“Vós, senhor bispo, tendes um que é meu; devolvei-mo. Os borguinhões têm outro que é meu. Mas vós, senhor bispo, mostrai meu anel”.
Após 585 anos o anel da Donzela de Domrémy retorna a
França. Retorna numa época em que os francesas necessitam de valor para lutar
contra novos antigos inimigos.
De santa Joana D’Arc praticamente não restou nenhuma relíquia, seu corpo
fora totalmente queimado, um fragmento de osso que lhe era atribuído como sendo seu e mantindos em Chinon, França, é uma falsificação, conforme investigação realizada pela diocese de Tours, seu estandarte foi perdido, bem como a sua espada.
Da espada, há relatos que pertenceu a Charles Martel,
avô de Carlos Magno, e uma revelação em 1429, mostrou onde a mesma estaria, na
Capela de Sainte Catherine, enterrada atrás do altar. A arma ao ser descoberta
foi entregue a santa guerreira que a utilizou em suas batalhas. É desconhecido
o paradeiro da arma, alguns relatam que após a sua prisão ficou confiada a
intendentes do exército e em outros que fora escondida no subterrâneo embaixo
da igreja ou dentro de um pilar da capela, ou que teria deixado como oferenda a
Deus após a batalha de Tours. Mas a verdade é que ninguém até hoje encontrou a
famosa arma!
De seu estandarte não se tem relatos de onde encontra
ou qual destino tomou, há sim, informações que nele estaria bordado o “Jesus e
Maria”, mesma inscrição que Nosso Senhor, em aparição à Santa Margarida Maria
Alacoque, mandou transmitir ao Rei de França, Luis XIV, para que inscrevesse na
bandeira real. Não sendo atendido, o rei e sua corte teve o fim hoje conhecido.
Há, ainda, relatos de que santa Joana D'Arc possuía três
tipos diferentes de estandarte: “dois que usava nos campos de batalha; um de
grandes dimensões e outro de dimensões mais pequenas, e um terceiro, usado para
fins religiosos durante as orações da manhã e da noite. Não há até hoje provas
do conteúdo de cada um dos estandartes; no entanto, sabe-se que as imagens eram
todas do Novo Testamento. Durante o seu julgamento, Joana referiu que o
estandarte maior retratava a última vinda de Jesus e o julgamento final. O
autor do "Jornal do cerco a Orléans" refere que o estandarte mais
pequeno apresentava a imagem da Anunciação. E, no testamento, o padre Pasquerel
testemunhou que a imagem da crucificação estava no estandarte utilizado para as
horas de oração. No entanto e apesar destas descrições não se sabe exatamente
quais as cores nem dimensões de cada um dos estandartes”.¹
Do santo corpo de Joana D’Arc, nada sobrou após ter
sido consumido pelo fogo. Relatos informam que foi queimado até as cinzas,
constantemente alimentado as chamas para que nada da santa restasse.
Contam que após o fim das chamas um dos carrascos,
removendo as cinzas encontrou o coração intacto da virgem e pegando com as
mãos, ainda pulsando, saiu pelas ruas de Paris em desespero, atirando-o no Rio
Sena, onde ainda hoje reside batendo sob as águas parisienses.
A única relíquia a qual se teve destino foi um dos
anéis de santa Joana D'Arc a qual havia inscrição em sua parte superior IHS e MAR,
significando Jesus e Maria. Antes de cada batalha ela o beijava, e o mesmo
faziam os habitantes dos povos que ela ia libertando em sua gesta gloriosa.
O anel fora tomado pelo infame bispo D. Pierre
Cauchon, conforme relato de seu interrogatório do dia 1º de março de 1431,
quando o interrogador perguntou se tinha anéis, santa Joana D’Arc respondeu,
voltando para o bispo Cauchon: “Vós, senhor bispo, tendes um que é meu;
devolvei-mo. Os borguinhões têm outro que é meu. Mas vós, senhor bispo, mostrai
meu anel”.
O citado anel, seria um presente dos pais à Joana D'Arc no dia de sua primeira comunhão. Couchon o teria presenteado Enrique de
Beaufort, Bispo de Winchester, que o haveria dado ao seu sobrinho o Rei
Henrique VI. Este teria passado aos Duques de Portland. Chega o anel até lady
Ottoline Violet Cavendish-Bentinck, que o presenteou ao pintor Augustus John.
Este o cede em 1914 a um colecionador britânico. Em 1947 o anel, posto em
leilão, é adquirido por James Hasson a quem seu filho o colocou novamente em
leilão em fevereiro de 2016².
O anel teria sido arrematado por cerca de 300.000
euros por um grupo de católicos tradicionais franceses.
"O anel voltou à França e aqui ficará",
declarou o fundador do parque histórico de Puy du Fou, o político
ultraconservador Philippe de Villiers³.
Além deste anel, santa Joana d'Arc, possuía outros dois que
se perderam. Um teria entregue a seu irmão e outro foi roubado pelos burgúndios
aliados dos ingleses.
No local onde houve a execução, foi colocado um poste
encimado pela inscrição: “Joana, que se fez conhecer pela Donzela, mentirosa,
perniciosa, abusadora do povo, adivinha, supersticiosa, blasfemadora de Deus,
presunçosa, descrente na fé de Jesus Cristo, jactante, idólatra, cruel,
dissoluta, invocadora de diabos, reincidente, apóstata, cismática e herética”¹.
Cerca de 25 anos depois, em 07 de julho de 1456 o
processo contra santa Joana D’arc foi declarado nulo pelo Papa Calixto III.
Quase cem anos após a execução de santa Joana D’Arc, a
Inglaterra proclamou o cisma com Henrique VIII e em 1559 promulga o Ato de
Supremacia, com a sanguinária Elizabete I confirmando a apostasia inglesa.
Duzentos e oitenta e seis anos após a morte da santa francesa, surgi a
maldita maçonaria, alimentada pela revolta protestante de 1517 e pelos ideais judaicos
chegando até a revolução francesa em 1789 que desencadeou no comunismo de 1917.
Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire escreveu
um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a ridicularizava, intitulado
«La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de Orléans»¹.
Em 9 de maio de 1920, cerca de 500 anos após a sua
morte, Joana d'Arc foi canonizada pelo Papa Bento XV. Em 1922 foi declarada
padroeira de França.
Com o retorno do anel a França, entregue as maldições
da revolta de 1789, republicana, laica e nacionalista e com as invasões
maometanas atacando o incrédulo povo francês, o retorno da relíquia pode
sinalizar a esperança da vitória do cristianismo contra o modernismo contemporâneo.
Esperamos um novo cerco de Viena de 1529, uma nova
batalha de Lepanto de 1571 e uma nova batalha de Viena de 1683.
Viva Cristo Rei! Viva Nossa Senhora de Guadalupe!
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