«Não há mais verdade, nem compaixão, nem conhecimento de Deus na terra; a blasfêmia, a falsidade, o homicídio, o furto, o adultério triunfam».
O Papa São Pio X fixou a data de 15 de Setembro no calendário litúrgico, que passou a ter o título de Nossa Senhora das Sete Dores de Maria, ou Virgem Maria Dolorosa.
Assim honramos a dor aceita por Maria na obra da Redenção cumprida na cruz, junto da qual a Mãe de Deus crucificado tornou-se a Mãe do Corpo Místico nascido do lado de Jesus Cristo. Como cristãos, nascemos do Sacrifício do Filho de Deus participado no amor materno de Maria que o oferece como Mãe de Deus e nossa à meditação fiel.
A devoção na celebração litúrgica contempla sete dores de Maria, correspondentes a episódios significativos do Evangelho, que permanecem no tempo porque mantêm um sentido profundo na história da Igreja de Jesus Cristo, como se pode entender:
– A profecia do velho Simeão sobre Jesus como sinal de contradição para salvação, mas também perdição de muitos pelos pensamentos secretos que conspiram contra a Fé. Essa conspiração chega hoje a ter um extremo poder anticristão.
– A fuga para o Egito, que é a diáspora católica para muitos países, como sejam hoje a Síria, o Líbano, a Terra santa, o Iraque, o Paquistão, a Nigéria e outros que nem têm voz para dizê-lo.
– A perda de Jesus com doze anos na Sua arguição pelos Doutores da Lei em Jerusalém, representam dias sem saber onde Jesus estava, que parecem figurar o momento presente em que não se sabe o que é feito de Seu Vigário.
– O caminho de Jesus para o Gólgota com a cruz às costas, se repete no curso percorrido pela santa Madre Igreja, nas pegadas do Salvador, que Nossa Senhora sempre acompanhou.
– A crucificação e morte de Jesus na cruz, ao pé da qual estava Maria, eleita para, com o custo de sofrimentos inexprimíveis, ser a Medianeira e Co-redentora no Sacrifício divino.
– A deposição da cruz do adorável Corpo de Cristo dilacerado pelos nossos pecados, é momento culminante da Paixão materna; repete-se nas hodiernas profanações à Eucaristia.
– A sepultura que foi o destaque terreno, só consolado pela fé na Ressurreição; fé que é vexada nos nossos tempos até por consagrados, numa Igreja cada vez mais abandonada.
Quem pode dizer, portanto, que hoje estes episódios evangélicos das dores maiores na vida de Maria Santíssima não sejam por Ela revividos na Sua participação permanente na paixão, morte e ressurreição da Esposa santa de Jesus, que é a Igreja.
As aparições da Virgem Maria deixaram bem vivo a sua parte de amor nessa paixão. Nas Suas Mensagens se exprimiu a suprema caridade de ajudar os fiéis no atentado à Fé que aconteceu na própria Roma com a conjura mundial para demolir a Ordem cristã. Hoje, que até a mais precária resistência cai sob o poder dos «anticristos no Vaticano», quantos restam para honrar Cristo Rei e implorar a mediação da Mãe Imaculada?
Sobre esta necessidade premente, já no início dos males modernos, São Pio X ensinara:
“Certamente vivemos numa época triste e podemos lamentar-nos com as palavras do Profeta (Oséias 4, 1-2): «Não há mais verdade, nem compaixão, nem conhecimento de Deus na terra; a blasfêmia, a falsidade, o homicídio, o furto, o adultério triunfam».
“No meio deste dilúvio de males, nos aparece diante dos olhos a Virgem clemente, como árbitra de paz entre Deus e os homens – Colocarei o meu arco-íris nas nuvens e será o sinal do pacto entre Mim e a terra. Desabe a tempestade e se obscureça o céu: ninguém desespere. À vista de Maria, Deus se aplacará e perdoará. […] Creiam os povos e confessem abertamente que Maria Virgem, desde o primeiro instante da sua concepção, foi isenta de toda mancha; com isto mesmo será necessário admitir também o pecado original, e a redenção dos homens por obra de Cristo, o Evangelho, a Igreja, e até a mesma lei da dor: assim, quanto quis o «racionalismo» e o «materialismo» será arrancado e destruído, e permanecerá para a doutrina cristã o mérito de guardar e defender a verdade… Sem dúvida, se como convêm, confiarmos em Maria… veremos que ela é sempre aquela Virgem potentíssima – que com o seu pé virginal esmagou a cabeça da serpente” (Enc. Ad diem illum laetissimum, 2/2/1904).
Para nós, cristãos, sempre haverá o recurso à Rainha dos Santos e dos Mártires, para que nos dê força, conselho e paciência para levarmos a nossa cruz servindo a Igreja.
Quem se devotar à contemplação de Suas Dores, que são as de Jesus Cristo e da Sua Igreja, pode aguardar a realização de tantas promessas reveladas aos Santos.
Santa Brígida em revelações aprovadas pela Igreja Católica, diz-nos que Nossa Senhora prometeu conceder sete graças a quem rezar cada dia, sete Ave-Marias em honra de suas principais “Sete dores e Lágrimas”, meditando sobre as mesmas.
Santo Afonso Ligório nos diz que Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu, aos devotos de Nossa Senhora das Dores as seguintes graças:
1ª – Que aquele devoto que invocar a divina Mãe pelos merecimentos de suas dores merecerá fazer antes de sua morte, verdadeira penitência de todos os seus pecados.
2ª – Nosso Senhor Jesus Cristo imprimirá nos seus corações a memória de Sua Paixão dando-lhes por isto um prêmio no Céu.
3ª – Jesus Cristo guardá-los-á em todas as tribulações em que se acharem, especialmente na hora da morte.
4ª – Por fim confiará essas almas nas mãos de sua Mãe para que delas disponha a seu agrado, obtendo-lhes qualquer favor.
Nossa Santa Religião, confirmada no Sacrifício do Filho para cumprir a Vontade do Pai, confirma em todas as suas devoções a necessidade da mortificação terrena que salva.
Não há povo que não esteja disposto a entender isto. Contudo, são muitos os que ainda desconhecem o que significa o Sacrifício de Deus feito homem para na dor e na morte obter a conversão de todos os corações.
A contemplação das Dores de Maria são por esta razão um caminho certo na confissão de nossa Fé. E visto que nenhum fiel pode restar indiferente às lágrimas da Mãe sobre a perdição eterna de seus filhos, é essa compaixão que desfaz toda dúvida e indiferença, também para os homens de boa vontade mas ainda na espera de compreender a dimensão da Caridade de Deus.
Aquela que foi Stabat Mater Dolorosa pelas dores no Sacrifício do amor de Deus, também é,Stabat Mater Speciosa pela infinita alegria pelo Nascimento do Salvador.
Os momentos inseparáveis para Maria em vista de nossa salvação, igualmente o devem ser para nós. Com estes simples conceitos pode-se explicar o que seja a verdadeira política da Igreja para o bem e a paz dos homens em todos os tempos. Esta se traduz em espírito de sacrifício e de renúncia, em compaixão pelos males do próximo e de total devoção no culto do Bem e da Verdade, que é o Culto de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
No seu abandono está a blasfêmia, a falsidade, o homicídio, o furto, o adultério e toda manipulação da vida.
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