“Pois bem! Eis o que diz o Senhor Javé: em minha indignação, desencadearei um furacão, em minha cólera, vou mandar uma tempestade, em eu furor de destruição, farei cair granizo” (Ezequiel, 13, 13).
Plinio
Maria Solimeo
O que, no
mundo de hoje, não provoca a ira de Deus? Se olharmos para o campo religioso,
não poderia haver maior confusão e apostasia. No político, nem se fala.
Praticamente é só corrupção. No moral, então, o que falta para o nudismo
completo, com as “modas” cada vez mais despudoradas? O que resta da família,
desfeita pelo abandono do verdadeiro matrimônio cristão e substituída por
“uniões informais”, pela aprovação do casamento homossexual, do aborto, da
“teoria de gênero”? E paremos por aqui.
Não é,
pois, de espantar que sobrevenham sucessivas catástrofes, mas apenas perguntar
de que natureza, quando e onde será provavelmente a próxima.
Rememoremos algumas mais recentes.
17/08/2017:
“Inundações em Bangladesh já afetam 4,5 milhões de pessoas e deixam 56 mortos.
As inundações já atingem 26 dos 64 distritos do país, e 470 mil pessoas tiveram
que ser levadas para um dos 915 abrigos””[i]
·
30/08/2017:
“’Desastre ignorado’: inundações na Índia, Bangladesh e Nepal deixam 1,2 mil
mortos e milhões de desabrigados. Índia, Bangladesh e Nepal enfrentam as piores
inundações registradas no sul da Ásia em anos. Já são mais de 1,2 mil pessoas
mortas, e milhões tiveram de deixar suas casas”[ii].
·
06/09/2017:
Três furacões simultâneos atualmente devastam o Atlântico e o Golfo do México.
Ao menos 9 pessoas morreram e 7 outras estão desaparecidas nas ilhas de
Saint-Martin e Saint-Barthélemy, no Caribe francês. O número dos mortos é de
112[iii].
·
08/09/2017:
Terremoto da magnitude de 8,1, no Estado de Oaxaca, o mais forte que o México
conheceu em um século, fez pelo menos 58 mortos. Teme-se um tsunami[iv].
Estas são
algumas amostras do que está acontecendo em todo o mundo, relacionadas apenas a
desastres naturais. Se fôssemos falar dos desastres morais, não haveria espaço
suficiente nesta folha.
“Castigai-nos,
Senhor, mas com equidade”
Com que estado de espírito o público em geral, e os atingidos em particular,
deveriam ver esses sinais? Com o coração contrito e humilhado pelos nossos
pecados, que provocam a ira de Deus. Ou seja, como o profeta Jeremias se
expressou milênios atrás: “Castigai-nos, Senhor, mas com equidade, e não com
furor, para que não sejamos reduzidos ao nada (Jer. 10, 24).
Mas a
generalidade das pessoas tem o coração contrito e humilhado, como a situação o
requer? Infelizmente, não.
Um
exemplo, para falar apenas das duas ilhas francesas no Caribe, Saint-Martin e
Saint-Barthélemy, arrasadas pelo tufão Irma. Uma das principais preocupações de
muitos moradores — se não de todos — diz respeito à estação de turismo, que
deve começar em dezembro e é muito concorrida.
O
site franceinfo entrevistou alguns dos atingidos pela
catástrofe nessas ilhas. Um deles, um
economista, manifestou assim sua preocupação: “É preciso reconstruir o
mais rapidamente possível, de modo a não perder a estação turística”. Quer
dizer, a preocupação é ganhar dinheiro.
Pior: as pilhagens
em meio ao caos
Mas há
pior. Muitos dos sobreviventes, além de não manifestarem o estado de espírito
descrito por Jeremias, querem aproveitar-se da situação fazendo pilhagens.
Uma
habitante da ilha de Saint-Martin, entrevistada pelo mesmo site,
disse à reportagem: “O que me chocou e desolou verdadeiramente foram as
pilhagens, as lutas por uma televisão, por um ventilador”, em meio ao caos
das lojas atingidas.
Deve-se
por isso temer que ocorra com eles o que diz o Levítico:
“Se
apesar desses castigos não vos quiserdes corrigir, mas vos obstinardes em
resistir-me, eu vos resistirei por minha vez e vos ferirei sete vezes mais, por
causa dos vossos pecados” (Levítico 26, 23-24).
Uma voz
discordante
Na
iminência de o furacão Irma atingir Miami, houve felizmente
nos Estados Unidos uma voz que encarou a realidade com espírito sobrenatural.
Lembrando-se
de que na liturgia antiga da Igreja há procissões e preces para essas ocasiões,
o Pe. John Zuhlsdorf recomendou em seu blog aos bispos e ao
clero da região que as fizessem com seus fiéis, para implorar a misericórdia de
Deus. E para que tivessem maior eficácia, que fossem feitas segundo o antigo
cerimonial da Igreja.
Assim,
ele recomenda que o bispo, “de pé nos degraus de sua respectiva
catedral, vestido com capa magna e mitra, cercado pelo clero, com a cruz na
mão, pronuncie — como está no Ritual Romano tradicional —, a Ladainha de todos
os Santos, com as preces deprecatórias contra as tempestades, tocando os sinos
da catedral”, pois estes são um sacramental, e seu soar ajuda a afastar as
tempestades.
Se o
episcopado e o clero dessas regiões atingidas tivessem agido assim, teríamos o
que está dito no II livro dos Macabeus: “Suplico aos que lerem este
livro [ou este artigo], que não se deixem abater por esses tristes
acontecimentos, mas que considerem que esses castigos tiveram em mira não a
ruína, mas a correção de nossa raça” (II Mac 6, 12)
____________
Notas:
[iii] Franceinfo – France Télévisions,
6/09/17
[iv] Id. ib.
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