Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

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24/07/2012

EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA - PARTES I; II E III


EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA
Autor: pe. Martinho de Cochem (1630-1712)
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Digitalização: Carlos Melo

I. DA ESSÊNCIA DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
Na língua sagrada de nossa mãe, a Santa Igreja católica, no latim, a Santa Missa é designada pelo nome de "sacrificium", sacrifício.
"Um sacrifício é um dom visível, oferecido, exclusivamente, a Deus, por um ministro sagrado, para reconhecer a soberania do Altíssimo sobre todas as coisas".
O sacrifício, portanto, é um culto devido, exclusiva e unicamente, a Deus. A nenhuma criatura, por mais elevada que seja, compete jamais um sacrifício.
Diz Santo Agostinho: "Quem pensaria jamais, que se pudesse oferecer sacrifício, senão ao Deus único e verdadeiro?"
Somente à idolatria insana dos Imperadores romanos ficou reservada a presunção sacrílega de exigir, dos súditos desditosos, sacrifícios de diversas formas.
Indagando a origem do sacrifício, que encontramos entre os povos, sem exceção devemos confessar, com S. Tomás de Aquino, que é uma lei natural oferecer sacrifícios a Deus, e, por este motivo, é que o homem se sente levado a sacrificar, sem insinuação ou conselho de alguém.
Com efeito, Caim e Abel, Noé e Abraão, como outros patriarcas, profetas e reis do antigo testamento ofereceram a Deus sacrifícios espontaneamente.
Porém não só os que conservaram a fé no Deus verdadeiro, mas também os povos que apostataram desta fé, os pobres pagãos, ofereceram sacrifícios a seus ídolos. Pois, o sacrifício, como a religião, da qual é a mais elevada manifestação, é, realmente, uma necessidade da natureza humana, e, por isso, encontramo-lo entre todos os povos de todos os tempos.
Por conveniência imperiosa, Jesus Cristo cuidou de deixar na sua religião, divinamente perfeita, uma forma de sacrifício, como jamais houve entre povo algum; e essa forma de sacrifício é a Santa Missa.
A respeito, ensina o Santo Concílio de Trento: "Segundo o testemunho de S. Paulo Apóstolo, o sacerdócio levítico do antigo testamento não atingiu a perfeição. Assim, desde a origem do mundo, o Deus da Misericórdia determinara, que surgisse um sacerdote podendo aperfeiçoar e completar o sacrifício. Esse sacerdote era Jesus Cristo, Nosso Senhor que, depois de se ter oferecido a seu Pai sobre o altar da cruz, não queria deixar extinto o seu sacrifício, e, na véspera de sua morte, deu a sua esposa mística estremecida, a Santa Igreja, um sacrifício visível, segundo as exigências da natureza humana."
Este sacrifício devia perpetuar o Sacrifício cruento que Jesus Cristo ia oferecer sobre a Cruz; devia perpetuar-lhe a memória até o fim dos tempos e, por sua virtude salutar, nossos pecados quotidianos deviam ser perdoados. Deste modo, Jesus Cristo declarou-se sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, oferecendo a seu eterno Pai seu Corpo e seu Sangue, sob as aparências de pão e vinho, que deu a seus apóstolos também sob as mesmas espécies, instituindo-os sacerdotes do novo Testamento. E, dizendo as palavras: "Fazei isto em memória de mim", ordenou-lhes e aos seus sucessores no sacerdócio, que os oferecessem em sacrifício.
A Santa Igreja nos ensina que, na última Ceia, Jesus Cristo não só mudou o pão e o vinho em seu Corpo e em seu Sangue, mas também ofereceu-os a Deus, seu Pai, e instituiu e ofereceu pessoalmente o Sacrifício do novo Testamento, a fim de que se reconhecesse, nele, este sacerdote de que canta o salmista: "O Senhor jurou e não se arrependerá de seu juramento. És sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec" (Sl. 109, 4). Muito contrário ao costume de sua época, Melquisedec não imolava animais como faziam Abraão e outros patriarcas, mas, por inspiração do Espírito Santo, levantava o pão e o vinho para o céu e oferecia-os por meio de cerimônias e orações especiais. Assim tornou-se a figura de Jesus Cristo, e seu Sacrifício é o símbolo da nova Lei. Como tudo que se relaciona com a pessoa do salvador foi objeto de admiráveis profecias, desde os dias do paraíso até os últimos tempos do antigo testamento, também o sacrifício que havia de coroar e perpetuar a obra redentora na cruz, foi predito séculos antes. Escreve o profeta Malaquias: "Minha afeição não está mais em vós, diz o Senhor dos exércitos, e nunca mais receberei ofertas de vossas mãos, porque, desde o oriente até o ocidente, meu nome é grande entre as nações e, em toda parte, se sacrifica e oferece uma oblação pura".
Esta profecia não se realizou no antigo testamento, como se vê no próprio texto, pois o próprio Deus declara rejeitar os antigos sacrifícios.
Tão pouco a profecia se refere ao sacrifício da cruz, porque esse sacrifício foi oferecido somente uma vez e em um lugar.
É de um sacrifício novo e puro em que Deus tem as complacências, que o profeta fala. Esse sacrifício, infinitamente puro, não pode ser outro senão o sacrifício da Missa. Desde o momento de sua instituição no cenáculo, crêem e confessam isto os apóstolos, os evangelistas, todos os primeiros cristãos, e assim ainda crê e confessa a Igreja católica universalmente, tanto quanto as igrejas cismáticas orientais.
De acordo com o evangelista S. Lucas, a Santa Igreja ensina: "Na véspera de sua morte, Jesus Cristo tomou o pão e, rendendo graças a Deus, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: "Isto é o meu Corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim". Da mesma forma, tomou o cálice depois da ceia, dizendo: "Este cálice é o novo Testamento em meu Sangue, que será derramado por vós." (Lc. 22, 19-29).
Ponderemos bem o que diz e faz o Senhor: Muda o pão em seu Corpo, e o vinho em seu Sangue; e por esta separação mística de seu Corpo e de seu Sangue, constituiu-se em holocausto. As palavras que acompanham a transubstanciação, indicam o sacrifício. "Isto é o meu Corpo, que será entregue por vós, isto é o meu Sangue, que será derramado por vós". Ainda que se quisesse aplicar estas duas palavras "entregar" e "derramar" ao Sacrifício da Cruz, Jesus Cristo afirma, claramente, que estas duas ações se realizam na Ceia, e assim afirma também que houve aí sacrifício.
Se os adversários pretendem desvalorizar este ensino de nossa Santa Igreja, dando outras explicações torcidas e infundadas, como é que explicarão as palavras claras de S. Paulo Apóstolo, quando escreve aos Hebreus:
"Temos um altar, e uma vítima da qual os que prestam serviços ao Tabernáculo, (isto é, os judeus) não têm o direito de comer" (Hb. 13, 10). Ora, não poderia existir altar sem oblação, e a palavra "comer" indica, claramente, que não se trata do sacrifício da Cruz, mas de um sacrifício (comestível) nutriente, tal qual Jesus Cristo o instituiu na Ceia.
Lemos também, na vida do apóstolo S. Mateus, que foi morto no altar, quando celebrava os santos mistérios. Na vida de Santo André, refere-se que ele disse ao juiz Egéias: "Ofereço em sacrifício, diariamente, a Deus todo-poderoso, não a carne de touros, nem o sangue dos animais, mas o Cordeiro Imaculado".
É atribuída ainda a S. Tiago e a S. Marcos uma liturgia da Santa Missa. Enfim, atribui-se também a S. Pedro o "Cânon", isto é, a parte da Santa Missa que vai do "Sanctus" até a Comunhão.
Tantos testemunhos provam que o Santo Sacrifício do novo Testamento esteve, desde o começo, em uso na Igreja.
O fato de não se encontrar a palavra "Missa" nas sagradas letras, não pode servir de argumento contra a doutrina da Igreja. A palavra "Trindade" também não se encontra; e, não obstante, os adversários aceitam-na. Mas, em 142, encontramos a palavra Missa tal qual a empregamos. O Papa Pio I faz uso da palavra de maneira que evidencia que o termo era geralmente, adotado e conhecido. Daí em diante, a palavra Missa não desaparece mais dos escritos dos santos Padres e mais escritores da Igreja católica.
A Igreja grega emprega nomes de significação idêntica. Falam, por exemplo, da mesa ou do altar do Senhor, ceia, oferta. Em vista disso, que valem os ataques dos hereges?
Os ataques violentos promovidos, em diversas épocas, contra a Santa Missa, testemunham-lhes à santidade e importância como também o ódio com que o demônio a persegue.
No curso dos dez primeiros séculos, quando numerosos hereges afligiam a Santa Igreja, nenhum deles ousou atacá-la. Era preciso, para isto, um alto grau de perversidade, uma audácia verdadeiramente infernal.
Isto só aconteceu no décimo primeiro século pelo herege Berengar de Cours. Porém, mal havia disseminado as blasfêmias, o orbe católico recuou de espanto e clamou-lhe indignado: "Tornai-vos uma pedra de escândalo para os fiéis, separai-vos de nossa Mãe, a Santa Igreja, pois perturbais a unidade dos cristãos". Berengar, depois de anatematizado por mais de cindo Concílios, por um milagre da misericórdia divina, abjurou os erros, fez penitência, e morreu em 1088, confessando a doutrina verdadeira.
Infelizmente, a heresia sobreviveu-lhe, sendo pregada, alguns anos depois, pelos albigenses, seita perversa que declarava, entre outros erros, o matrimônio como ilícito, e permitia a impureza. Em particular, atacava a Missa privada, vulgarmente chamada Missa-rezada. Aos que assistiam a essas Missas, perseguiam com penas horrorosas e, mais ainda, aos Padres que tinham a coragem de celebrar os santos mistérios.
Após os albigenses, os inimigos mais encarniçados da Santa Missa foram os reformadores do século décimo sexto. O próprio Lutero confessa, no livro "contra a missa", cap. XIX, ter sido impelido por Satanás a abolir a Santa Missa como um ato de idolatria, e que fez sabendo, perfeitamente, que o demônio odiava todo o bem e que seus ensinos eram mentirosos.
Se as trevas infernais não tivessem invadido, inteiramente, toda a inteligência de Lutero, não teria antes raciocinado assim: se Satanás considera a Santa Missa como um ato de idolatria, para que procura abolí-la, em vez de louvá-la e propagá-la, a fim de insultar mais cruelmente o Altíssimo?
Ora, Satanás privou o Santo Sacrifício da Missa a todas as seitas luteranas, causando-lhes tão profundo ódio contra este santo mistério, que vomitaram a espantosa blasfêmia: "A Missa é uma abominável idolatria... aí renuncia-se o sacrifício cruento de Cristo!" Assim se exprime o catecismo dos calvinistas de Heidelberg.
Pobres insensatos! Neste caso, como podem admitir que uma alma se tenha salvo desde Jesus Cristo? Todos os apóstolos, todos os sacerdotes têm celebrado o Santo Sacrifício da Missa, os mártires, os confessores assistiram-no com terna devoção. Acusarão todo este exército de Cristo de idolatria, e, por conseguinte, digno do inferno? O simples bom senso a isso se opõe.
Ah, mais suave é ouvir S. Fulgêncio dizer: "Creio, sem dúvida alguma, que o Filho único de Deus, feito homem por nós, ofereceu-se em sacrifício a Deus Altíssimo, a quem a Igreja católica oferece, sem cessar, na fé e na caridade, o Sacrifício do pão e do vinho".
Tomemos cuidado para não nos acontecer o que aconteceu aos hereges, a quem Satanás tirou a Santa Missa. Não podendo privar-nos inteiramente dela, esforça-se, pelo menos, para cegar-nos sobre o valor infinito do Santo Sacrifício a fim de que, apreciando-o pouco, deixemos de assisti-lo, ou não tiremos os abundantes frutos de graças que poderíamos colher.

II. EXCELÊNCIA DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
A excelência da Santa Missa é tão grande, que os próprios Serafins não podem compreende-la perfeitamente. Experimentemos, entretanto, investigar os ensinamentos da Igreja a este respeito.
São Francisco de Sales diz: "O santíssimo Sacrifício do altar é, entre os exercícios da religião, como o sol entre os astros, porque é verdadeiramente a alma da piedade e o centro da religião cristã, ao qual todos os seus mistérios e todas as suas leis se relacionam; é o mistério inefável da divina caridade, pelo qual Jesus Cristo, dando-se realmente a nós, cumula-nos com suas graças de maneira igualmente amável e magnificente" (Introdução à vida devota).
O sábio Osório julga a Santa Missa acima de todos os outros mistérios da nossa religião: "Entre todos os atos da Igreja, o Santo Sacrifício da Missa é o mais augusto e mais precioso, porque o Santíssimo Sacramento do altar é aí consagrado e oferecido a Deus". E Fornerus de Bamberg acrescenta: "Se bem que todos os Sacramentos estejam cheios de majestade, a Santa Missa excede-os; aqueles são vasos que contêm a divina misericórdia para os vivos, esta é um oceano inesgotável de liberalidade divina pelos vivos e pelos mortos".
Vejamos agora em que se manifesta a excelência da Santa Missa.
Em primeiro lugar, manifesta-se, no cerimonial pomposo da bênção solene ou consagração de uma igreja, ou dum altar pelo Bispo. Longo demais seria narrar aqui toda a cerimônia - aliás rara entre nós, devido a diversas razões; mas é certo que a consagração das igrejas é uma cerimônia tão tocante e insinuante, que facilmente dela se deduz que, das nossas igrejas, muito mais que do templo de Jerusalém, valem as palavras do profeta Isaías: "Conduzi-los-ei à montanha santa, enchê-los-ei de alegria, à invocação de meu nome; a vítima que me oferecerem há de me ser agradável, porque minha casa será chamada por todos os povos, casa de oração".
Desta palavra fez menção Jesus Cristo, quando, cheio de santa indignação, expulsou do templo de Jerusalém os que o violavam pelos negócios gananciosos. Lembremo-nos, também, desta mesma palavra para, cheios de santa fé e religioso respeito, entrarmos em nossas igrejas para adorarmos a Jesus Cristo, corporal e essencialmente, presente no santo altar. Conservemo-nos alheios do costume altamente censurável de fazer dos templos sagrados lugares de conversas e, quiçá, de faltas mais graves.
Em segundo lugar, a excelência da santa Missa nos é demonstrada pelo rito solene da ordenação dos ministros do altar, mormente dos sacerdotes. Dispensamo-nos ainda de expor longamente a administração do santo sacramento da ordem, do sacerdócio, para não se avolumar demais este livro. Quem já teve ensejo de assistir à ordenação de neopresbíteros, não terá deixado de experimentar singular impressão, sentindo a grandeza oculta do ato, seu efeito duradouro do estado sacerdotal e de seu fim elevado de oferecer o santo sacrifício da Missa.
Ainda poderíamos referir-nos aos objetos que servem à celebração da santa Missa e dar outras tantas provas da excelência do mesmo sacrifício da Missa, pois a grande e rigorosa diligência de nossa santa Igreja se inspira na compreensão e estima que tem daquilo que se passa no santo altar. Inspiremo-nos nesta diligência, para assistirmos sempre com rigorosa atenção a tão grande mistério.
Até a língua empregada no sacrossanto sacrifício da Missa, a Igreja faz compreender que no altar se efetua algo de superior ao comum. Não se usa a língua vulgar - mas a língua sagrada da Madre Igreja. Houve quem ousasse censurar o uso do latim na Missa, - mas entendamos bem: A santa Missa não é uma instrução, mas um grande mistério. O sacerdote não celebra para ensinar, mas para santificar-se e ao povo. Para tomarmos parte na santa Missa, não é preciso compreendermos as palavras, basta e cumpre unirmo-nos, afetuosamente, ao que se passa no altar. No emprego da língua latina no santo sacrifício, temos ainda um valioso símbolo da unidade da Igreja: Uma só Igreja, um só sacrifício, uma só língua em todo o mundo no altar.
Passemos agora à prova mais evidente da excelência da santa Missa, que consiste em demonstrar quem é a pessoa do sacrificador, e qual a oferta na santa Missa.
Quem é o sacrificador? - o sacerdote? o Bispo? o Papa? - Não. - Será um Anjo do céu? um Santo? a própria Mãe de Deus, Maria Santíssima? - Oh, não. É o sacerdote dos sacerdotes, o Bispo dos Bispos, o Filho de Deus, Jesus Cristo, "o sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec".
É ele quem dá à santa Missa a excelência incomparável; é ele quem eleva a oferta do pão e do vinho a um sacrifício divino.
Que Jesus Cristo é o sacerdote na santa Missa, prová-lo-emos com estas palavras de S. João Crisóstomo: "O mesmo Jesus Cristo que nos preparou, na última Ceia, esta mesa sagrada, está aqui para abastece-la; pois não é o homem que muda o pão e o vinho no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor, mas sim Jesus Cristo que, por nós, foi crucificado".
Com estas palavras S. Crisóstomo prova que Jesus Cristo cumpre, pessoalmente, a parte essencial da santa Missa; que desce do céu, muda em seu Corpo e Sangue, o pão e o vinho, oferecendo-se, em holocausto, a seu Pai pela salvação do mundo, e ora, como fiel mediador, pelos pecados do povo. Os sacerdotes são apenas seus instrumentos: emprestam-lhe a boca, a língua, as mãos para a realização do divino Sacrifício.
Se alguém recusar crer no testemunho de S. Crisóstomo, eis a decisão do grande Concílio de Trento: "O Sacrifício da Cruz e o Sacrifício da Missa são um só e mesmo sacrifício, porque aquele que se imolou sobre a Cruz, de maneira cruenta, é o mesmo que se imola na santa Missa, de modo incruento, pelo ministério dos sacerdotes".
É pois, doutrina da santa Igreja, que os sacerdotes são simplesmente os servos de Jesus Cristo e que Nosso Senhor se oferece, no altar, tão verdadeiramente como se ofereceu sobre o patíbulo da Cruz.
Que honra! que graça! que inestimável benefício! O divino Salvador digna-se de fazer-se nosso sacerdote, nosso mediador, nosso advogado!
Eis o que também refere S. Paulo em sua Epístola aos Hebreus: "Era justo que tivéssemos um pontífice como este: santo, inocente, sem mancha, segregado dos pecadores, e mais elevado que os céus, que não fosse obrigado, como os outros pontífices, a oferecer vítimas, todos os dias, primeiramente pelos próprios pecados e, em seguida, pelos pecados do povo. A lei antiga estabeleceu, para pontífices, homens fracos, mas a palavra de Deus, confirmada pelo juramento que fez depois da lei, constituiu pontífice o Filho, que é santo e perfeito eternamente" (Heb. 7, 26-28).
Não são estas magníficas palavras do Apóstolo uma prova de quanto Deus nos estima, visto que nos deu, por sacerdote e mediador, não um homem frágil e pecador, mas seu Filho único, a própria santidade?
Consideremos, agora, por que Jesus Cristo não quis confiar seu sacrifício a homem nenhum. A principal razão foi porque este sacrifício devia ser puríssimo como o profeta Malaquias o havia anunciado.
Em todo lugar, sacrifica-se e oferece-se ao meu nome uma oblação pura. Foi por esta razão que Deus reservou o nome a função de sacerdote a seu Filho único, ao sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec.
Deste modo, o sacerdote celebrante não é propriamente falando, o sacrificador, porém apenas o servo do grande sacerdote Jesus Cristo.
Segue-se daí, que toda Missa é de um valor infinito, pois é celebrada pelo próprio Jesus Cristo, com uma devoção, um respeito, um amor acima do entendimento dos Anjos e dos homens. O mesmo Jesus Cristo revelou esta verdade à Santa Matilde: "Só Eu, disse, compreendo, perfeitamente, de que forma me imolo, todos os dias, sobre o altar pela salvação dos fiéis; os Querubins e os Serafins, nenhuma Potestade celeste, saberiam compreende-la inteiramente" (Revelações, I, 19). Oh meu Jesus! que impenetrável mistério e que felicidade para nós, pobres pecadores, sermos admitidos à santa Missa, onde efetuais essa salutar oblação!
Caro leitor, considera bem estas palavras e quanto te é vantajoso assistir à santa Missa, em que Nosso Senhor se oferece por ti; faz-se o mediador entre tua culpabilidade e a justiça divina, e retém o castigo que merecem, cada dia, os teus pecados. Oh, se abrisses bem os olhos a esta verdade, como amarias a santa Missa; como suspirarias pela felicidade de assisti-la. Como a ouvirias devotamente. Como te lastimarias por faltar a uma só! Para poupar um tal prejuízo a tua alma, suportarias, de boa vontade, qualquer dano temporal. Os primeiros cristãos nos deixaram disto o exemplo: preferiram perder a vida a deixar de assistir à santa Missa.
Já insistimos muito na excelência da santa Missa; entretanto, resta-nos ainda a tratar de um ponto importante: o valor da oferta, apresentada à Santíssima Trindade.
É evidente que esta oferta, para ser digna de Deus, deve ser de um preço inestimável, porque quanto maior é a quem se faz uma oferta, tanto mais preciosa ela deve ser. Se alguém ousasse oferecer uma bagatela a um príncipe, cobrir-se-ia de confusão
Ora, o céu e a terra são apenas uma bagatela diante da imensa Majestade de Deus.
"O mundo, perante Deus, é o grãozinho que apenas dá diminuta inclinação à balança, a gota do orvalho da manhã, que cai sobre a terra" (Sabedoria, 11, 23).
Então, onde achar, no universo inteiro, alguma coisa digna de Deus?
Que acharia Jesus Cristo, mesmo no céu, que fosse digno de Deus?
No céu e sobre a terra achou apenas sua santa, imaculada e bendita Humanidade, isto é, o que a onipotência de Deus produziu de maior. "A Humanidade de Jesus Cristo, disse Nossa Senhora à Santa Brígida, foi, e será para sempre, o que há de mais precioso".
Com efeito, a mão liberalíssima de Deus ornou esta Humanidade de tantas graças e perfeições que nada mais lhe podia acrescentar. Não porque Deus não pudesse, absolutamente, conceder mais, porém porque a capacidade da humanidade não as poderia conter.
Todavia, esta Humanidade tão bela, tão pura, tão santa e perfeita, não pode oferecer um sacrifício digno da adorabilíssima Trindade senão em razão de sua união com a pessoa do Verbo eterno, união que dá a todos os seus atos e sacrifícios um valor e merecimento infinitos.
Por esta grande dignidade, durante sua permanência na terra, a santa Humanidade do divino Salvador atraiu a mais profunda veneração, não só de homens piedosos como também de Anjos do céu. Que adoração universal, porém, é prestada agora a esta santa Humanidade no céu, onde se acha gloriosa e imortal em um trono, à direita do Pai celeste!
A santíssima Humanidade de Jesus Cristo forma a única oferta digna de ser apresentada no santo Sacrifício, e, na verdade, é o mesmo Jesus Cristo quem a oferece. Com ela, oferece tudo o que efetuou e sofreu durante os trinta e três anos de sua vida mortal: jejuns, vigílias, orações, viagens, mortificações, pregações, perseguições, insultos, zombarias, lágrimas, gotas de suor, agonia no jardim das oliveiras, flagelação, coroação de espinhos, crucificação, morte e sepultura. Além disto, oferece a Humanidade, inseparavelmente unida à Divindade, porque, embora a Divindade não seja objeto do sacrifício, a Humanidade é nele oferecida no estado de perfeição a que a eleva à união hipostática.
Medi, pois, se podeis, o valor de uma tal oferta. Enfim, Jesus Cristo não oferece sua Humanidade sob a forma que tem no céu, mas no estado em que se acha sobre o altar. No céu ela é tão gloriosa que os Anjos tremem ante sua Majestade: no altar, pelo contrário, sua humilhação é tão extrema que estes mesmos se enchem de espanto.
A Humanidade de Nosso Senhor está, de tal modo, unida e estreitada às espécies eucarísticas que nunca se podem separar, nem mais aí subsistirá, quando forem destruídas as espécies. De que modo contempla a Santíssima Trindade este prodígio de humanidade! Que glória para o Pai celeste! Que virtude, que perfeição não recebe daí a santa Missa onde se cumprem estes divinos Mistérios! Que bênção, que socorro para aqueles em cujas intenções o santo Sacrifício é oferecido! Que consolação, que alívio não recebem as almas do purgatório, quando a santa Missa é celebrada, ou ouvida pelos seu livramento! A Missa quotidiana é a arma, pela qual a graça e a misericórdia sobressaem à justiça.
Agradeçamos, pois, ternamente ao divino Salvador por nos ter legado, a nós, seus pobres filhos, um sacrifício tão poderoso; agradeçamos-lhe por nos ter deixado este meio infalível de atrair as ondas da divina misericórdia.
Para glória da santa Missa, relatamos como se fez a consagração da capela d'Einsiedeln, na Suíça, e como o mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo celebrou o santo Sacrifício como grande solenidade.
Oitenta anos depois da morte de Meinrado, o santo eremita Eberardo, piedoso solitário de nobre família, foi pedir a S. Corado, Bispo de Constança, a graça de consagrar a capela de S. Meinrado. O virtuoso Bispo anuiu-lhe ao pedido. Na festa da Exaltação da santa cruz, em 14 de setembro de 940, devia realizar-se a consagração.
Mas, indo para a capela, a fim de entregar-se à oração, o santo Bispo ouviu os coros dos Anjos cantar as antífonas e os responsórios da consagração. Entrou e viu a capela cheia de Anjos, e, no meio deles, Nosso Senhor, que, revestido de paramentos episcopais, procedia à consagração do santuário. À vista disto, Conrado caiu em santo êxtasis, sem, entretanto, nada perder de sua atenção. Viu e ouviu Nosso Senhor pronunciar as palavras da Igreja e desempenhar-lhe as cerimônias em igual festa. Os apóstolos, os Anjos e uma multidão de Santos assistiam-lhe. A Mãe de Deus, a quem o altar e a capela eram dedicados, aparecia em cima do altar, mais brilhante que o sol, mais resplandecente que o fulgor do relâmpago.
Terminada a consagração, o Senhor começou a Missa solene, depois da qual toda a corte celeste desapareceu, deixando Conrado em transporte de alegria.
Reconheceu, sobre as cinzas que cobriam o solo, as marcas dos pés do Salvador e, sobre as paredes, os traços das unções.
De manhã, o clero veio buscar o Bispo para fazer a sagração, porém ele disse: "Não posso consagrar este santuário, porque já foi consagrado de maneira misteriosa".
Insistem, forçam-no, quando uma voz celeste se faz ouvir e repete por três vezes: "Pára, meu irmão, a capela já está consagrada".
Mais tarde, S. Conrado referiu ao Papa Leão VIII este fato extraordinário, cuja veracidade o mesmo Papa afirmou num rescrito apostólico, em que proibiu tornar a consagrar a capela, e concedeu indulgências especiais aos fiéis, que a freqüentassem (Legende der Heiligen von Ott, p. 2326).
Caro leitor, dizes, com certeza: "Ah! se pudesse assistir a uma festa igual, ver o que viu S. Conrado, ouvir o que ele ouviu! Que prazer, que emoção!".
Entretanto, não está presente, em cada Missa, Nosso Senhor, o grande pontífice? Não nasce, em cada Missa, sobre o altar, e não o cercam os Anjos?
Feliz serás, pois, se considerares que te achas no meio de uma tão alta assembléia, que se digna de unir tuas pobres orações às suas, para faze-las subir até o trono de Deus.

III. SÍMBOLOS DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
Querendo falar dos sublimes e múltiplos mistérios da santa Missa, devemos dizer com o rei David: "Vinde e vede as obras do Senhor e os prodígios que operou sobre a terra" (Sl. 45, 9).
Nosso divino Salvador fez muitos e grandes milagres, quando vivia neste mundo; nenhum, porém, parece tão admirável como a instituição da santa Missa, na última Ceia.
É a Santa Missa o compêndio das maravilhas das obras de Deus, um milagre que contém em si tantos mistérios, que São Boaventura, meditando-os, prorrompeu nestas palavras: "A santa Missa tem tantas maravilhas quantas são as gotas d 'água no oceano, os grãozinhos de poeira no ar, as estrelas no firmamento, e os Anjos no céu. Nela se operam, quotidianamente, tantos mistérios que não sei se, em tempo algum, a mão onipotente de Deus fez obra melhor e mais sublime" (Tom. 6. De Sacramentis).
Palavras admiráveis! Será então verdade que a santa Missa contém tantos mistérios que a língua humana jamais os pode enumerar? O grande teólogo padre Sanchez confirma as palavras de São Boaventura, e acrescenta: "Na santa Missa, recebemos tesouros tão admiráveis, dons tão preciosos, bens tão essenciais para esta vida e uma esperança tão firme para a outra, que nos é necessária, para crê-lo, a virtude da fé. Assim como se pode tirar, sem diminuir, toda a água que se quiser, do mar, ou dos grandes rios, da mesma forma, apesar da abundância das graças que tirardes na santa Missa, não diminuireis nem lhe esgotareis jamais os tesouros" (Thes. Missae, e. 1).
O primeiro símbolo da santa Missa foi o sacrifício do justo Abel, oferecendo, piedosamente, ao Altíssimo as primícias de seu rebanho. Este sacrifício agradou ao Senhor; pois que diz a Sagrada Escritura: "O Senhor lançou os olhos sobre Abel e sobre a sua oferta" (Gen. 4, 4). O sacrifício de Abel partia dum coração submisso e fiel, e era feito em vista do futuro Salvador. O fogo desceu do céu, diz a Sagrada Escritura, e consumiu o holocausto de Abel.
O sacrifício de Abel agradou visivelmente ao Altíssimo; mais lhe agrada, porém o Sacrifício do novo Testamento. Quando o sacerdote oferece, na santa Missa, o pão e o vinho, e pronuncia as palavras da consagração, o fogo divino do Espírito Santo consome o pão e o vinho, mudando-os no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Este holocausto, portanto, é infinitamente mais agradável ao Senhor que o de Abel. O Pai celestial o acolhe com grande satisfação, dizendo: "Este é meu Filho bem amado em que pus toda a minha complacência".
São outras figuras do santo Sacrifício da Missa os sacrifícios de Noé, de Abraão, de Isaac e de Jacó, narradas em vários lugares da Sagrada Escritura. Porém, o símbolo mais tocante da Missa foi o sacrifício que Melquisedec ofereceu a Deus todo-poderoso, em reconhecimento da vitória de Abraão. Este sacrifício consistia em pão e vinho, e era acompanhado de preces e de cerimônias particulares. O próprio Melquisedec era uma figura de Jesus Cristo. Seu nome significa: Rei da paz; pois, como Jesus Cristo, era, ao mesmo tempo, rei e sacerdote.
No cânon da Missa, imediatamente depois da consagração, faz-se menção dos sacrifícios antigos, quando o sacerdote diz: "Oferecemos à vossa sublime Majestade o dom de uma vítima (+) pura, de uma vítima (+) santa, de uma vítima (+) sem mancha, o pão sagrado (+) da vida eterna e o cálice da eterna (+) salvação. Outrora aceitastes os sacrifícios dos tenros cordeiros que Vos ofereceu Abel; o sacrifício que Abraão Vos fez de seu filho único, imolado sem perder a vida. Enfim o sacrifício misterioso do pão e do vinho que Vos apresentou Melquisedec". É o suficiente para indicar que esses sacrifícios foram imagens do sacrifício da Missa.
Na santa Missa, são realizados não somente todos os sacrifícios simbólicos, como também se representam os principais mistérios da vida e da paixão do nosso divino Salvador.
David o indica, quando diz: "O Senhor deixou uma lembrança de suas maravilhas; mostrou-se misterioso e compassivo" (Sl. 110, 4). E para que lhe compreendêssemos bem o pensamento, diz, em outra parte: "Acercar-me-ei de vosso altar, a fim de ouvir a voz de vossos louvores e narrar vossas maravilhas". Neste sentido, Jesus Cristo disse também a seus apóstolos, depois da instituição da Eucaristia: "Fazei isto em memória de mim. A obra da redenção vai ser cumprida. Estou prestes a deixar-vos, porém antes de tornar ao meu Pai celeste, instituo a santa Missa como sacrifício único do novo Testamento e lego-vos o poder de efetuá-la a meu exemplo, até que eu volte para julgar os vivos e os mortos. E, para que minha lembrança permaneça viva, encerro neste sacrifício todos os mistérios de minha paixão, que reproduzireis, sem cessar, aos olhos de meus fiéis".
Primeiramente, renova-se na santa Missa o mistério da Encarnação. Na hora da Encarnação, a Virgem obedientíssima ofereceu a Deus o seu corpo e a sua alma a fim de que, segundo as palavras do Arcanjo, o Espírito Santo operasse em suas castas e virginais entranhas a concepção de Jesus Salvador.
De modo mui parecido, quando o sacerdote apresenta e oferece a Deus o pão e o vinho, o Espírito Santo muda-os no verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus Cristo. O sacerdote, no momento da transubstanciação, recebe o filho de Deus em suas mãos tão realmente como a santíssima Virgem o recebeu no seu casto seio.
Analogamente, em segundo lugar, vemos renovar-se, na Missa, o mistério da Natividade. Como Jesus Cristo nasceu do corpo imaculado e inviolado da santíssima Virgem, na Missa Ele nasce dos lábios do sacerdote. Apenas pronunciada a última palavra da consagração, Jesus acha-se nos panos alvíssimos do altar como outrora nas fachas do presépio. Como Maria Santíssima, em sua indizível felicidade, adorava a seu filho Deus humanado, como o apresentava aos pastores, assim o sacerdote adora Jesus e apresenta-o aos fiéis na elevação da santa Missa. E aquele infante divino que os três magos vieram adorar, que o velho Simeão tomou nos braços quando os pais o ofereceram no templo, nos o temos diante dos olhos, em todas as Missas a que assistimos.
E ainda há mais. Jesus nos anuncia, na santa Missa, seu Evangelho pela boca do sacerdote, nos ensina a orar, ora conosco e por nós; soam, na Missa, as palavras do perdão como no Calvário: "Pai, perdoai-lhes". Não resta dúvida, cabem aqui as palavras de Jesus: "Bem aventurados os que não viram, mas creram", pois, aos olhos corporais permanece tudo isso escondido, mas não assim à nossa alma esclarecida pela fé. Ela reconhece, como o apóstolo Tomé, a Jesus debaixo das espécies do pão; inundada de santa alegria percebe a realização da divina promessa: "Eis que estou convosco até a consumação dos séculos". Está conosco Jesus na santa Missa, está conosco como nosso Salvador, nosso Mediador, nossa vítima. Daí se compreende também uma diferença notável entre a hóstia sagrada da custódia e a da Missa, se bem que, numa e noutra, Jesus Cristo esteja igualmente presente. Na custódia ou na âmbula, permanece Jesus presente em nossos altares, oferece-se às nossas adorações, dá-nos a bênção, serve-nos de alimento, - na santa Missa, porém, é nossa vítima, nosso Mediador como no Calvário.
Cristãos! Que meio fácil e eficacíssimo de, na santa Missa, nutrirmos a fé, a esperança, o amor! Que ocasião de acendermos nossa piedade, de estreitarmos a união sagrada com Jesus!
Pode haver graça ou favor necessário, que não nos seja possível obter pelo sacrifício da santa Missa?
Se Jesus nos ensina a pedir, dizendo: "Pedi, e recebereis!" vale este conselho, muito especial e particularmente, na hora da santa Missa. Nos capítulos seguintes haveremos de explicar, mais minuciosamente, tudo isso. Mas, desde já, será permitido perguntar, se não causa perda irreparável de benefícios preciosos, corporais e espirituais, aos cristãos a cegueira de fazer tão pouco caso de tão rico tesouro? Possa a leitura atenta disso e de quanto segue, esclarecer-nos e inspirar-nos grande estima do santíssimo sacrifício da Missa.

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