consegue estabilizar a inteligência e a vontade numa mutabilidade puramente natural e racional, onde o indivíduo, a família e a sociedade, possam, de alguma maneira, governar-se; e que de qualquer forma não facultaria a salvação Sobrenatural; Não, a vertigem conciliar, SENDO O FRUTO ENVENENADÍSSIMO DA APOSTASIA GLOBAL, DA APOSTASIA EM SENTIDO ABSOLUTO, SÓ PODE OBLITERAR ANÀRQUICAMENTE TODA A RACIONALIDADE, BEM COMO QUALQUER PENSAMENTO E QUALQUER OPERAR, MÌNIMAMENTE DIGNOS DESSE NOME.
Recordemos o aforismo escolástico: CORRUPTIO OPTIMI – PESSIMA. A Santa Madre Igreja, enquanto Pessoa Moral de Direito Divino, na sua componente pròpriamente Divina, nunca pode ser corrompida, nem mesmo tocada; não assim na sua face humana, QUE ESTÁ EXPOSTA ÀS VICISSITUDES DA HISTÓRIA HUMANA, podendo nelas naufragar, interrompendo-se de facto, mas nunca de Direito, a custódia do Património Sagrado.
Os Bons devem responder à tenebrosa relatividade do mundo, com as mais excelsas, as mais Sobrenaturais, as mais nobres expressões da Doutrina Cristã, cuja imutabilidade, cuja Eternidade, constitua o estandarte mais perene do testemunho daqueles que, iluminados gratuitamente pela Luz Celeste, auxiliados por Nossa Senhora e São José, querem transportar até ao fim, inabalàvelmente, a Santíssima Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 15 de Agosto de 2015
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