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Ao lado: a nova igreja/basílica de
Fátima e sua vergonhosa cruz, «expressões artísticas» que denotam o «Deus
imanente» da nova mente clerical.
"Este agnosticismo, porém, na doutrina dos modernistas, não constitui senão a parte negativa; a positiva acha-se toda na imanência vital"
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Vivemos no ano Centenário da
extraordinária Aparição de Fátima, que trouxe a este mundo uma inestimável
Mensagem profética, cuja incúria na sua apreciação pelas autoridades da Igreja
está à raiz de todos nossos males atuais.
Mas anterior a essa
inescusável incúria, temos aquela precedente diante dos frutos do santo
Pontificado de São Pio X. Este Papa extraordinário foi, e já o podemos
reconhecer pela sua eleição providencial, como foi um dom extremo para uma
Igreja minada pelo modernismo, guerras, revoluções e outros grandes males, que
desde então só fizeram aumentar.
Dia 7 de setembro
comemoram-se cento e dez anos da Encíclica Pascendi, que
explica, para quem quer entender, qual seja o pior verme voraz do cerne do
Catolicismo e da Cristandade: o imanentismo modernista, portador de toda
infeção herética e degradante de séculos de erros. Disso temos tratado, a isto
voltamos aqui seguindo de perto a lição desta magnífica Pascendi.
Sigamos, pois, o pensamento
do Santo Papa na sua amplitude.
«O Modernismo é o coletor de
todas as heresias». Não é nenhuma grande heresia; é sim uma repugnante cloaca
de tantas outras heresias e até ideologias, como seja a ecumenista atual. Ele
parte de um conteúdo filosófico para apoiar o seu agnosticismo, ou
incredulidade larvada? Diz o Papa: «Este agnosticismo, porém, na
doutrina dos modernistas, não constitui senão a parte negativa; a positiva
acha-se toda na imanência vital».
«Eis aqui o modo como
eles passam de uma parte a outra. A religião, quer a natural quer a
sobrenatural, é mister seja explicada como qualquer outro fato. Ora, destruída
a teologia natural, impedido o acesso à revelação ao rejeitar os motivos de
credibilidade, é claro que se não pode procurar fora do homem essa explicação.
Deve-se, pois, procurar no mesmo homem; e visto que a religião não é de fato
senão uma forma da vida, a sua explicação se deve achar mesmo na vida do homem.
Daqui procede o princípio da imanência religiosa.»
«O sentimento
religioso, que por imanência vital surge dos esconderijos da subconsciência, é
pois o gérmen de toda a religião e a razão de tudo o que tem havido e haverá
ainda em qualquer religião. Este mesmo sentimento rudimentar e quase informe a
princípio, pouco a pouco, sob o influxo do misterioso princípio que lhe deu
origem, tem-se ido aperfeiçoando, a par com o progresso da vida humana, da
qual, como já ficou dito, é uma forma.
«Temos, pois, assim a
origem de toda a religião, até mesmo da sobrenatural; e estas não passam de
meras explicações do sentimento religioso. Nem se pense que a católica é
excetuada; está no mesmo nível das outras, pois não nasceu senão pelo processo
de imanência vital na consciência de Cristo, homem de natureza extremamente
privilegiada, como outro não houve nem haverá. Fica-se pasmo em se ouvindo
afirmações tão audaciosas e sacrílegas! »
«Homens católicos, até
muitos sacerdotes, afirmaram estas coisas publicamente, e com delírios tais se
vangloriam de reformar a Igreja. Já não se trata aqui do velho erro, que à
natureza humana atribuía um quase direito à ordem sobrenatural. Vai-se muito
mais longe ainda; chega-se até a afirmar que a nossa santíssima religião, no
homem Jesus Cristo assim como em nós, é fruto inteiramente espontâneo da
natureza. Nada pode vir mais a propósito para dar cabo de toda a ordem sobrenatural.
Por isto com suma razão o Concílio Vaticano I definiu: Se alguém disser que o
homem não pode ser por Deus elevado a conhecimento e perfeição, que supere as
forças da natureza, mas por si mesmo pode e deve, com incessante progresso,
chegar finalmente a possuir toda a verdade e todo o bem, seja anátema (De Revel
Cân. 3).»
«Ousadamente afirmam
os modernistas, e isto mesmo se conclui das suas doutrinas, que os dogmas não
somente podem, mas positivamente devem evoluir e mudar-se. De fato, entre os
pontos principais da sua doutrina, contam também este, que deduzem da imanência
vital: as fórmulas religiosas, para que realmente sejam tais e não só meras
especulações da inteligência, precisam ser vitais e viver da mesma vida do
sentimento religioso. Daí porém não se deve concluir que essas fórmulas,
particularmente se forem só imaginárias, sejam formadas a bem desse mesmo
sentimento religioso; porquanto nada importa a sua origem, nem o seu número,
nem a sua qualidade; segue-se, porém, que o sentimento religioso, embora
modificando-as, se houver mister, as torna vitais e fá-las viver de sua própria
vida. Em outros termos, é preciso a fórmula primitiva seja aceita e confirmada
pelo coração, e que a subseqüente elaboração das fórmulas secundárias seja
feita sob a direção do coração. Procede daí que tais fórmulas para serem
vitais, hão de ser e ficar adaptadas tanto à fé quanto ao crente. Pelo que, se
por qualquer motivo cessar essa adaptação, perdem sua primitiva significação e
devem ser mudadas. Ora, sendo assim mutável o valor e a sorte das fórmulas
dogmáticas, não é de admirar que os modernistas tanto as escarneçam e
desprezem, e que por conseguinte só reconheçam e exaltem o sentimento e a vida
religiosa. Por isto, com o maior atrevimento criticam a Igreja acusando-a de
caminhar fora da estrada, e de não saber distinguir entre o sentido material
das fórmulas e sua significação religiosa e moral, e ainda mais, agarrando-se
obstinadamente, mas em vão, a fórmulas falhas de sentido, de deixar a própria
religião rolar no abismo. Cegos, na verdade, a conduzirem outros cegos, são
esses homens que inchados de orgulhosa ciência, deliram a ponto de perverter o
conceito de verdade e o genuíno conceito religioso, divulgando um novo sistema,
com o qual, arrastados por desenfreada mania de novidades, não procuram a
verdade onde certamente se acha; e, desprezando as santas e apostólicas
tradições, apegam-se a doutrinas ocas, fúteis, incertas, reprovadas pela
Igreja, com as quais homens estultíssimos julgam fortalecer e sustentar a
verdade (Gregório XVI, Encíclica “Singulari Nos” 7 Jul. 1834).»
« O modernista teólogo
«Já é tempo,
Veneráveis Irmãos, de passarmos a considerar os modernistas no campo teológico.
Empenho árduo este, mas em poucas palavras diremos tudo. O fim a alcançar é a
conciliação da fé com a ciência, ficando porém sempre incólume a primazia da
ciência sobre a fé. Neste assunto o teólogo modernista se utiliza dos mesmos
princípios da imanência e do simbolismo. Eis com que rapidez ele executa
a sua tarefa: diz o filósofo que o princípio da fé é imanente; acrescenta o
crente que esse princípio é Deus; conclui pois o teólogo: logo Deus é imanente
no homem. Disto se conclui a imanência teológica. Outra adaptação: o filósofo
tem por certo de que as representações da fé são puramente simbólicas; o crente
afirma que o objeto da fé é Deus em si mesmo; conclui pois o teólogo: logo as
representações da realidade divina são simbólicas. Segue-se daqui o simbolismo
teológico. São erros enormes deveras; e quanto sejam perniciosos vamos ver de
um modo luminoso, observando-lhes as conseqüências. E para falarmos desde já do
simbolismo, como os símbolos são: símbolos com relação ao objeto, e
instrumentos com relação ao crente, dizem os modernistas que o crente, antes de
tudo, não deve apegar-se demais à fórmula, que deve servir-lhe só no intuito de
unir-se com a verdade absoluta, que a fórmula ao mesmo tempo revela e esconde;
isto é, esforça-se por exprimi-la, sem jamais o conseguir. Querem, em segundo
lugar, que o crente use de tais fórmulas tanto quanto lhe forem úteis,
porquanto elas são dadas para auxílio e não para embaraço; salvo porém o
respeito que, por motivos sociais, se deve às fórmulas pelo público magistério
julgadas aptas para exprimir a consciência comum, e enquanto o mesmo magistério
não julgar de outro modo.
«Quanto à imanência, é
na verdade difícil indicar o que pensam os modernistas, pois há entre eles
diversas opiniões. Uns fazem-na consistir em que Deus, operando no homem, está
mais intimamente no homem do que o próprio homem em si mesmo; e esta afirmação
sendo bem entendida, não merece censura. Pretendem outros que a ação divina é
uma e a mesma com a ação da natureza, como a causa primeira com a causa
segunda; e isto já destruiria a ordem sobrenatural. Outros explicam-na, enfim,
em um sentido que tem ressaibos de panteísmo; e estes, a falar a verdade, são
mais coerentes com o restante das sua doutrinas.
«A este postulado da
imanência ainda outro se acrescenta, que pode ser chamado da permanência
divina; estes entre si diferem do mesmo modo como a experiência privada difere
da experiência transmitida por tradição. Esclareçamos isto com um exemplo, e
seja ele tirado da Igreja e dos Sacramentos. Não se pode crer, dizem, que a
Igreja e os Sacramentos foram instituídos pelo próprio Cristo. Isto não é
permitido pelo agnosticismo, que em Cristo não vê mais do que um homem, cuja
consciência religiosa, como a de qualquer outro homem, pouco a pouco se
formou; não o permite a lei da imanência, que não admite, como eles se exprimem,
externas aplicações; proíbe-o também a lei da evolução, que para o
desenvolvimento dos germens requer tempo e uma certa série de circunstâncias;
proíbe-o enfim a história, que mostra que tal foi realmente o curso dos
acontecimentos. Todavia deve admitir-se que a Igreja e os Sacramentos foram
mediatamente instituídos por Cristo. Mas de que modo? Todas as consciências
cristãs, é assim que eles o explicam, estavam virtualmente incluídas na
consciência de Cristo, como a planta na semente. Ora, como os rebentos vivem a
vida da semente, assim também afirmar-se deve que todos os cristãos vivem a
vida de Cristo. Mas a vida de Cristo, segundo a fé, é divina; logo também a
vida dos cristãos. Se pois esta vida, no correr dos séculos, deu origem à
Igreja e aos Sacramentos, com toda a razão se poderá dizer que tal origem
procede de Cristo e é divina. Pelo mesmo processo provam que as Escrituras e os
dogmas são divinos. E com isto se conclui toda a teologia dos modernistas. É
bem pouco, em verdade; porém, mais que abundante para quem professa que sempre
e em tudo se devem respeitar as conclusões da ciência. Cada um entretanto
poderá ir por si mesmo fazendo a aplicação destas teorias aos outros pontos,
que vamos expor.
«Mas o domínio da
filosofia na história ainda vai além. Feita, como dissemos, a divisão dos
documentos em duas partes, apresenta-se de novo o filósofo com o seu princípio
de imanência vital, e prescreve que tudo o que se acha na história da Igreja
deve ser aplicado por emanação vital. E visto como a causa ou condição de
qualquer emanação vital procede de alguma necessidade, todo acontecimento deve
ser a conseqüência de uma necessidade, e deve considerar-se historicamente
posterior a ela. Que faz então o historiador? Entregue de novo ao estudo dos
documentos, tanto nos livros sacros quanto nos demais, vai formando um catálogo
de cada uma das necessidades que por sua vez se apresentaram à Igreja, quer
relativos ao dogma, quer ao culto ou a outras matérias. Feito este catálogo,
passa-o ao crítico. Este, pois, manuseia os documentos destinados à história da
fé e os distribui de idade em idade, de maneira que correspondam ao elenco que
lhe foi dado; e tudo isto faz tendo sempre em vista o preceito de que o fato é
precedido da necessidade, e a narração, do fato.
«Bem poderia ser que
certas partes da Escritura Sagrada, como as Epístolas, também fossem um fato
criado pela necessidade. Seja como for, o certo porém é que não se pode
determinar a idade de nenhum documento, senão pela época em que cada
necessidade se manifestou na Igreja. Convém ainda distinguir entre o começo de
um fato e o seu desenrolar; porquanto, o que pode nascer em um dia, não cresce
senão com o tempo. Esta é a razão pela qual o crítico ainda deve bipartir os
documentos, já dispostos segundo as idades, segregando os que se referem às
origens de um fato dos que pertencem ao seu desenvolvimento, e dispondo de novo
estes últimos em ordem cronológica. Feito isto, reaparece o filósofo e
obriga o historiador a conformar os seus estudos com os preceitos e as leis da
evolução. E o historiador, conformando-se, torna a esquadrinhar os documentos;
a procurar com cuidado as circunstâncias em que se achou a Igreja, no correr
dos tempos, as necessidades internas e externas que a impeliram ao progresso,
os obstáculos que se levantaram, numa palavra, tudo o que pode servir para
determinar o modo pelo qual se realizaram as leis da evolução.»
«Além dos argumentos
objetivos, o crente pode também ser disposto à fé pelos subjetivos. Para este
fim os apologetas voltam-se de novo para a doutrina da imanência. Empenham-se
em convencer o homem de que nele mesmo e nos íntimos recantos de sua natureza e
de sua vida, se oculta o desejo e a necessidade de uma religião, não já de uma
religião qualquer, mas da católica; porquanto esta, dizem, é rigorosamente
requerida (postulata) pelo perfeito desenvolvimento da vida. E sobre este ponto
nos vemos de novo obrigados a lamentar que não faltem católicos que, conquanto
rejeitem a doutrina da imanência como doutrina, todavia se utilizam dela na apologética;
e fazem-no tão incautamente, que parecem admitir não somente certa capacidade
ou conveniência na natureza humana para a ordem sobrenatural, (o que os
apologetas católicos com as devidas restrições sempre demonstram), mas também
uma estrita e verdadeira exigência. Para sermos mais exatos, dizemos ainda que
esta exigência da religião católica é sustentada pelos modernistas mais
moderados. Pois, aqueles que podem ser denominados integralistas, pretendem que
se deve mostrar ao homem que ainda não crê, como se acha latente dentro dele
mesmo o gérmen que esteve na consciência de Cristo, e que Cristo transmitiu aos
homens. Eis aqui, Veneráveis Irmãos, sumariamente descrito o método apologético
dos modernistas, em tudo conforme com as doutrinas; e tanto o método como as
doutrinas estão cheios de erros, capazes só de destruir e não de edificar, não
de formar católicos, mas de arrastar os católicos à heresia, mais ainda, à
completa destruição de toda religião!»
Mais adiante o Pontífice põe
a questão: «Se perguntarmos: essa imanência distingue ou não distingue
Deus do homem? Se distingue, que divergência então pode haver entre essa
doutrina e a católica? Ou então, por que rejeitam os modernistas a doutrina da
revelação externa? Se, pelo contrário, não se distingue, temos de novo o
panteísmo. Mas, de fato, a imanência dos modernistas quer e admite que todo o
fenômeno de consciência proceda do homem enquanto homem. Com legítimo
raciocínio deduzimos portanto que Deus e o homem são uma e a mesma coisa; e
daqui o panteísmo.»
É claro que o ideal é ler
tudo isto diretamente nesta grande Encíclica, Aqui se quis apenas tocar a
questão dessa imanência vital que impregna todo o Vaticano 2 e documentos
seguintes, onde predomina no fundo o culto do homem, que quer inserir Deus no
mundo. E esse Deus imanente depois poderá ser sujeito a juízos e justificar as
imperfeições terrenas até na Sua mesma Igreja.
Assim é que hoje, onde Nosso
Senhor Jesus Cristo instituiu a Cátedra da Verdade com o poder absoluto de
confirmá-La entre os homens, elegeram clérigos para a adaptação imanente da
Igreja ao mundo. Nessa Suprema Sede, deveria estar quem recebe diretamente de
Deus o poder infalível e transcendente de confirmar a Verdade revelada, mas um
mundo católico desatinado aceita que esse representante de Deus na terra possa
ser até herético, alheio à Fé. Se isto não invoca um Deus imanente de poder
relativo, o que mais poderia demonstra-lo?
Fonte: https://promariana.wordpress.com/2017/08/23/na-pascendi-a-religiao-modernista-da-agnostica-imanencia-vital/
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