«Que pertença à Virgem, a ela sobretudo, o conduzir-nos ao conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, não se pode duvidar, se se considera, entre outras coisas, que sòmente ela no mundo teve com Ele, como convém a uma mãe com o filho, uma comunidade de vida que ultrapassou trinta anos. Os admiráveis mistérios do Nascimento e da Infância de Cristo, os que estão coligados com a Sua Anunciação da Natureza Humana, Princípio e Fundamento da nossa Fé, a quem poderiam ter sido melhor revelados – do que à Mãe?
“Ela conservava e revivia no seu coração”os acontecimentos de Belém, o que ela vira em Jerusalém, no Templo, e não sòmente, mas iniciada no seu pensamento e nos seus projectos, ELA VIVEU A VIDA MESMA DO SEU FILHO. NÃO, NINGUÉM NO MUNDO QUANTO ELA CONHECEU MAIS A FUNDO O CRISTO; NINGUÉM É MELHOR MESTRE E MELHOR GUIA PARA CONHECER A CRISTO. (…)
Mas a Santíssima Virgem não reúne sòmente o mérito de ter dado sua carne ao Filho Unigénito de Deus que devia nascer com membros humanos, e de ter assim preparado uma Vítima para a Salvação dos homens; ela teve também de cuidar d’Aquela Vítima, nutri-l’A, e apresentá-l’A ao Altar no dia estabelecido. Assim, houve entre Maria e Jesus CONTÍNUA COMUNHÃO DE VIDA E DE SOFRIMENTO, de modo que se pode aplicar a ambos a sentença do Profeta: “Eis que minha vida se consome em tristeza e meus anos em gemidos”(Sl 30,11). A consequência dessa comunhão de sentimentos e de sofrimentos entre Maria e Jesus é que Maria tornou-se LEGÌTIMAMENTE DIGNA DE REPARAR A RUÍNA HUMANA, E POR ISSO, DE DISPENSAR TODOS OS TESOUROS QUE JESUS ALCANÇOU PARA NÓS COM A SUA MORTE E O SEU SANGUE. (…)
Constituiu uma Graça insigne da Providência Divina, o ter suscitado, precisamente na época do laicismo, não apenas as grandes definições da Imaculada Conceição (8-12-1854 por Pio IX), e da Assunção (1-11-1950 por Pio XII), mas igualmente todo um movimento de imenso amor por Nossa Senhora, o qual tem constituído um suavíssimo bálsamo na terrível secura agnóstica e ateia da denominada Idade Contemporânea.
A Redenção em sentido objectivo constituiu a razão fundamental da Encarnação do Verbo de Deus, pois que um Sacrifício de valor Infinito exige um Sacerdote e uma Vítima de dignidade também infinita.
Santo Agostinho dizia que: Ao fazer-Se Homem o Verbo de Deus dignificou o sexo masculino; nascendo de uma Mulher, dignificou igualmente o sexo feminino.
Efectivamente fomos salvos pelo Sacrifício que o Verbo de Deus ofereceu à Santíssima Trindade na Natureza Humana que hipostàticamente tomou. Não existe contradição no facto do Verbo Divino oferecer o Sacrifício de Si Mesmo, ENQUANTO HOMEM, à Santíssima Trindade; precisamente porque o Verbo é SUBSTANCIALMENTE, VERDADEIRAMENTE DEUS E VERDADEIRAMENTE HOMEM.
Maria Santíssima foi redimida preservativamente pelo Verbo de Deus, Cujo Sacrifício é TRANSCENDENTALMENTE ETERNO, embora seja, NA SUA REALIDADE CRUENTA E INCRUENTA, ONTOLÒGICAMENTE TEMPORAL E HISTÓRICO. Maria concorreu para o Obra da Redenção, em primeiro lugar, facultando a Natureza Humana ao Verbo de Deus, fazendo-se verdadeiramente a NOVA ARCA DA ALIANÇA, E SACRÁRIO DOS SOBERANOS AFECTOS DO VERBO DE DEUS.
Portanto, Nossa Senhora coopera na Obra de Redenção, não como um poder extrínseco acrescentado a Nosso Senhor Jesus Cristo para Lhe engrandecer o poder redentor. Não. Maria coopera na Obra da Redenção, ENQUANTO REDIMIDA POR CRISTO, E EM VIRTUDE DA FORÇA QUE DELE RECEBEU.
Nossa Senhora, ao longo de 30 anos, afeiçoou Sobrenaturalmente a Vítima que um dia ofereceria no Altar da Cruz; porque Maria foi sempre ìntimamente solidária com o seu Filho em todos os Mistérios da Sua vida, ainda que, como pura criatura, de forma alguma os pudesse compreender inteiramente. O vínculo extremamente profundo e Sobrenatural que une Nossa Senhora a seu Divino Filho, constitui uma Verdade da Revelação, embora, como já se referiu, a assimilação teológica e espiritual dessa Verdade tivesse sido, providencialmente, progressiva.
O texto da encíclica “Ad Diem Illum” acima apresentado, é claríssimo enquanto enobrece Maria Santíssima com os atributos de “Corredentora”; outros Papas como Leão XIII, Pio XI e Pio XII também não recusam à Bem-Aventurada sempre Virgem Maria essa excelsa prerrogativa. Santo Alberto Magno (1205-1280)afirma: “Devemos estar imensamente gratos a Deus Nosso Senhor pela Sua Paixão, e à Santíssima Virgem pela sua compaixão”.
Efectivamente, Nossa Senhora permaneceu absolutamente unida à Paixão do Seu Filho, não apenas por ser seu Filho, mas fundamentalmente porque Nossa Senhora sabia que na Cruz se realizava, objectivamente, a Redenção do Mundo.
Assim se compreende que Nossa Senhora, no exercício da sua Maternidade Sobrenatural seja a Mediadora e Intercessora Universal.
Nosso Senhor Jesus Cristo é essencialmente, constitutivamente, o Mediador da Nova Aliança, pois que reconciliou, pela Sua Cruz, a Terra com o Céu, restaurando as fontes Sobrenaturais da Graça. Durante a Sua vida mortal, Nosso Senhor rezou incessantemente pela Humanidade, pois que desde o primeiro momento da Sua Encarnação era, por Direito próprio, Cabeça do Corpo Místico. Após a Sua Ascensão, Nosso Senhor continua rezando pelos Seus membros, e até pelos que não o são, dado que morreu ANTECEDENTEMENTE por todos os homens, ainda que só alguns se aproveitem CONSEQUENTE e eficazmente do Seu Sacrifício.
Nada tem de contraditório que Nosso Senhor reze à Santíssima Trindade, pois reza ENQUANTO HOMEM.
E se Nosso Senhor Jesus Cristo reza, Nossa Senhora, com soberana eficácia, reza com seu Divino Filho, como tantas vezes o fez na Terra; e todos os santos rezam também, ainda que com eficácia desigual.
Nunca devemos olvidar, que até ao Juízo Final, os habitantes dos Céus, conquanto estejam já na Eternidade, são EXTRÌNSECAMENTE MEDIDOS PELO TEMPO DA TERRA; portanto ainda não alcançaram aquela imutabilidade ontológica estrita que é constitutiva da própria Eternidade.
São Bernardo dizia que Nosso Senhor é a Fonte, e Maria é como que o aqueduto, pois como criatura, detém a mais profunda influência intercessora junto do seu Divino Filho.
Nem deve causar problema o facto de Nossa Senhora, como aliás todos os eleitos, contemplarem já na Visão Beatífica os Eternos decretos de Deus. Sem dúvida que os decretos Divinos são metafìsicamente imutáveis, todavia determinados decretos, nomeadamente a Predestinação das almas, são consignados pela Providência enquanto inseridos na universalidade das realidades do mundo, tendo em conta as vicissitudes do mundo, e portanto também a auréola Propiciatória e Impetratória irradiante deste pobre vale de lágrimas. Quando nós suplicamos alguma coisa a Deus, tal não pode alterar os Eternos decretos da Divina Providência, mas esses decretos, na sua Eternidade, já foram promulgados tendo em conta os nossos pedidos. Logo, devemos pedir.
A Santa Madre Igreja ensina que a Intercessão de Maria é Universal, fundamentada nos seus méritos superabundantes, pois compreende todas as Graças Sobrenaturais e todos os homens, os quais são abrangidos pelo influxo Sobrenatural, Maternal, de Maria Santíssima. Só os condenados são dele excluídos.
Mas como pode Maria Santíssima interceder por causas, que ela mesma, na visão beatífica, contempla como serem contrárias aos Decretos Eternos de Deus?
Precisamente porque sabe que esses Decretos foram promulgados enquanto parte de um Todo Providencial, no qual se encontra inserida toda a virtude Propiciatória e Impetratória, como já foi referido. Pedir a Deus Nosso Senhor, pedir de forma ordenada, CONSTITUI UMA VIRTUDE, sobretudo quando solicitamos Bens Sobrenaturais; ora no Céu apenas se solicitam Bens Sobrenaturais.
Nossa Senhora beneficiou a Santa Madre Igreja, sobretudo em La Salette e em Fátima, com aparições, que embora não integrem o Depósito da Fé, na economia Sobrenatural, foram decretadas pela Santa Providência, para Glória de Deus e Salvação das almas, aspectos constitutivos do Bem do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Maria desempenhou um papel fundamental no anúncio da ruína próxima da Santa Igreja. Pois devemos estar certíssimos que a nossa querida Mãe do Céu nos favorecerá com a restauração do Papado, o qual, por sua vez, promulgará o Dogma da Corredenção e Mediação Universal de Maria, verdades que integrando o tesouro infalível do Magistério Ordinário, não foram, contudo, ainda definidas. Constituirá esse o magno agradecimento à nossa Mãe do Céu, pela maior Graça, daquela Graça de que este pobre mundo mais tem necessidade: A restituição do Papado.
Assim queira Deus Uno e Trino.
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