A idéia de fazer este artigo consiste em mostrar o horror do Comunismo - alertado por Nossa Senhora, em Fátima, Portugal, através de trechos do livro "A Ascensão e Queda da Revolução Comunista" de Warren H. Carroll que, por sua vez, baseia-se na célebre obra de Alexander Solzhenitsyn chamada "O Arquipélago de Gulag".
Após estes breves relatos de Carroll, pretendo mostrar, em próximo artigo, como alguns países tomados pela Rússia conseguiram se livrar deste regime demoníaco; mas, sobretudo, mostrar que nada se consegue sem uma ação popular firme e corajosa, tendo como armas a Oração e a Penitência.
Apenas alguns poucos exemplos:
Um exemplo primário aconteceu na Rússia em 1923. Naquela altura, Moscovo tentou chantagear o Vaticano para que concedesse reconhecimento diplomático ao seu regime. Moscovo emitiu ordens de detenção do clérigo Monsenhor Cieplak (administrador apostólico da diocese de Mohilev), o seu vigário geral Monsenhor Budkiewicz, e outros treze padres. Estes clérigos declararam que não iriam observar a lei de 1922 da União Soviética que proibia o ensino da fé católica às crianças. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 310)
Em 1946 as autoridades soviéticas removeram todos os bispos lituanos de suas dioceses excepto um (…) De 1946 a 1948, 357 padres, — um terço dos padres na Lituânia — foram deportados para campos de trabalho na Rússia e Sibéria. A um deles, que foi sentenciado a 25 anos (ou seja, à morte, uma vez que praticamente ninguém sobrevivia mais de 10 anos nos campos), foi oferecida a liberdade, uma das maiores igrejas em Vilinius, e cem mil rublos se ele aceitasse liderar uma igreja Católica lituana cismática. Ele negou-se, e desapareceu. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 364-365)
Quase todo de uma vez começou o holocausto da Espanha [em 1936]. O principal alvo dos revolucionários era… a Igreja Católica. Durante os três meses seguintes, os padres, religiosos e leigos católicos que foram apanhados na parte da Espanha onde a República exercia o controlo, foram vítimas da mais sangrenta perseguição pela qual a Igreja alguma vez passou desde aquela operada pelo imperador romano Diocleciano no século IV. Ao todo, 6.549 padres e 283 freiras foram martirizados, a muitos, na clássica circunstância do martírio, foi oferecida a vida se renunciassem a fé e a morte se a mantivessem. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 285)
Em Cervera, contas de rosários foram forçadas para dentro dos ouvidos dos monges até que os seus tímpanos fossem perfurados… Certas pessoas foram queimadas, e outras enterradas vivas — e isto após serem obrigadas a cavar as suas próprias covas. Em Alcazar de San Juan, a um jovem homem, distinto pela sua piedade, foram arrancados os olhos. Naquela província, Ciudad Real, os crimes foram de facto atrozes. Um crucifixo foi enfiado à força pela boca a dentro da mãe de dois jesuítas. Oitocentas pessoas foram atiradas para dentro de um poço de mina. (citado por Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 286)
[...]até alguns “agressores carregavam bandeiras vermelhas com o machado e a foice. (Carroll, pág. 288)
Sob a batuta de Vladimir Lenin, o autor da revolução Comunista, genocida, e líder da Rússia comunista de 1917 a 1924
Em 1917, Lenin ordenou o encerramento de todas as igrejas católicas em Petrogrado. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 169).
Em Abril de 1919, seguindo as recomendações de Dzerzhinsky e com a aprovação de Lenin, o governo soviético ordenou o estabelecimento de uma rede de campos de concentração, pelo menos um por província, o primeiro do tipo na história, que serviu como modelo e inspiração a Hitler e os seus nazis, cujos campos de concentração posteriormente vieram a tornar-se infames como os do GULAG. Em 1923, o número desses campos de concentração chegou a 315. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 142)
A fome levou a morte aos lares, ou para tão longe desses quanto um moribundo conseguisse andar. Os campos de trabalho levaram a morte para longe… Parece até presunçoso que alguém escreva sobre o Gulag depois de Alexander Solzhenitsyn. Ele esteve lá; ele transformou o tema Gulag em seu próprio; ele mudou o mundo e a história através daquilo que escreveu sobre este… O máximo que podemos fazer é selecionar, aqui e ali, do que Solzhenitsyn escreveu, e elaborar notas de rodapé — para proporcionar um pouco do sentido, do sabor, do som do vento infernal que soprava pelos campos de extermínio espalhados pelos vastos ermos. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 243)
Descrição do campo de trabalho de Orotukan:
“Podemos começar por Orotukan. A meio do segundo volume de O Arquipélago de Gulag, Solzhenitsyn conclui com uma breve descrição de Orotukan (o qual ele depois situa somente por referência ao rio Kolyma no extremo-norte da Sibéria) — cujos horrores soam-nos ser tão maus quanto, mas não piores que aqueles de muitos outros campos que ele descreveu — com esta singular e dura sentença: ‘Todos os que sobreviveram a Orotukan dizem que prefeririam a câmara de gás.’ Todos os que estiveram lá e sobreviveram, e falaram sobre isso, dizem que prefeririam a morte à sobrevivência… No extremo da cordilheira Chersky de Yakutsk, o rio Kolyma desaguava no Oceano Ártico. Este desaguava, isto é, durante o verão. No inverno era uma faixa de gelo, de cima a baixo; pois as redondezas da cordilheira Chersky são o ponto mais frio da Terra sem contar com o centro da Antártica… No Kolyma, a temperatura média de inverno é sessenta graus abaixo de zero. Setenta e cinco abaixo de zero é comum…
“Até Novembro, eles só tinham abrigos feitos de ramos para viver, e não lhes era dada nenhuma roupa para além da que tinham quando chegaram. Depois eram-lhes fornecidos casebres de madeira feitos de tábua única sem isolamento. Havia lareiras para o aquecimento, mas os trabalhadores tinham de cortar a sua própria lenha — sob trinta, quarenta e ou cinquenta graus negativos — após terem terminado o trabalho do dia. Estes, ainda em Magadan, eram os sortudos. Os menos afortunados eram enviados para iniciar a construção da estrada para Kolyma — a meio do inverno… Não havia casebres aí, apenas tendas e cabanas de ramos. Cães de patrulha impediam que escapassem. Alguns dos campos no caminho para Kolyma foram dizimados até ao último homem e cão — não apenas morreram todos os escravos trabalhadores, mas também todos os guardas…
“Assim que o gelo derreteu no Golfo de Okhotsk, mais barcos chegaram com mais ‘kulaks,’ sabotadores, demolidores, e outros tipos de gente indesejável ao país… Quando o gelo derreteu no fim da primavera de 1934, o Dhzurma finalmente chegou à foz do Kolyma. Todos os 12.000 prisioneiros a bordo estavam mortos. Praticamente toda tripulação sobreviveu. Mas no retorno para Vladivostok, metade deles tiveram de ser tratados por ‘desordem mental.’ O que será que eles viram?
“Orotukan foi construido como um campo de punição para aqueles trabalhadores em Kolyma que sobreviveram e provaram ser particularmente intratáveis. As condições em Orotukan, portanto, deveriam ser propositadamente piores do que as de qualquer outro campo da região. Solzhenitsyn diz-nos que cada cabana em Orotukan estava cercada em três lados por pilhas de corpos congelados. O grande total de mortos em Kolyma foi aproximadamente três milhões. A cada ano, morria um terço dos prisioneiros nos seus campos; quase nenhum lá sobrevivia mais de quatro anos seguidos. Pelo menos um homem morreu por cada quilograma de ouro extraído das minas de Kolyma…” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 243-245)
Descrição dos campos de trabalho do Canal de Belomor:
“A mão-de-obra no Canal de Belomor chegou a cerca de 300.000 no seu pico, sem contar com o quase igualável número daqueles que morreram por excesso de trabalho, mal tratamento, subnutrição, ou doenças do campo, e que iam sendo substituídos à medida que caíam. A taxa de mortalidade era de setecentos por dia; porém, novos prisioneiros chegavam aos campos do Canal de Belomor numa média de mil e quinhentos por dia. O tempo médio de sobrevivência era de dois anos… D.P. Vitkovsky, ele próprio prisioneiro de Solovetsky e supervisor de trabalho no canal, descreve com calma e notável precisão as condições de trabalho e os seus resultados, até para aqueles que não eram internos do campo de trabalho:
‘No fim do dia de trabalho jaziam corpos abandonados no local de trabalho. O gelo tinha pulverizado as suas faces. Um deles encontrava-se curvado debaixo de um carrinho-de-mão virado ao contrário; ele tinha posto as suas mãos para dentro das mangas e morreu congelado nessa posição. Um deles congelou com a cabeça fletida entre os joelhos. Dois congelaram apoiando-se mutuamente de costas voltadas um para o outro. Eram jovens camponeses e os melhores trabalhadores que alguém poderia conceber. Eles eram enviados para o canal às dezenas de milhares, e as autoridades tentaram fazer as coisas de forma a que ninguém calhasse no mesmo sub-campo que o próprio pai; eles tentaram dividir famílias. E logo que chegavam eram-lhes dadas as normas sobre telhas e pedregulhos que não conseguiriam cumprir nem no verão. Ninguém os podia ensinar ou avisar coisa alguma; e na sua simplicidade de camponeses, eles despendiam toda a força no seu trabalho e enfraqueciam rapidamente morrendo congelados, aos pares. À noite, vinham os trenós e os recolhiam. E um som seco e forte ouvia-se à medida que os condutores atiravam os corpos para dentro dos trenós.
E no Verão, sobravam ossos de corpos que não foram removidos a tempo, e que, juntamente com as telhas, iam para dentro do misturador de concreto. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 248-249)
Deportações massivas já tinham começado na Polónia soviética. Em Fevereiro de 1940 mais de duzentas mil pessoas, predominantemente famílias, foram transferidas para o norte da Rússia europeia, onde foram largadas em pequenas vilas ou aldeias pouco habitadas onde tinham de subsistir por si mesmas; em Abril, um número ainda elevado, cerca de 320 mil mulheres e crianças, cujos maridos e pais já tinham sido executados ou consignados aos campos de concentração, foram enviadas para os degredos do Cazaquistão onde a maioria das crianças morreram; em Junho, mais um quarto de milhão foi enviado para a Sibéria. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 318)
Sob a batuta de Joseph Stalin, possivelmente o maior genocida da história, líder da Rússia comunista de 1924 a 1953
Em Maio de 1929, o Conselho do Comissariado do Povo definiu formalmente ‘kulak’ como qualquer lavrador que lucrasse qualquer tipo de dinheiro com qualquer tipo de actividade que não a venda da produção agrícola dos seus próprios terrenos. Qualquer rendimento exterior, qualquer processamento de bens feito na fazenda (tal como o de um moinho manual) era suficiente para que o indivíduo fosse considerado um ‘kulak’. Quando a campanha de extermínio foi lançada em 1930, entre dez a quinze por cento dos pequenos lavradores em cada região foram arbitrariamente taxados de kulaks e liquidados. Se não houvesse o suficiente destes com um perfil que enquadrasse na definição de 1929, outros tinham de ser adicionados para completar a quota. Podiam ser escolhidos pelos níveis de rendimento, actual ou aparente; por liderança nas vilas locais… por oposição à colectivização forçada (uma razão particularmente comum para designar alguém como um kulak); ou simplesmente por serem cristãos devotos… Este foi o primeiro acto de um holocausto camponês de 1930 a 1934 que tirou a vida à dez milhões segundo as estimativas do próprio Stalin fornecidas ao presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt em Yalta, e uma estimativa de 14,5 milhões quando todas as vítimas, incluindo aquelas que foram enviadas para campos de trabalho e que morreram posteriormente, são tomadas em conta. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 224-225)
Um vento frio soprou neve nos desafortunados que não estavam vestidos adequadamente, pois não lhes fora permitido levar roupa quente com eles. Nós queríamos ajudar de alguma forma, e uma vez que podíamos assumir que seriam banidos para a Sibéria, nós tínhamos de conseguir para eles alguma roupa que fosse bem quente… Sob atenta supervisão dos soldados, uma grande quantidade de trenó foram movidos para o pátio. Tinham o propósito de tirar os camponeses detidos das suas vilas. O carregamento de seis a oito pessoas por vagão começou imediatamente, controlado através da utilização de uma lista… esposos foram separados de suas esposas e crianças de seus pais… Assim que um trenó moveu-se para unir-se a uma coluna, um jovem surgiu e correu em direcção a outro trenó no qual estavam a sua impotente esposa em lágrimas e as crianças. O pai obviamente queria estar com a sua família, mas não os alcançou. O camarada Pashchenko, presidente do soviete da vila que estava a supervisionar toda a acção, sacou o seu revólver e atirou calmamente. O jovem pai caiu morto na neve, e o trenó que transportava a sua viúva e órfãos continuou. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 227-228)
Há relatos de ‘kulaks’ em comboios para o Cazaquistão ou Sibéria, trancados em carruagens que transportavam cinquenta cada uma, com um pedaço de pão e um balde de chá ou uma sopa pouco consistente para cada dez pessoas (e isso nos dias em que eram entregues), a rastejar com vermes, privados de agasalho no inverno, a sufocar no calor de verão, a atirar os bebés moribundos pela janela para pôr fim aos seus sofrimentos. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 228)
“A fria e dura realidade da situação era esta: os lavradores ucranianos iam morrer; e os operativos comunistas temiam a morte, ser erradicados, ou os campos de trabalho se eles nãos os deixassem morrer. Eles sabiam que não havia cereal. Toda gente sabia. Mas ninguém se atrevia a dizê-lo… Entretanto, as pessoas comiam ratazanas, ratos, pardais, caracóis, formigas e minhocas, couro e solas de sapato, peles velhas e pelugens, ossos do chão, cascas de acácia e urtigas. Em Março, em muitas áreas, até a maioria dessas coisas tinha acabado, e não havia mesmo nada restante para comer. Um terrível silêncio invadiu as aldeias; não havia animais para fazer qualquer barulho e as pessoas ainda vivas raramente falavam. Victor Kravchenko, na altura um ativista do Partido enviado à Ucrânia, que posteriormente repudiou o comunismo e que conseguiu a sua liberdade escapando, relembrou o que vira:
‘Aqui vi pessoas a morrer na solidão vagarosamente, de formas horríveis, sem a desculpa do sacrifício por uma causa. Eles foram presos e abandonados à fome, cada um em sua própria casa, por uma decisão política tomada numa longínqua capital à volta de mesas de conferência e de banquete. Não havia sequer a consolação do inevitável para aliviar o horror. As vistas mais terrificantes eram as de crianças com os seus membros, que mais pareciam ser de esqueletos, como que pendessem de seus abdómenes semelhantes a balões. A fome retirou qualquer traço de juventude das suas faces, transformando-as em gárgulas torturadas; nos olhos somente ainda se mantinha qualquer rastro de infância. Por todo o lado encontravam-se mulheres e homens estendidos de bruços, as suas faces e barrigas inchadas, os seus olhos completamente sem expressão… Cerca de cinco milhões de ucranianos morreram nesta fome deliberada e genocida.’” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 240-241)
Creio que com isso dá para se ter uma idéia do que foi o genocídio comunista e sua perseguição aos católicos. Apenas alguns exemplos.
Fonte: http://comentaseporai.blogspot.com.br/2015/05/o-mal-do-comunismo-que-se-espalhou-pelo.html
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