A montanha Pelée em erupção (foto tirada de um navio) |
Os partidários do PACS e de outras abominações modernas (aborto, etc.), ganhariam em meditar sobre esse acontecimento, já que o profeta Oséias escreveu há muito tempo: “Aquele que semeia ventos, colherá tempestades” (Os. VIII, 7); e, mais próximo de nós, São Paulo escrevia aos Gálatas: “Ninguém se engane: não se brinca com Deus” (Ga. VI, 7).
Não pensemos que estas palavras estejam ultrapassadas porque Deus se cala. “A pena é deixada para depois porque Deus é bom – escreveu Joseph de Maistre na obra ‘As delongas da justiça divina’ – mas ela é certa porque Deus é justo.”
Parece que estas verdades nos permitem compreender essa terrível catástrofe do dia 8 de maio de 1902.
Depois de ter visitado em São Pedro o pequeno museu que reúne algumas lembranças e fotografias da cidade após sua destruição, eu perguntei à jovem antilhana que me servia de guia, se os habitantes da Martinica não tinham visto nesse cataclisma um castigo. Sem hesitação, ela me respondeu que sim. Eu lhe perguntei então qual podia ser a causa dessa punição. Essa moça, de mais ou menos 30 anos, me disse que a religião era desprezada e seus ministros eram insultados, acrescentando que talvez um padre tivesse sido morto durante o carnaval precedente de 1902.
Nesse lugar, 2 crateras “dormiam” desde séculos: o lago dos Palmistes, sobre a vertente do Atlântico, e o abismo chamado l’Étang Sec (o Lago Seco), em oposição ao lago que estava sempre cheio, situado sobre a outra vertente desse mesmo cume. A cratera do Lago Seco tinha dado, no dia 5 de agosto de 1855, alguns ligeiros sinais de vida: jatos de fumaça e cinza foram lançados a uma distância de apenas 100m.
Em 1902, desde o mês de fevereiro, primeiro um forte odor de enxofre exalou-se em direção à cidadezinha de Rivière Blanche. As serpentes e os pássaros abandonaram os flancos da montanha. Bois e carneiros rompiam suas cordas quando eram levados a pastar nas encostas da montanha; frequentemente os cães uivavam durante a noite.
Algumas poucas fumaças apareceram um pouco abaixo do cume da montanha e, nos arredores, todos os objetos de prata se cobriam de uma fina camada azulada.
Esses fenômenos duraram até a sexta-feira 25 de abril. Nesse dia, entre as 7 e 8 horas da manhã, se ouviu uma detonação subterrânea, seguida imediatamente de um tremor de terra. Duas horas mais tarde, uma fina cinza azulada, com um forte odor de enxofre, começou a cair sobre a vila de Prêcheur. Durante a tarde, a terra tremeu de novo duas vezes.
Na segunda-feira, 28 de abril, ouviram-se estrondos sobre a montanha ao mesmo tempo que colunas de vapor saíam dela. O curso d’água do ribeirão Blanche chegou a triplicar seu volume normal.
Em São Pedro da Martinica, na véspera, se realizava o primeiro turno das eleições legislativas, que eram particularmente disputadas. As paixões estavam superexcitadas e a febre política ocupava mais os espíritos que a insólita enchente do ribeirão vizinho, ou a presença ameaçante de algumas nuvens de cinza que, de resto, não tinham ainda atingido São Pedro. Os resultados do primeiro turno prometiam a vitória dos “republicanos”. As pessoas de idade se lembravam sem dúvida desses fenômenos aparecidos 51 anos antes. A Montanha expeliu cinza que não causou nenhum estrago, e depois ela adormeceu sem mais problemas.
No Les Colonies, o maior jornal socialista de São Pedro, M. Hurard, seu diretor anti-clerical, escrevia:
No dia 2 de maio, durante a manhã, os estrondos se multiplicaram e, mais ou menos às 16 horas, uma coluna de vapor negro escuro, inchada, sulcada por clarões, aparecia no cume. A cinza continuava a cair e, pela primeira vez, São Pedro foi recoberto de cinzas.
Na noite de 2 para 3 de maio, os habitantes do Morne Rouge foram despertados no meio da noite por uma espécie de canhonada subterrânea, um tremor de terra e uma terrível explosão , tudo isso acompanhado de uma espécie de ronco contínuo, semelhante ao rugido do leão. Todo mundo saiu de suas casas. A Montanha estava coroada de clarões que saíam da cratera. O pânico se apoderou dos moradores, que se precipitaram em direção à igreja; os confessionários foram “tomados de assalto”. A multidão permaneceu ali até a manhã, esperando a morte.
A “Sociedade de Ginástica” de São Pedro, que tinha organizado para o domingo seguinte uma grande excursão sobre a Montanha, refrescava assim, na imprensa, a memória de seus membros:
Na segunda-feira, 5 de maio, mais ou menos às 12:30 hs, um rio de lama negra incandescente, com uma dezena de metros de altura, saiu da cratera e como uma avalanche, num piscar de olhos, desceu da Montanha e cobriu a Fábrica de rum Guérin, as casas dos proprietários e pavilhões dos empregados. Somente a chaminé da usina, como um mastro de um navio que afunda, ficou visível algumas horas no meio dessa maré de lama que engoliu 150 pessoas.
No mesmo momento em que ocorria essa avalanche, no ancoradouro de São Pedro, o mar se retirou, como se estivesse espantado. Depois, de repente, as ondas voltaram como montanhas, e invadiram a cidade espalhando nela a consternação. Os habitantes começaram a fugir para os lugares mais altos, mas vinte minutos mais tarde tudo voltou ao normal.
Então a emoção subiu ao máximo. Algumas famílias partiram para a ilha de Santa Lúcia, muitos outros para outras povoações onde parentes e amigos podiam recebê-los provisoriamente…
As autoridades então se aplicaram a tranqüilizar a população!
A pedido expresso do prefeito, o governador Mouttet e o coronel Gerbault, acompanhados de suas esposas, vieram e ficaram em São Pedro a partir de 6 de maio, o que lhes custará a vida.
A “Comissão científica” nomeada pelo governador declarou, na véspera do desastre, no começo da noite, através de toda a cidade de São Pedro e ao som do tambor, “que a posição relativa das crateras e dos vales que desembocam no mar permite afirmar que a segurança da cidade de São Pedro é absoluta.”
E esta consulta solene foi afixada em Fort-de-France 3 horas depois do desastre! O Criador faz pouco da ciência dos homens. A Deus somente pertence o futuro.
Na tarde desse mesmo dia, 7 de maio, o capitão de um barco italiano parado no ancoradouro foi melhor inspirado; ele foi procurar com urgência seus papéis com o seu consignatário, que lhe disse para voltar no outro dia: “Pois bem, eu dispenso os papéis! – respondeu ele, e mostrando a Montanha Pelada, acrescentou: “Se na Itália nós víssemos o Vesúvio esfumaçar tão fortemente, todo mundo se apressaria em fugir!” No dia seguinte, os 400 barcos ancorados no porto estavam todos, à exceção de um só, incendiados e submergidos.
O jornal Les Colonies, no seu número da quarta-feira 7 de maio, o último, aquele que devia fechar sua carreira, noticiava: “(…) A emigração de São Pedro continua a se intensificar… os vapores da companhia Girard estão sempre cheios. A média de viajantes na linha de Fort-de-France, que era de 80 passageiros por dia, aumentou para 300 por dia de três dias para cá. Nós confessamos não compreender o porque desse pânico. Onde se pode estar mais seguro que em São Pedro?”
Muitos sem dúvida esperavam que se o vulcão se enfurecesse em extremo, eles teriam tempo de fugir das lavas. Outros pensavam que a expulsão desse imenso rio de lama tinha aliviado o vulcão, e que a crise tinha passado. Alguns, temendo uma grande invasão da água do mar (raz-de-marée), preferiam ir para os lugares mais altos. A erupção da ilha de Krakatoa era a causa desse medo: o vulcão Sonde tinha explodido como uma bomba gigantesca provocando um grande “raz-de-marée”.
Abandonar a própria casa era se expor seguramente à pilhagem e se expor à ruína.
O número de filhos, as pessoas para cuidar, os enfermos, os doentes, foram certamente para um bom número um obstáculo à fuga.
É exagerado pensar que o espetáculo impressionante desse monstro encolerizado provocava uma espécie de fascinação? Isto não é impossível.
Enfim, as eleições que continuavam a esquentar os ânimos na ilha, tinham feito nesse ano a “temperatura social” se elevar a graus jamais antes atingidos. O segundo turno da eleição devia se realizar no dia 11 de maio. Para que houvesse eleitores, o povo devia permanecer ali, convinha então tranqüilizá-lo, e o relatório da comissão científica certamente contribuiu para isto!
O vapor “Rubis” que deixava o porto às 6:30 hs em direção à Fort-de-France, foi tomado de assalto por numerosos viajantes. Ele foi literalmente invadido por grupos de pessoas que se agarravam em todas as partes do navio. Muitos habitantes, aterrorizados pela noite que tinham acabado de passar, se tinham resolvido a partir.
Os carrilhões tocaram todos os sinos chamando os fiéis aos primeiros ofícios do dia da Ascensão.
De repente, se ouviu uma explosão terrível. Eram 7:50hs; foi a hora fatal que ficou inscrita no relógio encontrado no hospital mantido pelos Padres de São João de Deus.
Na hora fatal, o receptor de telefone de Fort-de-France, M.Lodéon, estava desde alguns instantes conversando com o seu colega de São Pedro, quando este se calou bruscamente no meio de uma palavra inacabada. Enquanto que todas as sirenes apitavam, M. Lodéon sentiu um violento tremor elétrico e percebeu um estertor de agonia e como o ruído de um vasto desmoronamento. E, é claro, a ligação se interrompeu.
A destruição tinha se completado. 70 segundos bastaram para varrer a cidade de São Pedro da Martinica do mapa.
Então, uma chuva de cinza fina cobriu o drama como uma mortalha. Da cidade só restava um braseiro, paredes despedaçadas e calcinadas, um monte indescritível de entulho e de árvores carbonizadas. Dos 40.000 habitantes que presenciaram o drama, nem um escapou; eles foram queimados, asfixiados, fulminados, eletrocutados num instante.
são Pedro da Martinica depois da catástrofe |
Apenas 1 dos 400 barcos ancorados no momento do cataclisma, o Roddam, escapou ao desastre. Temos a narração feita por um de seus passageiros:
Vimos uma multidão se precipitar para a praia. Mas os infelizes não corriam muito tempo, naquele fogo que os envolvia. Eles caíam como moscas, e os que chegaram até a beira do mar onde eles pensavam encontrar a salvação, foram de uma só vez engolidos por uma imensa lama que os arrastou. Além disso, as ondas se tinham tornado ferventes, e as pobres vítimas foram queimadas antes mesmo de se afogarem”.
Ruinas da cidade de São Pedro da Martinica depois da erupção |
Porque o drama de 8 de maio de 1902 é um castigo?
Nove meses antes da erupção, duas irmãs que residiam em São Pedro, no mesmo dia, ainda que encontrando-se em lugares diferentes, viram uma espada de fogo pairar sobre a cidade, como que retida por uma mão invisível. Espantadas, perguntavam-se, cada uma de seu lado, o que isto poderia significar… Consternadas, elas guardaram seu segredo até a hora da recreação. Então uma delas disse à suas Irmãs reunidas: “Oh! Eu vi uma coisa extraordinária e espantosa!” A segunda religiosa, testemunha do prodígio, respondeu-lhe: “Irmã, é impossível que a senhora tenha visto algo de mais espantoso e extraordinário do que o que eu vi.” Diante da insistência das outras Irmãs que pediam explicação, elas fizeram a mesma declaração: visão muito clara de uma espada de fogo que pairava sobre a cidade de São Pedro.
Na mesma época, um fato extraordinário aconteceu no Morne Rouge, numa outra casa da mesma comunidade religiosa. Durante vários dias seguidos, “uma de minhas Irmãs e eu” – relata Ir. Margarida-Maria – “nós encontramos as cortinas de nossos leitos cobertas de grandes manchas vermelhas semelhantes a sangue. As cortinas foram renovadas três vezes e, cada vez, o mesmo fenômeno se reproduzia: sobretudo um leito tinha as cortinas particularmente atingidas.” Estupefação na comunidade. “Que significa esse fato estranho?” – diziam entre si as religiosas – “talvez seja um anúncio de martírio.” “Quanto a mim, pensando nos progressos da perseguição religiosa, eu vi nisso um presságio de massacre…”
Também no Convento do Livramento de Morne Rouge, durante os três meses que precederam o cataclisma, ouvia-se à noite, nos grandes corredores, soluços, suspiros e orações; durante o carnaval. Esses fatos se produziram mesmo durante o dia, ruídos de soluços eram percebidos em vários pontos do convento. Na terça-feira do Carnaval, no momento em que a comunidade confessava suas culpas na igreja, a Rev. madre superiora, retida por casa de doença na sala da comunidade, ouviu um choro na porta. O ruído foi tão forte que ela enviou uma religiosa que cuidava dela a ver se não havia alguém no corredor… Mas a religiosa não encontrou ninguém.
Contam-se ainda outros fatos misteriosos: uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes, cuja fisionomia sorridente mudou repentinamente para exprimir uma grande tristeza, ruídos de pratos quebrados num convento de religiosas, uma lâmpada que estremeceu.
- “para punir os brancos por causa da escravidão…”, cuja festa da abolição se comemora nesse ano o 150º aniversário.
- ou: “para punir os costumes relaxados”. É verdade que as uniões ilegítimas eram de longe as mais numerosas, e que a rua das prostitutas era muito freqüentada. O último mandamento do bispo D. Cormont era um apelo insistente a seus diocesanos para os exortar a regularizar as uniões ilegítimas e a respeitar as leis do casamento.
Não, ela mencionou sem hesitar os pecados contra a religião.
Citemos a obra de Louis Garaud, Três anos na Martinica:
O carnaval, que toma proporções inimagináveis nas Antilhas, se dedicou naquele ano a atacar a religião. Os participantes, disfarçados de religiosos ou religiosas, zombavam da religião. Algumas testemunhas afirmam que D. Cormont teve que encurtar a procissão de Corpus Christi precedente em razão dos insultos e das pedras que o cortejo recebia!
D. Cormont teve mesmo que deixar a Martinica alguns meses antes da catástrofe a fim de acalmar os espíritos. Com efeito, uma polêmica muito viva se tinha levantado devido ao fato que ele queria conceder uma promoção a um de seus sobrinhos que era padre, quando um mais antigo disputava o lugar… Cada um deles tinha os seus partidários!
Na sua partida, algumas pessoas, estimuladas pela Maçonaria, tinham-lhe jogado pedras. D. Cormont se voltou para elas dizendo: “Os senhores nos lançam pedras, o vulcão as devolverá.” Estávamos no dia 10 de abril!
No seu livro Peregrinação fúnebre às ruínas de São Pedro, U. Moerens escreveu, na pág. 60:
Apoiada pelo testemunho de um dos habitantes da Martinica, essa notícia apareceu sob o título “Cristo no vulcão”, no dia 5 de setembro de 1902, num dos maiores jornais parisienses:
Ei-los em pouco tempo fora da cidade, no caminho que leva à montanha. Diante deles, a montanha se eleva majestosa, destacando o seu cume recortado sobre o azul do céu, e catorze vezes, no meio de blasfêmias infames, esse grupo para, fazendo estações para parodiar a Via-Sacra e desprezar as cenas da Paixão que a Igreja canta nesse momento de maneira tão dolorosa. Eles sobem, sobem, cada vez mais agitados, inventando a cada passo as mais horríveis blasfêmias. Por fim, ei-los no cume… Eles contornam o lago de águas tranqüilas, chegam junto à boca escancarada do vulcão e lá, no meio de uma dança infernal, uivando e gesticulando, eles precipitam no fundo do abismo a imagem daquele que, há dezenove séculos morreu na cruz para resgatar as almas desses criminosos. No dia da Ascensão, entre os estertores dos mortos e gritos de espanto, o vulcão respondia aos que tinham insultado Jesus Cristo, fazendo a cruz subir de novo aos céus”.
Evidentemente, os livre-pensadores não tinham nenhum interesse em que esta história fosse conhecida. Ela foi considerada como uma fábula, uma invenção dos católicos e, hoje, ela nunca é citada.
- A senhora já sabia há muito tempo que essa catástrofe aconteceria?
- Sim [respondeu Melânia].
- Sabia disso através da aparição de 1846?
- Não [respondeu ela].
É necessário arrancar-lhe tudo [retoma o Pe. Combe], e ainda assim ela só responde com um sim ou com um não.
- Você viu a erupção. Então, fale.
- Ah, padre, eu estava no meio dela.
Na sexta-feira 16 de maio de 1902, o Pe. Combe escreve :
‘Nós não o roubamos, mas o compramos e o arrancamos da mão de Deus. Ele não vai se contentar de advertir uma só vez suas amadas criaturas que Ele tanto ama, nem duas, e mesmo quando sua justiça pede à sua glória para vingar à sua misericórdia ultrajada, esse bom Divino Mestre adverte, mas como que ocultando isto à sua justiça. Ele faz sentir docemente alguns tremores de terra incomuns. É assim que ele vai fazer nessas pequenas Antilhas Francesas. Durante mais de seis dias, haverá pequenos tremores intercalados por outros um pouco maiores. Mas ai! Os homens têm ouvidos mas não ouvem. Por fim, no dia 8 de maio de 1902, o fogo devorador cai sobre uma das principais cidades da Martinica: São Pedro, a devora e a cobre de cinzas e de ruínas de toda espécie. Além da destruição dessa cidade, três outros lugares serão atingidos pelo mesmo fogo com vítimas, sem contar os danos nas propriedades. O fogo não se terá acalmado inteiramente na sua caverna. 12 dias depois do primeiro cataclisma, Fort-de-France chorará e muitos outros chorarão também’.
A vidente de La Salette, Melanie Calvat, em três fases da vida |
- Como a senhora viu por antecipação a destruição de são Pedro? Poderia me dizer o nome desses lugares que terão a mesma sorte? [pergunta o Pe. Combe].
- Curbet ou Curba, é um nome mais ou menos assim [responde Melânia]“.
No dia 22 de maio, o Pe. Combe anota:
Ela me contou que, “na última Sexta-Feira Santa, um grande crucifixo de mais de um metro foi arrastado nas ruas de São Pedro com uma corda, e em seguida na subida de uma montanha e, chegado junto a uma cratera, foi precipitado lá dentro.”
- Não, somente alguns [explicou Melânia], no entanto se lhes deixou agir e uma dúzia de meninos os seguia. A montanha rachou no mesmo lado na manhã da Ascensão. Como Deus pode punir dessa maneira? Considere. É a justiça? Nos tempos de verdadeira fé houve também profanações. A diferença é que as profanações eram denunciadas, e alguns foram pesadamente condenados pelo poder civil; outros foram castigados de maneira miraculosa. No caso da Martinica, a profanação foi pública, se deixou fazer; os meninos seguiam; entre a Sexta-Feira Santa e a quinta feira da Ascensão ouviu-se dizer que foram feitas preces de reparação ou que o clero organizou procissões, penitências públicas que teriam desarmado a cólera de Deus? (ver: “A Aparição da Santíssima Virgem”, de M. H. Bourgeois – cassette audio nº 4b)
Um detalhe contado por um dos primeiros que se aventuraram a entrar na cidade parece confirmar que o cataclisma foi um castigo pela impiedade.
“Jesus Cristo no pelourinho! A Virgem na estrebaria!”, dizia a espantosa inscrição, pois o espetáculo que se oferecia aos olhares bem parecia uma resposta a esta blasfêmia.
No dia 16 e no dia 20 de maio, novas erupções fizeram novas vítimas: curiosos e, sobretudo, ladrões que vinham como abutres para despojar os cadáveres de seus bens. Depois de 20 de maio, encontrar-se-ão mortos deitados sobre um saco de prataria que eles se preparavam para levar; um outro foi encontrado sobre um cadáver ao qual ele parecia estar arrancando uma jóia!…
A erupção do dia 20 de maio, que foi muito forte, teve um efeito sanitário. Ela sepultou os cadáveres, evitando assim o desenvolvimento de epidemias.
A última erupção devastadora foi a de 30 de agosto de 1902, que destruiu a cidade vizinha de Morne Rouge, provocando a morte de 2.000 pessoas. A igreja foi totalmente destruída, mas, no meio da ruína, os sobreviventes encontraram, um pouco enegrecida, a imagem de Nossa Senhora do Livramento, conservada milagrosamente. Ela permaneceu de pé e intacta sobre o seu pedestal que não foi abalado.
Desde então, os habitantes da Martinica fazem, no dia 30 de agosto, uma grande procissão em honra de sua padroeira.
Outro detalhe de São Pedro da Martinica depois da erupção. |
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