(N.º
146)
II
- LIVROS ASSASSINOS
O
MAU LIVRO É ASSASSINO. – Corrompe e mata o espírito, falseando o
seu juízo e fazendo-lhe perder a gravidade e o equilíbrio.
Dizem
que, no Oriente, os infelizes que contrairam o funesto hábito de
embriagar-se com o abuso do ópio se tornam incapazes de suportar a
vida. Esta embriaguez faz brilhar, perante seus olhos fascinados,
horizontes deslumbrantes de cores e de luz. A sua alma experimenta
então emoções e êxtases desconhecidos; a sua imaginação os
transporta para palácios encantados. Ora, arrebatados pela brisa
embalsamada, pelos vastíssimos campos de céu, visitam com a rapidez
do relâmpago regiões maravilhosas, que nenhum olhar humano jamais
contemplou. Ora, arrebatados como flor arrancada à ribanceira, por
um fluido misterioso, percorrem paraísos de verdura e respiram com
avidez perfumes ignorados até então.
Tais
são os devaneios, as loucuras em que se mergulham os leitores e as
leitoras de romances. Quando se desvanecem estas ilusões e tornam à
crua realidade, acabrunha-os uma tristeza indescritível.
Quem
leu muitos romances há de naturalmente sonhar com eles. Comparando a
monotonia dos deveres de cada dia com a existência imaginária e
quimérica dos personagens de romance o leitor ou a leitora assídua
e apaixonada vai criando enfado, aversão ao seu estado, fantasia
outro, despreza as suaves ternuras da família e a alegria do lar.
O
MAU LIVRO MATA O CORAÇÃO. – Quem costuma ler maus livros com
prazer gosta deles evidentemente; pelo só fato de gostar deles
conclui-se forçosamente que são perigosos para essa pessoa e que
lhe desorientam e estragam a alma, pois é impossível que não se
manche quem se arrasta e mergulha na lama. Dá-se com os livros o que
se dá com os alimentos: alimentam por natureza e devem produzir um
efeito benéfico ou funesto.
VÃS
DESCULPAS. – Com o fim de se desculpar e justificar, os leitores e
as leitoras de romances dizem que essa leitura instrui, adorna e
ilustra o espírito.
E
a inocência e o candor que lhes rouba, não valem mil vezes mais que
uma cultura superficial e banal? Não é porventura verdadeira
insensatez o julgar que não se pode aprender a falar e a escrever
senão aprendendo o mal viver? O pretexto pueril de que os romances
adornam e ilustram a mente, nunca poderá justificar a imprudência
de quem se expõe evidentemente a encontrar na sua leitura dúvidas,
tentações, ensinos perversos e corruptores, e erros de toda
espécie.
ESTA
LEITURA NÃO ME FAZ MAL!... Que esperança! Os rapazes e as moças
que nos alegam semelhante pretexto são talvez seres à parte, seres
privilegiados, fenomenalmente privilegiados? Não foram formados com
o mesmo barro com o qual foram e são plasmados todos os outros
homens? Nã há neles as mesmas inclinações, o mesmo fundo de
orgulho, de sensualismo? Ora essa! Os próprios sacerdotes, que se
veem às vezes obrigados a ler certos livros, para refutar-lhes os
erros, abrem-nos com receio e a tremer, pedindo humildemente a Deus
que os preserve de toda queda; e vós, meninos, rapazes, meninas e
moças, julgais poder permitir-vos sem remorso de consciência a
leitura franca de semelhantes livros? NÃO, MIL VEZES NÃO!... Não
sois tão fortes e invulneráveis como quereis imaginar, e tanto
menos o sois, quanto mais vos iludis sobre a vossa força. Sois
feitos de carne e ossos como o resto dos pobres e fracos mortais. A
vossa fraqueza é grande e vos expondes a perder o que há de mais
precioso em vós; a pureza do coração.
CONCLUSÕES
PRÁTICAS. – NUNCA vos permitais a leitura de algum LIVRO DUVIDOSO,
sem pedir previamente seguras informações a respeito dele, sem
pedir o parecer de vossa mãe ou do vosso confessor.
Se
por negligência, ou até sem haja culpa alguma de vossa parte, abris
alguns desses livros cujo conteúdo ignorais, FECHAI-O apenas
perceberdes que a vossa imaginação começa a exaltar-se com as
descrições que vos oferece, ou a vossa mente se prende com
demasiada sofreguidão e avidez, com excessiva curiosidade ás suas
narrações cativantes. É quase sempre sinal desfavorável para o
livro que produz semelhantes impressões.
Enfim,
atendei mais ao cumprimento dos vossos deveres que à leitura,
TRABALHAI E ORAI. Se pertenceis à sociedade, frequentai-a na medida
do necessário, dedicai os vossos talentos, as vossas habilidades e
aptidões às obras de apostolado. Nunca deixeis a vossa leitura
espiritual, interessai-vos pelos livros sérios e verdadeiramente
instrutivos e de leitura proveitosa, e não tereis que recorrer ao
vosso confessor ou a vossa mãe para saber se podeis ler este ou
aquele livro, como não recorreis a eles para saber se podeis caçar
onças ou pescar baleias. Mais o trabalho e menos leituras. Eis aí o
que vos desejo e peço encarecidamente para vosso bem. Oxalá se
realize o meu ardente desejo!
RAIOS DE SOL
Folhas Populares de Propaganda Católica
Padre Amando Adriano Lochu, S.J.
Segunda Série
que abrange os números 101 até 150
São Paulo – 1933
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