Início da 3ª parte do Segredo de Fátima. |
As duas primeiras partes do Segredo foram divulgadas pela Irmã Lúcia na terceira Memória, escrita pela vidente em 31 de agosto de 1941.
Em 3 de janeiro de 1944, a instâncias do Bispo de Leiria, a Irmã Lúcia escreveu a terceira parte do Segredo, que mandou entregar ao Bispo com uma nota de que não poderia ser divulgado antes de 1960.
O Bispo Dom José Alves Correia da Silva colocou o envelope dentro de outro, que por sua vez lacrou e guardou na caixa-forte da Cúria episcopal.
Em princípios de 1957, a Sagrada Congregação do Santo Ofício, atual Congregação para a Doutrina da Fé, pediu que o documento fosse remetido a Roma.
Requisitado por João XXIII no dia 17 de agosto de 1959, o Papa recebeu o documento das mãos de um Comissário do Santo Ofício, abrindo-o alguns dias depois lendo-o com a ajuda do tradutor português da Secretaria de Estado.
Tendo decidido não publicá-lo, devolveu-o ao Santo Ofício.
Essa decisão provocou grande frustração em todo o mundo, dando origem aos mais sensatos ou descabidos vaticínios sobre o conteúdo do Segredo.
Os pontífices que se seguiram, Paulo VI e inicialmente João Paulo II, confirmaram tal decisão.
João Paulo II, quando foi a Fátima em 13 de maio de 2000, anunciou que o 3° Segredo seria afinal revelado com um oportuno comentário da Congregação para a Doutrina da Fé, o que se deu em 26 de junho do mesmo ano.
Embora haja divergências entre os especialistas a respeito do fato do texto divulgado pelo Vaticano corresponder ou não à integralidade do 3° Segredo, publicamos excertos de entrevista ao Antônio Borelli Machado, autor de conceituada obra sobre a mensagem de Fátima e sem dúvida a mais vendida no mundo.
Antonio Augusto Borelli Machado. |
Jornalistas credenciados junto ao Vaticano foram convidados.
“Eminência: a Igreja não acabou pagando um preço alto demais por este longo silêncio, este longo segredo sobre o Segredo? A terceira parte do Segredo não contém já a segunda parte, ao acenar ao bispo vestido de branco?”
O Cardeal respondeu sem hesitação:
“Certamente a decisão dos três Papas de não publicar o Segredo era uma decisão não dogmática, mas prudencial. E se pode sempre discutir sobre a prudência de uma decisão.
“Todavia, direi: certamente pagamos um preço pelas especulações que tivemos nestes últimos decênios. Mas, de outra parte, penso que era apropriado esperar um momento.
“Em 1960, estávamos no limiar do Concílio, essa grande esperança de poder alcançar uma nova relação positiva entre mundo e Igreja, e também de abrir um pouco as portas fechadas do comunismo.
“Este texto [o terceiro Segredo] não teria tido a sua colocação correta”.
1) O ralliement (acordo, adesão) da Igreja com o mundo moderno: “essa grande esperança de poder alcançar uma nova relação positiva entre mundo e Igreja” mencionada pelo Cardeal.
2) A Ostpolitik vaticana, isto é, o ralliement da Igreja com o comunismo: a esperança “de abrir um pouco as portas fechadas do comunismo”;
3) A implantação das diretrizes do Concílio que visavam promover esse duplo ralliement, e que foram a causa de “tantos problemas” de “digestão” das inovações conciliares pelo mundo católico.
Ora, um mundo que Deus quer punir dessa forma é um mundo que está provocando a rejeição divina...
Não era um mundo que autorizasse “essa grande esperança de poder alcançar uma nova relação positiva entre mundo e Igreja”.
Portanto, divulgar em 1960 o 3° Segredo teria sido andar na contramão do ralliement da Igreja com o mundo moderno.
No Vaticano II, influentes Padres conciliares estavam animados por análogo otimismo de promover um ralliement da Igreja com o mundo moderno.
Vaticano II: mesa que presidia as sessões do Concílio. |
A revelação da terceira parte em 1960, se difundida amplamente, com os oportunos comentários — pense-se na “grande cidade meio em ruínas”... — poderia abrir-lhes os olhos; ou, pelo menos, fazê-los compreender que a opinião católica não compreenderia tal ralliement, o que possivelmente os inibisse de dar esse passo.
Como os homens da Igreja estavam resolvidos a alcançar, a qualquer custo, essa aproximação com o mundo, tinham que optar pela não revelação do 3° Segredo e pagar o preço do estranhamento que isso produzisse entre os fiéis católicos, como de fato ocorreu.
Em consequência, vai se implantando mundo afora toda espécie de transgressão às Leis natural e divina, como o divórcio, o aborto, a união homossexual etc.
Assim, o laicismo de Estado, que se proclama neutro em matéria de Religião e de Moral, se revela inimigo obstinado da Igreja Católica e da Moral cristã.
E isso é uma constante da História: quem se declara neutro entre a verdade e o erro, na realidade se coloca a favor de todos os erros contra a única verdade. Tal a posição do laicismo em face da Igreja verdadeira.
Como alimentar “essa grande esperança de poder alcançar uma nova relação positiva entre mundo e Igreja”? — Para as pessoas que estavam animadas de tal esperança, não convinha absolutamente que o 3° Segredo fosse revelado em 1960...
Desse modo, em vez de prevenir os católicos para o Castigo anunciado por Nossa Senhora em Fátima, o Concílio Vaticano II propôs estabelecer boas relações com e o mundo, auspiciando o advento de uma era de alegria e esperança para a humanidade de nossos dias.
Estátua de São Miguel Arcanjo, Castel Sant'Angelo, Vaticano |
“O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo.
“A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo” (A Mensagem de Fátima, p. 39).
a) ou ele se converte, e tal conversão implica abandonar os falsos princípios sobre os quais está constituído, e assim deixar de ser laico, ateu..., “moderno”;
b) ou não se converte, e será reduzido a ruínas pelo fogo.
Parabéns pelo texto.
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