Por Marian T. Horvat
Traduzido por Andrea Patricia
Nesta época do ano nós somos bombardeados com
propaganda anticatólica questionando o abençoado dia do nascimento de Cristo
como 25 de dezembro. Dizem-nos com arrogância que essa data era originalmente
uma festa pagã. A Igreja Primitiva teria “escolhido” esta data para
“Cristianizar” uma festa romana do sol. De acordo com essa teoria, a data do
Natal foi estabelecida somente no século IV, quando nós temos a primeira
evidência da Natividade sendo celebrada em Roma em 336. A conclusão: as origens
do Natal são pagãs, e nós não sabemos realmente a data do nascimento do
Salvador da humanidade.
Não nos deixemos ficar impressionados tão
rapidamente com essas mentiras cujos objetivos são somente diminuir a homenagem
que prestamos a Nosso Senhor Jesus Cristo e denegrir a Igreja Católica. De
fato, o oposto é verdadeiro. A tese da origem pagã do Natal é que é um mito sem
substância histórica.
Sem festival na Roma antiga em 25 de dezembro
A noção de que o Natal teve origem pagã começou a
se espalhar no século XVII com os puritanos ingleses e os presbiterianos
escoceses, que odiavam tudo o que era católico. Os puritanos odiavam tanto o
Catolicismo que eles se revoltaram contra a chamada Igreja Anglicana porque,
mesmo com suas heresias, eles a consideravam muito similar a Igreja Católica.
Eles tinham aversão a dias de festa e em
particular, eles detestavam a festa do Natal com suas cerimônias, celebrações e
costumes alegres. Como a Bíblia não deu data específica para o nascimento de
Cristo, os puritanos argumentavam que isso era um artifício pecaminoso da
Igreja Católica Romana que deveria ser abolido.
Mais tarde, pregadores protestantes, como o alemão
Paul Ernst Jablonski tentaram demonstrar em obras pesudo-acadêmicas que 25 de
dezembro era na realidade uma festa pagã romana, e que o Natal foi mais um
exemplo de como a Igreja Católica medieval “paganizou" e corrompeu o
"puro" cristianismo primitivo.(1)
Por volta da mesma época, o jesuíta Jean Hardouin
com sua excêntrica teoria da falsificação universal que
colocou em dúvida cada fonte histórica conhecida, de volta aos puritanos em sua
teoria no Natal ter origens pagãs. Mas essa pesquisa foi largamente
desacreditada dada suas afirmações absurdas. Por exemplo, ele afirmava que
todos os Concílios da Igreja que aconteceram antes de Trento eram fictícios e
quase todos os textos clássicos da Grécia e Roma Antigas eram falsos, feitos
por monges no século XIII. Tais declarações são descaradamente absurdas, dados
os incontáveis documentos originais demonstrando o oposto.
As duas principais reivindicações para o Natal ter
origens pagãs asseveram que a Igreja primitiva escolheu 25 de Dezembro a fim de
desviar os fiéis dos dias de festividade pagã romana. A primeira
reivindicaçãoassevera que isso substituiu o antigo feriado da Saturnália,
uma época de festas e estridentes danças e cantos acontecidos em dezembro em
honra do deus pagão Saturno.
Agora, o festival da Saturnália sempre terminava o
mais tardar em 23 de dezembro. Por que a Igreja Católica iria querer tirar a
atenção dos seus fieis de uma celebração pagã, escolheriam uma data dois dias
após a festa já ter terminado e quem quis já havia exagerado? Não faz sentido.
Nenhum acadêmico sério acredita nessa alegação.
Natal estabelecido antes do festival pagão do sol
A segunda reivindicação é a de que a Igreja
Católica estabeleceu o Natal em 25 de dezembro para substituir uma festa solar
inventada pelo Imperador Aureliano em 274 d.C., o Dies Natalis Solis
Invicti (Nascimento do Sol Invicto).
O fato de que o Natal entrou no calendário mundial
(o calendário romano aceito) em 354 – que foi depois do estabelecimento do
festival pagão – não significa necessariamente que a Igreja escolheu este dia
para substituir o feriado pagão. Duas razões principais concordam com esta
conclusão:
Primeira: deve-se simplesmente admitir que os cristãos
primitivos começaram a celebrar o Natal apenas no século IV. Até o Édito de
Milão ter sido publicado em 313, os católicos eram perseguidos e se encontravam
nas catacumbas. Portanto, não havia festividade pública. Mas eles celebravam o
Natal entre eles mesmos antes do Édito, como confirmam os hinos e preces dos
primeiros cristãos (2).
Segunda: essa reivindicação é baseada em pressupostos falaciosos.
Como o erudito Thomas Talley aponta em seu livro The Origins of the
Liturgical Year [As Origens do Ano Litúrgico], o Imperador Aureliano
inaugurou o festival do Nascimento do Sol Invicto tentando dar vida nova –
renascer - um Império Romano moribundo. É muito mais provável, ele argumenta,
que a ação do Imperador tenha sido uma resposta a crescente popularidade e
força da religião Católica, que estava celebrando o Nascimento de Cristo em 25
de dezembro, e não o contrário. (3)
Não há evidência de que a celebração de Aureliano
precedia a festa de Natal, e há mais razão para acreditar que estabelecer esse
dia de festa – que nunca teve apoio popular e logo morreu – foi um esforço para
dar um significado pagão a uma data que já era importante para os católicos
romanos.
Datas baseadas nas Escrituras
Mas vamos deixar o território de conjecturas e
retornar os registros históricos. Há ampla evidência para demonstrar que, mesmo
que a data do Natal não tenha se tornado oficial até 354, claramente ela foi
estabelecida muito tempo antes de Aureliano ter instituído seu dia de festa
pagã.
A concepção de São João Baptista é a âncora
histórica para saber a data do Natal, baseada em cálculos detalhados e
cuidadosos de datas feitos pelos primeiros Pais da Igreja.
O antigo tractatus De solstitiia registra
a tradição do Arcanjo Gabriel aparecendo a Zacarias no Templo quando ele estava
servindo como sumo sacerdote no Dia da Expiação (Lc 1,8). Isso situa a
concepção de São João Baptista durante a Festa dos Tabernáculos no fim de
setembro, como disse o Arcanjo Gabriel (Lc 1,28) e seu nascimento nove meses
mais tarde no momento do solstício de verão. (4)
Como o Evangelho de Lucas afirma que o Arcanjo Gabriel apareceu a Virgem Maria
no sexto mês após a concepção de João (Lc 1,26), isso situa a concepção de
Cristo no equinócio de primavera, ou seja, no momento da Páscoa Judaica, no fim
de março. Seu nascimento seria assim no fim de dezembro no momento do solstício
de inverno.
Que estas datas, baseadas na Tradição e na Escritura, são confiáveis é
confirmado por recente evidência tirada dos Manuscritos do Mar Morto, cujos
autores estavam bastante preocupados com datas de calendários, essenciais para
estabelecer quando deveriam celebradas as festas da Torah. A data encontrada
nos Manuscritos torna possível saber os serviços rotativos dos sacerdotes no
Templo nos tempos do Antigo Testamento e mostram definitivamente que Zacarias
serviu como sacerdote do Templo em setembro, confirmando assim a tradição da
Igreja Primitiva. (5)
A Igreja Católica determinou 25 de março como a data da concepção de Nosso
Senhor muito antes de Aureliano decidir fazer sua festa solar. Por exemplo, por
volta de 221 d.C, Sexto Julio Africano escreveu aChronographiai na
qual ele afirma que a Anunciação foi em 25 de março. (6) Uma vez que a data da
Encarnação estava estabelecida, era uma simples questão de adicionar nove meses
para chegar a data do nascimento de Nosso Senhor: 25 de dezembro. Essa data não
seria oficial até o fim do quarto século, mas ela foi estabelecida muito tempo
antes de Aureliano ou Constantino. Ela não tinha nada que ver com festivais
pagãos.
Nós podemos estar certos de que os primeiros apologistas católicos e Pais da
Igreja, que viveram próximos do tempo dos Apóstolos, estavam totalmente cientes
das datas associadas com o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Todos eles
tinham fontes de calendários em mãos e eles não permitiriam que qualquer
inverdade fosse introduzida na liturgia católica. A data do nascimento de
Cristo foi transmitida por eles como sendo 25 de dezembro, um domingo.
Discursando sobre o verso de Lucas 2,7, Pe. Cornélio a Lápide comenta sobre a
arquitetura dessa escolha: “Cristo nasceu no domingo, porque esse foi o
primeiro dia do mundo.… Cristo nasceu numa noite de domingo, em ordem com Suas
maravilhas, então no dia em que Ele disse Haja luz, e houve luz, foi
o mesmo dia em que, à noite, a luz brilhou na escuridão para os de coração
justo, isto é, o sol da justiça, Cristo o Senhor.” (7)
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Notas:
1. Thomas
Talley, The Origins of the Liturgical Year, Collegeville, MN:
Liturgical Press, 1991), p. 88.
2. Daniel-Rops, Prières
des Premiers Chrétiens, Paris: Fayard, 1952, pp. 125-127, 228-229
3. Talley, The
Origins of the Liturgical Year, pp. 88-91.
4. O
folheto é intitulado 'De solstitiia et aequinoctia conceptionis et
nativitatis domini nostri iesu Christi et iohannis baptista,' in
Ibid., p. 93-94. Talley também fornece outros documentos históricos de
escritores da Igreja primitiva mostrando que as datas da Concepção e Morte de
Nosso Senhor foram estabelecidas bastante cedo.
5. Shemaryahu
Talmon, Professor Emérito da Universidade Hebraica de Jerusalém e máximo
estudioso dos Manuscritos, publicou um estudo aprofundado sobre os serviços
rotativos dos sacerdotes no Templo em 1958 e os manuscritos de Qumran para ver
as atribuições durante os tempos do Novo Testamento. Martin K Barrack, “It Comes from Pagans,” Second Exodus online.
6. Ibid.
7. Cornelius
a Lapide, Commentaria in Scripturam Sanctam, Paris: Vives 1877,
Lucas 2,7, vol 16, p. 57.
Vinte e cinco de março de 1999 foi o segundo millésimo anniversário da Annunciação e seu calendário foi um Alphaliturgénnio (Anno de São Mattheus). Seu 25 de dezembro foi o segundo millésimo do Natal do Senhor e seu calendário foi um Betaliturgénnio (Anno de São Marcos). O Betaliturgénnio de 2000 abriu-se por volta das 18h de 27 de novembro de 1999 e fechou-se por volta das 17h59 de 2 de dezembro de dois mil.
ResponderExcluirObservação: Gammaliturgénnios (Annos de São Lucas) são Liturgénnios múltiplos de "3", como 1998, 2001, 2004, 2007 e oitros.
Um Liturgénnio dura 364 dias ou trezentos e septenta e um. Seu I Domingo do Advento varia entre 27 de novembro e 3 de dezembro e sua Solemnidade de Nosso Senhor Jesus Christo, Rei do Universo entre 20 de novembro e seu vinte e seis.