“Ninguém precisa ter inveja do acólito,
porque todos temos o privilégio de receber em nosso corpo o Santíssimo na
Sagrada Comunhão, o que nos transforma, durante uns poucos minutos, em
verdadeiros guardiões”.
Christopher Fleming
Uma
das maiores realizações em minha vida foi acolitar na Missa Tradicional. Aquele
que já acolitou conhece a emoção que o cerca no silêncio na sacristia e o padre
começa a paramentar enquanto faz as suas orações; ao ouvir o soar da campainha
sai em passos sereno a frente do sacerdote, com as mãos juntas em atitude de
oração; trajando a túnica e o sobrepeliz. Ajoelha-se diante do altar com o
sacerdote, este prepara o missal em seguida faz o sinal da Cruz e começa a
recitar o Salmo 42; “Et introibo al
altare dei”.
O
serviço do altar é algo muito importante; é onde se realiza o Santo Sacrifício,
sem o qual estaríamos todos perdidos. No sentido físico podemos dizer que o
acólito está mais próximo de Deus, mas é inútil se o seu coração está longe dele.
Pela responsabilidade envolvida no serviço do altar, o acólito tema uma obrigação
especial em viver na graça de Deus e esforçar-se em ser reto em sua conduta.
Quando uma paróquia forma um grupo de acólitos, produz um feito benéfico,
especialmente para os jovens, exatamente como diz nas Escrituras: O ferro aguça-se com o ferro (Provérbios
27, 17). A camaradagem entre os jovens que acolitam é algo maravilhoso, que
deve ser encorada.
O
serviço do altar é uma antessala do sacerdócio, um verdadeiro ninho de
vocações. Quantos sacerdotes buscam o sacerdócio por ter acolitado quando
pequenos! Tradicionalmente é dito que o ofício do acólito e o sacerdócio andam
de mãos dadas; porém, uma das ordens menores, infelizmente suprimidas após o
Concílio Vaticano II, se chama “acólito”. Foram feitos estudos sobre o tema e
sempre sai um dado revelador: a grande maioria dos homens ordenados sacerdotes,
antes de entrarem para o seminário haviam servidos como acólitos. Isto é uma
verdade nas paroquias do Novus Ordo, muito mais ainda entre as tradicionais.
Um
exemplo de amor a Deus demonstrado no serviço do altar é contado por Bernard
Tissier de Mallerais em sua biografia de Monsenhor Lefebvre. Quando criança, em
sua cidade natal de Tourcoing (França), o jovem acolitava todos os dias na
Missa das 6 da manhã. Durante a ocupação alemã na I Guerra foi imposto um toque
de recolher, que impedia, ao pequeno acólito, sua assistência na Missa. Sem dúvida,
o futuro arcebispo, com 12 anos, antes ficar sem acolitar, arriscou em todas manhãs
escapando das patrulhas alemãs, no caminho de sua casa até a igreja. Sem dúvida
Deus recompensou essa demonstração de zelo pelo Seu altar!
Sempre
foi entendido que servir o altar é para homens. Não que os meninos tenham mais
direitos de acolitar que as meninas; no fundo ninguém tem direito de servir o altar do Senhor. É simplesmente questão de cada
um ocupar o lugar que lhe corresponde na Igreja. Após as desastrosas reformas
litúrgicas do Concílio, entre outros abusos, como a comunhão nas mãos e os
ministros extraordinários da Eucaristia, surgiu a novidade das meninas
coroinhas. Onde esta prática tenha sido implantada, o semeador de vocações, que
significava acolitar na Missa, foi arruinado. Perguntamos se a intenção dos
modernistas inovadores não era precisamente essa. E há dados sobre isso. Por exemplo,
a única diocese nos EUA, onde não permitiram as meninas coroinhas é em Nebraska
e a que tem a maior taxa de vocações sacerdotais do país.
O
modus operandi dos modernistas foi
sempre o mesmo: primeiro, eles tentaram pelo certo. Quando
em 1980 João Paulo II, no Inestimabile
Donum lhes disse “NÃO”, longe de render-se, passaram a segunda fase: buscar
uma brecha por onde pudessem entrar. Em 1983, o novo Código do Direito Canônico
foi publicado, e lá encontraram o que queriam: o cânon 230/2, diz:
Os leigos, por
deputação temporária, podem desempenhar nas acções litúrgicas a função de
leitor; da mesma forma todos os leigos podem desempenhar as funções de
comentador, cantor e outras, segundo
as normas do direito.
A
ambiguidade da expressão “e outras” levou a que plantassem uma dubium (ou dúvida), a qual o Papa
respondeu que poderia permitir as mulheres a participarem do serviço no altar.
Bastou apenas três anos para que se desse um giro de 180 graus neste assunto! Para
mim, a concessão aos modernistas foi uma mostra de covardia por parte de João Paulo
II; ao contrário de manter-se firme e defender a sacralidade da liturgia, agiu ao
oposto do que falou, “disse isso mas fez
aquilo”.
Até
o modernista Arcebispo de Paris, o Cardeal
Vingt-Trois, disse que quando as mulheres entraram na sacristia para servir
ao altar, os homens desapareceram em uma nuvem de pó. Em uma entrevista 2015, o
Cardeal Burke explicou que desde o Concílio do Vaticano II a liturgia foi feminizada,
e quando os homens veem um ambiente feminino, sentem que o lugar não é para
eles. Além disso, o serviço do altar na Missa tradicional requer muita atenção
aos detalhes e grande precisão em cada gesto. Nós sabemos que as mulheres são
mais detalhistas que os homens, e se alguma vez permitirem que meninas acolitem,
não tenho dívidas que seriam melhores que os meninos. Não se trata de quem sairá
melhor para acolitar, nem quem temais direitos, mas de manter o serviço no
altar exclusivo para os homens, uma tradição de cerca de 4000 anos, desde os
tempos do Patriarca Abraão. Um dito popular diz: “Antes de quebrar uma parede,
pergunte por que o colocaram ali.”
Uma
pessoa que tem escrito coisas profundas sobre o este tema é Alice Von Hildebrand, viúva do eminente
teólogo, Dietrich Von Hildebrand.
Ela explica que o corpo da mulher é sagrado no sentido mais elevado que o corpo
do homem, por ser o tabernáculo da vida. O papel do homem é proteger esse
tabernáculo, igual a São José protegeu a Virgem Maria, tabernáculo vivo de
Nosso Senhor. Por esta razão é preciso que somente os homens se encarreguem do
altar. Ninguém precisa ter inveja do acólito, porque todos temos o privilégio
de receber em nosso corpo o Santíssimo na Sagrada Comunhão, o que nos
transforma, durante uns poucos minutos, em verdadeiros guardiões.
Christopher Fleming
Tradução:
Blog Salve Regina!
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