"Efectivamente os princípios racionais pelos quais nos regemos, quer queiramos quer não, promanam directamente de Deus, foram criados por Deus, e reflectem e exprimem finita e contingentemente, NA ORDEM NATURAL, as perfeições infinitas de Deus."
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
É por todos conhecido como, fundamentalmente desde os
enciclopedistas do século XVIII, os inimigos da Santa Madre Igreja
pertinazmente a acusaram de ser contrária à razão, de propugnar teses
filosóficas contrárias à razão. Ora contrárias à razão são as teses dos
inimigos da Santa Madre Igreja.
Efectivamente os princípios racionais pelos quais nos
regemos, quer queiramos quer não, promanam directamente de Deus, foram criados
por Deus, e reflectem e exprimem finita e contingentemente, NA ORDEM NATURAL,
as perfeições infinitas de Deus.
A criação é profundamente harmónica, quer dizer, em termos
filosóficos, análoga; existe uma correspondência fecunda entre o mundo físico e
o mundo espiritual e intelectivo. Nada foi criado ao acaso. Tudo foi
hierarquizado. É essa analogia que confere beleza ao mundo; a beleza é o
diálogo e a exigência mútua de todos os Transcendentais reunidos: UNIDADE,
VERDADE, BONDADE. Sendo os atributos do espírito humano essencialmente análogos
a toda a criação, possuem assim UMA LUZ NATURAL, que lhes permite ultrapassarem
a fenomenalidade sensível da realidade e ascender assim à captação da
inteligibilidade dos entes enquanto exercem o acto de ser (ontologia) e do
próprio ser enquanto ser (Metafísica). Santo Tomás de Aquino considerava que
essa luz natural, considerada como hábito natural dos primeiros princípios do
ser, enquanto tal, por definição, nunca se pode enganar. O engano (intelectual)
provém das limitações próprias da natureza humana, que é finita, e muito
inferior à do anjo, e neste aspecto é mais ignorância do que engano; das
consequências do pecado original; do ruído ontológico do mundo, infectado pelo
pecado; podendo provir ainda de malformações psico-fisiológicas. Já o engano
moral formal provém totalmente do facto de exercermos o nosso acto racional de
ser à revelia d’Aquele que nos deu o ser.
Constitui pois a razão humana um reflexo natural da razão
Divina.
A Constituição “Dei Filius”do Concílio Vaticano I declarou
dogmaticamente, baseada na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição, que o homem
pode, pelo lume das suas próprias forças Naturais, provar a existência de Deus.
É preciso notar que o Sagrado Concílio não declarou que
todos os homens (Após o pecado original) fossem moralmente capazes dessa prova,
mas apenas que a razão humana, em abstracto, podia efectivamente, fisicamente e
de direito proceder a tal prova. Na realidade o Sagrado Concílio alicerçava
precisamente aqui A CONVENIÊNCIA MORAL DA REVELAÇÃO, BEM COMO A SUA NECESSIDADE
ESTRITA NO CASO DE ELEVAÇÃO GRATUITA À ORDEM SOBRENATURAL.
Efectivamente o pecado original debilitou as forças naturais
e com elas a inteligência e a vontade. Muitos homens são completamente
incapazes (por fraqueza moral) de alcançar Deus – mas alcançam-n’O
sobrenaturalmente. Quer dizer que a Santa Madre Igreja constitui, ou devia
constituir, para muitos O MAIOR MOTIVO DE CREDIBILIDADE, E DE CREDENDIDADE.
Pois que através da Santa Madre Igreja somos arrebatados ao conhecimento da
intervenção positiva de Deus Nosso Senhor na História, revelando-Se e
revelando. Somos assim, com o auxílio da Graça, facultados para o acto de Fé,
Teologal, Sobrenatural. Os “Preambula Fidei”
(Ordem natural) operam-se “cum voluntate e ex ratione” o acto de Fé
(Ordem Sobrenatural) opera-se “ex voluntate e cum ratione”.
Desgraçadamente, todos estes ensinamentos, Teológicos e
Filosóficos se encontram hoje totalmente subvertidos. É necessário sublinhar
que a Santa Madre Igreja tem poder E AUTORIDADE INFALÍVEL igualmente no que
concerne ao Magistério filosófico. QUEM PODE O SOBRENATURAL, PODE O NATURAL EM
ORDEM AO SOBRENATURAL.
Hodiernamente, aquilo que nos é apresentado, pela ex-Igreja
Católica, como Doutrina de Fé, constituem apenas OPINIÕES HUMANAS, as quais
destroem não apenas a ordem sobrenatural, mas também toda a ordem natural
rectamente constituída. São autênticos contos de fadas que arrastam as almas
para o inferno e ofendem a Deus Nosso Senhor como Ele jamais foi ofendido em
toda a História Universal.
Os “ateólogos” (teólogos da morte de Deus) afirmam que hoje
a Igreja acolhe doutrinas marxistas ou outras da mesma forma que São Tomás de
Aquino acolheu (MATERIALMENTE, NÃO FORMALMENTE) outrora doutrinas do filósofo
Aristóteles – ora isso constitui um monstruoso vício de raciocínio, na exacta
medida em que Aristóteles e outros viveram antes de Nosso Senhor Jesus Cristo e
sem Nosso Senhor Jesus Cristo, e Marx e outros viveram depois de Nosso Senhor
Jesus Cristo e CONTRA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Afirmam igualmente,
fundamentando-se perversamente em São Clemente Alexandrino e São Justino, que a
Igreja actual, abraçando as outras ditas religiões, mais não faz do que
recolher as sementes do Verbo onde quer que elas se encontrem. Ora isto
constitui mais um sofisma: As sementes do Verbo somente podem identificar os
supra-referidos elementos da luz natural do intelecto, reflexo criado da razão
Divina, concebida aqui na ordem natural, num espírito naturalmente apto para
conhecer; NÃO PODEM IDENTIFICAR ELEMENTOS RELIGIOSOS FALSOS, QUE DE SI
CONSTITUEM UM OBSTÁCULO POSITIVO À FÉ TEOLOGAL, SOBRENATURAL, A QUAL CONSTITUI
UMA PARTICIPAÇÃO, ACIDENTAL MAS REAL, NO PRÓPRIO CONHECIMENTO DIVINO.
Verificamos assim que a ordem natural da razão filosófica e
a ordem sobrenatural revelada, PERMANECENDO CADA UMA NA SUA ESFERA PRÓPRIA,
outorgam entre si mútuo auxílio: a razão filosófica orientada EXTRINSECAMENTE
pela Fé Teologal processa o dado revelado facultando-lhe uma maior EVIDÊNCIA
EXTRÍNSECA. Por outro lado a Fé Teologal Sobrenatural ilumina extrinsecamente a
inteligência natural, derramando-lhe uma maior capacidade filosófica ao serviço
dessa mesma Fé. A Fé Católica só pode enriquecer-se e aprofundar-se
homogeneamente, segundo sempre o mesmo pensamento, a mesma doutrina, e a mesma
expressão. Não pode admitir elementos espúrios, heteróclitos, estranhos ao seu
princípio fundamental, o qual como já dissemos, constitui uma participação
sobrenatural na vida íntima da Santíssima Trindade. Ao facultar à Fé uma
compreensão e uma racionalidade extrínseca, a filosofia não intensifica por si
mesma o hábito e o acto de Fé; pode todavia operá-lo indirectamente, com o
auxílio da Graça Divina e dos Dons do Espírito Santo, ministrando aos motivos
de credibilidade e CREDENDIDADE, uma mais profunda analogia, uma maior luz, e
uma hierarquização mais qualificada.
Será sempre à luz da Fé e dos princípios da sã filosofia que
teremos de analisar as misérias intelectuais e morais da Igreja conciliar. ELES
ENGANAM-NOS!!! Não possuem Fé, nem sã filosofia, pois não esqueçamos: DESTRUÍDO
O SOBRENATURAL NÃO FICA O NATURAL, MAS SIM O ANTI-NATURAL.
Lisboa, 10 de Março de 2013
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