"Lembra-te, de que não devem ser outros; mas sim os espinhos e a cruz as jóias que adornarão a esposa de um Rei crucificado"
Santa Gemma Galgani em sua breve
peregrinação por esta terra deixou-nos um exemplo de sua intensa vida
espiritual se oferecendo a Deus como vítima de expiação pelos pecados dos
homens. No participar da paixão ela deseja ajudar Jesus nas suas dores. Se
cria assim um pacto de amor em modo tal que Jesus a possa oferecer ao Pai como
vítima de amor por todos os pecadores.
Foi assim favorecida por toda sorte de carismas,
como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de
sangue. Teve freqüentes êxtases, espírito de profecia, discernimento dos
espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e da
Virgem Dolorosa, e uma incrível familiaridade com o Anjo da Guarda.
Foi constantemente atacada pelo demônio, que lhe
aparecia em forma humana ou de animais. Enfim, teve o matrimônio místico com
Nosso Senhor Jesus Cristo e morreu como vítima expiatória pelos pecados do
mundo.
“Toda a vida de Gema
foi em síntese uma vida de união com Deus, de sofrimento com Jesus Cristo e de
zelo ardente pela salvação das almas. No trabalho e no estudo, à mesa e nas
conversas, no passeio e até no sono, Deus não se afasta um ponto de sua mente”.
A figura mística de Santa Gemma Galgani
continua a fascinar pela sua única experiência espiritual que nos permitiu de
conhecer a vontade de Deus. Uma experiência que ainda hoje pode aquecer o
coração e iluminar a nossa mente.
De uma pureza angelical e enorme
devoção a Nossa Senhora, essa jovem participou, de modo místico, de
praticamente todos os atos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. É por
assim dizer, uma teóloga simples, imediata e rica de humanidade, sem o uso daquelas
grandes palavras tanto queridas aos Teólogos.
Dos escritos da mística se pode
perceber uma linguagem simples, pobre, que permite, apesar da extrema
simplicidade, de compreender e reviver a sua singular experiência com Jesus
Cristo.
Pergunta Gemma.
- Quem te matou,
Jesus?
Jesus, responde
- O amor. (II 82).
O amor a que se refere Gemma não é
somente uma emoção, mas um Amor doado por Cristo através da Sua palavra, e ela
se deixa tanto levar como discípula de colocar-se e sentir-se como ele.
Diversas vezes perguntei a Jesus que me
ensine o verdadeiro modo de amá-lo, e então Jesus parece que me faça ver as
suas Santíssimas chagas abertas. (I,15). Das suas
"cartas" se entende todo o seu imenso amor por Cristo, amor que
raramente se pode encontrar na mesma intensidade em outros Santos.
Esta é a sua missão, salvar os
pecadores, não com a palavra ou com o ensinamento, mas com a vida, com a
participação à Paixão de Jesus.
Através dessa graça mariana, descobre o
significado místico da virgem aos pés da Cruz e doa a Maria a sua própria alma.
Da sua parte, Maria prepara a Santa à graça da estigmatização.
Gemma com a oferta da sua vida concluiu
a missão que Deus lhe havia confiado, amando-o com todo o seu ser. Porém,
apesar de tudo, Gemma não pode revestir o hábito de consagrada a Deus e isto
representou, sem dúvida, a maior desilusão da sua vida, mas consumiu a sua
união de amor com Jesus Crucificado no mundo, na normalidade da vida laical. Um
sinal evidente que esta estrada pode ser percorrida por todos nós.
A Personalidade de Gema
A sua personalidade era de
asceta: Caminhava descalça e sem meias, inclusive de inverno. Usava o
cilício até quando não lhes foram proibidos. Nela existem todos os ingredientes
de uma Santa Estigmatização como Padre Pio, cheia de amor como Santa Teresa de
Lisieux. A seguir se pode encontrar tudo aquilo que se pode fazer arder o
coração.
Atrás de uma aparência normal se
esconde uma Santa extraordinária. Uma mística em contínuo e afetuoso dialogo
com Jesus. Uma contemplativa que reza com a simplicidade de uma moça e a
profundidade de um teólogo.
Supera as mais terríveis dificuldades
deixando-se guiar pelo seu Anjo da Guarda. Desde moça mantém a alma cândida com
a firme intenção de uma vida imaculada.
O Nascimento de Gemma.
Gema Galgani nasceu a 12 de março de
1878 em Camigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália. Gema em
italiano significa jóia. Seu pai era um próspero químico e descendente do Beato
João Leonardi. A mãe de Gema era também de origem nobre. Os Galgani eram uma
família católica tradicional que foi abençoada com oito filhos.
A Santidade na
Infância.
Gema, a quinta a nascer e a primeira
menina da família, desenvolveu uma atração irresistível pela oração enquanto
ainda era muito pequena. Esse carinho pela oração lhe veio de sua piedosa mãe,
que lhe ensinou as verdades da Fé da Igreja Católica. Foi a sua mãe que
infundiu em sua preciosa alma o amor pelo Cristo Crucificado. A jovem santa
aplicou-se com zelo à devoção.
Quando a mãe de Gema tinha de se ocupar
com suas tarefas diárias de dona-de-casa, a pequena Gema puxava a saia da mãe e
dizia: “Mamãe, conte-me um pouco mais sobre Jesus”.
Certo dia, por exemplo, tendo apenas
quatro anos de idade, ajoelhou-se diante de um quadro do Coração de Maria na
casa da avó paterna. Com as mãozinhas postas, ficou absorta rezando. A avó,
passando pelo aposento, ficou encantada com o espetáculo, e correu a chamar seu
filho para que também o visse. Este, depois de ter contemplado detidamente
aquela oração, não achou nada melhor do que interrompê-la:
— Gema, o que está fazendo?
Perguntou-lhe.
Como quem sai de um êxtase, a menina
olhou-o e respondeu com a maior seriedade:
— Estou rezando a Ave-Maria. Saia, que
estou em oração.
Quando Gema tinha apenas cinco anos,
ela lia o Ofício de Nossa Senhora e o Ofício dos Defuntos no Breviário com
tanta facilidade e rapidez quanto um adulto.
Infelizmente, a mãe de Gema deveria
morrer em breve. No dia em que Gema recebeu o Sacramento da Confirmação,
enquanto rezava ardentemente na missa pela recuperação de sua mãe (a Senhora
Galgani estava gravemente doente), ela ouviu uma voz em seu coração que dizia,
« Tu me darás a tua mãezinha ? »
“Sim," respondeu Gema, “contanto
que Tu me leves também.”
“Não," replicou a voz, "dá-Me
a tua mãe sem reservas. Por ora, tu deves esperar com o teu pai. Vou te levar
para o céu mais tarde.”
Gema simplesmente respondeu “Sim”.
Este “sim” seria repetido ao longo de
toda a breve vida de Santa Gema, como resposta ao convite de Nosso Senhor para
que ela sofresse por Ele.
A Perda da Mãe.
Sua Mãe morreu quando Gemma tinha
apenas 7 amos de idade. Como fizeram outros santos, pediu à Santíssima Virgem
que a substituísse. A partir daí, sua devoção à Mãe de Deus tornou-se mais
terna. Ela a invocava sempre com o carinhoso apelativo de “mamãe”.
Após a morte da sua querida mãe, Gema
foi enviada pelo pai para um semi-internato católico em Lucca, dirigido pelas
Irmãs de Santa Zita. Mais tarde, refletindo sobre seus dias na escola, Gema
disse: “Eu comecei a ir à escola das Irmãs, eu estava no Paraíso”. Ela era
excelente em francês, aritmética e música e em 1893 ganhou o grande “Prêmio de
Ouro” por conhecimento religioso. Uma de suas professoras na escola resume
melhor tudo isso, dizendo: “Ela (Gema) era a alma da escola”. Gema tinha se
preparado arduamente para sua Primeira Comunhão. Ela costumava implorar: “Dá-me
Jesus... e verás quão boa eu serei. Eu vou mudar bastante. Não vou cometer mais
nenhum pecado. Dá-me Jesus. Eu o desejo tanto, e não posso viver sem Ele.”Com
nove anos (o que era mais cedo do que de costume) foi-lhe permitido receber sua
primeira comunhão. Com a permissão de seu pai, ela foi ao convento local por
dez dias para preparar-se dignamente para esse acontecimento solene. O seu dia
chegou finalmente a 20 de junho de 1887, na festa do Sagrado Coração de Jesus.
Com suas próprias palavras, ela assim descreveu o seu primeiro encontro íntimo
com Cristo no Santíssimo Sacramento: “É impossível explicar o que se passou
então entre mim e Jesus. Ele se fez sentir, oh tão fortemente, na minha alma.”
O acontecimento mais marcante que se
seguiu na vida de Santa Gema foi quando seu pai morreu em 1897. Como
conseqüência de sua extrema generosidade, da falta de escrúpulos de seus
interlocutores nos negócios e problemas com credores, os filhos foram deixados
sem nada e não tinham nem mesmo meios de sobreviver. Gema tinha apenas dezenove
anos, mas já tinha uma grande experiência em carregar a cruz.
Gema afirma em sua autobiografia:
“Morto papai, nos encontramos sem nada, carecendo absolutamente de meios de vida”.
Santa Gema padeceu muitos sofrimentos
não só morais, mas também físicos.
Curada por um Milagre.
Gema começou cedo a ficar doente. Ela
desenvolveu uma curvatura na espinha. Uma meningite também deixou-a
temporariamente surda. Grandes abscessos se formaram em sua cabeça, seus
cabelos caíram e finalmente ela teve paralisia nos membros. Um médico foi
chamado e tentou vários remédios, mas nada adiantou. Ela estava apenas
piorando.
Gema tornou-se devota do Venerável
Gabriel Possenti de Nossa Senhora das Dores (agora São Gabriel). Acamada pela
doença, ela leu a história de sua vida. Mais tarde ela escreveu a respeito de
São Gabriel:
“... eu comecei a admirar as suas
virtudes e seus hábitos. Minha devoção por ele crescia. À noite eu não dormia
sem ter sua imagem debaixo do travesseiro e, depois disso, passei a vê-lo perto
de mim. Não sei como explicar isso, mas eu sentia a sua presença. Em todos os
momentos e em cada ação, o Irmão Gabriel vinha à minha mente.”
Gema, agora com 20 anos, estava
aparentemente em seu leito de morte. Uma novena lhe foi sugerida como a única
chance de cura. Dia 23 de fevereiro de 1899, à meia-noite, ela ouviu o
chocalhar de um rosário e se deu conta de que o Venerável Gabriel estava
aparecendo para ela. Ele falou a Gema:
“Queres ficar curada? Reza com fé toda
noite ao Sagrado Coração de Jesus. Eu virei a ti até a novena terminar, e
rezarei contigo a este Sacratíssimo Coração”.
Na primeira sexta-feira de março a
novena terminava. A graça tinha sido concedida; Gema estava curada. Quando ela
levantou-se, os que estavam à sua volta choraram de alegria. Sim, um milagre
havia acontecido!
Sofre com Cristo
Gema, agora em perfeita saúde, tinha
sempre desejado tornar-se freira, mas isto não devia acontecer. Deus tinha
outros planos para ela.
A 8 de junho de 1899, depois de receber
a comunhão, Nosso Senhor deu a conhecer a Sua serva que Ele lhe daria uma graça
muito grande.
Gema voltou para casa e rezou. Ela
entrou em êxtase e sentiu um grande remorso por seus pecados. A Mãe Santíssima,
de quem Santa Gema era extremamente devota, apareceu-lhe e disse:
“Meu filho Jesus te ama sem medida e
deseja dar-te uma graça. Eu serei uma mãe para ti. Serás uma verdadeira filha?”
A Santíssima Virgem abriu então o seu manto e cobriu Gema com ele.
Eis como Santa Gema relata como ela
recebeu os estigmas:
“Naquele momento, Jesus apareceu com
todas as suas chagas abertas, mas daquelas chagas não mais saía sangue, mas
chamas de fogo. Num instante aquelas chamas vieram tocar minhas mãos, meus pés
e meu coração. Senti como se estivesse morrendo, e eu teria caído no chão, se
minha Mãe não me tivesse segurado, enquanto todo esse tempo eu permanecia sob o
seu manto. Tive de ficar várias horas naquela posição. Finalmente ela beijou
minha testa, tudo desapareceu e eu me vi de joelhos. Mas eu ainda sentia uma
forte dor nas minhas mãos, pés e coração. Levantei para ir para a cama, e
percebi que saía sangue dessas partes onde sentia dor. Cobri-as o melhor que
pude, e, ajudada então pelo meu Anjo, pude ir para a cama...”
Muitas pessoas, incluindo respeitosos
membros da Igreja, testemunharam este milagre dos estigmas, que se repetiu
praticamente até o fim da vida de Santa Gema. Uma testemunha ocular afirmou:
“Saía sangue dos ferimentos dela (St.
Gema) abundantemente. Quando ela estava de pé, ele caía no chão, e quando ela
estava na cama, ele não apenas molhava os lençóis, mas encharcava o colchão
todo. Eu medi alguns desses fluxos ou poças de sangue, e tinham entre cinqüenta
e sessenta centímetros de comprimento e aproximadamente cinco centímetros de
largura”.
Como São Francisco de Assis e
recentemente Padre Pio, Gema pode dizer também: Nemo mihi molestus sit. Ego
enim stigmata Domini Jesu in corpore meo porto: Que ninguém me faça mal, pois
eu levo as marcas do Senhor Jesus no meu corpo.
Vida de Oração.
Com 21 anos, Gema foi acolhida por uma
generosa família italiana, os Giannini. A família tinha já 11 filhos, mas
estava feliz em receber esta jovem e piedosa órfã em sua casa. A mãe da
família, a Senhora Giustina Giannini, diria mais tarde sobre Gema: “Posso jurar
que, durante os 3 anos e 8 meses em que Gema esteve conosco, eu nunca soube do
menor problema em nossa família que fosse provocado por ela e nunca vi nela o
menor defeito. Repito, nem o menor problema, nem o menor defeito”.
Pe. Germano Seu
diretor espiritual.
Santa Gema ajudava diligentemente com
as tarefas da grande casa. Ela também tinha tempo para rezar, o que era a sua
atividade favorita. Pela Providência, ela obteve como diretor espiritual o
Passionista Pe. Germano, C.P., a quem ela era totalmente obediente.
Pe. Germano, um teólogo eminente no
tocante à oração mística, percebeu que Gema tinha uma profunda vida de oração e
conseqüente união a Deus. Ele estava convencido de que esta “Jóia de Cristo”
tinha passado por todos os nove clássicos estágios da vida interior.
Gema assistia à Missa duas vezes por
dia, recebendo a comunhão uma vez. Ela rezava o rosário com fé, e à noite, com
a Senhora Giannini, ia às Vésperas. Com todos os seus exercícios espirituais,
Gema nem mesmo uma vez negligenciou suas obrigações domésticas diárias na casa
Giannini.
No ano 1901, com 23 anos, Gemma escreve
por ordem de Padre Germano, a Autobiografia, "O quaderno dos
meus pecados".
O Anjo da Guarda
O Anjo da Guarda de Gema aparecia
freqüentemente para ela. Eles tinham uma conversa da mesma maneira que alguém
conversa com o seu melhor amigo. A pureza e inocência de Gema devem ter trazido
este Glorioso Anjo do céu para o seu lado.
Ela via seu anjo às vezes em adoração à
soberana Majestade; outras, estendendo suas mãos sobre ela em sinal de
proteção; no ato de defendê-la contra os ataques do demônio; ajoelhado junto a
ela, sugerindo os pontos de meditação; ou simplesmente sentado a seu lado,
dando-lhe bons conselhos. As vezes este com suas asas abertas ou
ajoelhado ao lado dela - recitavam orações ou salmos alternadamente. Quando
meditavam a Paixão de Nosso Senhor, o seu Anjo inspirava-lhe as mais sublimes
reflexões neste mistério.
Seu Anjo da Guarda uma vez falou-lhe
sobre as Agonias de Cristo:
“Olha para o que Jesus sofreu pelo
homem. Considera uma por uma estas Chagas. É o Amor que abriu-as todas. Vê como
execrável (horrível) é o pecado, já que para expiá-lo, tanta dor e tanto amor
foram necessários”.
Nosso Senhor queria dela um desapego
total de todas as coisas. Certa vez em que deveria ir ao palácio arquiepiscopal
para receber a medalha de ouro que merecera no curso catequético, a tia quis
vesti-la melhor. Gema até consentiu em levar ao pescoço uma correntinha com uma
cruz e um relógio de ouro, lembrança de sua mãe. Quando voltou para casa e ia
mudar de roupa, viu a seu lado o Anjo da Guarda, que a olhava com ar severo:
— Lembra-te, de que
não devem ser outros; mas sim os espinhos e a cruz as jóias que adornarão a
esposa de um Rei crucificado.
Gema atirou para longe de si aqueles
adornos, e prosternando-se no solo, em lágrimas, tomou a seguinte resolução:
“ Por amor a Jesus e
para agradar só a Ele, proponho-me nunca levar objetos de vaidade, nem sequer
falar deles”.
E afirma em sua Autobiografia:
“Desde aquele dia não
voltei a possuir nenhuma dessas coisas”. Era a fidelidade total à via para a qual Deus a chamava.
Outro dia, anota em seu diário:
“O Anjo da Guarda, que se mostra
bastante severo em repreender-me, me disse:
- Minha filha, lembra-te de que
cada vez que faltas à obediência cometes um pecado. Por que és tão remissa em
obedecer ao confessor? Lembra-te de que não há caminho mais curto e
seguro para chegar ao Céu que o da obediência.
O confessor lhe havia mandado escrever
as graças espirituais que tinha recebido, e em sua humildade ela tinha muito
escrúpulo em fazê-lo.
Assim, mesmo as ligeiras negligências
de Gema no serviço divino encontravam no Anjo da Guarda um censor rigoroso.
Este desaparecia por algum tempo ou lhe mostrava o aspecto severo, negava-se a
dirigir-lhe a palavra ou mesmo dirigia-lhe duras admoestações, chegando às
vezes a impor-lhe algum castigo.
Também lhe dizia o que ela deveria
fazer para o progresso espiritual.
Por exemplo:
Se colocou perto de mim e me dizia
carinhosamente:
"Oh filha, mas
não sabes que tu deves ser em tudo conforme a vida de Jesus? Ele padeceu tanto
por ti e tu não sabes que em todas as ocasiões deves padecer por Ele? Além
disso, porque desagradas Jesus todos os dias deixando de meditar a
Paixão?".
Era verdade, reconhece ela. Lembrou-se
de que a meditação sobre a Paixão, não a fazia senão às quintas e
sextas-feiras.
“Deves fazê-la todos
os dias, não te esqueças”.
No final me dizia:
"Coragem, coragem! Este mundo não é um lugar de repouso: o repouso
será depois da morte; agora tu deves padecer e padecer por qualquer coisa, para
impedir á alguma alma a morte eterna".
O supliquei tanto que dissesse a minha Mãe que viesse a mim porque tinha
tantas coisas a dizê-la; disse-me que sim. Esta noite porém não veio.
Ele também a incentivava no caminho da
virtude:
“É pela excelsa
perfeição de tua virgindade que Jesus te concede tantas graças”.
Com efeito, ela era de uma pureza
Angélica. Nas várias intervenções cirúrgicas a que teve de submeter-se, era tal
o seu recato, que chamava a atenção dos médicos. Uns a tomavam por santa, e os
ímpios a consideravam “fanática”.
Gema nunca saía só à rua. Quando não
tinha alguém da família para sair com ela, o seu Anjo da Guarda se oferecia
para ser seu visível companheiro. Tinha tanta familiaridade com ele, que
chegava mesmo a pedir-lhe para levar a correspondência ao seu diretor
espiritual e trazer a que ele tinha para si.
A Devoção à Medianeira
de todas as graças.
Sua devoção a Nossa Senhora, como já
dissemos, era terna e filial.
A Mãe de Jesus aparecia-lhe aos
sábados, geralmente como Mãe Dolorosa, e lhe comunicava algum detalhe da Paixão
de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outras vezes lhe aparecia com o Menino Jesus,
entregando-O para que ela o cobrisse de carícias.
Quando Gema se via atolada naquilo que
julgava o abismo de seus pecados, e não tinha ânimo de dirigir-se
diretamente a Nosso Senhor, recorria à Medianeira de todas as graças:
“Minha mãe, tenho
medo de ir em busca de Jesus sem Vós, porque, se bem que misericordioso, sei
que cometi muitos pecados, e sei também que Jesus é justo no castigo. Peço-vos
uma coisa grande, não é verdade, minha Mãe? Mas que hei de fazer, se o que
perdi por meus pecados não o acho senão por vossa mediação? Ademais, pouco é o
que vos peço em relação ao muito que podeis fazer por mim”.
Morte Heróica
Em 1902 Gema, em boa saúde desde a sua
cura milagrosa, ofereceu-se a Deus como vítima pela salvação das almas. Jesus
aceitou a sua oferta. A partir de setembro ela então ficou extremamente
doente e sua vida é marcada profundamente da dor. Começa o período mais escuro
da sua vida. As conseqüências do pecado caem pesadamente sobre o seu corpo e sua
alma.
Seu estômago não suportava nenhum tipo
de comida. Apesar de ter recuperado sua saúde rapidamente, pela Providência
Divina, ela adoeceu novamente. Em 21 de setembro de 1902 ela começou a expelir
sangue com as violentas palpitações de amor de seu coração. Enquanto isso ela
passava por um martírio espiritual, pois ela experimentava aridez e nenhum
consolo em seus exercícios espirituais. Além disso, seu inimigo, o demônio,
multiplicava seus ataques contra a jovem “Virgem de Lucca”.
O Inimigo reforçava sua guerra contra
Gema, pois ele sabia que o fim estava próximo. Ele esforçava-se para
persuadi-la de que ela tinha sido totalmente abandonada por Deus. Usava suas
diabólicas aparições e até mesmo violência física, batendo no frágil corpo de
Gema.
Uma testemunha ocular que cuidava de
Gema disse:
“Aquela besta abominável vai ser o fim
da nossa querida Gema - golpes atordoantes, formas de animais ferozes etc. - eu
a deixei com lágrimas nos olhos porque o demônio a está esgotando.”
Gema clamava incessantemente os nomes
Santos de Jesus e Maria, mas a batalha continuava. O seu Diretor Espiritual, o
Venerável Germano, vendo o esforço final de Gema, disse:
“A pobre sofredora passou dias, semanas
e meses desse modo, dando-nos um exemplo de paciência heróica e razões para um
medo saudável pelo que pode acontecer conosco, que não temos os méritos de
Gema, na terrível hora da morte”.
Ainda assim, mesmo passando por essas
provações, Gema nunca se queixou, ela apenas rezava. Gema estava no fim. Ela
era praticamente um esqueleto vivo, mas ainda linda, apesar da devastação da
doença. Ela recebeu o “Viático”.
Em suas últimas palavras, disse: “Eu
não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos a Deus; agora eu me preparo
para morrer”. Ela falava com dificuldade. “Agora é mesmo verdade que não me
resta mais nada, Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti... Jesus !”
Gema então sorriu um sorriso celestial
e deixando pender a cabeça para um lado, deixou de viver.
Uma das irmãs presente na hora da morte
vestiu o corpo de Gema com o hábito dos Passionistas, que era a ordem à qual
Gema sempre aspirou.
Essa morte abençoada aconteceu no
Sábado Santo, dia 11 de Abril de 1903, quando Gema Galgani tinha 25 anos.
A Canonização.
As autoridades da Igreja começaram a
estudar a vida de Gema em 1917 e ela foi beatificada em 1933. O decreto
aprovando os milagres para a canonização foi lido a 26 de março de 1939 -
Domingo de Ramos. Gema Galgani foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas
trinta e sete anos depois da sua morte.
Há um verso do poema de Dante (Paraíso,
c. XXX, 19-21) no qual a beleza sobrenatural é admiravelmente recordada e
exaltada. (2) Ele também se adapta bem à pequena Jóia de Cristo, verdadeira
Beatriz, que o Senhor com tanta alegria enfeitou para Si mesmo:
Santa Gema, rogai por
nós.
Explicações tidas pelo Anjo da Guarda: Do Diário de Gemma Galgani (alguns trechos).
Na manhã do dia 25 de março, Jesus se fez presente à minha alma mais
vezes: sentia um recolhimento interno, que por graça de Deus nada podia me
distrair; ao meio dia sinto que o meu anjo me bate no ombro e me diz:
- Gemma, venho em nome de
Jesus a exaurir a sua promessa.
Não sabia o que pensar; fiquei admirada
em escutar aquelas palavras.
- Filha,
acrescentou, eu sou o teu guarda, mandado de Deus; eu venho para
fazer-te entender um mistério, maior que todos os outros mistérios.
Era estupefata, ainda não entendia... O
meu anjo percebeu e me disse:
- Lembras, 12 dias
atrás, aquilo que te prometi?
Pensei e logo me veio à mente.
- Sabes, oh minha filha, que
eu te falarei sobre Maria Santíssima, de uma moçinha tão humilde diante do
mundo, mas de uma infinita grandeza diante de Deus; te falarei da mais linda,
da mais santa de todas as criaturas; da filha predileta do Altíssimo, daquela que
vinha destinada à incomparável dignidade de mãe de Deus.
... Era já noite
adentro e Maria Santíssima estava sozinha no seu quarto: rezava, era toda
compenetrada em Deus. De repente aparece uma grande luz naquele mísero quarto e
o arcanjo, transformando-se em corpo humano e circundado de um numero infinito
de anjos, vai perto de Maria, reverente e majestoso. A reverência como Senhora,
sorri a Ela como anunciador de uma bela noticia e com doces palavras assim lhe
diz: "Ave, ó Maria, o Senhor é com ti. A bendita tu és entre todas
as mulheres". O belo, o
grande e sublime augúrio, que na terra nunca se escutou nem se escutará jamais!
..."Apenas o arcanjo celeste pronunciou estas palavras, silenciou, quase
esperando o sinal dela para explicar a sua divina embaixada. Maria porém,
escutando a surpreendente saudação, se inquietou; se calou e pensava. Mas
talvez crias, ó filha minha, que à Maria não tivessem descido os anjos do
paraíso? Ela a cada momento gozava da visita e dos doces colóquios... Ela não
vai investigar na sua mente o significado misterioso, mas se inquieta porque;
acredita ser indigna da saudação Angélica. Ah! Filha minha", me
repetia, "se Maria tivesse sabido quanto a sua humildade fosse
de agrado ao Senhor, não se teria sentido indigna dos obséquios de um anjo.
"Como, dizia para si mesma, "um anjo de Deus me chama cheia de graça,
enquanto eu me reconheço não merecedora de qualquer divino favor? "Como,
pensava Maria, "um anjo do paraíso me chama bendita entre as mulheres, enquanto
sou entre as mulheres a mais inútil, a mais vil, a mais objeta? Qual mistério
se esconde atrás do véu desta sublime saudação?...
"À saudação do
anjo, Maria não havia dado nenhuma resposta; então Gabriel para acalmá-la
repetiu: "Não temer, ó Maria, tu és a única que encontrou graça diante o
Altíssimo. Deste momento conceberás no teu seio um filho, o chamará com o nome
de Jesus e de todos será chamado Filho do Altíssimo: a ele será dado o trono de
Davi, reinará em eterno e o seu reino não terá fim". Com estas sublimes
palavras o arcanjo explicou tudo o que devia a Maria...
... O anjo já havia
manifestado a Virgem o mistério da grande missão, isto é, que Ela estava para
ser a mãe do Filho do Altíssimo. Mas Ela, olhando na direção do anjo, lhe
disse: "E em que modo poderá acontecer isto, se conservo o meu candor
virginal?" (Já tinha sido prognosticado por Isaías, que dizia que o Cristo
devia nascer da mãe virgem)... Saiba, aqui me disse o meu anjo, "que Maria
Santíssima, com um exemplo jamais ouvido, desde do início da sua vida tinha
consagrado ao celeste esposo das almas castas a sua flor virginal e, mesmo que
não fosse sujeita a tentações, não havia deixado de conservar aos seus lírios
entre os espinhos da mortificação.
"Refleti", me dizia, "como Maria
Santíssima silenciou a todas as coisas que se referiam ao grande mistério,
somente falou e se demonstrou aberta, quando ouviu tratar do seu puro candor e
se colocou perto daquele anjo de Deus com doce vontade… Entendeu,
ó filha, quanto Maria amasse esta bela, Angélica, celeste virtude? Mas quem
acreditas tu que a amasse mais? Jesus ou Maria? Certamente Jesus que nunca
teria escolhido uma mãe, se não virgem pura, imaculada.
O anjo Gabriel respondeu:
"Maria, o
Espírito Santo descerá sobre ti, a virtude sublime do Altíssimo te cobrirá; e
porém aquele que nascerá da ti santo será o verdadeiro Filho de Deus. A este
ponto te informo que Isabel, tua parente, na sua velhice concebeu um filho e é
já ao sexto mês, aquela que dizia ser estéril, porque lembras que a Deus nada é
impossível".
O anjo Gabriel
continuou a Maria Santíssima com estas palavras:
"Estai tranqüila
e consola-te, ó virgem bendita: o divino Espírito será aquele que descerá para
fecundar as tuas vísceras imaculadas. A onipotente virtude do Altíssimo operará
em ti um novo prodígio que, conservando ao mesmo tempo a honra de virgem, te
dará a alegria de mãe. O santo, que conceberás no teu seio, não será que o
Filho de Deus".
Com estas palavras o arcanjo Gabriel
revelava o arcano, explicava o mistério, tranqüilizava Maria.
"Enfim tudo foi
feito, não faltava que a última palavra de Maria, para que a virgem fosse mãe
de Deus. O Verbo divino, gerado do Pai no esplendor dos santos, não devia ter
pai na terra, assim como mãe não teve no céu. E Maria, sendo eleita genitora do
Unigênito do divino Pai, se transformava do mesmo Pai, a unigênita filha. Sendo
Ela a virgem que devia dar os humanos, membros ao Verbo divino; era elevada à
dignidade de Mãe do Filho de Deus. Sendo Maria aquela, sobre a qual teria
descido o Espírito Santo, que coberta com a Sua virtude onipotente a teria
feita mãe virgem de um filho Deus, era por isso elevada à grandíssima honra de
esposa ao Espírito Santo.
"Explicado o enigma, tranqüilizada completamente a virgem, o
mensageiro divino silenciava, ansioso esperando a sua resposta, isto é, a
autorização de Maria à encarnação do Verbo eterno... e Ela responde:
"Eis a
serva do Senhor, seja feito de mim segundo a tua palavra".
Tudo é feito, Maria é
a mãe do Filho do Altíssimo. A estas palavras exulta o céu, se consola o mundo
inteiro. O anjo reverente se prostra diante à sua Senhora e depois pega o vôo e
volta ao paraíso.
Maria, no ato de
aceitar a altíssima dignidade de Mãe de Deus, se declarava humildemente serva
do Senhor. Esta humildade profundíssima, em que a encontrou recolhida e quase
abandonada, o anjo do Senhor, não faltou à gloriosa saudação e a mais gloriosa
proposta de ser a mãe do Verbo divino.
"Maria tinha
então proferido o prodigioso Fiat (sim), e em um instante, formado do divino
Espírito no seu seio, da puríssima virginal substância, um tenro e perfeito
corpinho e unindo uma alma humana, se juntaram em simbiose, à divina Pessoa do
Verbo. O milagre! Aquele Deus, que não pode ser contido na grandeza dos céus,
está dentro do ventre de Maria. Aquele Deus, que sustenta com um dedo a grande
máquina do universo, é sustentado pelo puro seio de uma virgem. Quem pode dizer
portanto qual seja a grandeza da alegria que inundou e incendiou a alma de
Maria naquele feliz momento em que se transformou em mãe do Filho de Deus? O
Rei dos Reis, o grande Senhor dos dominantes colocou o seu trono no seio de
Maria. Um infinito gáudio inundou Maria, quando se fixou na infinita luz e pode
mirar os arcanos esplendores da divindade.
Aceitando Maria a incomparável dignidade de mãe de Deus, aceitava o generoso
dever de mãe do humano gênero.
Devemos alegrar-nos: Maria, dando o seu
consentimento ao anjo, nos adotou como filhos e se transformou na mãe de todos
nós.
Mais
alguns Trechos do Diário de Gemma Galgani
... Era de muito tempo que suplicava a
Jesus a fim de que me tirasse todos os sinais externos, mas Jesus invés
acrescentou um outro; me fez experimentar pequenas partes da sua flagelação; as
dores das mãos, pés, cabeça e coração acrescentou também alguns outros. Seja
sempre agradecido. Lá pelas cinco horas comecei a sentir uma dor tão forte dos
meus pecados, que me parecia de estar fora de mim: mas a este pavor logo
apareceu a esperança na misericórdia de Deus e logo me acalmei.
... Não experimentava ainda nenhuma dor; depois de mais ou menos uma hora me
pareceu de ver o meu anjo da guarda que tinha na mão duas coroas: uma de
espinhos, feita a forma de chapéu e a outra de lírios branquíssimos.
A primeira impressão este anjo me deu
um pouco de medo, mas depois, alegria; juntos adoramos a grandeza de Deus,
gritamos; "Viva Jesus!" forte e depois,
mostrando-me as duas coroas, me perguntou qual preferia. Não quis responder,
porque padre Germano me o havia proibido, mas insistiu, dizendo-me que era ele
que o mandava e para dar-me um sinal que verdadeiramente era ele que o mandava,
me benzeu na maneira que era hábito ele fazer e fez a oferta de mim ao eterno
Pai, dizendo-me que esquecesse naquela noite a mim mesma e pensasse aos
pecadores.
Fui influenciada por estas palavras e
respondi ao anjo que escolheria aquela de Jesus; me mostrou aquela de espinhos
e me a deu; a beijei diversas vezes e o anjo desapareceu, depois de tê-la
colocada sobre a minha cabeça.
Comecei então a sofrer, nas mãos, pés e
na cabeça; mais tarde, no corpo inteiro e sentia fortes socos. Passei a noite
deste modo; com força me levantei na manhã seguinte, para não dar na vista; os
socos e as dores até as duas horas; nesta hora apareceu o anjo (e para dizer a
verdade, quase não podia ficar em pé) e me fez estar bem, dizendo-me que Jesus
tinha tido compaixão de mim, porque sou pequenina e era incapaz de chegar a
sofrer até a hora que Jesus expirou.
Depois estive bem; porém eu sentia
todos os ossos e mal me podia agüentar em pé. Mas uma coisa me afligia: via que
os sinais não tinham desaparecido, nos braços e em qualquer outra parte do
corpo (notei enquanto me vestia) havia manchas de sangue e alguns sinais de
socos. De manhã, quando fiz a comunhão, rezei com mais fervor a Jesus, que me
tirasse os sinais e me prometeu que no dia da sua Paixão me teria tirado. Soube
que a Paixão era terça-feira e sextas-feiras, não deveriam mais passar.
A última sexta-feira, os sinais na cabeça, nas mãos, nos pés e no coração não
mais existiam; mas Jesus pela segunda vez me fez sentir novamente alguns socos:
veio-me um pouco de sangue em algumas partes do corpo, mas espero que Jesus
logo me tirará também estas.
... Hoje que eu pensava de estar livre daquela fera, invés ela me
atormentou muito. Eu fui com a intenção de dormir mas aconteceu tudo uma outra
coisa:
Começou com socos que temi pudessem me fazer morrer. Era na forma de um
grande cão todo preto e me colocava as pernas sobre os meus ombros; mas me fez
muito mal porque me fez sentir todos os ossos.
As vezes acredito que ele me segurasse, aliás uma vez, tempos atrás, no
pegar a água benta, me torceu tão forte o braço, que cai no chão com grande dor
e então me tirou o osso do lugar; mas logo voltou, porque me tocou Jesus e tudo
retornou ao normal.
... Ontem aconteceu a mesma coisa: fui para dormir e adormeci, mas o
demônio não, parecia que não tinha vontade. Se mostrou de uma maneira suja, me
tentava, mas fui forte. Dentro de mim pedia a Jesus que preferia que me tirasse
a vida do que dever ofendê-lo. Que tentações horríveis são aquelas! Todas me
desagradam, mas aquelas contra a santa pureza quanto me fazem mal!
Depois para colocar-me em paz, veio o anjo da guarda e me tranqüilizou
dizendo que eu não havia feito mal algum. As vezes reclamo porque gostaria que
me viesse ajudar em determinados momentos, e me diz: Que eu o veja ou não, está
sempre acima da minha cabeça; e ontem, porque Maria Santíssima Venerada me
ajudou de verdade e fui muito forte, me prometeu que à noite teria vindo Jesus
a ver-me.
... Esta sexta-feira sofri muito mais, porque fui obrigada a fazer pequenas
coisas, e a cada movimento pensava de morrer. Minha tia me tinha impedido de
trazer para cima um pouco de água: fiz com dificuldade, e me parecia (mas era
tudo idéia minha) que as espinhos me fossem ao cérebro e me começou a cair uma
gota de sangue das têmporas. Me limpei rápido. Me perguntou se eu tinha caído e
quebrado a cabeça; lhe disse que tinha-me arranhado com a corrente do pescoço.
Depois fui procurar as freiras; eram 10 horas e fiquei com elas até às 5.
Voltei para casa, mas Jesus já tinha feito desaparecer tudo.
... Fui dormir com a firme intenção de dormir; o sono não demorou a vir
e me apareceu quase logo um homem pequeno, pequeno, de cor perto e de pelo
preto. Que susto! Pousou as mãos sobre a cama, pensei que quisesse surrar-me.
Não, não, não posso te surrar, não te amedronte, e no dizer isso, ia se
alongando. Chamei Jesus em minha ajuda, mas não veio; nem por isso me deixou:
depois de ter invocado o nome de Jesus, me senti logo livre, mas foi tudo de
repente.
... Tinha terminado as orações: fui para a cama. Quando o anjo teve de
Jesus a permissão de vir, voltou e me perguntou:
- "Quanto tempo faz que não rezas pelas almas do purgatório?...
"A cada pequena pena que sofres, as alivia; também ontem e hoje, se tu
tivesses oferecido a elas aquele pouco...".
Mas respondi um pouco admirada:
- "Me doía o corpo; e se as dores do corpo aliviam as almas do
purgatório?
- "Sim", me disse; "sim, filha; o menor padecimento as
alivia".
Prometi-lhe então que daquele momento em diante qualquer coisa seria
oferecido por elas.
... Eram mais ou menos nove e meia, eu estava lendo: de repente sinto uma mão
apoiada ligeiramente sobre o meu ombro esquerdo. Girei apavorada; tive medo,
pensei em chamar, mas não o fiz. Me girei e vi uma pessoa vestida de branco: vi
uma mulher, a olhei e o seu olhar me fez entender que não havia nada a temer:
- "Gemma", me disse depois de alguns
minutos, "me conheces?".
Eu disse que não, porque bem que podia dizer; e ela acrescentou:
- "Eu sou a irmã Maria Teresa do Menino Jesus; te
agradeço muito por ser tão primorosa porque logo possas alcançar a minha eterna
felicidade".
... Naqueles momentos o anjo da guarda me sugeria ao ouvido:
- "Mas a misericórdia de Deus é infinita".
Me acalmei. Comecei logo a padecer muito na cabeça: eram mais ou menos
dez horas. Quando fiquei sozinha, me coloquei na cama: sofri um pouco, mas
Jesus não demorou a aparecer, mostrando-se, também ele, que sofria muito. Lhe
lembrei os pecadores, pelos quais também Ele me estimulou a oferecer
todos os meus pequenos padecimentos ao eterno Pai em nome deles.
... Depois do que me aconteceu, teria sabido com prazer que alguma
coisa quisesse dizer aquela luz que saia das chagas, em particular da mão
direita, com a qual me abençoou.
O anjo da guarda me disse estas palavras:
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