“Vós sois a luz do mundo.
Não pode esconder-se uma cidade que está situada sobre um monte”.
Evangelho
de São Mateus
Origem deste
Evangelho – O
autor do primeiro Evangelho é o apóstolo S. Matheus. À tradição universal e
constante na Igreja confere-lhe a prioridade cronológica. Eusébio Hist. Ecl., 3, 24; S. Irineu, 3,1; S. Agostinho, de Consensu Evang.
Autor – S. Mateus apareceu
na lista dos Apóstolos, com o sobrenome grego, o telones, Mt¸10, 13; Mc 3,
18; Lc 6, 15. É chamado filho de
Alfeu, sob nome de Levi. Mc 2, 14; Lc 5, 25, que foi o seu primitivo nome,
ligado à primeira fase da sua vida, pois só depois da vocação tomou o nome de
Mateus, que quer dizer: dom de Deus. Habitou em Cafarnaum, cidade então notável
pelo seu movimento comercial.
Ocupava-se
Mateus no cargo de cobrador de impostos. É o sétimo na ordem de vocação. Dos seus
dados biográficos pouco sabemos, pois o Evangelho não os apresenta; apenas sabemos
pela tradição que apostolo durante doze anos na Palestina. Apolônio, cit. Por Eusébio
Hist. Ecl. e Clemente de Alexandria Strom. 6, 15, p. 804. Depois para
sudeste, sendo martirizado na Etiópia, onde pregou o Evangelho.
Tempo – Não é fácil
precisar com rigor a data da composição do Evangelho de São Mateus. Foi escrito
antes da dispersão dos Apóstolos, o que teve lugar antes do ano 42, ou entre 45
e 48 como afirma Vigouroux, Manuel
Biblique. A Crônica Alexandrina indica que foi composto entre o oitavo e décimo-quinto
ano depois da ascensão de Jesus.
Língua – S. Mateus
escreveu o Evangelho para uso dos Cristãos da Judéia, e consequentemente em
língua que eles sem esforços compreendessem, o idioma materno, o hebreu, ou
melhor, o aramaico. – Hebraeus Hebraeis,
hebraice scripsit. Papias, Panteno, Orígenes, Eusébio, Cirilo de Jerusalém,
todos concordam neste ponto, que foi admitido sem discussão até o século XVI,
em que Erasmo de Roterdão apresentou as primeiras dúvidas, suscitando-se depois
discussão entrando na luta vários exegetas, Tomás Vio, o cardeal Caltano, etc.
Hoje é geralmente admitido que S. Mateus escreveu em aramaico.
Caráter do
Evangelho de S. Mateus – O Evangelho de S. Mateus não é uma história
propriamente dita, nem mesmo uma biografia no sentido rigoroso do termo. É um
esboço da vida de Jesus, e um sumário de sua pregação. O autor não atende nem à
ordem cronológica nem à ordem lógica, pois nas circunstâncias nem agrupa os
fatos, nem os discursos consoante as suas analogias. O seu escopo é demonstrar
que Jesus é o Messias prometido ao povo escolhido e por consequência que era
necessário acreditar na sua palavra, aceitar as suas máximas, entrar na sua Igreja
e obedecer às suas leis. Assinala na pessoa de Jesus as características de
legislador, taumaturgo, profeta, rei e sumo sacerdote. Refere todos estes
pontos à vista das profecias e diz: Tunc
adimpletum est... Ut adimpleretur... Sicut scriptum est.
As
características deste Evangelho estão perfeitamente de acordo com o testemunho
da tradição:
1º
O autor era judeu de nascimento. As
suas frequentes citações indicam um homem versado no estudo do Antigo
Testamento e na leitura dos Profetas. A sua linguagem revela uma educação
judaica e o hábito constante de falar a língua do seu pais. Segundo ele, a casa
de Israel é sempre a Casa de Deus; Jerusalém, a Cidade Santa; o templo, o lugar santo. Os hebraísmos, as
oposições paralélicas, características da poesia hebraica, superabundam. E
finalmente a descrição rigorosa do aspecto da Galiléia, esclarecimentos
topográficos e etnográficos abundantíssimos, revelam o conhecimento da fauna,
da flora, da posição geográfica, do modo de pensar e de viver daquele povo, que
só podia ter um natural; e esta qualidade revela-se no uso das parábolas, das
comparações e imagens, que a cada passo se encontram no Evangelho de S. Mateus.
2º
Foi testemunha presencial dos fatos que
narra. Isto mesmo se infere na precisão com que os relata os mais
insignificantes pormenores da vida de Jesus, principalmente reproduzindo na
íntegra os discursos pronunciados pelo Divino Mestre, sem indicar nenhuma outra
fonte. É certo que as narrações de S. Marcos são mais circunstanciadas, e que
S. Lucas é mais rigoroso na ordem cronológica, mas é preciso ter em vista o
escopo S. Mateus. Este Evangelista reproduz os discursos de Jesus fielmente,
por que os ouviu, se não tê-los-ia inventado, mas se o fizesse, nele se
encontraria alguma coisa que destoasse da divindade de Jesus, que aliás
transparece evidentemente nas palavras recolhidas neste Evangelho.
3º
Escrevia para os compatriotas, isto
é para os judeus da Palestina, convertidos ao Cristianismo. Se escrevesse para
os gentios seguiria outros processos, enveredaria por outro caminho; não tinha
necessidade de insistir tanto na Lei Antiga. A leitura do Evangelho de S.
Mateus convence-nos de que ele escrevia para os judeus, porque só estes
entendiam a genealogia do Redentor, só estes percebiam o valor da frase “filho de Davi”. De que servia falar aos
estranhos Cidade santa e no lugar santo?
Para que falar aos gentios nos usos e leis dos judeus, e para que colocar
aqueles no mesmo plano que os publicanos? O que queria indicar falando do livro
da Sinagoga, senão que a Lei Mosaica cedia lugar à Lei da Graça e que dos destroços
da lei ab-rogada devia erguer-se uma nova Igreja, Una, santa e Universal?
Divisão do
Evangelho de S. Mateus – O Evangelho de S. Mateus compreende três partes, que
abrangem os vinte e oito capítulos em que ele se reparte.
Primeira
parte – Os
primeiros anos do Salvador, 1, 36. Jesus.
Segunda
parte – A
pregação de Jesus, cc. 4-25, que se subdivide:
a)
Pregação na Galileia, cc. 4-18:
1 Jesus legislador, cc. 4-7.
2 Jesus taumaturgo, cc. 8-18.
b)
Ministério público de Jesus, cc. 19-25: Jesus profeta, ensina, admoesta e prediz o
futuro.
Terceira
parte – Últimos
tempos de Jesus, cc. 26-28:
Jesus
sacerdote e vítima, no sacrifício do Calvário; a ressurreição e a ascensão.
Bíblia Sagrada Versão reeditada do Padre Antônio Pereira de
Figueiredo
Editora das Américas 1950
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de postar seu comentário sobre a postagem, leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Comentário que não tenha a identificação do autor (anônimo), ou sua origem via link e ainda que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgar pertinente o assunto. Como também poderá não ser publicado, mesmo com as identificações acima tratadas, caso o assunto for julga impertinente ou irrelevante ao assunto. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reserva o direito de publicar ou não qualquer comentário, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos. Comentários de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta do próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.