Aconselhado pelos bispos católicos, Clóvis, rei dos Francos, pediu a mão da princesa Clotilde, sobrinha do rei Borguinhão, o qual havia assassinado os próprios pais para apoderar-se do trono.
Segundo uma tradição, o rei havia dado seu consentimento, mas depois arrependeu-se e mandou uma escolta atrás de Clotilde. Esta, entretanto, conseguiu chegar ilesa até a fronteira franca, onde Clóvis a aguardava.
Esse casamento foi providencial, pois tanto o rei borguinhão quanto o dos visigodos eram arianos e oprimiam seus súditos, que eram na maioria católicos. Ora, Clotilde mantivera-se fiel filha da Igreja, e começou a trabalhar junto a seu marido para convertê-lo à verdadeira fé.
A conversão de Clóvis
Entretanto a graça ia trabalhando a alma de Clóvis. Em 496, durante a batalha de Tolbiac contra os alamanes, o rei franco viu que seu exército estava a ponto de ser aniquilado. Lembrou-se então do "Deus de Clotilde".
Ajoelhou-se e, com os braços para o céu, prometeu a Jesus Cristo que, se Este lhe concedesse a vitória, nEle creria. Imediatamente a batalha tomou outro rumo, e os alamanes foram derrotados.
A rogos de Santa Clotilde, São Remígio encarregou-se de instruir Clóvis e seus francos na fé católica.
Contam as crônicas que, quando o santo Arcebispo narrava a Paixão de Cristo àqueles bárbaros, Clóvis ficava indignado com as sevícias que infligiram ao Salvador e, batendo com sua lança no solo, exclamava: "Ah! Por que não estava eu lá com os meus francos!".
No dia de Natal de 496 foi celebrado solenemente o batismo do rei franco, de sua irmã, e de três mil de seus guerreiros.
Todo o caminho até a catedral de Reims estava engalanado com flores e florões. O templo sagrado, ricamente adornado, brilhava à luz de uma infinidade de velas em meio a nuvens de incenso.
O rei bárbaro, emocionado, perguntou a São Remígio: "Santo Padre, é este o Céu?"
No momento em que o batizava, disse São Remígio as célebres palavras: "Curva a cabeça, sicambro [um dos nomes dados aos francos]; ama o que queimaste, e queima o que adoraste".
Em seguida dar-se-ia a sagração do rei. Em meio à multidão que lotava a igreja, não era possível ir buscar o óleo na sacristia. Então surgiu no ar uma bela pomba branca, trazendo no bico uma ampola de óleo. Essa ampola serviu depois para a sagração de todos os reis franceses até Luís XVI, e só foi quebrada pelo deputado Rommé durante a malfadada Revolução Francesa.
Uma alma piedosa extraiu óleo da ampola antes desse crime sacrílego. Com esse óleo foi reconstituído o bálsamo sagrado e utilizado na sagração do último rei legítimo Luis XVIII.
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