“Convém
observar que existem conceitos formados na e pela alma intelectiva que são
completamente abstratos, metafísicos, mas não é esse o objetivo desta pequena
reflexão”
Paulo Roberto
de Oliveira Santos*
A revolução cultural que está em curso em todo o mundo
e explicitamente no Brasil, que visa acabar com a ‘superestrutura’ jurídica,
política e religiosa da ‘sociedade burguesa’ para impor a ditadura do proletariado
alcança também a revolução semântica. Ora, não seria possível operar uma
transformação cultural sem inverter, ou mesmo perverter o sentido de certas
palavras.
O conhecimento humano se dá através da formação de
conceitos. O homem abstrai algo da realidade através dos sentidos, e a cultura,
a tradição, ou o grupo social em que a pessoa vive tende a determinar como será
chamado o objeto apreendido pela razão. Desta forma, no Brasil designa-se a
mesma fruta como pinha, fruta do conde ou ata, dentre outros nomes populares.
Pode ocorrer também de uma palavra significar coisas diferentes em contextos
diferentes: é o caso da palavra manga (fruta ou parte da camisa) ou da palavra
meia, que pode significar seis (meia dúzia), 30 minutos (9:30h = nove e meia),
dentre outros significados. Convém observar que existem conceitos formados na e
pela alma intelectiva que são completamente abstratos, metafísicos, mas não é
esse o objetivo desta pequena reflexão.
O
que de fato nos interessa aqui é meditar sobre os significados pervertidos que
tem sido atribuído a várias palavras ou a forma equivocada como algumas destas
tem sido utilizadas. Poderíamos refletir sobre várias palavras, como
democracia, justiça, diferença. Contudo, a escolhida é respeito, pois como dizem
os atores globais: “Tudo começa pelo respeito”.
A
origem da palavra respeito é latina (respectus), e significa olhar outra vez; é
a ação ou efeito de respeitar, ter apreço, consideração, deferência. Ora, que coisas
merecem o segundo olhar, atento e deferente, senão as coisas dignas? Assim,
quando se trata de uma forma de veneração, de prestar culto ou fazer uma
homenagem a alguém, é necessário fazê-lo com respeito.
Entretanto,
a palavra respeito vem sendo utilizada por revolucionários ou a serviço da
revolução, ainda que muitas pessoas que a utilizem no sentido revolucionário,
não o saibam. Pedem respeito pela diferença, pela forma particular de pensar
quando fazem apologia e divulgação das ideias revolucionárias em geral: aborto,
incesto, casamento homossexual, barriga de aluguel, ampla liberdade sexual,
liberdade humana absoluta.
Embora
haja a necessidade da concordância em respeitar as pessoas quando se trata de
não ofender ou fazer mal aos outros em função de sua cor, sexo, religião,
partido político, time de futebol ou qualquer outra coisa, é necessário
ressaltar que esse respeito só ocorre em função da dignidade que cada pessoa
possui, e é justamente essa característica que atrai (ou deveria atrair) o
olhar, pela segunda vez, com zelo, atenção, reverência, deferência. Porém,
quando a invocação deste respeito esconde a intenção de enganar as pessoas em
nome de uma revolução deve haver respeito pela perversidade deste ato? Quando o
respeito significa aproveitar-se da fragilidade, instabilidade, sofrimento e
dúvidas de uma pessoa para fazer delas cobaias em nome de uma revolução não há
perversão desta nobre palavra? Onde está a deferência e veneração das pessoas
que cometem tais abusos com a dignidade de seus semelhantes? Pode haver
desrespeito maior com uma pessoa do que privá-la da verdade em função de
opinião revolucionária? Pode haver desrespeito maior às pessoas do que
relativizar a verdade para impor uma doutrinação ideológica? Pode haver
desrespeito maior com uma sociedade do que aparelhar o Estado e causar prejuízo
ao bem comum?
Ademais,
muitas pessoas se esquecem que a dignidade humana só é excelsa porque o homem é
imagem e semelhança de Deus. Se não fosse isso, a dignidade humana não seria
muito superior à dignidade de um animal, de uma planta, de uma pedra. O que
muitas pessoas não conseguem enxergar é que faz parte da revolução fazer todo o
possível para que as pessoas se esqueçam da sacralidade da pessoa humana, o que
só ocorre como consequência necessária do afastamento das Pessoas Divinas, da
Santíssima Trindade, Deus Uno em Três Pessoas. Em suma, para acabar com a
dignidade humana, antes foi e é necessário que os homens se esqueçam de Deus,
virem as costas para Suas leis e fechem os ouvidos à Sua voz. E os
revolucionários sabem disso, razão pela qual atacam, velada ou explicitamente,
a Santa Igreja, a Verdade Revelada, a religião verdadeira.
Desta
forma, a palavra respeito não tem necessariamente seu conceito invertido, mas
seu uso pervertido. A quem convém respeitar, isto é, prestar culto, homenagem,
reverência: às opiniões revolucionárias ou às verdades reveladas? O que merece
olhar atenta e zelosamente outra vez, percebendo sua sacralidade: as inovações
culturais humanas ou a lei divina?
* Paulo Roberto de
Oliveira dos Santos, Católico casado, pai de 3 filhos, professor e
jornalista; licenciatura plena em Filosofia pela Faculdade Católica de
Anápolis, especialista em Filosofia do Direito pela Faculdade Phênix de
Ciências Humanas e Sociais; mestrando em Educação Profissional e Tecnológica
pelo Instituto Federal de Goiás, campus Anápolis; produtor e apresentador do
programa Ponto de Vista pela Rádio Voz do Coração Imaculado entre abril de 2012
e dezembro de 2014
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