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Papa Pio XI |
O primeiro passo do movimento
ecumenista conciliar foi, como se pode imaginar, na direção de outra
religião: cristã homogeneizada.
Sobre o grave problema desse
falso ecumenismo “pan-cristão”, que já aparecia no horizonte do mundo moderno,
o Papa Pio XI publicou no dia 6 de Janeiro de 1928 a Carta
Encíclica Mortalium animos.
Os católicos devem lê-la com
atenção pois hoje não só ela foi confinada ao rol dos documentos rejeitados,
mas das encíclicas proibidas (Encicliche proibite, Marini Editore, Roma,
1972), porque explica a grande inversão.
Pode parecer que não foi proibida
nem rejeitada porque está no site do Vaticano, mas o é na realidade porque seu
significado foi invertido com o Vaticano II e o seu sentido desprezado em
muitas traduções.
Ora, o pensamento autêntico do
Papa Pio XI está no texto em italiano, em que dita Encíclica foi redigida, e no
documento em Latim, língua oficial da Igreja. A estes vamos nos referir aqui
para afirmar o pensamento da Igreja, porquanto em nome da Igreja católica, se
passou a praticar o exato contrário do estabelecido por esse documento do
Magistério a respeito do falso ecumenismo. O que demonstra este fato? Hoje,
quando do falso ecumenismo pan-cristão se passou à pérfida operação ecumenista de
todas as crenças, ficou claro que os promotores da revisão
ecumenistaconciliar visavam a conciliação com o poder maçônico, que
por sua vez visa aniquilar, se possível fosse, ou então transformar o
Cristianismo em expediente para uma “religião mais universal”, que pode satisfazer
a ORU, a organização das religiões unidas na fé da ONU.
Vejamos o que diz o Magistério
católico através do Papa Pio XI.
[Os títulos e destaques para
estas suas divisões são nossos.]
1. A aspiração universal de
paz e fraternidade na família comum da humanidade depende da Verdade
Talvez jamais em outra época os
espíritos dos mortais, como acontece nestes nossos tempos, foram tomados por
uma tão grande aspiração de fraternidade – a fim de reforçar e alargar as
relações em vista ao interesse do bem comum da sociedade humana. De fato,
embora as nações ainda não usufruam plenamente dos benefícios da paz, antes,
pelo contrário, em alguns lugares, antigas e novas discórdias vão explodindo em
sedições e em conflitos civis; como não é possível, entretanto, que as muitas
controvérsias sobre a tranqüilidade e a prosperidade dos povos sejam resolvidas
sem que exista a concórdia quanto à ação e às obras dos que governam os Estados
e cuidam dos seus interesses; compreende-se facilmente porque, estimulados pelo
desejo de fraternidade universal (tanto mais porque já todos concordam sobre a
unidade do gênero humano), também sejam muitos a aspirar ver os vários povos
cada dia mais unidos.
2. Uma unidade na religião com
congressos ecumenistas para uma fraternidade que dispensa Deus Pai
Entretanto, alguns lutam por
realizar coisa não diversa quanto à ordenação da Nova Lei promulgada por
Cristo, nosso Senhor. Convencidos que rarissimamente encontram-se homens privados
de todo sentimento religioso, por isto, parecem ter a esperança de que ocorrerá
sem dificuldade que povos, embora em matéria de religião sejam dissidentes,
possam concordar sem dificuldade na profissão de algumas doutrinas como
fundamento comum da vida espiritual. Por isto costumam realizar convenções,
assembléias e pregações, com larga frequência de público, para convocar todos a
debater, promiscuamente: infiéis de todo tipo e até cristãos que infelizmente
se afastaram de Cristo e que com obstinada pertinácia negam a divindade de sua
Pessoa e de sua missão.
3. Os Católicos não podem aprovar
uma fraternidade na qual a Fé é para uma união e não a união para a Fé de
Cristo
Sem dúvida, estas tentativas
fundamentadas na falsa teoria que supõe boas e louváveis todas as religiões,
pois todas, embora de maneira diversa, manifestam e significam de modo igual
aquele sentido ingênito em nós, pelo qual nos sentimos levados para Deus e
reconhecemos obsequiosamente o seu império.
Pois bem, os que seguem essa
teoria, não só estão enganados e no erro, mas repudiam a verdadeira religião,
pervertendo o seu conceito e desviam gradualmente para o Naturalismo e para o
Ateísmo. Segue-se claramente que quem adere aos promotores de tais teorias e
tentativas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada.
4. Uma união de todos os cristãos
segundo os argumentos falazes de uma unidade antievangélica
Onde mais facilmente se esconde o
engano sob uma disfarçada aparência de bem é quando se trata de promover a
unidade de todos os cristãos. Acaso não seria justo e de acordo com o dever dos
que invocam o nome de Cristo – costumam repetir amiúde – que se abstenham de
recriminações mútuas e finalmente se unam por mútua caridade? Alguém ousaria
afirmar que ama a Cristo se, na medida de suas forças, não procura realizar o
que Ele desejou e que rogou ao Pai para que seus discípulos fossem “um” (Jo
17,21)? E não quis o mesmo Cristo que seus discípulos fossem identificados e
distintos dos demais por este sinal de amor mútuo: “Conhecerão que sois meus
discípulos se tiverdes amor um pelo outro?” (Jo 13,35).
Oxalá, acrescentam, todos os
cristão fossem “um”: poderiam repelir muito melhor a peste da impiedade que
penetra e se alastra cada dia mais e ameaça esmorecer o Evangelho.
5. Sob esses argumentos se oculta
a escalada do gravíssimo erro “pancristão”, o atual erro ecumenista
Os chamados “pancristãos”
insuflam e difundem estes e outros argumentos e, longe de serem poucos e raros,
cresceram em filas compactas, formando sociedades largamente difundidas, no
mais das vezes dirigidas por acatólicos, mesmo divergentes em questões de fé.
Todavia, tal iniciativa é proposta de modo tão ativo, que muitos católicos são
seduzidos pela esperança de conseguir uma união que consiga responder ao desejo
da Santa Mãe Igreja, para a Qual, realmente, nada é tão aspirado como convocar
e reconduzir os filhos desviados para o seu seio.
Mas, sob tais termos serpentinos
e atrativos oculta-se um gravíssimo erro pelo qual os fundamentos da Fé são
totalmente solapados.
6. A verdadeira norma nesta
matéria está em precaver-se contra as falácias de uma falsa união de cristãos
Porque a consciência do Nosso
cargo Apostólico nos impõe que não permitamos que o rebanho do Senhor seja
seduzido pela nocividade destas falácias, apelamos, Veneráveis Irmãos, para o
vosso zelo contra este grave perigo, confiando que, por meio de vossos escritos
e palavras cheguem mais facilmente ao povo, e sejam melhor entendidos, os
princípios e argumentos, que a seguir exporemos, de modo que os católicos
saibam como devem julgar e operar diante de iniciativas intentas a obter de
qualquer maneira a união num só corpo dos que se dizem cristãos.
7. Só uma Religião pode ser
verdadeira: a revelada por Deus para ensinar o fim último do ser humano
Deus, Criador do Universo, nos
criou para o fim de conhecê-lO e serví-lO. O nosso Criador tem, portanto, pleno
direito de ser servido. Poderia Deus ter estabelecido para o governo do homem
apenas uma lei natural gravada em seu espírito com a mesma criação e, a partir daí,
governar pela providência ordinária dessa mesma lei. Mas, preferiu dar
preceitos diante dos quais nos dispuzéssemos e, no curso dos séculos, ou seja,
desde as origens do gênero humano até a vinda e a pregação de Jesus Cristo, Ele
mesmo ensinou ao homem, os deveres que ligam os seres dotados de razão ao
Criador: “Deus que
muita vezes e em muitos modos havia falado aos nossos pais pelos profetas;
ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho” (Heb 1,1
Seg). Daí segue que não pode haver religião verdadeira fora da que se funda na
palavra revelada de Deus; revelação que, começando desde o princípio e
prosseguindo no Antigo Testamento, ficou cumprida depois no Novo pelo próprio
Cristo. Pois bem, se Deus falou – e que tenha realmente falado é históricamente
certo, compreende-se que seja dever do homem crer de modo absoluto na revelação
de Deus e integralmente obedecer aos seus mandamentos.
8. A única religião revelada
é a Católica, na qual se cumpre a vontade de Deus
Justamente para que fossem retamente
cumpridas ambas as coisas, o crer e o observar, para a glória de Deus e a
salvação nossa, o Filho Unigênito de Deus instituiu na terra a sua Igreja.
Os que afirmam serem cristãos,
não podem portanto, deixar de crer na instituição de uma Igreja, e uma só, e
por obra de Cristo. Mas, ao indagar qual deva ser ela pela vontade do seu
Fundador, estão nem todos concordam. Assim, muitos negam por exemplo, a
necessidade da Igreja de Cristo ser visível, pelo menos na medida em que deve
aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e idêntica mesma
doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que
a Igreja perceptível e visível é uma federação de várias comunidades cristãs
que, embora aderentes, tenham cada uma delas, a doutrinas opostas entre si.
Entretanto, Cristo Senhor
instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e
perceptível aos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da
reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc
22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela
dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22
seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Assim, com comparações, descreveu-a semelhante a um
reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um
rebanho (Jo 21,15-17).
Esta Igreja, fundada de modo tão
admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que a
propagaram no seu início, não poderia cessar de existir e ser extinta em razão
da morte deles, uma vez que é aquela a quem, sem distinção de lugar e tempo,
foi dado o preceito de guiar todos os homens à salvação eterna: “Ide, pois, ensinai a todos os
povos” (Mt 28,19). Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e
eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente
prometeu estar sempre presente nela: “Eis que Eu estou convosco, todos
os dias, até a consumação dos séculos?” (Mt 28,20). Deste modo, não
pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também
que Ela não exista hoje e em todo o tempo como inteiramente a mesma que existiu
à época dos Apóstolos. A não ser afirmar – o que não seria de nós – que Cristo
Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do
inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18).
9. O erro capital do movimento
ecumenista na pretendida união das igrejas cristãs
Ocorre-nos dever esclarecer e
afastar aqui certa opinião falsa, da qual parece depender toda esta questão e
proceder essa múltipla ação e conspiração dos acatólicos que, como dissemos,
trabalham pela união das igrejas cristãs. Os autores desta opinião
acostumaram-se a citar, quase que indefinidamente, a Cristo dizendo: “Para que todos sejam um”…
“Haverá um só rebanho e um só Pastor” (Jo 27,21; 10,16). Fazem-no
todavia de modo que, por essas palavras, queriam significar um desejo e uma
prece de Cristo ainda carente de seu efeito. Pois opinam: a unidade de fé e de
regime, distintivo da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu
até hoje e nem hoje existe; que ela pode, sem dúvida, ser desejada e talvez
realizar-se alguma vez, por inclinação comum das vontades; entrementes, existe
apenas uma fictícia unidade.
Acrescentam que a Igreja é, por
sua natureza, dividida em partes, isto é, que consta de muitas igrejas ou
comunidades particulares, as quais, ainda separadas, embora possuam alguns
capítulos comuns de doutrina, discordam todavia nos demais. Que cada uma delas
possui os mesmos direitos. Que, no máximo, a Igreja foi única e una, da época
apostólica até os primeiros concílios ecumênicos. Assim, dizem, é necessário
colocar de lado e afastar as controvérsias e a antiquíssima variedade de sentenças
que até hoje impedem a unidade do nome cristão e, quanto às outras doutrinas,
elaborar e propor uma certa lei [de mínimo denominador] comum do crer, em cuja
profissão de fé [mínima] todos se conheçam e se sintam como irmãos, pois, se as
múltiplas igrejas e comunidades forem unidas por um certo pacto, existiria já a
condição para que os progressos da impiedade fossem futuramente impedidos de
modo sólido e frutuoso.
Estas são, Veneráveis Irmãos, as
afirmações comuns.
Existem, contudo, os que
estabelecem e concedem que o chamado Protestantismo, de modo bastante
inconsiderado, deixou de lado certos capítulos da fé e alguns ritos do culto
exterior, sem dúvida gratos e úteis, que, pelo contrário, a Igreja Romana ainda
conserva.
10. As palavras de Jesus Cristo
sobre o Primado de Pedro não teriam sentido universal, católico
Há os que acrescentam que esta
mesma Igreja também agiu mal, corrompendo a religião primitiva com algumas
doutrinas alheias e repugnantes ao Evangelho, propondo acréscimos para serem
cridos: enumeram como o principal entre estes o que versa sobre o Primado de
Jurisdição atribuído a Pedro e a seus Sucessores na Sé Romana. Entre os que
assim pensam, embora não sejam muitos, estão os que por indulgência concedem ao
Pontífice Romano um primado de honra ou uma certa jurisdição e poder que,
entretanto, julgam procedente não do direito divino, mas de certo consenso dos
fiéis. Chegam outros a ponto de, por seus conselhos, que parecem furta-cores,
quererem presidir o próprio Pontífice. E se é possível encontrar muitos
acatólicos pregando à boca cheia a união fraterna em Jesus Cristo, entretanto
não encontrareis nenhum cujos pensamentos são de submissão e obediência ao
Vigário de Jesus Cristo enquanto mestre ou governante. Afirmam eles que
tratariam de bom grado com a Igreja Romana, mas com igualdade de direitos, isto
é, iguais com um igual. Mas, se pudessem fazê-lo, não parece existir dúvida de
que agiriam com a intenção de que, por um pacto que talvez se ajustasse, não
fossem coagidos a abandonar aquelas opiniões que são a causa pela qual ainda
vagueiem e errem fora do único aprisco de Cristo.
11. A Igreja Católica não
tem parte em tais reuniões porque representa a autoridade única e absoluta de
Cristo
Assim sendo, é manifestamente
claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar dessas assembléias e
que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas
iniciativas: se o fizerem atribuirão autoridade a uma falsa religião cristã,
sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.
A verdade revelada, porém não
admite transações
Acaso poderemos tolerar – o que
seria bastante iníquo – , que a verdade e, em especial a revelada, seja
diminuída através de pactos? No caso presente, trata-se da verdade revelada que
deve ser defendida. Se Jesus Cristo enviou os Apóstolos a todo o mundo, a todos
os povos que deviam ser instruídos na fé evangélica e, para que não errassem em
nada, quis que antes lhes fosse ensinada toda a verdade pelo Espírito Santo,
acaso esta doutrina dos Apóstolos faltou inteiramente ou foi alguma vez
perturbada na Igreja em que o próprio Deus está presente como regente e
guardião?
Se o nosso Redentor promulgou
claramente o seu Evangelho não apenas para os tempos apostólicos, mas também para
pertencer às futuras épocas, o objeto da fé pode tornar-se de tal modo obscuro
e incerto que hoje seja preciso tolerar opiniões mesmo contrárias entre si? Se
isto fosse verdade, dever-se-ia igualmente dizer: que o Espírito Santo que
desceu sobre os Apóstolos; que a perpétua permanência dele na Igreja e também
que a própria pregação de Cristo já perderam, desde há séculos, toda a eficácia
e utilidade: afirmar isto é, sem dúvida, blasfemo.
12. A Igreja Católica é por
desígnio divino depositária infalível da verdade universal
Quando o Filho Unigênito de Deus
ordenou a seus enviados que ensinassem a todos os povos, vinculou todos os
homens ao dever de crer nas coisas que lhes fossem anunciadas pelas
“testemunhas pré-ordenadas por Deus” (At. 10,41). Entretanto, um e outro
preceito de Cristo, o de ensinar e o de crer na consecução da salvação eterna,
que não podem deixar de ser cumpridos, não poderiam ser entendidos a não ser
que a Igreja proponha de modo íntegro e claro a doutrina evangélica e que, ao
propô-la, seja imune a qualquer perigo de errar.
Afasta-se igualmente do caminho
os que julgam que o depósito da verdade existe realmente na terra, mas que é
necessário um trabalho difícil, com longos estudos e disputas para encontrá-lo
e possuí-lo e a vida dos homens seja apenas suficiente para isso, como se Deus
benigníssimo tivesse falado pelos profetas e pelo seu Unigênito para que apenas
uns poucos, e estes mesmos já avançados em idade, aprendessem perfeitamente as
coisas que por eles revelou, e não para que preceituasse uma doutrina de fé e
de costumes pela qual, em todo o decurso de sua vida mortal, o homem fosse
regido.
13. Sem fé não há verdadeira
caridade e o ecumenismo sem uma fé única é contrafacção da caridade divina
Os pancristãos, que empenham o
seu espírito na união das igrejas, presumem por certo seguir o nobilíssimo
conselho da caridade que deve ser promovida entre os cristãos. Mas se a
caridade se desvia em detrimento da fé, o que pode ser feito?Ninguém ignora por
certo que o próprio João, o Apóstolo da Caridade, que em seu Evangelho parece
ter manifestado os segredos do Coração Sacratíssimo de Jesus e que
permanentemente costumava inculcar à memória dos seus o mandamento novo:
“Amai-vos uns aos outros”, vetou inteiramente até mesmo manter relações com os
que professavam de forma não íntegra e incorrupta a doutrina de Cristo: “Se
alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem o
saudeis” (II Jo 10). Pelo que, como a caridade se apóia na fé íntegra e sincera
como que em um fundamento, então é necessário unir os discípulos de Cristo pela
unidade de fé como no vínculo principal.
14. Uma união humana de valor
absoluto é irracional porque a união é para a Fé e não a Fé para a união
Assim, de que vale excogitar no
espírito uma certa Federação cristã, na qual ao ingressar ou então quando se
trata do objeto da fé, cada qual retenha a sua maneira de pensar e de sentir,
embora ela seja repugnante às opiniões dos outros? E de que modo pedirmos que
participem de um só e mesmo Conselho homens que se distanciam por sentenças
contrárias como, por exemplo, os que afirmam e os que negam ser a sagrada
Tradição uma fonte genuína da Revelação Divina? Como os que adoram a Cristo
realmente presente na Santíssima Eucaristia – por aquela admirável conversão do
pão e do vinho que se chama transubstanciação – e os que afirmam que, somente
pela fé ou por sinal e em virtude do Sacramento, aí está presente o Corpo de
Cristo? Como os que reconhecem nela a natureza de Sacrifício e de Sacramento e
os que dizem que ela não é senão a memória ou comemoração da Ceia do Senhor?
Como os que crêem ser bom e útil invocar súplice os Santos que reinam junto de
Cristo – Maria, Mãe de Deus, em primeiro lugar – e tributar veneração às suas imagens
e os que contestam não ser admissível semelhante culto, por ser contrário à
honra de Jesus Cristo, “único mediador de Deus e dos homens”? (1 Tim. 2,5).
15. Os frutos do indiferentismo e
do modernismo seguem a inversão de um conceito de unidade alheio à Fé.
Não sabemos, pois, como por essa
grande divergência de opiniões seja defendido o caminho para a realização da
unidade da Igreja: ela não pode resultar senão de um só magistério, de uma só
lei de crer, de uma só fé entre os cristãos. Sabemos, entretanto que facilmente
aparece aí um degrau para a negligência com a religião ou o Indiferentismo e
para o denominado Modernismo. Os que foram miseravelmente infeccionados por ele
defendem que não é absoluta, mas relativa a verdade revelada, isto é, de acordo
com as múltiplas necessidades dos tempos e dos lugares e segundo as várias
inclinações dos espíritos, uma vez que ela não estaria limitada por uma
revelação imutável, mas seria tal que se adaptaria à vida dos homens.
Além disso, com relação às coisas
que devem ser cridas, não é lícito utilizar-se, de modo algum, daquela
discriminação que houveram por bem introduzir entre o que denominam capítulos
fundamentais e capítulos não fundamentais da fé, como se uns devessem ser
recebidos por todos, e, com relação aos outros, pudesse ser permitido o
assentimento livre dos fiéis: a Virtude sobrenatural da fé possui como causa
formal a autoridade de Deus revelante e não pode sofrer nenhuma distinção como
esta. Por isto, todos os que são verdadeiramente de Cristo consagram, por
exemplo, ao mistério da Augusta Trindade a mesma fé que possuem em relação ao
dogma da Mãe de Deus concebida sem a mancha original e não professam uma fé
diferente com relação à Encarnação do Senhor e ao magistério infalível do
Pontífice romano, no sentido definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano.
Nem se pode admitir que as
verdades que a Igreja, através de solenes decretos, sancionou e definiu em
outras épocas, pelo menos as proximamente superiores, não sejam, por este
motivo, igualmente certas e não devam ser igualmente acreditadas: não foram
todas elas reveladas por Deus? Porque o Magistério da Igreja, por decisão
divina, foi constituído na terra para que as doutrinas reveladas não só
permanecessem incólumes perpetuamente, mas também para que fossem levadas ao
conhecimento dos homens de modo fácil e seguro. E, embora seja ele diariamente
exercido pelo Pontífice Romano e pelos Bispos em união com ele, todavia ele se
completa na tarefa de agir no momento oportuno, definindo algo por meio de
solenes ritos e decretos, se necessário for opor-se de modo eficiente a erros
ou impugnações de hereges ou imprimir nas mentes dos fiéis capítulos da
doutrina sagrada expostos de modo mais claro e pormenorizado.
Neste uso extraordinário do
Magistério nenhuma invenção é introduzida e nenhuma coisa nova é acrescentada à
soma de verdades que estando contidas, pelo menos implicitamente, no depósito
da revelação, foram divinamente entregues à Igreja, mas são declaradas questões
que para muitos talvez, ainda poderiam parecer obscuras, ou são estabelecidas
coisas que devem ser mantidas sobre a fé e que antes eram por alguns colocados
sob controvérsia.
16. A razão única e
universal da unidade dos cristãos é a verdade objetiva da Fé
Assim, Veneráveis Irmãos, é clara
a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes
às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos
de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira
Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela.
Dizemos à única verdadeira Igreja de Cristo: sem dúvida ela é a todos manifesta
e, pela vontade de seu Autor, Ela perpetuamente permanecerá tal qual Ele
próprio A instituiu para a salvação de todos. Porque a mística Esposa de Cristo
jamais se contaminou no decurso dos séculos nem, em época alguma, poderá ser
contaminada, como Cipriano o atesta: “A Esposa de Cristo não pode ser adulterada: ela é
incorrupta e pudica. Ela conhece uma só casa e guarda com casto pudor a
santidade de um só cubículo” (De Cath. Ecclessiae unitate, 6). E o
mesmo santo Mártir, com direito e com razão, grandemente se admirava que
pudesse alguém acreditar ser “esta unidade que procede da firmeza de
Deus cindida e quebrada na Igreja pelo divórcio de vontades em conflito” (ibidem).
Portanto, dado que o Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja, é um só (1 Cor.
12,12), compacto e conexo (Ef. 4,15), à semelhança do seu corpo físico, seria
inépcia e estultície afirmar que ele pode constar de membros desunidos e
separados: quem pois não estiver unido com ele, não é membro seu, nem está
unido à cabeça, Cristo (Cfr. Ef. 5,30; 1,22).
17. A Obediência ao Romano
Pontífice é sinal de unidade cristã sob o único representante terreno de Jesus
Cristo
Ninguém está nesta única Igreja
de Cristo e ninguém nela permanece a não ser que, obedecendo, reconheça e acate
o poder de Pedro e de seus sucessores legítimos. Por acaso os antepassados dos
enredados pelos erros de Fócio e dos reformadores não estiveram unidos ao Bispo
de Roma, ao Pastor supremo das almas? Ai! Os filhos afastaram-se da casa
paterna; todavia ela não foi dividida nem destruída por isso, uma vez que
estava arrimada na perene proteção de Deus. Retornem, pois, eles ao Pai comum
que, esquecido das injúrias antes gravadas a fogo contra a Sé Apostólica,
recebê-los-á com máximo amor. Pois se, como repetem freqüentemente, desejam
unir-se Conosco e com os nossos, por que não se apressam em entrar na Igreja,
“Mãe e Mestra de todos os fiéis de Cristo” (Conc. Later 4, c.5)?
Escutem a Lactâncio chamado
amiúde: “Só… a Igreja Católica é a que retém o verdadeiro culto. Aqui está a
fonte da verdade, este é o domicílio da Fé, este é o templo de Deus: se alguém
não entrar por ele ou se alguém dele sair, está fora da esperança da vida e
salvação é necessário que ninguém se afague a si mesmo com a pertinácia nas
disputas, pois trata-se da vida e da salvação que, a não ser que seja provida
de um modo cauteloso e diligente, estará perdida e extinta” (Divin. Inst. 4,30,
11-12).
18. Apelo à aproximação das
seitas dissidentes
Aproximem-se, pois, os filhos
dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida nesta cidade que os Príncipes dos
Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o seu sangue; daquela Sede, dizemos,
que é “raiz e matriz da Igreja Católica” (S. Cypr., ep. 48 ad Cornelium, 3),
não com o objetivo e a esperança de que “a Igreja do Deus vivo, coluna e
fundamento da verdade” (1 Tim 3,15) renuncie à integridade da Fé e tolere os
próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se submetam a seu
magistério e regime. Oxalá auspiciosamente ocorra para Nós isto que não ocorreu
ainda para tantos dos nossos muitos Predecessores, a fim de que possamos
abraçar com espírito fraterno os filhos que nos é doloroso saber estar de Nós
separados por uma perniciosa dissensão.
Prece a Nosso Senhor e a Nossa
Senhora
Oxalá Deus, Senhor nosso, que
“quer salvar todos os homens e que eles venham ao conhecimento da verdade”(1
Tim. 2,4) nos ouça suplicando fortemente para que Ele se digne chamar à unidade
da Igreja a todos os errantes. Nesta questão que é, sem dúvida, gravíssima,
utilizamos e queremos que seja intercessora a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe
da graça divina, vencedora de todas as heresias e auxílio dos cristãos, para
que Ela peça, para o quanto antes, a chegada daquele dia tão desejado por nós,
em que todos os homens escutem a voz do seu Filho divino, “conservando a
unidade de espírito em um vínculo de paz” (Ef. 4,3).
19. Conclusão e Bênção Apostólica
Compreendeis, Veneráveis Irmãos,
o quanto desejamos isto e queremos que o saibam os nossos filhos, não só todos
os do mundo católico, mas também os que de Nós dissentem. Estes, se implorarem
em prece humilde as luzes do céu, por certo reconhecerão a única verdadeira
Igreja de Jesus Cristo e, por fim, nEla tendo entrado, estarão unidos conosco
em perfeita caridade. Aguardando este fato, como auspício dos dons de Deus e
como testemunho de nossa paterna benevolência, concedemos muito cordialmente a
vós, Veneráveis Irmãos, e a vosso clero e povo, a bênção apostólica. Dado em
Roma, junto de São Pedro, no dia seis de janeiro, no ano de 1928, festa da
Epifania de Jesus Cristo, Nosso Senhor, sexto de nosso Pontificado.
A doutrina tradicional do
ecumenismo católico está na Instructio de motione oecumenicaemanada pelo Santo
Ofício (20/12/1949, na AAS do 31/1/1950), que segue a Mortalium animos de
Pio XI:
1) a Igreja católica possue a
plenitude de Cristo e não precisa aperfeiçoa-la com o concurso de outras
confissões;
2) não se deve procurar união
através de assimilação progressiva da várias confissões de fé nem mediante a
adaptação do dogma católico a um outro;
3) a única verdadeira união das
Igrejas pode realizar-se somente com a volta dos irmãos separados à verdadeira
Igreja de Deus;
4) os separados que se reúnem à
Igreja católica nada perdem de substancial de quanto pertence à sua particular
profissão, mas ao contrário, o encontra idêntico e numa medida completa e
perfeita.”
Ora, o “ecumenismo”, declarado
fim principal do Vaticano II, tornou-se princípio de uma nova Igreja, como se
viu através das declarações conciliares contrárias a estes princípios
católicos, mas também através de tantos atos e iniciativas que contrariam
inteiramente a tradição da Igreja e o comum bom senso. Segundo este novo
espírito a unidade da Igreja, que nunca deixou de ser, deveria ser
restabelecida, o que é contrário à Fé. Mas isto foi inoculado nos documentos
conciliaresDei Verbum, Lumen gentium, Unitates redintegratio, Nostra aetate e
outros, que confirmam o plano evidente de reduzir a Religião católica a um ramo
de uma antropocêntrica religião “mais universal”.
Os que seguem a «teoria
ecumenista», estão no erro e pervertem a verdadeira religião, desviando para o
Naturalismo e Ateísmo. Seus termos serpentinos ocultam o gravíssimo erro
pelo qual os fundamentos da Fé são totalmente solapados.
Assim sendo, é manifestamente
claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar dessas assembléias e
que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas
iniciativas: se o fizerem atribuirão autoridade a uma falsa religião cristã,
sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo. Segue-se que os promotores de
tais tentativas desertam por inteiro da Religião divinamente revelada.
Podem seus autores continuar na
Igreja para fazê-lo com autoridade católica?
Conclusão – Quem com tanto afã
justifica até os fariseus não acusa talvez o Evangelho, emulando o Sinédrio que
mandou à morte Jesus?
Pedindo perdão ao mundo pela
Igreja, não se joga lama na imagem da Esposa de Cristo? Não é ela o caminho da
plena misericórdia de Deus, também para a salvação dos Judeus? Basta contrariar
esta verdade, indicando muitos caminhos diversos que conduzem à apostasia, para
confirmar a defecção clerical, que torna a Sede vacante, como
declarou o Arcebispo Pierre Martin Ngô-Dinh Thuc.
Com efeito, a ira de Deus se
manifesta do céu contra toda a impiedade e injustiça de homens que sufocam
a verdade na injustiça, pois o que Deus manifestou é por eles
conhecido; Deus mesmo o manifestou a eles” (Rm 1, 18-19)…
Portanto se recusam o apostolado
da Igreja:
eles são inexcusáveis, porque,
mesmo conhecendo Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, mas
desvaneceram-se em seus pensamentos insensatos e se obcureceu o seu
coração insensato” (21).
O Vaticano II justificando uma liberdade
religiosa contrária à fé católica representa uma “perfídia”, que
equivale, se não supera em gravidade, aquela do sinédrio judaico. É emblemático
que isto ocorra ao mesmo tempo e justamente na infidelidade ao único Sacrifício
de amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacrifício que é para a vida
espiritual e moral de todos os povos do mundo o que é o sol para a vida natural
da terra (S. Francisco de Sales). Este Santo Sacrifício foi confiado à
Sua única Igreja como fortaleza.
Hoje na Igreja conciliar
predominam os termos “aggiornamento e abertura”, “sinal
e caminho”, para levar para onde? Ora, tudo demonstra que esse falso ecumenismo
era só um meio para completar o plano de uma “religião global”, daí os
congressos e reuniões que culminou na abominação inaudita de Assis, com todas
as grandes religiões do mundo, que seriam todas igual e humanamente opostas,
mas … por Deus reveladas!
As religiões não católicas, mesmo
de matriz cristã, antes de serem separadas da Igreja e de seu Pontífice romano,
separaram-se da vontade divina que estabeleceu uma só Religião de Jesus Cristo
que ensina a Verdade que salva.
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Ecumenista Card. Ratzinger |
Fora Dela não há ordem neste
mundo nem salvação no outro.
Glória ao Sagrado Coração de
Jesus junto ao Imaculado Coração de Maria!
Excertos do Editor do blog:
Pode ser esta a Igreja de Cristo
mencionada pelo Pontífice Pio XI? Ou seria justamente a falsa religião cristã
acusada pela Mortalium Animos? Pode ser este o vigário de Cristo ou se trata da
presença de um anti-cristo? (“anti” pode ser tomado como adversário, porém
ainda como “no lugar de”). Em 1907, na Enciclopédia Católica, sob o título
Anticristo, lemos que São Bernardo identifica a besta do Apocalipse
como um antipapa. O Abade Joaquim acredita que o Anticristo
irá abater o Papa (v. 3ª parte do Segredo de Fátima) e usurpar
sua Sé. “Desde que o Anticristo simula Cristo, e o papa é imagem de
Cristo, o Anticristo deve simular a aparência de papa”.
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Sacerdotes do Panteão de Assis. Profanação da Basílica Católica.
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Profanação da Igreja de Assis, Buda colocado sobre o Sacrário do Altar no lugar do crucifixo. O sacrário ficou abaixo do pano branco atrás desta espécie de candelabro. |
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Assis, 27 de Outubro de 1986 |
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Respondeu-lhes Jesus: Cuidai que ninguém vos seduza. (Mt 24, 4) - Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel...(15). Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. (II Tess. 2, 3-4) |
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Assis 2002, cada falsa religião teve seu espaço na basílica para adorar seus falsos deuses. |
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Líder Voodu |
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Religião Tradicional Africana. Macumba? Voodu? |
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