"Parecia-me que os escândalos, a atmosfera de cisma, as suspeitas de
heresia, que pesavam sobre nós como chumbo, ter-se-iam dissipado com a vossa
ida a Fátima."
Para descrever o momento do pontificado de Paulo 6 em
que Fátima foi focalizada, aqui é transcrito o trecho relativo do Liber
Accusationis com que o padre Jorge de Nantes pede ao próprio «papa» que faça
seu auto-julgamento. Para tanto, foi a Roma com diversas pessoas de seu
movimento de contra-reforma católica, a fim de apresentar o livro-libelo a
Paulo 6.
Como se pode imaginar, o pedido não foi nem mesmo
ouvido, e o livro causou a prisão e expulsão da Itália de quem tentou
entregá-lo em mão ao pontífice, durante uma audiência no Vaticano.
Poderia parecer aos fiéis que essa recusa representa
uma condenação do Liber e suas descrições. Foi justamente o contrário, diante
da impossibilidade de refutação do que este encerra. Não só, foi também a prova
da contradição de quem proclamou o direito à liberdade religiosa, mas nega aos
católicos a possibilidade de defender a integridade da fé, diante da «cátedra
papal».
Eis o trecho: “Pela angústia sobre-humana em vista do
que vai sucedendo [na Igreja], aconteceu-me mais de uma vez esperar uma
peregrinação do papa a Fátima. O encontro do Vigário de Cristo e da Virgem
Imaculada parecia-me poder tornar-se o ‘Sinal Celeste’ da graça e misericórdia
que poderia tudo salvar e restituir ao antigo esplendor. (…) Parecia-me que os
escândalos, a atmosfera de cisma, as suspeitas de heresia, que pesavam sobre
nós como chumbo, ter-se-iam dissipado com a vossa ida a Fátima. De repente,
teríamos reencontrado nossa confiança e amor filial, como que lavados por um
batismo de graças. Naquele lugar, vos seria impossível senão rezar à Santíssima
Virgem Maria, juntamente com a imensa multidão católica, leal, tradicional, e
depois deixar que fosse a Mãe de Deus, Nossa Mãe tutelar a falar, revelando o
seu Terceiro Segredo e obedecendo a seus pedidos. Com isto o mundo se teria convertido,
começando por nós, vossos padres, vosso povo, os pobres pecadores. Tal era a
nossa esperança…
“Fostes a Fátima, é verdade, dia 13 de maio de 1967,
50 anos de dias contados após a aparição celeste (…) mas cinco horas após não
subsistia qualquer esperança de paz, estava perdida a última e misteriosa graça
esperada desse encontro do Vigário de Cristo e de Sua Santa Mãe. Por que
escrevi sobre esta imensa e certa desilusão? Porque ficou evidente demais, do
começo ao fim, que fostes a Fátima não para ver, mas para mostrar-vos, não para
ouvir, mas para falar, não para cair de joelhos mas para sobressair diante de
um milhão de homens prosternados, não para acolher ordens celestes mas para
impor vossos projetos terrenos, não para implorar a paz à Virgem Maria mas para
pedi-la aos homens, não para santificar o vosso coração, purificando-o das
nódoas de Manhattan, mas para impor justamente nos domínios de Maria o mundo
dessa Manhattan. Fostes profanar Fátima.
“Desde o início percebeu-se claramente que Vossa intenção
era continuar fiel a Vós mesmo. O presidente Salazar não é um presidente Obote,
mas civilizado e cristão, é um dos mais prestigiosos benfeitores da civilização
cristã, e Portugal é no mundo o país mais fiel à fé católica, proclamada
corajosamente na sua Constituição e transcrita na sua Concordata. Mas naquela
ocasião, com o pretexto de ser uma viagem breve, de peregrino, não destes a
devida atenção nem ao país, nem ao seu chefe. E assim a imprensa progressista
pôde fazer ecoar pelo mundo o desprezo demonstrado por Vós a esse valoroso
povo.
“Premeditastes celebrar ali uma missa em português,
quando o mundo inteiro e de todas as línguas estava à escuta, deixando claro ao
Portugal tradicional que o vosso era o partido dos inovadores, da mudança,
pondo a vossa vontade acima da glória de Deus, e celebrando assim uma missa
apressada, ininteligível, fria e gaguejante, como observará Laurentin.
“Tínheis organizado uma série de audiências que
ocupariam todo o vosso tempo. Em especial um encontro altamente significativo,
ecumênico, com representantes de comunidades não católicas. Acabaram vindo
somente dois destes, eram presbiterianos, mas como não compreenderam o francês
do discurso que havíeis preparado, não tivestes outra escolha que trocar
algumas palavras inúteis. Embora muitos católicos quisessem falar-vos, orar
junto a vós, não foram recebidos.
“Permanecendo assim ocupado com as vossas quimeras
políticas e ecumênicas, não fizestes a peregrinação, e aí começa o escândalo
espantoso. Entre tantos discursos não se acham senão breves alusões
superficiais e frias às aparições de 1917. Não quisestes ir aos lugares da cova
da Iria, embora muito próximos, onde estas ocorreram, dando assim a impressão —
voluntária? — de não acreditar nelas. Aliás, sendo desde o momento da chegada
objeto de um culto apaixonado da parte da multidão, que vos prestou aclamações
sem cessar por mais de uma hora de trajeto, diante da imagem de Nossa Senhora
de Fátima, nem uma saudação fizestes. Nada escapa às câmaras de TV…
“Da tribuna saudastes repetidamente a multidão sem ter
saudado a Virgem. Passastes diante da sua imagem, meta da vossa peregrinação,
sem levantar o olhar. Não rezastes o terço com o povo e se dissestes uma
Ave-maria, não se soube.
“Chegou enfim o momento do grande encontro, da última
esperança que todos nós confusamente esperávamos. Teríeis encontrado a menina
de Fátima, Lúcia, a última dos pequenos e santos videntes de 1917! Por amor à
humanidade, por amor à Igreja e de todos nós, criaturas dispersas, por amor de
vós mesmo, Santo Padre, o Céu vos oferecia essa graça: Lúcia vos pedia chorando
alguns instantes de colóquio a sós. Não se recusa ouvir a pastora de Fátima, a
pequena mensageira do Céu, confirmada na graça e na sabedoria por cinqüenta
anos de claustro. — Vós recusastes essa graça.
“O vosso intérprete, padre Almeida, numa entrevista à
Rádio Vaticana contou o episódio: A um certo momento Lúcia exprimiu o desejo de
dizer algo ao papa a sós, mas este respondeu: compreenda, não é o momento. Além
disso, se tendes algo a comunicar-me, dizei-o ao vosso bispo e ele me
comunicará; tende toda confiança nele e obedecei-o em tudo. E o papa benzeu
irmã Lúcia como um pai que benze um filho que talvez jamais tornará a ver. Há
graças que passam e nunca mais voltam…
“Seis dias antes, 7 de maio, mostrastes um interesse
bem diverso por Claudia Cardinale e Gina Lollobrigida, numa tarde movimentada
em São Pedro. Quatro dias depois, 17 de maio, escutastes com a máxima atenção
as duas presidentes israelitas da Organização oculta do Templo da Compreensão.
E no entanto recusastes ouvir a mensagem pessoal que a Virgem teve a bondade de
mandar-vos por meio de Lúcia, sua filha predileta. Quero que saibais o gozo
infernal dos jornais progressistas e de todos as organizações anticlericais das
comunicações sociais, diante dessa notícia. Finalmente respiravam tranqüilos! O
papa havia resistido, não se deixara dobrar pela visão celeste, pela Voz vinda
do Alto, como acontecera com o primeiro Paulo. Não aconteceu o vosso caminho de
Damasco!
“Mas, o que queria dizer-vos aquela criatura? O que
vos atemorizava tanto? A soma de vossas heresias, cismas e escândalos não deixa
senão o embaraço da escolha: mas há uma possibilidade mais forte que as demais.
A mensageira do Céu queria certamente lembrar-vos a vontade da Autoridade
suprema, a única acima de vós, que é Deus; ver-vos publicar para o mundo o
‘terceiro segredo de Fátima’ (…) cujo teor essencial é sem dúvida análogo ao
dos dois primeiros… Mas, não conhecendo as coisas terríveis com que o Céu adverte
o mundo, este não se converterá e deslizará sem freios no pântano da corrupção
e do sangue. Será a terceira guerra mundial do comunismo perseguidor e
triunfante, a guerra atômica com suas inauditas devastações, a grande apostasia
dos cristãos. E pelo fato de, com vosso silêncio, não terem sido advertidos e
chamados à conversão, os povos perderão a fé junto com a vida.
“Este sinal de Jonas é esperado desde 1960. Todos os
contraditórios pretextos que objetam à publicação do segredo não fazem senão
agravar as responsabilidades de quem sabe e faz silêncio. Não, aquela mensagem
profética não é insignificante, nem tranqüilizante, nem reservada. Era uma
mensagem para todos em 1960! O é ainda hoje. E se pareceu terrível demais
então, assim ficou. Mas é a única palavra que pode afastar o flagelo que se
aproxima (…). Os desígnios do Céu não mudam (…) e o cálice está cheio, a
iniqüidade atinge o auge. É absolutamente necessário que a Igreja inteira saiba
a que abismo a humanidade está sendo arrastada pelo pecado. Senão, por que
fostes a Fátima?
“Depois de vossa peregrinação é como se a tivésseis
suprimido. Ninguém mais se ocupa nem das vontades de Deus que estão expressas
nela, nem da conversão da Rússia, nem do segredo, nem das devoções
recomendadas, especialmente ‘a reza do Terço pela paz’ que Lúcia vos havia
pedido de viva voz, fazer intensificar, naquele famoso 13 de maio de 1967.
“Mas, como fizestes para chegar a tanto? A resposta é
simples: substituístes com a vossa, a mensagem da Rainha da Paz; ao desígnio de
Deus que nos foi revelado em Fátima (p. 14) substituístes o vosso grande
projeto que revelastes em Manhattan e que consiste em pedir a Paz ao coração
dos homens, aos quais vós a confiais.
“Para esse fim não hesitastes em fazer-vos passar por
um ditoso beneficiário de uma revelação celeste. Aparecendo na janela do vosso
apartamento do Vaticano na tarde de vosso retorno, dissestes: ‘Em Fátima
indagamos Nossa Senhora sobre as estradas que conduzem à paz e nos foi
respondido que a paz é realizável.’
“Foi um jornalista do jornal Messaggero que resumiu a
impressão geral que isto causou em Roma: ‘Seria fácil demais forçar o sentido
de uma expressão tão singular, mas dela pode-se crer, deduzir que durante sua
peregrinação ao Santuário de Fátima Paulo 6 tenha tido um momento, por assim
dizer, de comunicação interior com a nossa advogada, mãe e protetora dos homens
nos seus esforços pacíficos.’
“É justamente isto que quisestes fazer pensar. Que o
Céu vos tivesse dito: Ide, avança no teu ‘Grande Projeto’; convoca todos os
homens a construir a nova paz, não mais somente os católicos com a oração e
penitência, mas com a tua nova revelação: Populorum Progressio, com ‘Progresso
e Paz’… Vós quisestes atribuir ao Céu a mensagem do Inferno que não cessais de
dizer e repetir desde Manhattan: a paz é possível porque os homens são bons; a
paz é obra dos homens, de todos os homens, fruto de seus esforços convergentes
sob a direção mundial das organizações judeu-maçônicas. É o culto do Homem que
substitui o Culto de Deus.”
O padre de Nantes conclui citando uma oração de Paulo
6 aos homens que considera discurso de anticristo, solicitando-o a desmenti-lo
publicando o terceiro segredo, fazendo um convite universal à oração e
penitência, intensificando o Terço pela paz e pronunciando a Consagração ao
Coração Imaculado de Maria, do qual depende a paz, por que Deus lha confiou.
Inútil dizer que nada disso foi feito e esse Liber
Accusationis, que tem escrito na sua capa — “Entregue à Santa Sé no dia 10 de
abril de 1973 pelo Abbé Georges de Nantes e por sessenta delegados da Liga
Contra-reforma Católica” — ficou como um registro histórico sem nenhuma
resposta. Muitos alegaram que continha exageros e irreverências, e por isto não
poderia ser tomado a sério. Na verdade, a resposta de Paulo 6 consistiu em
levar avante o seu “grande projeto”, como todos puderam ver, ignorando este
“Liber” bem como as respeitosas cartas e estudos de exímios prelados.
Deveria ficar bem claro que a desculpa da irreverência
não pode ser alegada nessa matéria, em que está em jogo a defesa da fé, nem sob
o ponto de vista meramente formal, nem, por maior razão, sob o ponto de vista
disciplinar, sobretudo não se pode negar a verdade que a preocupação maior da
Igreja deve ser sempre a salvação das almas; e aqui se mostrou como estas estão
em risco.
Há testemunhos que acrescentam alguns detalhes
inéditos sobre o encontro de Paulo 6 com irmã Lúcia, a fim de deixar claro o
que podia significar irreverência para um pastor megalômano.
No momento do encontro, as pessoas mais próximas eram,
além do secretário particular, padre Macchi, o bispo peruano monsenhor Alfonso
Zaplana, da cidade de Tacua, falecido em 1975. Pois bem, este prelado contou
repetidas vezes a alguns de seus padres e diocesanos um fato que muito o
impressionara: depois de ter recebido a vidente com grande afabilidade e tê-la
apresentado à multidão, Paulo 6 trocou breves palavras com irmã Lúcia sobre a
impossibilidade de falar-[97]-lhe a sós naquela ocasião. Em seguida, percebendo
que o importante momento passaria sem que dissesse ao papa o essencial, a
religiosa prostrou-se de joelhos aos seus pés e em lágrimas perguntou-lhe se
não lhe parecia chegado o momento de revelar a parte secreta da mensagem.
Diante disto o rosto de Paulo 6 alterou-se completamente e com voz irada
interpelou Lúcia, dizendo; “Como ousais dizer a nós o que devemos fazer!” O tom
paternal transformara-se, a ponto de deixar o bispo estarrecido.
QUEIXA AO SANTO PADRE EM 1972
“O leigo tem o direito de receber dos sacerdotes todos
os bens espirituais para obter a salvação da alma e para atingir a perfeição
cristã: quando se trata de direitos fundamentais dos cristãos, ele pode fazer
valer suas exigências (Cód. Dir. Can. 467; 892); é o sentido e o fim de toda a
vida da Igreja que está aqui em jogo, assim como a responsabilidade diante de
Deus, do padre e do leigo.”
São palavras de Pio XII no discurso Six ans, em 5
outubro de 1957.
Ora, o conhecido escritor francês Jean Madiran, assim
descreverá as exigências que tinha a fazer em 1972 (Réclamation au Saint-Père,
L’hérésie du XXe siècle II, Nouvel. Edit. Latines, Paris 1974, p. 9):
“Tudo o que na Igreja foi temerariamente inovado desde
1958, ano da morte de Pio XII, transforma-se visivelmente em confusão e
aniquilamento. Tudo o que na Igreja posterior a 1958 se quis, com impiedade e
desprezo, separar da Igreja anterior a 1958, traz a marca manifesta da mentira
e da morte. Reconhecê-las-ei pelos frutos.
“Tudo o que a impiedade moderna quis pôr no lugar da
Escritura, do Catequismo e da Santa Missa, já cheira a decomposição. Pode-se
não ousar confessá-lo, com medo do partido no poder dentro da Igreja militante.
Pode-se mostrar vontade de não ter ainda percebido nada, para não arriscar-se
às represálias desse partido sectário, cruel e perseguidor. Mas, seja no
segredo do coração, seja escondendo suas certezas reencontradas, os fiéis agora
sabem. Os fiéis, esses que receberam, guardaram e cultivaram o dom da fé
teologal, sabem que é um partido, justamente, um partido, não um magistério
legítimo, que governa a administração eclesiástica; eles sabem que uma facção
ilícita e injusta, tirânica e ímpia, confisca em seu proveito os poderes
espirituais; eles sabem que a sua nova Igreja não é a Igreja; que a sua nova
religião não é a religião de Deus vivo.
“E esta verdade devidamente reconhecida nos liberta.”
Carta a Paulo 6, de 27 de outubro de 1972, publicada
em Itineraires.
“Santíssimo Padre,
Devolvei-nos a Escritura, o Catecismo e a Missa.
Estamos cada vez mais privados deles por uma
burocracia colegial, despótica e ímpia, que pretende com ou sem razão, mas que
pretende de todos modos sem ser desmentida, impor-se em nome do Vaticano II e
de Paulo VI.
“Devolvei-nos a Missa católica tradicional, latina e
gregoriana segundo o Missal romano de São Pio V. Deixais dizer que Vós a
interditastes. Mas nenhum pontífice poderia, sem abuso de poder, proclamar a
interdição do rito milenar da Igreja católica, canonizado pelo Concílio de
Trento. A obediência a Deus e à Igreja nos obrigaria a resistir a tal abuso de
poder, se tivesse efetivamente acontecido, e não a submetermo-nos em silêncio.
Santíssimo Padre, seja com Vós ou sem Vós, que fomos cada dia mais, sob o Vosso
pontificado, privados da Missa tradicional, não tem importância. O que importa
é que Vós, que podeis devolvê-la, no-la devolva.
“Nós a reclamamos a Vós.
“Devolvei-nos o Catecismo romano, o que, segundo a
prática milenária da Igreja, canonizada pelo Concílio de Trento, ensina os três
conhecimentos necessários para a salvação (e a doutrina dos sacramentos sem os
quais esses três conhecimentos resultariam ordinariamente ineficazes). Os novos
catecismos oficiais já não ensinam os três conhecimentos necessários à
salvação. Numerosos sacerdotes e bispos chegam, como se pode comprovar
perguntando-lhes, a já nem mesmo saber quais seriam esses três. Santíssimo
Padre, que seja por Vós ou sem Vós, que fomos cada dia mais, sob o Vosso
pontificado, privados do ensino eclesiástico dos três conhecimentos necessários
para a salvação, não tem importância. O que importa é que Vós, que podeis
devolver o Catecismo romano, no-lo devolva. Nós o reclamamos a Vós.
Devolvei-nos a Sagrada Escritura: agora falsificada
pelas versões obrigatórias que pretendem impor o novo catecismo e a nova
liturgia. Em 1970 escrevi a Vossa Santidade a propósito de blasfêmias
introduzidas na epístola do domingo de Ramos (blasfêmia ‘aprovada’ pelo
episcopado francês e confirmada pela Santa Sé): que foi mantida
substancialmente idêntica, em nossos livros litúrgicos, e simplesmente
declarada facultativa (!). Deve-se citar ainda, entre cem outras, o cinismo
libertino que faz proclamar liturgicamente, atribuindo a São Paulo, que para
viver santamente é preciso casar-se. Santíssimo Padre, é no Vosso pontificado
que as alterações da Escritura se multiplicaram a ponto de não haver mais, para
os livros sagrados, uma garantia certa. Devolvei-nos a Escritura intacta e
autêntica. Nós o reclamamos a Vós.
“A Igreja militante é atualmente como um país
submetido a uma ocupação estrangeira: aparenta-se submissão a tudo, mas o
coração não está nisso, oh não! É o condicionamento psicológico e é a pressão
sociológica que fazem marchar as gentes. Um partido que Vós conhecestes bem,
quando ele passava por inocente e escondia seus intentos, um partido que quando
obteve sucesso revelou-se cruel e tirânico, domina diabolicamente a
administração eclesiástica. Este partido atualmente dominante é o da submissão
ao mundo moderno, da colaboração com o comunismo, da apostasia imanente. Ele
possui quase todas as posições de comando e reina, sobre os covardes, pela
intimidação, sobre os fracos, pela perseguição.
“Santíssimo Padre, confirmai na sua fé e em seu bom
direito os sacerdotes e os leigos que, apesar da ocupação estrangeira da Igreja
pelo [92] partido da apostasia, guardam fielmente a Sagrada Escritura, o
Catecismo romano e a Santa Missa católica.
“E depois, sobretudo, deixai que chegue a Vós o sinal
de socorro espiritual dos pequeninos.
“Os meninos cristãos não são mais educados, mas
degradados pelos métodos, pelas práticas, pelas ideologias que prevalecem com
muita freqüência hoje em dia, na sociedade eclesiástica. As inovações que são
impostas invocando, com ou sem razão, o último concílio e o papa atual — e que
consistem, resumindo, em atrasar ou diminuir sem cessar o ensino das verdades
reveladas, e aumentar e avançar sem cessar a revelação da sexualidade e de seus
sortilégios —, produzem em todo o mundo uma geração de apóstatas e de selvagens,
cada dia mais preparados a se matarem cegamente.
“Devolvei-lhes, Santíssimo Padre, devolvei-lhes a
Missa católica, o Catecismo romano, e a versão e interpretação tradicionais da
Escritura. Se Vós não lhes devolverdes neste mundo, eles vo-los reclamarão pela
eternidade.
“Dignai Vossa Santidade de aceitar, junto à minha
enfática queixa, a homenagem de meu filial apego à sucessão apostólica e ao
primado da Sé romana, e para a Vossa pessoa, a expressão de minha profunda
compaixão.” Jean Madiran (Diretor de
Itineraires e Présent)
Este mundo intelectual daqueles anos, tinha alguma
certeza de dirigir-se a um verdadeiro papa católico? Se tinha, as palavras eram
pesadas demais. De outro modo, tratando-se de “anticristos em Roma”, como
sentenciou Mgr Lefebvre em 1987, as palavras deviam ser outras, porque estas
eram inúteis, como se demonstraram.
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