“Temos
de olhar o passado além da confusa teologia dos últimos 50 anos para ver que a
tradição da Igreja Católica, na verdade, tem uma abordagem mais prática e mais
misericordiosa para com os inimigos do que uma nova teologia baseada em
sentimentos”
A Igreja Católica ensinou desde os dias de São
Paulo que é dever do Estado usar a pena de morte.
A teoria da “guerra justa” é também uma parte importante do
ensinamento moral infalível da Igreja Católica, especialmente quando se formam
os líderes de Estado. Mas o post de hoje não é sobre como lidar com
inimigos em nível nacional, mas como
rezar em nível pessoal. Jesus
Cristo disse: “Mas eu vos digo: Amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.” – Mateus 5:44. Observe que tal
mandamento não faz dessa pessoa um não-inimigo! Amai os vossos inimigos pressupõe que você é uma pessoa real o
suficiente para realmente ter inimigos reais. Não apenas pseudônimos
imaginários da mídia social que quer matá-lo com o aperto de um botão.
Veja você, a mera ideia de se ter um “inimigo” é simplesmente
chocante para a mentalidade pós-moderna. Tendemos a colocar a unidade antes da
verdade. Então, é estranho que o próprio Jesus tivesse inimigos. É difícil para
nós americanos compreender isso, pois geralmente queremos ficar a sós com
todos. Isso não é ruim, mas é ruim valorizar a unidade acima da verdade. A
realidade de Deus para o nosso planeta é que a unidade flui da verdade.
Qualquer um que vive esta realidade metafísica terá alguns inimigos. Ter
inimigos é realmente necessário para chegar ao céu, pois precisamos de inimigos
para chegar lá, principalmente para que possamos viver as bem-aventuranças.
A foto acima mostra famílias desesperadas que escapam de
Khorsabad, uma cidade controlada pelo ISIS que estava sob o fogo de Peshmerga.
Como é que a tradição da Igreja Católica poderia ter os Cavaleiros Templários
matando os muçulmanos no cerco de Malta e ainda acreditar em um Salvador que
disse amai vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem? Temos de olhar
o passado além da confusa teologia dos últimos 50 anos para ver que a tradição
da Igreja Católica, na verdade, tem uma abordagem mais prática e mais
misericordiosa para com os inimigos do que uma nova teologia baseada em
sentimentos. Com efeito, nossa resposta hoje virá de uma oração oficial da
Missa Latina Tradicional para os inimigos. Lembre-se, esta Missa não foi criada
por um grupo de católicos e protestantes tomando café expresso em uma cafeteria
italiana, mas suas raízes são “apostólicas” pelas palavras infalíveis do
Concílio de Trento. Certas partes foram posteriormente alteradas ou formuladas
sob o sangue dos mártires e os jejuns e vigílias de santos selecionados ao
longo de séculos muito lentos. Assim, quase todas as orações da Missa Latina
Tradicional remontam ao tempo entre o século I e VII dC. É por isso que podemos
dizer que a liturgia é um olhar para dentro da mente de Deus, mesmo em referência a uma simples Oratio para um inimigo.
Como eu escrevi, há realmente uma oração para os inimigos na
Missa Latina Tradicional, e isso mostra a mente de Deus:
Uma tradução da oração superior do Missal de 1962 é a seguinte:
Ó Deus, Amante e Guardião da paz e da caridade,
concedei a todos os nossos inimigos verdadeira paz e caridade, juntamente com a
remissão de todos os seus pecados, e pelo vosso poder livrai-nos de suas
ciladas. Por Nosso Senhor. Amém.
Vamos compartilhar esta linda e poderosa oração para ver como
ela é mais misericordiosa e prática do que qualquer coisa que poderia vir de
uma liturgia fabricada ou feita pelo homem.
Ó
Deus, amante e guardião da paz e da caridade
Observe que se trata de uma oração dirigida para Deus, não para a congregação.
Ela reconhece que a caridade e a paz não são invenções sociais, mas que
unicamente Deus pode dar caridade e paz, porque Deus é amor. Quando nos
desviamos dEle (mesmo doutrinariamente), não nos desviamos apenas do
Magistério. Desviamos do Ser infinito que é Amor em Si mesmo.
Concedei
a todos os nossos inimigos verdadeira paz e caridade
Pessoalmente, acho surpreendente ver que a antiga tradição da
Igreja Católica tem algo mais misericordioso e prático para os inimigos do que
qualquer coisa que eu encontrei nos primeiros cinco anos do meu sacerdócio
rezando a Missa de Paulo VI. Em outras palavras, os intensos santos de todos os
tempos rezavam para que Deus realmente concedesse “paz e caridade” a todos os
seus “inimigos”. Isto pressupõe que os sacerdotes e os santos têm inimigos.
Assim, é uma oração que leva sangue, suor e lágrimas. A Missa antiga é tão
sutil, mas perfeitamente trabalhada em cada palavra. A liturgia é a ponte entre
Deus e o homem, até mesmo para questões tão corajosas como nossos inimigos.
Quando essa ponte é quebrada, esqueceremos como viver até mesmo os aspectos
práticos da vida, incluindo a oração pelos nossos inimigos.
[Concedei
aos nossos inimigos] a remissão de todos os seus pecados.
Em meio a todas as divisões doutrinárias da Igreja de hoje,
deveríamos cada um orar esta oração hoje: “Concedei a todos os nossos
inimigos a verdadeira paz e caridade, juntamente com a remissão de todos os
seus pecados.” (Da omnibus inimicis nostris
pacem caritatemque veram: et cunctorum eis remissionem tribue peccatorum.)
Esta Oratio ou oração acima atinge todos os
transcendentes: Verdade, beleza e bondade. Reconhece, no entanto, que a unidade
transcendente final (ou unidade) não pode ser alcançada por uma forma fabricada
de paz do homem, mas, sim, apenas pela paz de Cristo. Esta é uma paz que não
foi aceita pela maior parte do mundo, como visto na foto superior do ISIS que
destrói mais vidas. Não podemos fingir paz com os muçulmanos ou mesmo com os
hereges católicos que se infiltram na Igreja. Mas Jesus não perde a paz. Na
verdade, Ele a dá de uma maneira profunda, mas contracultural: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não
vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se
atemorize!” – João
14:27
Pelo
vosso poder livrai-nos de suas ciladas.
Eu realmente, realmente amo esta parte da oração. Nós rezamos nosque nosque ab eorum insidiis potenter
eripe, que é: “Salvai-nos dos planos insidiosos de nossos
inimigos, pelo vosso poder!” Isso
mostra que a plenitude do Catolicismo é muito prática, não amorfa ou nebulosa.
“Deus, por favor, concedei paz e amor aos meus inimigos, mas os mantenhais
longe de mim e dos meus entes queridos!” Pessoas reais e grandes santos
(geralmente na mesma estatura de São Paulo) não eram pessoas–favoritas.
Eles eram grandes amantes das pessoas que estavam diante deles, o suficiente
para morrerem por seus inimigos. Assim, também, nós não negamos o dano feito a
nós por nossos inimigos, mas nós os amamos, nós os perdoamos e rezamos por
eles.
Veja você, ainda (mal) vivemos em um mundo mais real, mais
material, mais direto do que a realidade virtual de um Oculus. Ficará ainda mais real
quando aumentarem os ataques terroristas em nosso solo, certamente chegando em
2017. Porque a vida é real, material e direta, precisamos de orações que são
reais, materiais e diretas. “Deus, por favor, amor aos meus inimigos, mas impedi-os
de afetar a minha vida.” Vamos rezar esta oração corajosamente por e contra 1)
os inimigos da tradição, 2) os inimigos da vida por nascer e 3) os inimigos dos
cristãos do Oriente Médio.
Precisamos de orações corajosas, misericordiosas e práticas como
esta. 2016 foi um ano que produziu cerca de 90.000 mártires. Tivemos 900.000 mártires nos últimos 10
anos. A tradição da Igreja está sob cerco e os inimigos do movimento
pró-vida não têm intenção de parar de matar bebês apenas porque Trump foi
eleito hoje. Tirei esta foto em Nova Orleans há poucos dias, e ela ilustra
perfeitamente o amor aos inimigos, até mesmo aos inimigos de criancinhas
inocentes e pequeninas como esta “escolta-mortal”. Observe a alegria da mulher
católica atrás dela, enquanto ela reza o seu Rosário.
Então, Deus da paz e da
caridade, por favor, concedei a paz e a caridade a todos os nossos inimigos e
até mesmo a remissão de seus pecados. Mas, também Senhor, salvai-nos rápida e
poderosamente de seus planos insidiosos.
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