Por um Noviço do Mosteiro da Santa Cruz
Primeira Parte
1
- O QUE FOI O CONCÍLIO VATICANO II?
O Concílio Vaticano II foi o 21 Concílio Ecumênico da história da Igreja
Católica e segundo que se fez no Vaticano, realizado de 1962 a 1965. Foi, em
numero de participação, a maior concentração de Padres Conciliares reunidos na
Basílica de São Pedro. Mas quantidade não é sinônimo de qualidade, tão pouco de
verdade. Pois esse Concílio foi à vitória do Modernismo[1].
2
- QUEM FEZ A ABERTURA DO CONCÍLIO VATICANO II?
Quem fez o anuncio da convocação do Concílio Vaticano II, em 25 de
janeiro de 1959 no Mosteiro beneditino de São Paulo Extramuros aos 17 Cardeais,
três meses depois de assumir o pontificado (já que ele assumiu como pontífice
dia 28 de Outubro de 1958), e o inaugurou, ou seja, fez sua abertura, foi o
papa João XXIII em 11 de Outubro de 1962, quarto ano de seu pontificado.
Oficialmente, a Constituição “Humanae salutis” de 25 de Dezembro de 1961
anunciou a convocação para Outubro de 1962. Assim, o motu próprio “Consilium”
de 2 de Fevereiro de 1962 estabeleceu o inicio para 11 de Outubro de 1962.
Precisamente, essas são as datas fixas do nascimento do Concílio Vaticano II.
3
- QUANTAS SESSÕES TEVE O CONCÍLIO VATICANO II?
O Concílio Vaticano II teve no decorrer de seus quatro anos, quatro
sessões:[2]
A Primeira Sessão – de 11 de Outubro a 8 de Dezembro do ano de 1962
A Segunda Sessão – de 29 de Setembro a 4 de Dezembro do ano de 1963
A Terceira Sessão – de 14 de Setembro a 21 de Novembro do ano de 1964
A Quarta Sessão – de 14 de Setembro a
8 de Dezembro do ano de 1965
4 - QUEM FEZ O ENCERRAMENTO DO CONCÍLIO
VATICANO II?
Quem fez a celebração do encerramento do Concílio Vaticano II foi o papa
Paulo VI em 8 de Dezembro de 1965, sucessor de João XXIII que devido a sua
morte em 3 de Junho do ano de 1963, deu continuidade e finalidade ao Concílio.
5
- QUANTAS PESSOAS PARTICIPARAM DO CONCÍLIO VATICANO II?
Dos Padres Conciliares, teve mais de dois mil bispos reunidos. Fala-se
de 2.400 [3]
6
- O CONCÍLIO VATICANO II FOI UM CONCÍLIO PASTORAL OU DOGMÁTICO?
O Concílio Vaticano II foi um concílio meramente pastoral, o próprio
papa João XXIII expressou esse desejo na sua alocução de abertura de não querer
dogmatiza nada do que nele fosse apresentado, ou seja, não quis usar da
infalibilidade nos documentos promulgados, logo, a aplicação de seus
ensinamentos não é infalível. Sendo apenas instruções, diretrizes oferecidas ao
campo da vida pastoral da Igreja.
Vejamos o que disse João XXIII no seu discurso de abertura em não querer
dogmas no Concílio:
“A finalidade principal deste Concílio não é, portanto, a discussão de
um ou outro tema da doutrina fundamental da Igreja, repetindo e proclamando o
ensino dos Padres e dos Teólogos antigos e modernos (...). Para isso não havia
necessidade de um Concílio. (...) o espírito cristão, católico e apostólico do
mundo inteiro espera um progresso na penetração doutrinal e na formação das
consciências, é necessário que esta doutrina certa e imutável (...) seja
aprofundada e exposta de forma a responder as exigências do nosso tempo. Uma
coisa é a substância do “depositum fidei” (...) e outra é a formulação com que
são enunciadas (...). Será preciso atribuir importância a esta forma e, se
necessário, insistir com paciência, na sua elaboração (...), cujo caráter é
prevalentemente PASTORAL”.[4]
Recorramos as perguntas do número 26 do livro de Pe. Matthias Gaudron:[5]
Em
que o Vaticano II difere dos Concílios anteriores?
O Concílio Vaticano II declarou não querer ser mais que um “Concílio
pastoral”, que não define as questões de Fé, mas dá diretrizes pastorais para a
vida da Igreja. Renunciou á definição de dogmas e assim, á infalibilidade que
pertence a um Concílio. Seus documentos não são, portanto, infalíveis.
Nunca
houve, então, outro Concílio “pastoral” antes do Vaticano II?
Todos os Concílios da Igreja foram pastorais. Mas o foram definindo os
dogmas: desmascarando os erros; defendendo a Doutrina Católica; e lutando contra
as desordens disciplinares e morais. A originalidade do Vaticano II foi á de
querer ser “pastoral” de uma maneira nova, recusando-se a definir
dogmas, a condenar os erros, e mesmo a apresentar a Doutrina Católica de modo
defensivo.
O
Vaticano II não promulgou documentos dogmáticos?
O Vaticano II promulgou dezesseis textos: nove decretos, três
declarações e quatro constituições. Dentre estas, duas são ditas “Constituições
Dogmáticas”: Lumem gentium (sobre a Igreja) e Dei
verbum (sobre a Revelação). Isso não significa que tenham proclamado
dogmas ou que sejam infalíveis, mas apenas que tratam de uma matéria referente
ao dogma. O Vaticano II se recusou a definir o que quer que seja de modo
infalível; Paulo VI o sublinhou explicitamente em 12 de Janeiro de 1966,
algumas semanas após o seu encerramento:
“Tendo em vista o caráter pastoral do Concílio, este evitou proclamar de
modo extraordinário dogmas dotados da nota de infabilidade”.
A
“pastoralidade” do Vaticano II caracteriza-se pela adaptação da Igreja ao nosso
tempo?
Todos os Concílios adaptaram a Igreja ao seu tempo. Mas o fizeram
anatematizando os erros do dia; punindo os desvios morais ou disciplinares da
época; armando a Igreja contra seus inimigos. A adaptação não visava a se
conformar ao século, mas a melhor resistir-lhe. Não se tratava de agradar ao
mundo, mas de o confrontar e de o vencer, para agradar a Deus. João XXIII e
Paulo VI procuraram, ao contrario, tornar a Igreja Católica sedutora para o
homem moderno.
João
XXIII e Paulo VI exprimiram essa intenção?
João XXIII declarou em 14 de fevereiro de 1960:
“O fim primeiro e imediato do Concílio é o de apresentar ao
mundo a Igreja de Deus, no seu perpetuo vigor de vida e de Verdade, e com
sua legislação adaptada ás circunstâncias presentes, de modo a ser sempre mais
conforme á sua divina missão e estar mais pronta as necessidades de hoje e de
amanhã. Em seguida, se os irmãos que se separaram e que ainda estão divididos entre
si virem se concretizar o comum desejo de unidade, poderemos lhes dizer então,
com uma viva emoção: é a vossa casa; a casa daqueles que trazem o sinal de
Cristo”.[6]
O Cardeal Montini, futuro Paulo VI, declara, em abril de 1962:
“A Igreja se propõe, pelo próximo Concílio, a entrar em contato com o
mundo (...) Ela se esforçará para ser (...) amável em sua linguagem e na sua
maneira de ser”.
E, durante o Concílio, Paulo VI, afirmava, na sua encíclica Ecclesiam
Suam:
“A Igreja poderia se propor a realçar os males que podem se encontrar no
mundo, a pronunciar anátemas e suscitar cruzadas contra eles (...);
parece-nos, ao contrário, que a relação da Igreja com o mundo (...)
pode se exprimir melhor sob a forma de um dialogo” (80).
O
Vaticano II se quis, desde o inicio, portanto, como um Concílio de abertura a
de diálogo?
De fato, os membros da Comissão Preparatória estabelecida por João XXIII
pensavam dever organizar um Concílio normal. Tiveram um enorme trabalho para
esboçar esquemas que pudessem servir de base aos debates conciliares. Mas,
durante esse tempo, o Secretário para a Unidade dos Cristãos, igualmente
estabelecido por João XXIII (em junho de 1960), trabalhava num outro sentido.
Finalmente, a verdadeira intenção de João XXIII prevaleceu: no inicio do
concílio, livrara-se dos esquemas preparatórios, julgados demasiado
“doutrinais”, e o Concílio se comprometeu com a via preparada pelo Secretariado
para a Unidade.
Que
conclusões se pode tirar dessa política de abertura levada a cabo pelo Concílio
Vaticano II?
Percebe-se claramente que o Concílio vaticano II não foi um Concílio
como os demais. Os textos que promulgou, fruto de um “diálogo” com o mundo, são
mais textos diplomáticos ou “publicitários” (destinados a dar uma boa imagem a
Igreja) do que textos magisteriais (ensinando com autoridade e precisão
Verdades da Fé). Nenhum dos textos conciliares é, de si, infalível.
O
Vaticano II não foi infalível enquanto órgão do Magistério Ordinario?
Alguns pretendem que, mesmo que o Vaticano II não tenha produzido atos
de Magistério Extraordinário, a infalibilidade pertencer-lhe-ia enquanto órgão
do Magistério Ordinário Universal, porque quase todos os bispos do mundo nele
se fizeram presentes. Além disso – dizem – o ecumenismo e a liberdade religiosa
são ensinados hoje pelos bispos do mundo inteiro, o que equivale também ao
exercício do Magistério Ordinário Universal, que é infalível.
Porém essa argumentação está viciada. O Vaticano II, Concílio
“pastoral”, recusou a comprometer sua autoridade para definir o que quer que
fosse; não impôs a liberdade religiosa e o ecumenismo como Verdades de Fé, por
isso escapando ao Magistério Extraordinário. Mas, de uma cajadada só, escapou
também do Magistério Ordinário infalível. Pois não pode haver infalibilidade se
os bispos não certificam, com autoridade, que o ensinamento que dispensam
pertence ao Depósito da Fé (ou é-lhe necessariamente ligado) e que deve ser
tido como imutável e obrigatório.[7]
As
autoridades atuais da Igreja reconhecem a não infalibilidade do Vaticano II?
O Vaticano II não foi infalível, foi o que afirmou expressamente o
Cardeal Ratzinger em 1988, dizendo:
“A verdade é que o Concílio, ele mesmo, não definiu nenhum dogma e
procurou se situar num nível mais modesto, simplesmente como um Concílio
pastoral. apesar disso, numerosos são aqueles que o interpretam como se se
tratasse de um ‘superdogma’ que sozinho tem a importância”[8]. [9]
Por
que as autoridades se apegam tanto ao Concílio, já que reconhecem que ele não é
infalível?
De fato, o Vaticano II é, desde a origem, objeto de um jogo desonesto.
Durante o Concílio, insistiu-se sobre seu caráter pastoral para evitar se
exprimir com precisão teológica; mas, depois, deseja-se lhe dar uma autoridade
igual ou mesmo superior àquela dos Concílios anteriores. Esse jogo desonesto
foi denunciado por um dos participantes do Concílio, Mons. Lefebvre, a partir
de 1976:
“É preciso, então, desmitificar este Concílio, que eles quiseram
pastoral em razão de seu horror instintivo pelo dogma e para facilitar a
introdução oficial de idéias liberais em um texto eclesiástico. Mas, terminada
a operação, dogmatizaram o Concílio, o compararam ao de
Nicéia, o pretendem semelhante aos outros, senão superior!”[10]. [11]
7
– O QUE PODEMOS PRESUMIR?
Podemos presumir que, se o próprio Concílio não definiu dogmas em
matéria de fé e moral, seus documentos não são dogmáticos, não têm caráter
dogmático. Isso vale de modo claro, de modo evidente a todas as suas
constituições. Ou seja, todos os documentos do Concílio não são infalíveis, são
falíveis, podem falhar. Nenhum está inseto de ter erros.
Segunda Parte
8
– QUANTOS DOCUMENTOS EXATAMENTE O CONCÍLIO VATICANO II PROMULGOU?
O Concílio Vaticano II promulgou: 16 documentos – entre eles; 4
constituições, 9 decretos e 3 declarações.
9
– QUAIS FORAM OS DOCUMENTOS PROMULGADOS PELO CONCÍLIO VATICANO II?
Os Documentos foram:
Das
Constituições
1 – Constituição sobre a Sagrada Liturgia “Sacrosanctum Concilium” (SC),
4 de Dezembro de 1963.
2 – Constituição Dogmática sobre a Igreja “Lumen Gentium” (LG), 21 de
Novembro de 1964.
3 – Constituição Dogmática sobre a Revelação divina “Dei Verbum” (DV),
18 de Novembro de 1965.
4 – Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo “Gaudium
Spes” (GS), 7 de Dezembro de 1965.
Dos
Decretos
1 – Decreto sobre as Igrejas Orientais “Orientalium Ecclesiarum” (OE),
21 de Novembro de 1964.
2 – Decreto sobre o ecumenismo “Unitatis redintegratio” (UR), 21 de
Novembro de 1964.
3 – Decreto sobre a atividade missionária da Igreja “Ad Gentes” (AG), 7
de Dezembro de 1965.
4 – Decreto o múnus pastoral dos bispos na Igreja “Christus Dominus”
(CD), 28 de Outubro de 1965.
5 – Decreto sobre o ministério e a vida dos presbíteros “Presbyterorum
Ordinis” (PO), 7 de Dezembro de 1965.
6 – Decreto sobre a atualização dos religiosos “Perfectae Caritatis”
(PC), 28 de Outubro de 1965.
7 – Decreto sobre a formação sacerdotal “Optatam Totius” (OT), 28 de
Outubro de 1965.
8 – Decreto sobre o apostolado dos leigos “Apostolicam Actuositatem”
(AA), 18 de Novembro de 1965.
9 – Decreto sobre os meios de comunicação social “Inter Mirifica” (IM),
4 de Dezembro de 1963.
Das
Declarações
1 – Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs
“Nostra Aetate” (NA), 28 de Outubro de 1965.
2 – Declaração sobre a liberdade religiosa “Dignitatis Humanae” (DH), 7
de Dezembro de 1965.
3 – Declaração sobre a educação cristã “Gravissimum Educationis” (GE),
28 de Outubro de 1965.
10
– QUAIS OS PRINCIPAIS DOCUMENTOS QUE CONTRADIZEM A DOUTRINA CATÓLICA E OS
ENSINAMENTOS DOS PAPAS ANTERIORES AO CONCÍLIO VATICANO II?
Praticamente todos os documentos têm um ou outro erro incompatível com a
Doutrina Católica. Por que neles se vomita uma noção que não é católica, de um
espírito não-católico. Esse espírito é o espírito liberal, modernistas,
progressista da Igreja Conciliar, oriunda do Vaticano II. É verificável que
nenhum texto do Vaticano II escape de um erro, eles são ambíguos, equivocados,
contrários aos ensinamentos tradicionais em muitos pontos. Mas, em evidência,
os principais documentos que contradizem os ensinamentos da Doutrina Católica e
dos Papas anteriores ao Concílio ( ou seja, Gregório XVI, Pio IX, S. Pio X,
Leão XIII, Pio XI, etc.) são: Constituição Dogmática sobre a Igreja “Lumen
Gentium”, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo “Gaudium
Spes”, Decreto sobre o ecumenismo “Unitatis redintegratio”, Declaração sobre a
liberdade religiosa “Dignitatis Humanae”, Declaração sobre as relações da
Igreja com as religiões não-cristãs “Nostra Aetate”. Lembremo-nos que esses são
apenas alguns focos (os mais ruins, os piores) dos documentos do Concílio, mas
tem muitos outros que estão estragados e ainda outros que estão liberalmente
podres.
11
– QUANTAS FORAM E QUAIS FORAM AS PRINCIPÁIS QUESTÕES DISCUTIDAS NO CONCÍLIO
VATICANO II, OU SEJA, AS MAIS IMPORTANTES E PROBLEMÁTICAS?
As principais questões que se discutiram no Concílio Vaticano II, também
as que foram mais importantes e problemáticas, foram três – A liberdade
religiosa, o ecumenismo e a colegialidade episcopal, sendo as duas primeiras
mais nocivas e perigosas a Doutrina Católica.
12
– O QUE SIGNIFICA CADA UMA DELAS?
Sobre a liberdade religiosa:
O
que ensina o Vaticano II sobre a liberdade religiosa? A
declaração do Vaticano II sobre aliberdade religiosa, Dignitatis Humanae (n.
2), afirma:
Este Concílio Vaticano declara que a pessoa humana tem direito á
liberdade religiosa. Essa liberdade consiste no seguinte: todos os homens devem
estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos ou de
qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém
seja forçado a agir contra a própria consciência, nem impedido de proceder
segundo a mesma, em privado e em publico, só ou associado com outros, dentro
dos devidos limites.[12]
Como
o Vaticano II justifica a liberdade religiosa?
O decreto sobre a liberdade religiosa funda-se sobre a dignidade da
pessoa humana: “O Concílio declara, além disso, que o direito á liberdade
religiosa tem seu fundamento na dignidade da pessoa humana, tal como a fizeram
conhecer a Palavra de Deus e a razão mesma".[13] [14]
Sobre o ecumenismo:
O
que se entende por ecumenismo?
O nome ecumenismo designa o movimento que teve origem no século XIX
entre os não católicos e que tem por objetivo a colaboração e a aproximação das
diversas confissões do Conselho Ecumênico de Igrejas.[15]
O mesmo contorno de espírito conduziu, em seguida, a aproximar-se das
religiões não cristãs. É o que se chama diálogo inter-religioso.[16]
Qual
foi a atitude da Igreja para com esse movimento ecumênico?
No inicio, a Igreja Católica claramente tomou distancia. Só na época do
Concílio Vaticano II é que o ecumenismo a integrou oficialmente.[17]
O
Vaticano II tratou do ecumenismo e do diálogo inter-religioso?
O Vaticano II consagrou ao ecumenismo um decreto especial,
intitulado Unitatis redintegratio. Promulgou também a
declaração Nostra aetate, que trata das relações da Igreja com as
religiões não cristãs.[18]
Qual
julgamento fazer sobre o ecumenismo a partir da Fé Católica?
A Igreja Católica sendo a única Igreja fundada por Cristo e a única a
possuir a plenitude da Verdade, a unidade dos cristãos apenas pode ser
restabelecida pela conversão e pelo retorno ao seio dos indivíduos ou das
comunidades separadas.
Tal é o ensinamento de Pio XI em Mortalium animos; “A união dos cristãos
não pode ser buscada de outro modo que não seja favorecendo o retorno dos
dissidentes á única e verdadeira Igreja de cristo, a qual tiveram, um dia, a
infelicidade de abandonar.”[19]
É tão simplesmente a conseqüência lógica da reivindicação da Igreja de
sozinha possuir a Verdade, pois somente pode haver verdadeira unidade religiosa
na Verdadeira Fé.[20]
Qual
é a nova concepção de ecumenismo?
No Vaticano II, a Igreja adotou uma nova atitude, que corresponde a uma
nova doutrina. A Igreja Católica não foi mais apresentada como a única
sociedade religiosa que leva á salvação. As outras confissões cristãs, e mesmo
as religiões não cristãs, foram consideradas também expressões (sem dúvida
menor perfeita, mas ainda assim válidas) da religião divina, de caminhos que realmente
levam a Deus e á salvação eterna. Não é mais uma questão de conversão dos não
católicos á Igreja Católica, mas de diálogo e de pluralismo religioso.[21]
Sobre a colegialidade episcopal:
O
que é a colegialidade episcopal?
Segundo a Tradição, cada bispo tem autoridade sobre sua diocese (e
somente sobre sua diocese), e o papa sozinho tem jurisdição sobre a Igreja
Universal. [22]
Terceira Parte
13
– O QUE TEM DE ERRADO NESSES DOCUMENTOS?
Sobre a liberdade religiosa:
Quais
são as conseqüências da liberdade religiosa?
A primeira conseqüência da liberdade religiosa pregada pelo Vaticano II
foi que os Estados ainda católicos tiveram que mudar sua Constituição. A
liberdade religiosa trouxe a laicização do Estado e uma descristianização
sempre mais avançada da sociedade. Como se dão os mesmos direitos a todos os
erros; a verdadeira Fé desaparece sempre mais. O homem que, por sua natureza
decaída, tende geralmente a seguir a via mais fácil, tem necessidade da ajuda
das instituições católicas. Numa sociedade marcada pela Fé Católica, muito mais
homens salvarão sua alma do que numa sociedade em que a religião é um negócio
privado e a verdadeira Igreja deve existir ao lado das inumeráveis seitas, que
possuem os mesmos direitos que Ela.[23]
Sobre o ecumenismo:
Quais
são as conseqüências do ecumenismo?
As conseqüências do ecumenismo são a indiferença religiosa e a ruína das
missões. É hoje uma opinião geralmente difundida entre os meios
católicos de que alguém se pode salvar muito bem em qualquer religião. O
apostolado missionário não tem mais nenhum sentido, e acontece com freqüência
que se recuse receber na Igreja convertidos de outras religiões, que,
entretanto, queriam se tornar católicos. A atividade missionária se tornou uma
ajuda social. Isso está em flagrante aposição á ordem de Nosso Senhor: “Ide,
ensinai a todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo.” (Mt. 28,19).[24]
O
ecumenismo não é uma exigência da caridade fraterna?
O ecumenismo, tal como pregado pelo Concílio Vaticano II, não é uma
exigência da caridade fraterna, mas um crime cometido contra esta. O verdadeiro
amor exige, com efeito, que se deseje e que se faça o bem ao próximo. Em
matéria religiosa, isso que dizer conduzir seu próximo á Verdade. É, pois, um
sinal de verdadeiro amor o que davam os missionários, ao abandonar pátria e
amigos para pregarem Cristo em país estrangeiro, em meio a perigo e fadigas
indizíveis. Muitos deram a própria vida, abatidos por doenças ou pela
violência. O ecumenismo, ao contrario, deixa os homens em suas falsas religiões
e mesmo nelas os endurece. Abandona-os, pois, ao erro e ao imenso perigo da
condenação eterna. Se essa atitude é mais confortável do que o apostolado
missionário, não é precisamente um sinal de caridade, mas sim de preguiça,
indiferença e respeito humano. Os teólogos ecumênicos agem como os médicos que
estimulam uma pessoa gravemente doente em suas ilusões, em vez de adverti-la
sobre a gravidade de seu estado e curá-la.[25]
Sobre a colegialidade episcopal:
O
que é a colegialidade episcopal?
O principio da colegialidade episcopal lesa o exercício pessoal da
autoridade. O papa e os bispos são convidados a dirigir a Igreja em comum, de
modo colegiado. Em conseqüência, o bispo só é chefe de sua diocese, na teoria;
na pratica, está ligado, ao menos moralmente, ás decisões da Conferencia
Episcopal, dos Conselhos Presbiterais e das diferentes assembléias. Até Roma
não ousa mais se afirmar diante das Constituições Episcopais; cede
freqüentemente ás suas pressões.[26]
De
onde vem essa idéia de colegialidade episcopal?
O principio da colegialidade episcopal se aproxima do modo como
os cismáticos orientais concebem a autoridade na Igreja. Encontra-se
também a influencia da idéia de igualdade propagada por Jean-Jacques Rousseau e
pela Revolução Francesa. Rousseau negava a existência de uma autoridade
desejada por Deus e atribuía todo poder ao povo. Está em oposição ao
ensinamento da Sagrada Escritura:
“Que cada um se submeta ás autoridades instituídas. Pois não há nenhuma
autoridade que não venha de Deus. Tanto é assim que aquele que resiste á
autoridade rebela-se contra a ordem estabelecida por Deus” (Rom 13, 1-2).[27]
Quarta Parte
14
– DE TUDO QUE FOI APRESENTADO SOBRE O CONCÍLIO VATICANO II, O QUE PODEMOS
CONCLUIR?
Podemos concluir as seguintes observações:
As forças liberais e modernistas, que já minavam a Igreja, conseguiram
colocar as mãos sobre o Concílio Vaticano II. Pode-se então dizer, que o
Vaticano Ii foi à faísca que deflagrou uma crise que se preparava já de longa
data na Igreja.[28]
Graças ao apoio de João XXIII e Paulo VI, as forças liberais e
modernistas introduziram nos textos do Concílio, um grande número de suas
idéias. Antes do Concílio, a Comissão Preparatória havia preparado com cuidado,
esquemas que eram o eco da Fé da Igreja. É sobre esses esquemas que a discussão
e o voto deveriam ter sido feitos; mas eles foram rejeitados na primeira sessão
do Concílio e substituídos por novos esquemas preparados pelos liberais.[29]
Todos
os textos do Vaticano II devem ser rejeitados?
Pode-se dividir os textos do Concílio Vaticano II em três grupos:
1) Alguns poderiam ser aceitos, pois estão conformes á Doutrina
Católica, como, por exemplo, o decreto sobre a formação dos padres;
2) Outros são equívocos, isto é, podem ser interpretados em sentido
errôneo;
3) Alguns, enfim, não podem ser compreendidos num sentido ortoxodo; na
sua atual formulação, não podem ser aceitos. É o caso da Declaração sobre a
Liberdade Religiosa.
Os textos ambíguos podem ser aceitos se forem – segundo a expressão de
Mons. Lefebvre – interpretados á luz da Tradição.
Os textos do terceiro grupo não podem ser aceitos antes de terem sido
retificados.[30]
Mas
por quê?
Por que temos que levar em conta o fato de que, eles (os textos), foram
feitos pelas mãos dos liberais e modernistas, que colaboraram nas redações dos
documentos sem a mais elementar das virtudes: a honestidade ( como disse Dom
Lefebvre), tendo como intenção a aplicação do espírito do Concílio e do
Concílio, ele mesmo. Levando isso em consideração, podemos cogitar suspeitas
bem fundamentadas a respeito da maioria dos sentidos das palavras nos textos do
Concílio. É evidente que muitas das suas termologias sofrem de muita falta de
clareza. Alguns textos para serem interpretados com fé e verdade precisam estar
ao farol da Tradição e outros são inaceitáveis, devem ser rejeitados,
descartados ou convertidos, retificados totalmente. A perversão do léxico do
Concílio foi aberta, mundana, praticamente total no modo de expor suas idéias.
Sem falar que sua linguagem é um tanto anticatólica. Seus textos são ambíguos e
contribuem com a descristianização da sociedade. ( isso também
disse Dom Lefebvre)
De
onde vem o caráter ambíguo de alguns textos do Vaticano II?
Os equívocos foram introduzidos voluntariamente nos textos conciliares
para enganar os padres conservadores. Enchia-se-lhes de ilusões, insistindo
sobre o fato de que o texto não queria, no fundo, dizer nada diferente do que o
que a Igreja havia sempre ensinado. Mas, ma seqüência, foi possível apoiar-se
sobre essas passagens para defender teses totalmente heterodoxas.[31]
Quinta Parte
15
– O QUE PODEMOS CONCLUIR?
Podemos concluir que o Concílio Vaticano II não foi obra de Deus, tão
pouco foi o Espírito Santo que o inspirou... Esse Concílio foi perverso,
desastroso, catastrófico, uma ruína nas colunas sacrossantas da Igreja
Católica. Ele (o Concílio) está destruindo, ou pelo menos, contribuindo com a
destruição da Doutrina Católica, da Fé de sempre, ele está contribuindo com a
autodemolição da Igreja de Cristo, do Cristo Rei. E diante disso, diante dele
(do Concílio), nunca calaremos nossas vozes para denunciá-lo como uma obra
diabólica, dos piores inimigos da Santa Igreja, tal obra, não veio de outro
lugar, se não da cabeça dos liberais e modernistas. A Igreja Conciliar subsiste[32], Ela está ocupada, ocupada por quem? Por
eles, os modernistas, os progressistas, mas por quê? Um mistério...
Só Deus o sabe. Isso é um fato. Pois, a Igreja de Cristo, não são as reforma
conciliar (vindas do Concílio Vaticano II), a Esposa de Cristo é a Igreja
Católica, e a Doutrina Católica vem e é de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Peçamos a Deus, a Nosso Senhor, a Maria Santíssima, a São Tomás de
Aquino, a Santa Terezinha do Menino Jesus e a São Pio X a força necessária para
enfrentarmos, sem desânimo, o grande e constante combate pela Fé Católica nessa
crise que assola a Igreja. Pois essa crise é de Fé, é grave, muito grave, e tem
por agente causador o Vaticano II. Ele causou e continua a causar a ruína, a
demolição, o desaparecimento da fé católica.
A exemplo de Santa Mônica que rezou com constância e fervor pela
conversão de seu filho Agostinho, tenhamos uma firmeza na oração e uma
perseverança inabalável na fé, a fim de podermos continuar, com oração e
apostolado, defendendo a Sã doutrina em sua integridade e incorrupção.
U.I.O.G.D.
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