"Se não se crê no Inferno, fecham-se definitivamente as Portas dos Céus.
E como se pode crer no Inferno se não sòmente se renegou a Ordem Sobrenatural, como igualmente se corrompeu gravìssimamente a Ordem Natural?
O Sagrado Concílio de Trento distinguiu perfeitamente entre o temor puramente servil do castigo, sem detestar o pecado, que é inútil e até pecaminoso, e a detestação do pecado por causa do castigo, que considera constituir já um COMEÇO DE AMOR A DEUS."
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Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos São Pio X, em excertos da sua encíclica “Iucunda Sane” comemorativa dos treze séculos volvidos sobre a morte do Papa São Gregório Magno; promulgada em 12 de Março de 1904:
«Hoje, ao contrário, embora o mundo goze de luz repleta de civilização cristã – e sob esse aspecto não possa sequer de longe ser comparado ao dos tempos de São Gregório Magno – parece, porém, enfastiado daquela vida, não obstante tenha sido, e seja ainda hoje, fonte de tantos bens, não apenas passados, mas também presentes. Nem apenas, como aconteceu no tempo em que surgiram as heresias e os cismas, corta a si mesmo do tronco, qual ramo inútil, MAS APLICA O MACHADO A RAIZ DA PLANTA QUE É A IGREJA, E SE ESFORÇA EM SECAR A SEIVA VITAL, PARA QUE A RUÍNA DESTA SEJA MAIS SEGURA, E NÃO HAJA MAIS COMO BROTAR.
Deste erro moderno derivam todos os outros: é a CAUSA DE TANTO PREJUÍZO PARA A SAÚDE ETERNA DOS HOMENS, E DE TANTAS RUÍNAS, o que lamentamos no âmbito da Religião, e de outras por nós ainda temidas, se não se põe remédio ao mal. NEGA-SE TUDO O QUE DIZ RESPEITO AO SOBRENATURAL, E POR ISSO A INTERVENÇÃO DIVINA NA ORDEM DA CRIAÇÃO E DO GOVERNO DO MUNDO, BEM COMO A POSSIBILIDADE DO MILAGRE; retiradas estas realidades, ficam abalados os fundamentos da religião cristã. FICAM IMPUGNADOS ATÉ MESMO OS ARGUMENTOS COM OS QUAIS SE DEMONSTRA A EXISTÊNCIA DE DEUS, REFUTANDO COM INAUDITA TEMERIDADE, E CONTRA OS PRIMEIROS PRINCÍPIOS DA RAZÃO, A FORÇA INVENCÍVEL DA PROVA, QUE OS EFEITOS EMERGEM DA CAUSA QUE É DEUS. FICA PORTANTO REGISTADA A POSSIBILIDADE DE OUTROS ERROS GRAVÍSSIMOS, REPUGNANTES À RECTA RAZÃO E NOCIVOS AOS BONS COSTUMES.
De facto, a negação gratuita do princípio Sobrenatural, própria das contradições de uma falsa ciência (ITim 6,20) divide o postulado de uma crítica histórica, igualmente falsa. Tudo isso que se refere de qualquer modo à Ordem Sobrenatural, porque ou lhe pertence, ou constitui, ou pressupõe, ou só nisso encontra a sua explicação, É CANCELADO, SEM OUTRO EXAME, DAS PÁGINAS DA HISTÓRIA. É isso que acontece com a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sua Encarnação por Obra do Espírito Santo, Sua Ressureição por Virtude Própria, e, em geral, todos os dogmas da nossa Fé. Colocada a ciência sob esse falso caminho, não há mais lei crítica que a detenha, e ela cancela dos livros santos – a seu capricho – tudo o que não lhe agrada, ou crê contrário a tese pré-estabelecida que deseja demonstrar. Tolhida afinal a Ordem Sobrenatural, a história das origens da Igreja deve ser realizada com outro fundamento; e por isso, os portadores de novidades remanejam os momentos da História a seu bel-prazer – POSTO UM FALSO PRINCÍPIO FILOSÓFICO, TUDO SE TORNA VICIADO.»
Todos os traidores, todos os subversivos, todos os sequazes de satanás, actuam pela calada, disfarçadamente, pois sabem que se actuassem frontalmente, seriam repelidos. Muito pelo contrário, os defensores da Verdade e do Bem, devem opugnar de rosto bem descoberto, como nos ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo: Sim, Sim; Não,Não; e tudo quanto for além disto procede do espírito do mal.
A maçonaria sempre soube, até melhor do que muitos católicos, que tudo o que actua de forma tendencialmente subliminal é imensamente mais eficaz e silencioso; por isso conserva as aparências dissolvendo o conteúdo. Por exemplo: Na questão do celibato, A seita conciliar, que constitui uma sucursal da maçonaria, afirma MATERIALMENTE um alto ideal, SONEGANDO, FORMALMENTE, PREMEDITADAMENTE, AS FORÇAS SOBRENATURAIS NECESSÁRIAS AO CUMPRIMENTO DESSE IDEAL; DESSA MUITO BEM CALCULADA CONTRADIÇÃO INTELECTUAL E MORAL, ORIGINOU-SE, LÒGICAMENTE, INEVITÀVELMENTE, A PEDERASTIA DOS PADRES – PARA QUEIMAR ETAPAS!
O Sacrossanto Dogma Católico, a Sacrossanta Moral Católica, é intrìnsecamente, invencìvelmente, oposta às teses do mundo, não existe, nem pode existir, entre eles, qualquer compatibilidade, qualquer harmonia, qualquer armistício. A maçonaria sempre soube que nunca seria necessário, nem prudente, negar MATERIALMENTE todo o Dogma e toda a Moral Católica; BASTAVA DISSOLVER FORMALMENTE CONTEÚDOS. Bastava, no sentido mais amplo, promulgar a liberdade religiosa, para aniquilar totalmente a face humana da Santa Igreja Católica. Num sentido mais restrito, a negação, ou pelo menos, o branqueamento do Inferno, seria extremamente útil à maçonaria, pois eliminaria a muito curto prazo, E SILENCIOSAMENTE, a crença na imortalidade da alma, e desenbocaria no ateísmo; e a razão profunda reside na estritíssima IMPLICAÇÃO TRANSCENDENTAL entre os Novíssimos do Homem; e destes com a recta concepção de Deus Nosso Senhor. Porque constituindo a Fé Católica uma Doutrina de Verdade, não pode, evidentemente, ser amputada de um membro sem correlativa perda do Todo.
Nosso Senhor Jesus Cristo jamais separou o Céu do Inferno, no sentido em que ambos definem e consubstanciam UMA ESCATOLOGIA ELEVADA AO ESTADO SOBRENATURAL. Num estado simplesmente natural, o qual na realidade nunca existiu, como não haveria Visão Beatífica, nem participação na Natureza Divina, nem Graça Sobrenatural, também o Céu seria equivalente ao nosso Seio de Abraão ou Limbo das crianças, e o Inferno, conquanto existisse, não possuiria, contudo, a pena positiva do Fogo.
Porque no estado Sobrenatural, a recusa de Deus, nas suas diversas formas, é essencialmente correlativa do apego desordenado às criaturas; com consequente subversão do agir da pessoa.
O Inferno Eterno constitui o melhor antídoto para o liberalismo, seja ele, religioso, político, social ou económico; precisamente por isso, a introdução oficial do dito liberalismo na face humana do Corpo Místico foi absolutamente indissociável da negação do Inferno, bem como da Ordem Sobrenatural, com o referido corolário da queda no ateísmo.
Sabemos que o quinto concílio de Latrão (1512), fundamentado bìblicamente sobretudo na Literatura Sapiencial e na Carta aos Romanos, definiu como sendo de Fé que os “Preambula Fidei” podem, de Direito e fìsicamente, ser demonstrados pela razão natural. Recordemos que Deus e a imortalidade da alma integram os “Preambula Fidei; o que não quer dizer que, de facto e moralmente, sempre assim aconteça. Na realidade, a maioria dos homens são MORALMENTE incapazes de tal prova. Mas também por isso – segundo São Tomás e a Constituição “Dei Filius” emanada do Sagrado Concílio Vaticano I – Deus Nosso Senhor revelou-nos a Sua existência, bem como outras realidades especìficamente naturais, e ainda os Seus Mistérios, confiando esse Tesouro inefável à Santa Madre Igreja.
A atrição, pela qual os penitentes se convertem a Deus, arrependendo-se dos seus pecados, e detestando-os, por temor do Inferno, é absolutamente necessária para a recepção válida da absolvição no Tribunal do Sacramento da Penitência. Consequentemente, se não se crê no Inferno, fecham-se definitivamente as Portas dos Céus. E como se pode crer no Inferno se não sòmente se renegou a Ordem Sobrenatural, como igualmente se corrompeu gravìssimamente a Ordem Natural?
Porque o Sagrado Concílio de Trento distinguiu perfeitamente entre o temor puramente servil do castigo, sem detestar o pecado, que é completamente inútil, e até intrìnsecamente pecaminosa, e a detestação do pecado por causa do castigo, que o Sagrado Concílio considera constituir já um COMEÇO DE AMOR A DEUS.
Porque a Santa Madre Igreja, pela Sua Divina Constituição, enquanto exerce o seu múnus sacerdotal no foro interno, sacramental ou não, apenas se preocupa, formalmente, com a relação Sobrenatural da alma com Deus Nosso Senhor, mediada pela mesma Santa Igreja. Os actos externos, enquanto tais, caem já sob a Jurisdição de Direito Público da Santa Igreja, a qual, como sociedade perfeita, tem igualmente de assegurar, normativa e disciplinarmente, o regular funcionamento externo e social da face humana do Corpo Místico.
A Ordem Preternatural não possui pròpriamente autonomia separada da Ordem Sobrenatural; na realidade, a fundamento e a finalidade dos bens Preternaturais SÃO OS BENS SOBRENATURAIS. No Paraíso Terrestre, Adão e Eva possuíam os Dons Preternaturais – isto é, a imortalidade quanto ao corpo, e consequente isenção da morte, bem como a impassibilidade e a ausência de penosidade no trabalho – MAS ESTES DONS ERAM CONFERIDOS COMO PERMANECENDO ESSENCIALMENTE ORDENADOS AOS BENS SOBRENATURAIS DA GRAÇA SANTIFICANTE, VIRTUDES TEOLOGAIS E MORAIS, E DONS DO ESPÍRITO SANTO. Preternatural, significa: Acima dos bens naturais inerentes a determinado ente, por exemplo: A imortalidade de todo o seu ser constitui um atributo perfeitamente natural do Anjo; mas no Homem, a imortalidade quanto ao corpo constitui já um Dom Preternatural, acima da sua própria categoria de entes, mas não de entes de ordem superior.
Dom Sobrenatural, significa a outorga de um benefício infinitamente acima de qualquer exigência, de qualquer natureza, criada ou possível – que tal é A PARTICIPAÇÃO NA NATUREZA DIVINA PELOS BENS DA GRAÇA E DA GLÓRIA ETERNA. E É ISTO QUE A SEITA CONCILIAR COMPLETAMENTE IGNORA.
A sacrossanta Fé Católica, ou se apreende, vive e adora na sua plena integridade, ou então, ao pretender diminuí-la, só se logra a sua total destruição; e isto é válido a nível individual, social, e nacional. E tal não se deve a uma sua pretensa friabilidade – MAS À SUA FORÇA E COESÃO DIVINA DE VERDADE E SANTIDADE!
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 26 de Julho de 2015
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