"No meio do nevoeiro da confusão que atualmente emana de Roma e de muitos prelados que evocam incessantemente o nome de Jesus, enquanto enterram no silêncio as Suas “palavras duras”, nós precisamos de recuperar a perspetiva de alguns pontos de referência da nossa Fé."
Christopher A.
Ferrara
Ao longo dos últimos dois anos e meio, fartámo-nos de
ouvir da tagarelice neomodernista sobre a “inclusão” e a abertura das portas da
Igreja – como se elas antes estivessem fechadas. Também ouvimos muita retórica
demagógica sobre “ir ao encontro das pessoas onde elas estiverem” – como se a
“misericórdia” significasse que a Igreja se deva adaptar às pessoas com os
pecados que elas têm, porque a “realidade” é que os pecadores são muitos e os
pecados constantes.
Também somos testemunhas do menosprezo programático
pela doutrina católica em si mesma, como se a Palavra de Deus revelada não
fosse mais do que um conjunto de “regras” que podem ser “dispensadas” no âmbito
da disciplina, sob o pretexto da “misericórdia”. O Arcebispo Paul-André
Durocher, do Quebec, um dos principais agitadores do progressismo durante os
tumultuosos Sínodos de 2014-2015, tipifica esta falsa oposição entre a doutrina
e a disciplina do seguinte modo: “Será uma questão de doutrina ou de disciplina?... Quem
quiser doutrina, que leia Denzinger.” Tal desprezo temerário, por parte de
membros da alta hierarquia, pelas doutrinas da Fé representa uma nova fase do
avanço daquilo a que Monsenhor Guido Pozzo chamou a “ideologia paraconciliar.” E,
como tal, é um ataque contra o Catolicismo.
No meio do nevoeiro da confusão que atualmente emana
de Roma e de muitos prelados que evocam incessantemente o nome de Jesus,
enquanto enterram no silêncio as Suas “palavras duras”, nós precisamos de
recuperar a perspetiva de alguns pontos de referência da nossa Fé.
Em primeiro lugar, é evidente que Nosso Senhor é misericordioso. Ele é o próprio Rei da
Misericórdia. Mas a Sua misericórdia é para com aqueles que aceitam a graça do arrependimento,
corrigem o seu modo de vida e passam a obedecer aos Seus mandamentos. Diz Nosso
Senhor: “Se Me amardes, observareis os Meus mandamentos…Se observardes os Meus
preceitos, permanecereis no meu Amor, assim como Eu também tenho observado os
preceitos de meu Pai e permaneço no Seu Amor.” (João 15:10; 14:15)
Ponto de
referência Nº 1:
Nosso Senhor disse que nós permaneceremos
no Seu Amor com esta condição: “se observardes os Meus mandamentos”; Jesus não
disse: “quer
os observeis quer não.”
Em segundo lugar, foi o próprio Nosso Senhor que nos
deu aquele aviso de que os eclesiásticos modernos fogem como da peste: “Entrai
pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à
perdição, e muitos são os que entram por ela. Mas quão estreita é a porta e
apertado o caminho que conduz à vida eterna: e poucos são os que a encontram
(Mat. 7:13)
Ponto de
Referência Nº 2:
A Igreja Católica é a porta estreita de que fala Nosso Senhor. No entanto, e
por muito paradoxal que pareça, a verdade é que a porta estreita é fácil de
encontrar – para aqueles que, por sua livre vontade, correspondam à graça que Deus
dá a todos os homens para que eles se possam salvar.
Em terceiro lugar, se correspondermos à graça que
conduz à porta “estreita” da Igreja e ao caminho para a salvação, atenderemos à
Verdade do Evangelho que Cristo e os Apóstolos proclamaram e que a Igreja tem
transmitido através dos séculos, para edificação e salvação de todos os homens:
Deus quer que todos os homens se salvem, e cheguem ao conhecimento da Verdade
(1Tim 2:4)
Ponto de
Referência Nº 3:
A obediência à Verdade é o que nos salva, pela graça e misericórdia de Deus: “E
conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” – é a promessa que Nosso
Senhor nos faz. Por outro lado, tal como Nosso Senhor nos avisa, “todos aqueles
que cometem pecado, são escravos do pecado (João 8:31-34). O pecado é a
escravidão. Viver conforme a Verdade é a liberdade. A escravidão conduz à morte,
enquanto “a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rom 8:21) conduz à
felicidade eterna.
Em quarto lugar, a Verdade que a Igreja proclama – que
nos faz livres e conduz, através da porta estreita, ao caminho da salvação –
encontra-se nas suas doutrinas (palavra latina que significa “ensinamento”). As
doutrinas da Fé não são outra coisa senão as
verdades reveladas em palavras por Nosso Senhor e os
seus Apóstolos, e apresentadas ao mundo pelo magistério (oficio docente) da
Igreja para serem ouvidas e, uma vez ouvidas,
obedecidas.
Ponto de
referência Nº 4:
Somos salvos pela adesão às doutrinas da Fé, o que é possibilitado pela graça
de Deus, especialmente por meio dos Sacramentos. Veja-se, neste sentido, o que
o Cardeal Sarah declarou recentemente, numa tentativa óbvia de dissipar o
disparate modernista em redor da atual “ofensiva de
misericórdia” e do falso “Sínodo sobre a Família”:
“O magistério é o
caminho que nos guiará até Deus. Não serve só para proibir coisas que são
contra a nossa liberdade, a nossa imunidade. Não. A doutrina é o caminho da
salvação, o caminho da liberdade e imunidade, e o caminho para Jesus.”
Em suma: Doutrina = Verdade = Liberdade = Salvação.
Como é que algo tão simples – algo que pertence à própria essência da nossa Fé
Católica – tem sido tão total e absolutamente obscurecido durante os últimos
dois anos e meio de incessante retórica sobre a “misericórdia”? A resposta
encontra-se na mesma “desorientação diabólica” da alta Hierarquia que a Irmã
Lúcia várias vezes mencionou no contexto do Terceiro Segredo de Fátima. Mas
nunca a desorientação foi tão profunda como agora, neste momento da História da
Igreja.
Decerto não demorará muito até que os acontecimentos
vaticinados no Terceiro Segredo atinjam uma consumação que conduzirá, por fim,
a uma solução trágica para a crise sem paralelo que estamos agora a
testemunhar. -Que aspeto terá a Igreja e o mundo naquele momento? -Só Deus o
sabe!...
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