“Creio que seja evidente para todos que é simplesmente impossível conduzir vida virtuosa sem a oração”
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos
o Papa São Pio X, em passagens da encíclica “Haerent Animo”, promulgada em 4 de Agosto de 1908:
«Em verdade, a única coisa que une o homem a Deus, que o torna agradável
a Ele, e o constitui digno ministro da Sua Misericórdia É A SUA SANTIDADE DE
VIDA E DE COSTUMES. Essa é, substancialmente, a perene ciência de
Nosso Senhor Jesus Cristo – E SE O SACERDOTE A NÃO POSSUI FALTA-LHE TUDO.
A mais vasta cultura – que nós próprios procuramos promover entre o
clero – como também a habilidade prática, se não existe a santidade, podem ser,
sim, de alguma utilidade à Igreja e aos indivíduos, mas não raro acabam por
atrair para si deplorável dano.
Ao invés, o santo, também se constituído no grau mais humilde, é capaz
de empreender e conduzir a bom termo MUITÍSSIMAS OBRAS DE GRANDE UTILIDADE AO
POVO DE DEUS. Inúmeros exemplos em todos os tempos testemunham-no. Bem recente
e insigne é aquele de João Baptista Vianey; para o qual estamos alegres de
haver decretado as honras dos beatos.
Finalmente, sòmente a Santidade nos faz compreender o que o chamado de
Deus requer de nós, isto é, homens crucificados para o mundo, e para os quais
Cristo foi crucificado; homens que vivem a nova vida; homens que, nas palavras
de Paulo, demonstram-se ministros de Deus, “nas fadigas, nas vigílias, nos
jejuns, pela pureza, pela ciência, pela paciência, pela bondade, pelo
Espírito Santo, pelo amor sem fingimento, pela Palavra da Verdade”
(I Cor 6, 5 e ss); homens que tendem ùnicamente para o Céu, ansiosos de
conduzir os outros a todo o custo.
Sabe-se que a Santidade é fruto da nossa vontade, à medida que a nossa
vontade é socorrida pela Graça Divina. Eis porque essa Graça foi posta
por Deus à nossa disposição de modo que, se o desejamos, essa nunca nos
faltará. O primeiro meio com que nós a podemos obter é a oração. Oração e
Santidade estão interligadas entre si, uma não pode subsistir sem a outra.
Corresponde à verdade o pensamento de Crisóstomo: “Creio que seja evidente para
todos que é simplesmente impossível conduzir vida virtuosa sem a oração”. E
santo Agostinho, com agudeza, chega a esta conclusão: “Sabe verdadeiramente
viver bem – QUEM REZA BEM.”»
Em
Teologia, costuma aplicar-se o termo “sublime” para designar a elevação ao
infinito Divino do conjunto das perfeições criadas; nestas existe uma distinção
real entre as referidas perfeições; na Natureza Divina, na Essência Divina, essa
distinção é virtual maior, ou seja o mesmo tipo de distinção que existe entre
os Transcendentais Metafísicos: Unidade, Verdade, Bondade. Por exemplo: Em
certo sentido e num plano analógico contingente e material, o Sol, enquanto é
fonte global de energia para toda a Terra, contém nessa energia radiante o
princípio motor global da natureza. Efectivamente, os raios solares são
essenciais a função clorofilina na qual as plantas sintetizam matéria orgânica
e libertam oxigénio; essa matéria orgânica servirá também de alimento aos
animais. Por sua vez, o calor do sol, moderado pelos oceanos e pela inclinação
do eixo da Terra (tudo pensado pela Inteligência Divina), torna possível o
florescimento da vida, e a variedade de fauna e flora. Mesmo o carvão e o petróleo
só podem existir em consequência da energia irradiada pelo sol; sem este,
aliás, não haveria, nem luz, nem água, nem qualquer actividade físico química,
com excepção da procedente da estrutura íntima da matéria, como radioactividade
e fenómenos afins. Daqui se infere que toda a vida da Terra reside, como que
virtualmente, na actividade solar.
Anàlogamente,
mas agora no campo metafísico, diremos que DEUS CONSTITUI O SOL DA CRIAÇÃO; É
DEUS QUEM CONFERE O SER METAFÍSICO ÀS CRIATURAS, E CONFERINDO-O FINITIZA-AS,
POR ISSO AS DIVERSAS PERFEIÇÕES CRIADAS RESIDEM VIRTUALMENTE EM DEUS, SÃO
SUBLIMADAS EM DEUS. A Eternidade, que supera e sublima infinitamente o tempo,
não é a simplicidade, que infinitamente sublima a noção imperfeita de
composição, MAS EM DEUS, A SUA ETERNIDADE É A SUA SIMPLICIDADE E VICE-VERSA.
Por
outro lado, em Deus, na Natureza Divina, a Inteligência e a Vontade
distinguem-se também virtualmente, na exacta medida em que são SUBSTANCIAIS,
não constituem faculdades, como nos Anjos e nos homens; todavia no Mistério da
Santíssima Trindade, as Três Pessoas SÃO REALMENTE DISTINTAS. Tal não introduz
nenhuma composição em Deus, precisamente porque a Inteligência Infinita que Se
conhece Infinitamente a Si mesma; e a Vontade Infinita que Se quer e ama Infinitamente
a Si mesma; necessàriamente, na Sua Infinitude, têm igualmente de ser Pessoais,
no sentido em que constituem fundamento da Geração do Verbo, como da Espiração
do Espírito Santo; e as Pessoas têm, evidentemente, que ser distintas entre Si.
Neste
quadro conceptual, o Acto da Criação finitiza e diversifica as criaturas
segundo essências hierarquizadas numa composição de raiz metafísica
ESSE-ESSÊNCIA. O anátema ao princípio da liberdade religiosa fundamenta aqui a
sua base metafísica: ASSIM COMO SÓ HÁ UM DEUS, UMA SÓ SANTÍSSIMA TRINDADE, SÓ
HÁ UM SER TRANSCENDENTAL, DO QUAL TODA A CRIAÇÃO PARTICIPA, E TUDO O QUE NÃO É
SER – É NADA! CONSEQUENTEMENTE SÓ PODE HAVER UMA RELIGIÃO.
A
definição de sublimação, há pouco enunciada, consubstancia uma ordem ontológica.
Todavia, na ordem lógica, é igualmente possível considerar uma realidade que se
pode e deve denominar sublimação; refere-se aos Dons do Espírito Santo,
enquanto eles logram condensar, sobretudo na Sapiência e no Entendimento, UMA
INFINITA RIQUEZA DOUTRINAL E MORAL, COM ELEVADÍSSIMA EXTENSÃO E MÁXIMA
COMPREENSÃO, em pouquíssimas, OU ATÉ NUMA SÓ, espécies inteligíveis e volitivas
Sobrenaturais, produzisdas directamente por Deus nas nossas faculdades. Neste
enquadramento, uma mesma realidade doutrinal adquire uma muito mais rica
informação ontológica se for concentrada num mínimo de espécies inteligíveis –
O QUE SÓ PODE SUCEDER, PRECISAMENTE, NOS DONS DO ESPÍRITO SANTO. É igualmente o
que se verifica nos Anjos mais perfeitos em relação aos Anjos menos perfeitos.
O
termo “sublimar” aplica-se igualmente, com certa analogia, ao campo
psicológico, indicando como que uma purificação das más energias, das más
inclinações. No plano estritamente natural e humano, pode-se, sem dúvida,
conceber que determinadas realidades, ao impôr-se psicològicamente, assimilem
certas energias de móbil que até aí se encontravam investidas em objectos
pecaminosos. O móbil constitui como que a energia biológica dos seres humanos,
naquilo que o homem, animal racional, possui precisamente de animal e que é
constitutivo do apetite irascível e do apetite concupiscível. Os Anjos não
possuem móbil. Essa energia é necessária para a operação humana; essa é mesmo a
razão profunda pela qual um homem que necessita de coragem, legìtimamente bebe,
pois que o móbil que encontra em si é insuficiente para a acção que pretende
concretizar. Quando se diz, por exemplo, que um crime foi premeditado, pretende
significar-se que nesse crime a razão do motivo racional foi determinante –
agravando-o. Quando se afirma que foi um crime passional, pretende
significar-se que nele foi preponderante um móbil excessivo e desproporcionado
ao motivo – podendo atenuar a responsabilidade moral e legal.
Assinala-se
o como é imperioso que o motivo racional governe o móbil, facultando-lhe a
medida exacta para cada momento. Ora isto não se pode conseguir sem a Graça
Medicinal e sobretudo sem a Graça Santificante. A Graça Medicinal é-nos
concedida em ordem aos Bens Sobrenaturais e possui carácter Preternatural, ou
seja, excede as exigências da natureza humana, mas é essencialmente inferior à
Graça Sobrenatural. Tal como a expressão no-lo diz, a Graça Medicinal ajuda a
sarar as feridas da natureza,que são consequència do pecado original,
preparando-nos pròximamente para a elevação ao estado Sobrenatural. Trata-se
todavia de uma preparação extrínseca, porque a Graça Sobrenatural está
infinitamente acima da ordem Preternatural.
Só
a Graça Sobrenatural nos pode verdadeiramente, não apenas estabelecer
sòlidamente nos Hábitos das Virtudes Morais Sobrenaturais, como ainda, muito
mais ainda que a Graça Medicinal, expurgar o mau móbil, eliminando-o, ou
SOBRENATURALIZANDO-O PELA SUA INCORPORAÇÃO EM OPERAÇÕES MERITÓRIAS PARA A NOSSA
SALVAÇÃO. Nunca olvidar que A GRAÇA EXTINGUE TENDENCIALMENTE A CONCUPISCÊNCIA,
OU SEJA, ORDENA E RECTIFICA TODO O NOSSO SER, EM TODAS AS SUAS CAMADAS, SEGUNDO
UMA UNIDADE DE ENTENDIMENTO E ACÇÃO SOBRENATURAL. A Graça Medicinal dirige-se
mais ao refrigério do móbil excessivo ou desordenado; mas a Graça Santificante
com seus consectários – os Dons do Espírito Santo – ordenam primàriamente o
motivo intelectual, e sobrenaturalizando-o, governam também o móbil.
A
concupiscência releva do aviltamento da hierarquia e da nobreza dos motivos,
sobretudo porque oblitera a disciplina das energias irascível e concupiscível.
Uma
pessoa sempre cheia de enormes tentações NÃO TEM A GRAÇA SANTIFICANTE, porque
como se referiu, esta última unifica sublimada e sobrenaturalmente todo o
composto corpo-alma.
Mas
então, e se resistir às tentações? Para resistir meritòriamente às tentações é
necessàrio proceder por motivos Sobrenaturais, não por conveniências humanas e
terrenas. Sem dúvida que até um santo pode ter tentações – mas moderadas.
Conclui-se
que as sublimações do mundo são vãs, falsas, e de nada servem, nem podem
servir, para a salvação Eterna. Pior ainda: FORAM AS FALSAS SUBLIMAÇÕES QUE POR
IGNÓBIL IRRISÃO A MAÇONARIA INVENTOU PARA “AUXILIAR” OS PADRES MODERNOS A
CONSERVAR A CASTIDADE – QUE PROVOCARAM NELES A PEDERASTIA. TUDO ALIÁS FOI
PREMEDITADO PARA DETERMINAR UM TAL RESULTADO.
Só
no seio Eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo e no grémio da Santa Madre
Igreja, sob a Mediação de Maria Santíssima, podemos encontrar o alívio de todas
as nossas misérias, e a consolação para todas as dores deste pobre mundo.
Sòmente na vida Sobrenatural, que nos enxerta no Corpo Místico e nos eleva
àquela grande sublimação de faculdades, que só a participação na Natureza
Divina pode conferir, só aí, poderemos realmente contemplar: A UNICIDADE
ABSOLUTA DE DEUS, A UNICIDADE DO SER, A UNICIDADE ABSOLUTA DA SACROSSANTA
RELIGIÃO CATÓLICA.
LOUVADO
SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa,
7 de Abril de 2016
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