“Miseréris ómnium, Dómine, et nihil
odísti eórum quæ fecísti, dissímulans peccáta hóminum propter pæniténtiam et
parcens illis: quia tu es Dóminus, Deus noster”
Com o intuito de fazer penitência por nossos pecados, de melhor
nos dispor para a oração e de estar unidos aos sofrimentos de Nosso Senhor
Jesus Cristo, a Santa Igreja nos pede, nos tempos de penitência, que ofereçamos
jejum e abstinência a Deus.
O Jejum:
Praticado desde toda a
Antiguidade pelo povo eleito, como sinal de arrependimento, praticado por
Nosso Senhor Jesus Cristo e por todos os santos, recomendado pela Santa Igreja
como instrumento de santificação da alma, de controle do corpo e equilíbrio emocional,
o jejum obrigatório foi sendo reduzido ao longo dos séculos.
Quando
devemos jejuar por obrigação?
Na Quarta-feira de cinzas, abertura da Quaresma
Na Sexta-feira
Santa, dia da morte de Nosso Senhor.
No entanto, todos os católicos devem ter a mortificação e o jejum
presentes em suas vidas ao longo do ano, principalmente durante o Advento, a
Quaresma e nas Quatro Têmporas, tendo sempre o espírito mortificado, fugindo do
excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecendo alguns sacrifícios
a Deus, seja no comer, no beber, nas diversões (televisão principalmente),
nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar
os outros, tendo paciência em tudo.
Assim sendo, mesmo não sendo obrigatório, continua sendo recomendado o jejum nas Quartas e Sextas da
Quaresma e do Advento, guardando-se sempre o espírito pronto para as pequenas
mortificações também nos demais dias.
Quem deve
jejuar?
As pessoas maiores de 21 anos são obrigadas. Mas é evidente que os
adolescentes podem muito bem oferecer esse sacrifício sem prejuízo para a saúde.
Quanto às crianças menores, mesmo alimentando-se bem, devem ser
orientadas no sentido de oferecer pequenos sacrifícios, e acompanhar a
frugalidade das refeições.
As pessoas doentes podem ser dispensadas (é sempre bom pedir a
permissão ao padre)
As pessoas com mais de sessenta anos não têm obrigação de jejuar,
mas podem fazê-lo se não houver perigo para a saúde.
Como jejuar nos dias de jejum
obrigatório?
– Café da manhã mais simples
que de hábito: uma xícara de café puro, um pedaço de pão, uma fruta.
– Almoço normal, mas sem carne (peixe pode), sem doces e
sobremesas mais apetitosas, sem bebidas alcoólicas ou refrigerantes.
– No jantar, um copo de leite ou um prato de sopa, um pedaço de
pão, uma fruta.
São inúmeras as passagens das Sagradas Escrituras referentes ao
jejum. Eis algumas poucas referências:
II Reis XII,16
Tobias
XII,8
Daniel
I, 6-16
S.
Mateus IV,1
S.
Mateus VI, 17
S.
Mateus XVII,20
Atos
XIV,22
II
Coríntios VI,5
A Abstinência de carne
Dentro do mesmo espírito de mortificação, pede-nos a Santa Madre
Igreja a mortificação de não comer carne às sextas-feiras, o ano todo, de modo
a honrar e adorar a santa morte de Nosso Senhor. (ficam excluídas as
sextas-feiras das grandes festas, segundo a orientação do padre).
A abstinência ainda é praticada e, diferente do jejum, começa
desde a adolescência, a partir dos quatorze anos.
Nas sextas-feiras do ano, e mais ainda durante os tempos de
penitência, saibamos oferecer esse pequeno sacrifício a Nosso Senhor. Se vamos
a um restaurante, peçamos peixe (muitos restaurantes ainda hoje servem pratos
de peixe nas sextas-feiras).
O Jejum eucarístico
O jejum eucarístico é o fato de se comungar sem nenhum alimento
comum no estômago, em honra à Santíssima Eucaristia.
O espírito do jejum eucarístico é de receber a Santa
Comunhão como primeiro alimento do dia. Quando o Papa Pio XII modificou a
disciplina do jejum eucarístico, devido à guerra, salientou que todos os que
podiam deviam praticar esse jejum, chamado natural : só tomar alimento depois
da comunhão. Quem assiste à Santa Missa cedo pode, muitas vezes, praticar esse
jejum.
Apesar da lei eclesiástica em vigor determinar apenas uma hora
antes da comunhão para o jejum eucarístico, todos os padres sérios pedem a seus
fiéis que se esforçem para deixar três horas, visto que uma hora não chega a
ser nem mesmo um sacrifício.
Caso as crianças ou pessoas debilitadas precisarem tomar algo
antes da comunhão, com menos de três horas, procurem, ao menos, tomar apenas
líquido, um copo de leite, por exemplo. Porém, tendo se alimentado com menos de
uma hora antes da hora da comunhão, não se deve, de modo algum, se aproximar da
Sagrada Mesa.
O jejum, a abstinência e o
confessionário
Como o jejum e a abstinência fazem parte dos mandamentos da
Igreja, devemos nos empenhar para praticá-los por amor de Deus. Caso haja
alguma negligência ou fraqueza da nossa vontade que nos leve a quebrar o santo
jejum ou a abstinência, devemos nos arrepender por não termos obedecido ao que
nos ordena nossa Santa Madre Igreja, confessando-nos por termos assim ofendido
a Deus.
Nos casos de esquecimento, devemos substituir essa obra por outra
equivalente, como fazer o jejum em outro dia, rezar um terço, etc.
É sempre bom lembrar que a água pura não quebra o jejum.
As pessoas inclinadas à mortificação e ao jejum não devem
nunca determinar um aumento de penitência sem o consentimento explícito do
sacerdote responsável. O demônio usa muito o excesso de penitência corporal
para enfraquecer a alma. Tudo fazer na obediência.
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