São Pedro era celibatário, a castidade é
um estado de vida mais perfeito do que o matrimônio, etc.
1 Coríntios 7: (7)”Quisera que todos os homens fossem como eu
[celibatário]; mas cada um recebe de Deus o seu dom particular, um, deste modo;
outro, daquele modo.”. (8)”Contudo, digo às pessoas solteiras e às viúvas que é
bom ficarem como eu”. (27)”Estás ligado a uma mulher? Não procures romper o
vínculo. Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher. (38)”Portanto,
procede bem aquele que casa a sua virgem; e aquele que não a casa, procede
melhor ainda“.
À Nosso Senhor, perguntam os discípulos
“…não convém casar? … Não são todos que
compreendem esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado“(Mt.
19,11)
“Todo
aquele que tiver deixado casa, irmãos ou irmãs, pai ou mãe, mulher ou filhos, ou
terras, por amor de meu nome, receberá o cêntuplo e a vida eterna” (Mt 19, 29). Em S. Lucas: “Na verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo
reino de Deus, casa, pais, irmãos ou mulher que não receberá… a vida eterna”
(Lc 18, 29-30)
O Casamento não é obrigatório
O Concílio de Trento esclareceu um ponto
muito importante. Afinal, o casamento é de preceito, é obrigatório?
A teologia ensina que o matrimônio foi
uma obrigação de direito natural, para nossos primeiros pais, depois da queda;
porém, este preceito não obrigava senão no caso de necessidade de propagação ou
de conservação da raça humana, como o preceito de esmola não obriga senão no
caso da necessidade de um indivíduo: tal é o ensino de Suárez (lib. IX, De
cast. c. 1).
O catecismo do concílio de Trento diz
que a raça, tendo-se multiplicado, hoje não somente não há obrigação de
casar-se, mas antes a castidade é soberanamente recomendada, e aconselhada pela
Sagrada Escritura (De matr. 14). Dirão, talvez, que o matrimônio é um meio de
evitar as quedas. Não digo o contrário [comenta o Pe. Júlio Maria], mas faço notar que, além deste meio, há muitos outros meios
de evitar as fraquezas. Suárez é do mesmo sentimento: Não acredito, diz ele,
que um homem possa estar exposto a um tal perigo moral de cair em falta contra
a castidade, que seja obrigado a casar-se, pois restam-lhe sempre os meios de
fugir das ocasiões, de vencer as tentações pela oração, o jejum e outros
remédios deste gênero. (lib. IX, c. 2).
S. Afonso diz que um pai não pode, de
nenhum modo, obrigar um filho a casar-se, se este filho pretende escolher um
estado mais elevado, como são a castidade no mundo ou a vida religiosa (Theol. Mor. 1. 6 – tr. 6).
S. Pedro era Celibatário – provas da Sagrada Escritura
Os protestantes se arvoram em
intérpretes da Bíblia, insinuando, que conhecem-na muito melhor que os católicos. Então, vamos procurar demonstrar – com a mesma Bíblia
que eles dizem seguir – que S. Pedro era Celibatário. Eles utilizam o seguinte
trecho para tentar provar que S. Pedro não podia ser celibatário: “E a sogra de Simão estava enferma” (Lc 4,
38).
Primeiramente, cabe distinguir entre
celibato e castidade. A castidade pressupõe o celibato, mas este não pressupõe
aquele. Uma pessoa celibatária pode ter sido casada, por exemplo. Enquanto uma
pessoa que guardou a castidade a vida inteira, de regra, nunca foi casada. A
não ser que tivesse feito um voto de castidade dentro do casamento, como foi o
caso de Nossa Senhora.
S. Pedro, segundo ensina a tradição e
segundo vou procurar demonstrar com a Bíblia, foi casado, mas era viúvo ou
tinha deixado sua mulher.
Afirmar que S. Pedro era casado por ter
uma sogra é um argumento precipitado. Há muitas pessoas que tem sogra mas já
não tem mulher. Da Sagrada Escritura, a única coisa de certo que se pode
afirmar é que S. Pedro tinha uma sogra e que, portanto, podia ser casado, podia
ser viúvo, ou podia ter deixado a esposa.
De qualquer forma, estando viva ou não
sua mulher, S. Pedro a tinha deixado, segundo o conselho do Mestre: “Todo aquele que tiver deixado, por amor de mim, casa,
irmãos, pais, ou mãe, ou mulher, ou filhos… receberá a vida eterna” (Mt 19, 29).
Eis um conselho do divino Mestre
dirigido aos Apóstolos e, na pessoa deles, aos séculos vindouros. Nosso Senhor
os convida a deixar tudo, por seu amor… até a própria mulher.
Os Apóstolos compreenderam o convite de
Nosso Senhor. E compreenderam tão bem que ficaram admirados, e disseram: “logo quem poderá salvar-se?” (Lc 18, 26).
S. Pedro, sem hesitação, sem embaraço,
como quem fala com completa certeza, dirige-se ao divino Mestre, e exclama: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”
(Lc 18, 28).
E o Senhor aprova e apóia esta
exclamação de Pedro, respondendo: “Na
verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo reino de Deus, casa, pais, irmãos
ou mulher que não receberá… a vida eterna” (Lc 18, 29-30)
S. Pedro exclama ter deixado tudo… O
Mestre o confirma, e promete-lhe o céu em recompensa.
É, pois, claro e irrefutável que S.
Pedro, embora tivesse sogra, não tinha, ou tinha deixado a mulher; era pois
celibatário como os outros apóstolos. Se assim não fosse, S. Pedro não podia
dizer ter deixado tudo, visto não ter deixado a mulher, embora fosse incluída a
mulher na enumeração, feita pelo Mestre, daquilo que se pode deixar por seu
amor.
Os Padres não se casam seguindo o conselho de Nosso Senhor
O celibato não é obrigação imposta por
Deus, mas um conselho de Nosso Senhor transformado em preceito pela Igreja.
S. Paulo, como visto, deixa claro que
quem casa faz bem e quem não casa faz melhor (1 Cor 7, 8-40).
O Padre, portanto, escolhe para si o
estado de vida mais perfeito, de acordo com sua vocação religiosa e seguindo o
exemplo de Nosso Senhor e seus Apóstolos.
Nosso Senhor era Virgem, era a pureza
perfeita. O sacerdote católico, que é o seu ministro, procura, o melhor
possível, imitar o seu modelo divino, que disse: “Eu vos darei o exemplo para que façais como eu fiz” (Jo 13,
15). E S. Paulo acrescenta: “Sede os
imitadores de Deus como filhos queridos” (Ef 5, 1).
Um escolhido para ser o “pastor” do “Povo de Deus” deve procurar, em tudo, o que aconselhou
Nosso Senhor (Mt 19, 10 – 20 e 29) e S. Paulo (1 Coríntios 7, 7-38).
Como que para deixar claro a posição do
sacerdote ou da pessoa que tem uma vocação mais alta, Cristo afirma: “Se alguém
quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24), e ainda: “Se quiseres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá
o valor aos pobres” (Mt. 19, 21).
Um pastor protestante tem obrigações com
sua esposa e com seus filhos. Obrigações de sustento, de proteção, de amparo,
de educação, etc. Portanto, o seu desprendimento das coisas desse mundo acaba ficando tolhido, pelo menos em parte.
A lei eclesiástica que preceitua o
celibato, mesmo tendo sido estabelecida posteriormente, era seguida pelos
sacerdotes católicos desde os Apóstolos. No começo da Igreja, a própria Bíblia deixa claro o celibato.
Tertuliano, falecido pelo ano 222, diz
que “os clérigos são celibatários
voluntários“.
Eis a lei do celibato, que é uma grande
e bela instituição derivada do exemplo e do conselho do próprio Messias.
Resposta a uma objeção comum dos protestantes
Para querer provar que um padre deve se
casar, os protestantes, segundo seu costumeiro “Livre Exame“, utilizam-se de um texto de S. Paulo. É claro
que, segundo a interpretação de cada um, um mesmo texto acaba levando a
conclusões diametralmente opostas…
Diz S. Paulo: “Se alguém deseja o episcopado, deseja uma boa obra.
Importa que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, sóbrio,
prudente, conciliador, modesto, hospitaleiro, capaz de ensinar” (1
Tim 3, 1-2).
Segundo a interpretação corrente que
fazem os protestantes desse texto, o padre deve casar-se. Ora, se o
próprio Cristo deixou a cada um a liberdade de casar-se ou de ficar
celibatário, será que ele recusaria esse direito ao padre?
O que prova esse trecho? Prova apenas o
que a Igreja sempre ensinou, ou seja, que o
celibato não é uma obrigação divina, mas sim um conselho de Nosso Senhor e do
próprio S. Paulo (1 Cor 7, 7 – 38). O Apóstolo não diz: “é preciso que o bispo seja casado!“; mas
diz: “Sendo ele casado, deve sê-lo com uma
mulher só“, excluindo, deste modo, a tal “bigamia” pública ou
oculta…
Ora, nunca a Igreja ensinou que o celibato era de ordem divina, mas sim de
ordem eclesiástica.
O padre deve ser “pai espiritual” de todos; e para isso,
não deve ser pai carnal de ninguém. Seu tempo não lhe pertence e não poderia
pertencer à sua família carnal, pois ele deve viver para a Igreja e para a religião, e não para mulher e filhos. Ele deve
renunciar ao conforto do lar e à família, para consagrar-se ao serviço de Deus.
“Aquele que ama pai ou mãe mais do que a
mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é
digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e me segue não é
digno de mim. Aquele que acha a sua vida, vai perdê-la, mas quem perde a sua
vida por causa de mim, vai achá-la“. (Mt 10, 37-39)
O famoso texto de S. Paulo, longe de
contradizer, confirma a doutrina
católica mostrando o
que sempre foi repetido: que o celibato não foi exigido por Cristo; porém foi aconselhado, pela palavra e pelo exemplo,
deixando Jesus Cristo à sua Igreja o cuidado de regular estes pormenores, conforme os tempos
e os lugares.
Ninguém é obrigado a ser padre, sendo,
deve conformar-se com as decisões da Igreja de Cristo, pois “quem vos escuta,
escuta a mim e quem vos despreza, despreza a mim“, disse Nosso
Senhor aos seus Apóstolos, à sua Igreja (Lc
10, 16).
Aliás, como tudo isso é diferente do
protestantismo, que nasceu e foi impulsionado por pessoas que desejavam o
adultério e a fornicação: Calvino, Henrique VIII, Lutero e Zwinglio!
Agora, querendo justificar sua posição,
protestantes procuram lançar pedras contra o sacerdócio católico… Ignoram a
Bíblia, os conselhos de Cristo e os preceitos da Igreja. Mais deveriam tentar limpar a imagem
de seus ‘fundadores’ do que atacar a Igreja fundada
por Cristo!
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