Trechos da entrevista do padre Michael Rodriguez a
Michael J. Matt, editor do periódico The Remnant. Não traduzimos os dados biográficos por já
termos fornecido essas informações aos nossos leitores na primeira entrevista escrita que o padre Rodríguez nos
concedeu. Os destaques são nossos.
* * *
MJM: Liturgicamente – onde o senhor se
encaixaria? Sei que o senhor celebra a Missa Tradicional em Latim, mas podemos
descrevê-lo como um “tradicionalista” de carteirinha?
Pe.: Liturgicamente, apóio integralmente a
Missa Tradicional em Latim, que sem dúvida é a Missa verdadeira da Igreja
Católica Romana. Teologicamente, liturgicamente, a espiritualidade católica e a
ascese, e a própria história, tudo aponta para a superioridade
óbvia do Rito
Romano Clássico. Infelizmente, toda a minha formação no seminário foi no Novus
Ordo, e só “descobri” a Missa em Latim cerca de seis anos atrás, assim ainda
tenho muito a aprender em termos de “catolicismo real”, ou seja, o “catolicismo
tradicional”.
MJM: O que o levou inicialmente a começar a
oferecer a Missa antiga?
Pe.: Cerca de seis anos atrás, vários fiéis
começaram a me perguntar se eu estaria interessado em oferecer a Missa
Tradicional em Latim. Naquela época, havia uma grande preocupação da parte “dos
católicos tradicionais remanescentes de El Paso” de que o padre jesuíta que
oferecia a Missa em Latim duas vezes ao mês (sob o “indulto” Ecclesia Dei de
1988) fosse transferido. Assim, eles estavam procurando por outro padre que
pudesse oferecer a Missa em Latim. A princípio, recusei, não tanto porque não
estivesse interessado, mas devido à imensa carga de trabalho que eu já estava
fazendo.
À medida que as semanas transcorriam,
comecei a estudar as orações e a teologia da Missa Tradicional em Latim. Quanto
mais eu estudava, mais eu ficava admirado e encantado. Eu estava “descobrindo”
não apenas a verdadeira teologia católica da Missa, mas também a verdadeira
teologia católica do sacerdócio, e muito mais! Ao longo dos meus primeiros nove
anos de sacerdócio, eu lutara para entender os muitos problemas graves que
existem na Igreja. Nesse ponto, ficou evidente que uma crise extrema invadiu a Igreja e sua hierarquia, mas
por quê? Eu simplesmente
não podia entender como toda essa “desorientação diabólica” tinha acontecido. .
. Até que a luz brilhante da Missa católica verdadeira (“Emitte lucem
tuam et veritatem tuam…”) começou a penetrar a minha alma. Essa
“descoberta” da Missa Tradicional em Latim tem sido, de longe, o maior presente
de Deus para o meu sacerdócio.
MJM: Então, isso nos dá uma idéia de como o
motu proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI pode e de fato afeta os
sacerdotes que de outra forma talvez nunca tenham tido a oportunidade de
descobrir este grande tesouro. Devido ao fato de como ele afetou o senhor, como
o senhor crê que o Summorum Pontificum irá afetar a Igreja em longo prazo?
Pe.: Infelizmente, tanto o Summorum
Pontificum quanto a Universæ
Ecclesiæ têm muitos
pontos fracos. Não obstante, esses documentos representam um passo inicial
naquilo que provavelmente ainda será um longo e árduo “Calvário”, ou seja, a
ânsia dos católicos tradicionais para restaurar a cruz, a missa, o reinado de
Jesus Cristo, e a doutrina católica verdadeira, fora da qual não há salvação.
No Artigo 1 do Summorum
Pontificum, o Papa Bento XVI
escreve que “a honra devida deve ser dada ao Missal Romano promulgado por São
Pio V em razão de seu uso antigo e venerável”. A diretriz de nosso Santo Padre
atualmente está sendo desobedecida quase universalmente. Na carta que acompanha
o documento dirigida aos bispos do mundo (7 de julho de 2007), o Papa Bento XVI
escreve, “Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado
e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou
mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram
crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar”. Essas
palavras notáveis do nosso Santo Padre também estão sendo desrespeitadas e
desobedecidas quase que universalmente, especialmente, por muitos bispos.
Finalmente, a Universæ
Ecclesiæ, no nº 8, afirma
muito claramente que o Rito Antigo é um “tesouro precioso a ser preservado” e
deve ser “oferecido a todos os fiéis.”
Onde em todo o mundo católico esta
diretriz está sendo efetivamente obedecida? O mesmo número da Universæ Ecclesiæ enfatiza que o uso da Liturgia Romana
de 1962 “é uma faculdade generosamente concedida para o bem dos fiéis e,
portanto, deve se interpretada em um sentido favorável aos fiéis que são os
principais destinatários”. Essa é uma afirmação impressionante. Essa afirmação
de Roma significa que o uso do Missal de 1962 não depende dos pontos de vista,
preferências ou teologia particulares do bispo. Não se trata de bispos! Pelo contrário, trata-se de
fiéis! Onde em todo
o mundo católico esta diretriz está sendo efetivamente obedecida?
MJM: agora o senhor pode oferecer a Missa
antiga com exclusividade?
Pe.: Desde que iniciei minha nova designação
(24 de setembro de 2011) nas missões rurais isoladas da diocese de El Paso,
tenho oferecido a Missa Tradicional em Latim em caráter exclusivo. Penso que
isso é uma benção maravilhosa e inesperada da Providência em meio a uma
provação muito difícil. Espero continuar oferecendo a Missa Tradicional em
Latim em caráter exclusivo. Se dependesse só de mim, eu nunca celebraria o Novus Ordo Missæ novamente. Entretanto, a triste
realidade de ter que “obedecer” na Igreja doNovus Ordo que em grande parte perdeu a fé, e a
necessidade de alcançar pacientemente os fiéis do Novus Ordo que têm sido tão induzidos ao erro,
significa que provavelmente serei “forçado” a celebrar o Novus Ordo
ocasionalmente. Entretanto, nessas circunstâncias, será o Novus Ordo ad orientem,com o Cânon
Romano, o uso do latim e a Santa Comunhão distribuída de acordo com as normas
tradicionais.
MJM: Até o ano passado, creio, as coisas
estavam muito calmas na sua vida sacerdotal. O que aconteceu para mudar tudo?
Pe.: A “polêmica” local, e até mesmo
nacional, que tocou conta de mim se deve ao fato de que eu tenho me expressado
verbalmente na promoção daquilo que a Igreja Católica ensina com relação a toda
a questão do homossexualismo. É uma desgraça, porém, a Câmara Municipal de El
Paso tem sido obstinada na tentativa de legitimar as uniões do mesmo sexo. Isso
se opõe completamente ao magistério da Igreja Católica. Deixei claro aos
católicos de El Paso (e mais além) de que todo católico tem a obrigação moral
perante o próprio Deus de se opor a qualquer tentativa governamental de
legalizar as uniões homossexuais. Um católico que deixa de se opor à agenda
homossexual, está cometendo um grave pecado por omissão. Além disso, se um
católico não consente com o ensinamento moral infalível da Igreja de que os
atos homossexuais são mortalmente pecaminosos, então, esse católico está se
colocando fora da comunhão com a Igreja. Esses são os católicos que estão
efetivamente excomungando a si mesmos. Não a Fraternidade de São Pio X!
MJM: Eu posso entender porque as autoridades
civis e a mídia possam achar esse assunto “polêmico”; mas por que os seus
superiores eclesiásticos achariam isso?
Pe.: A reação deprimente tanto das
autoridades civis quanto das eclesiásticas aos ensinamentos autênticos da
Igreja Católica com relação ao homossexualismo demonstra quão extrema realmente é a crise atual de fé. De fato, a coisa não
pode piorar ainda mais. Quase não há fé sobrando para ser perdida! Mesmo um
pagão, desprovido da luz da fé, pode chegar à conclusão de que os atos
homossexuais são intrinsecamente maus. Razão, lei natural e considerações da
anatomia masculina e feminina confirmam de maneira mais que suficiente essa
verdade moral.
MJM: E agora o senhor deve ir para onde o
bispo lhe diz para ir. Isso é difícil para o senhor?
Pe.: Nas minhas circunstância particulares, obediência ao meu bispo tem
sido incrivelmente difícil. Contudo, a obediência é essencial ao sacerdócio, e
pretendo ser obediente. Um aspecto consolador da obediência “sacrifical, “morte
para si mesmo”, é que o Espírito Santo sempre virá para nos assistir. Sou
lembrado de que meus pobres sofrimentos não são nada comparados àqueles da Mater Dolorosa e de nosso Redentor Divino. Se sou
contado como um mesmo
ligeiramente digno de
sofrer pela Fé e pela Missa Tradicional em Latim, eu me considerarei
profundamente abençoado. Deus
é tão bom.
MJM: Como o senhor já está passando por uma
forma de perseguição, suponho que o senhor preveja mais por vir, não apenas
para o senhor pessoalmente, mas para todos os católicos que se colocam em
defesa do magistério da Igreja. Mas o que dizer do futuro? Alguma esperança?
Pe.: Sim, eu realmente prevejo muita
perseguição ainda por vir para todos aqueles que permanecem firmes na Fé e em
sua adesão ao Rito Antigo. Entretanto, a promessa de nosso Salvador não pode
fazer outra coisa senão preencher as nossas almas com esperança, “Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem
falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai,
porque será grande a vossa recompensa nos céus.” (Mt 5:10-12)
MJM: Como os leigos católicos podem
sobreviver a esta crise de fé Ca melhor maneira?
Pe.: Para sobreviver a esta crise de fé,
precisamos (1) fazer tudo em nosso poder para
recobrar a Fé Católica: o Rito Antigo, o
ensinamento católico tradicional em sua doutrina e moral, a teologia e
filosofia de Santo Tomás de Aquino, a piedade e devoções católicas
tradicionais, e um “código de vida” ou “ritmo de vida” católico tradicional. (2) Precisamos rezar, estudar,
jejuar, fazer penitência e praticar a caridade diariamente tendo em mente o
objetivo acima. Finalmente,
recomendo fortemente a todos os fiéis católicos que (3) rezem o Santo Rosário
diariamente e prestem atenção na Mensagem de Nossa Senhora em Fátima.
Uma das marcas distintivas da Missa
Tradicional em Latim é o seu enfoque requintado e concentrado naeternidade. Se tivermos que sobreviver e
superar esta terrível crise
de fé na Igreja
Católica do pós-Vaticano II, temos que manter o nosso intelecto e vontade
concentrados na eternidade. Não podemos perder a esperança quando,
a partir de uma perspectiva mundana, tudo parece perdido. Jesus Cristo promete
“o reino dos céus” àqueles que enfrentam a perseguição, e “uma grande
recompensa nos céus” àqueles que sofrem por amor do seu nome. (Mt 5:10-12) A
meta final é o céu!
Como São Paulo, precisamos perseguir
em direção ao alvo final (Fil
3:14) e nunca cessar de “buscar as coisas que estão no alto, onde Cristo está
assentado à direita de Deus.” (Col 3:1)
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