Jean
Madiran, o conhecido diretor da revista francesa Itinéraires fundada por ele em 1956 para
congregar a nata do pensamento católico da época no combate ao progressismo
modernista, e do Jornal Présent, faleceu no dia 31 de julho, aos
93 anos. RIP.
Aqui reproduzimos o que está publicado no nosso livro «Entre
Fátima e o Abismo – Considerações e fatos sobre o Segredo que desafia o
Pontificado e assombra a Cristandade», apresentado por S. Excia. Monsenhor
Antonio de Castro Mayer ( pp. 91-93).
“O leigo tem o direito de receber dos sacerdotes todos os
bens espirituais para obter a salvação da sua alma e para atingir a perfeição
cristã: quando se trata de direitos fundamentais dos cristãos, ele pode fazer
valer suas exigências (Cód. Dir. Can. 467; 892); é o sentido e o fim de toda a
vida da Igreja que está aqui em jogo, assim como a responsabilidade diante de
Deus, do padre e do leigo.”
São palavras de Pio XII no discurso Six ans, em 5 outubro de 1957.
Ora, o conhecido escritor francês Jean Madiran, assim descreverá
as exigências que tinha a fazer em 1972 (Réclamation au Saint-Père,
L’hérésie du XXe siècle II,
Nouvel. Edit. Latines, Paris 1974, p. 9):
“Tudo o que na Igreja foi temerariamente inovado desde 1958, ano
da morte de Pio XII, transforma-se visivelmente em confusão e aniquilamento.
Tudo de que a Igreja posterior a 1958 se quis, com impiedade e desprezo,
distanciar da Igreja anterior a 1958, traz a marca manifesta da mentira e da
morte. Reconhecê-las-ei pelos frutos.
“Tudo o que a impiedade moderna quis pôr no lugar da Escritura,
do Catequismo e da Santa Missa, já cheira a decomposição. Pode-se não ousar
confessá-lo, com medo do partido no poder dentro da Igreja militante.
Pode-se mostrar vontade de não ter ainda percebido nada, para
não expor-se às represálias desse partido sectário, cruel e perseguidor. Mas,
mesmo no segredo do coração, ou escondendo suas reencontradas certezas,
os fiéis agora sabem.
Os fiéis, esses que receberam, guardaram e cultivaram o dom da
fé teologal, sabem que é um partido, justamente, um partido, não um magistério
legítimo, que governa a administração eclesiástica; eles sabem que uma facção
ilícita e injusta, tirânica e ímpia, confisca em seu proveito os poderes
espirituais; eles sabem que a sua nova Igreja não é a Igreja; que a sua nova
religião não é a Religião de Deus vivo.
“E esta verdade devidamente reconhecida nos liberta.”
Carta a Paulo VI, de 27 de outubro de 1972, publicada em Itineraires.
“Santíssimo Padre,
Devolva-nos a Escritura, o Catecismo e a
Missa.
Estamos cada vez mais privados deles por uma burocracia
colegial, despótica e ímpia, que pretende com ou sem razão, mas que pretende de
todos modos sem ser desmentida, impor-se em nome do Vaticano II e de Paulo VI.
“Devolva-nos a Missa católica tradicional, latina e gregoriana
segundo o Missal romano de São Pio V. Deixais dizer que Vós a interditastes,
mas nenhum pontífice poderia, sem abuso de poder, proclamar a interdição do
rito milenar da Igreja católica, canonizado pelo Concílio de Trento. A
obediência a Deus e à Igreja nos obrigaria a resistir a tal abuso de poder, se
tivesse efetivamente acontecido, e não a submetermo-nos em silêncio. Santíssimo
Padre, seja com Vós ou sem Vós, que fomos privados cada dia mais, sob o Vosso
pontificado, da Missa tradicional, não é o que importa.
O que importa é que Vós, que podeis devolvê-la, no-la
devolva.
“Nós a reclamamos a Vós.
“Devolva-nos o Catecismo romano, o que, segundo a prática
milenária da Igreja, canonizada pelo Concílio de Trento, ensina os três
conhecimentos necessários para a salvação (e a doutrina dos sacramentos sem os
quais esses três conhecimentos resultariam ordinariamente ineficazes). Os novos
catecismos oficiais já não ensinam os três conhecimentos necessários à
salvação. Numerosos sacerdotes e bispos chegam, como se pode comprovar
perguntando-lhes, a já nem mesmo saber quais seriam esses três. Santíssimo
Padre, que seja por Vós ou sem Vós, que fomos privados cada dia mais, sob o Vosso
pontificado, do ensino eclesiástico dos três conhecimentos necessários para a
salvação, não é o que importa.
O que importa é que Vós, que podeis devolver o Catecismo
romano, no-lo devolva.
Nós o reclamamos a Vós.
Devolvei-nos a Sagrada Escritura: agora falsificada pelas
versões obrigatórias que pretendem impor o novo catecismo e a nova liturgia. Em
1970 escrevi a Vossa Santidade a propósito de blasfêmias introduzidas na
epístola do domingo de Ramos (blasfêmia ‘aprovada’ pelo episcopado
francês e confirmada pela Santa Sé): que foi mantida substancialmente idêntica,
em nossos livros litúrgicos, e simplesmente declarada facultativa (!). Deve-se citar ainda, entre
cem outras, o cinismo libertino que faz proclamar liturgicamente, atribuindo a
São Paulo, que para viver santamente é preciso casar-se. Santíssimo Padre, é no
Vosso pontificado que as alterações da Escritura se multiplicaram a ponto de
não haver mais, para os livros sagrados, uma garantia certa.
Devolva-nos a Escritura intacta e autêntica. Nós o
reclamamos a Vós.
“A Igreja militante é atualmente como um país submetido a
uma ocupação estrangeira: aparenta-se submissão a tudo, mas o coração não está
nisso, oh não!
É o condicionamento psicológico e é a pressão sociológica
que fazem marchar as gentes. Um partido que Vós conhecestes bem, quando ele
passava por inocente e escondia seus intentos, um partido que quando obteve
sucesso revelou-se cruel e tirânico, domina diabolicamente a administração
eclesiástica. Este partido atualmente dominante é o da submissão ao mundo
moderno, da colaboração com o comunismo, da apostasia imanente. Ele possui
quase todas as posições de comando e reina, sobre os covardes, pela
intimidação, sobre os fracos, pela perseguição.
“Santíssimo Padre, confirmai na sua fé e em seu bom
direito os sacerdotes e os leigos que, apesar da ocupação estrangeira da Igreja
pelo partido da apostasia, guardam fielmente a Sagrada Escritura, o
Catecismo romano e a Santa Missa católica.
“E depois, sobretudo, deixai que chegue a Vós o sinal de
socorro espiritual dos pequeninos.
“Os meninos cristãos não são mais educados, mas
degradados pelos métodos, pelas práticas, pelas ideologias que prevalecem com
muita freqüência hoje em dia, na sociedade eclesiástica.
As inovações que são impostas invocando, com ou sem
razão, o último concílio e o papa atual — e que consistem, resumindo, em
atrasar ou diminuir sem cessar o ensino das verdades reveladas, e aumentar e
avançar sem cessar a revelação da sexualidade e de seus sortilégios —, produzem
em todo o mundo uma geração de apóstatas e de selvagens, cada dia mais
preparados a se matarem cegamente.
“Devolva-lhes, Santíssimo Padre, a Missa católica, o
Catecismo romano, e a versão e interpretação tradicionais da Escritura. Se Vós
não lhes devolverdes neste mundo, eles vo-los reclamarão pela eternidade.
“Dignai Vossa Santidade aceitar, junto à minha enfática
queixa, a homenagem de meu filial apego à sucessão apostólica e ao primado da
Sé romana, e para a Vossa pessoa, a expressão de minha profunda compaixão.”
Jean Madiran (Diretor de Itineraires)
Conclusão atualizada: o que pode demonstrar que este pedido
baseado na lei da Igreja e nas razões mais profundas da Fé não tenha sido
atendido no curso destes longos anos e por nenhum dos «papas» sucessivos, senão
a ausência do Papa Católico? Mas os resultados nedastos dessa tríplice rapina
são evidentes
No entanto parece também evidente que, se estes «papas
conciliares» não atenderam ao pedido de Nosso Senhor, através de Sua Santa Mãe,
que chora diante da perdição de tantos filhos, mas ao contrário, censuraram e
manipularam a Sua Mensagem, porque iriam atender os pedidos de simples fiéis,
por mais renome que tenham e a urgência de suas razões?
Nâo, a estirpe conciliar cultivava de fato a intenção de mudar a
Igreja de Deus.
Mas como isto é impossívej, eles apenas erigiram uma outra
coisa, que para usar as mesmas palavras de Jean Madiran, trata-se de «um
partido, não de um magistério legítimo, que governa a administração
eclesiástica; eles sabem que uma facção ilícita e injusta, tirânica e ímpia,
confisca em seu proveito os poderes espirituais; eles sabem que a sua nova
Igreja não é a Igreja; que a sua nova religião não é a Religião de Deus vivo.»
“E esta verdade devidamente reconhecida nos liberta.”
Como deste então tudo continua de mal em pior agora com
Bergoglio, faltou, porém, tirar as consequências do que seja «reconhecer
devidamente» e diizer que a verdade nos liberta da falsa autoridade, pois é
esta a questão mais que clara em Religião o fato de não estar o fiel
subordinado ao infiel, ainda mais se este deturpa os bens da Fé, qualquer que
seja sua veste e poder aparente.
Esta só é a lição a tirar depois de tantos anos, mas que ainda
continua suspensa, para a perdição de tantas almas e a desordem do mundo.
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