“A Igreja imita os santos
do céu; dando honra e glória ao Altíssimo, associa-se a eles; chama ao serviço
dÊle todas as criaturas, todas as ciências, todas as artes”
Padre João Batista Reus - Curso de Liturgia
O TEMPO
SACRO
61. O ano eclesiástico em geral.
62. A semana.
63. Divisão dos domingos.
64. Os dias da semana.
65. Divisão das férias.
66. As quatro têmporas.
CAPITULO IV.
O TEMPO SACRO
§ 61. A ANO
ECLESIÁSTICO EM GERAL
245. Servir a Deus não é só
obrigação do indivíduo, mas também da comunidade. A veneração comum, porém, da
divina Majestade supõe nos membros desta comunidade o conhecimento de uma hora
fixa para o culto, e de um tempo determinado para certas funções cultuais. A
esta exigência corresponde o ano eclesiástico.
1. Definição. Materialmente o ano eclesiástico é
uma sucessão de 365 ou 366 dias. É formado à semelhança do ano civil, composto
de 52 ou 53 semanas.
Liturgicamente, em sentido lato,
designa os 52 domingos, cada qual com a sua semana (p. ex., Fer. 2 infra Dom. 8
post Pent.) e com as festas ocorrentes. Nesta acepção também o antigo
testamento possuía ano litúrgico. Mas o novo testamento tem algo mais: a
significação mística.
Misticamente, o ano eclesiástico é a
repetição da vida de Cristo, baseada na celebração dos mistérios principais do
divino Redentor. Portanto, o ano litúrgico em sentido estrito é o ano solar
repetindo a vida de Jesus Cristo pelos tempos santos.
246. 2. História. O ponto de partida do
ano litúrgico se acha no santo sacrifício da missa, em que "a
obra da nossa redenção se celebra". Pois nele se renovam as obras
principais desta redenção: a paixão, a ressurreição e a glorificação.
A formação do ano litúrgico, na
qualidade de tempo sacro, deve-se atribuir à comemoração da obra da redenção em
dias determinados. Tais eram os domingos e as festas de páscoa e pentecostes.
Cada domingo (dies dominica) é dia de Nosso Senhor e lembra a sua ressurreição.
Deste feito todo o ano litúrgico possui um caráter cristocêntrico e
eucarístico. Aperfeiçoou-se pelo aumento sucessivo das festas; no
século VII-VIII tinha a forma de hoje. Testemunha-o o sacramentário
gregoriano, discrepando só no fato de contar 5 domingos do advento em lugar de
4. O jejum antes da páscoa havia já no II século, o qual pouco a pouco se
estendeu.
247. 3. 0
costume de principiar o ano litúrgico com o advento começou
no século XI, ocasionado quiçá pelos livros litúrgicos. Pois os antigos
sacramentários trazem em primeiro lugar as missas do natal. Para tornar o uso
destes livros mais cômodo, foi conveniente pôr as missas do advento antes da
festa do natal. Assim fizeram em parte no século X, generalizando-se o costume
no século XII. Tendo principiado o livro litúrgico com as missas do
advento, a conseqüência foi dar início também ao ano eclesiástico pelo advento.
Foi o que fizeram os liturgistas, entre eles já Beletho.
Na idade média havia vários modos de
começar o ano: no dia do natal (25 de dezembro), 1° de janeiro, 1° de março, 25
de março, sábado santo, páscoa. Apesar de existirem os elementos do ano
litúrgico, o nome "ano eclesiástico" ocorre pela primeira vez em
1589.
248. 4. A
divisão do ano litúrgico em 3 ciclos é ainda mais nova do que o princípio dele
com o advento. O ciclo do natal e o da páscoa são geralmente admitidos; não o
é, porém, igualmente o ciclo de pentecostes. Afirmam alguns que nem pela
história nem pela matéria se pode justificar este último. Mas deve-se
distinguir. Se se toma o terceiro ciclo significando a terceira parte do ano
eclesiástico sob o nome de "pentecostes", então este
terceiro ciclo é inadmissível, por não ter nada com pentecostes, a não ser o
nome dos domingos. Se, porém, se estabelece o terceiro ciclo com o nome de
"Cristo Rei", então há razões suficientes para o admitir. (n. 425.)
O DOMINGO
249. A semana cristã é a
continuação da semana israelítica. Mas o sábado, como dia do culto divino, foi
substituído pelo domingo.
1. Os primeiros cristãos estavam acostumados a
guardar o sábado, o último dia da semana. Depois de acabar este dia (mais
ou menos às 6 horas da tarde), celebravam o santo mistério da missa e comunhão
no primeiro dia da semana. Assim sabemos que S. Paulo reuniu os cristãos de
Trôade para partir o pão eucarístico una sabbati, "no
primeiro dia depois do sábado". Em Corinto (1 Cor 16, 2) os cristãos se
reuniram pela primeira vez per unam sabbati. No Apocalipse de
S. João (1, 10) este dia pela primeira vez é chamado: dia do Senhor (dies
dominica, domingo).
Em breve o domingo foi recebido pelo
uso geral, a ponto de ficarem as seitas mais antigas, p. ex., os ebionitas, com
o domingo ao lado do sábado, ao qual deram preferência. O domingo foi chamado
também dies solis, o dia do sol, pois que Jesus Cristo é o
verdadeiro sol de justiça e santidade.
250. 2. A
Igreja tem o poder de substituir o sábado pelo domingo. Pois
Jesus Cristo aboliu as leis cerimoniais do antigo testamento pela
sua morte. Por isso, avisa S. Paulo os cristãos perseguidos por não
observarem as leis cerimoniais judaicas (Col 2, 16) que não se
importassem com as festas da lua nova ou do sábado. Pois tudo isso
era figura do futuro, que se achava cumprido em Jesus Cristo e por
conseguinte não tinha mais força obrigatória.
251. 3. Motivos para celebrar o
domingo.
1) A ressurreição de Jesus Cristo no
primeiro dia da semana, mistério fundamental da fé cristã. Por isso nos
domingos se recita o Sl 117, que traz as palavras da antífona pascoal:"Heec
dies quam fecit dominus: exsultemus et lwtemur in ea." O
Senhor mesmo aplicou estas palavras à sua ressurreição (Mt 21, 42): "Nunquam
legistis in scripturis: a domino factum est istud et est mirabile in oculis
nostris?" São Pedro alude ao mesmo salmo. (At 4, 11; 1 Ped 2, 7.)
Por isso, as antífonas das Laudes e Horas menores vêm acompanhadas de 1 ou 3
aleluias como no tempo pascal; não se jejua nem se reza de joelhos, p. ex., as
antífonas marianas, o anjo do Senhor. S. Agostinho explica este costume,
dizendo (Ep. 55, 28): Stantes oramus, quod est signum resurrectionis.
2) O dia da criação do mundo. Lembrança
disso há nas vésperas: Lucis Creator optime.
3) O dia dá descida do Espírito Santo.
Por isso o domingo era "o dia da Liturgia" e o tipo de todas as
festas, que durante o ano eclesiástico se celebravam com vigília e descanso
dominical. (Piacenza, Reg. p. 29.)
252. Sendo comemoradas
assim as três Pessoas divinas no domingo, foi ele considerado como dedicado à
SS. Trindade. Fala deste santo mistério o hino das matinas: "Primo
die quo Trinitas Beata mundum condidit"; o responsório 8 com o Sanctus,
Sanctus, Sanctus, o símbolo Quicumque, o prefácio da
SS. Trindade.
Mas o domingo não foi igualmente por
toda parte considerado primeiro dia da semana. Em vários países era o último
dia da semana, porquanto esta começava pela segunda-feira. Pela legislação
eclesiástica e civil o domingo se tornou dia de descanso no sentido cristão
desde o século IV. Assistir à missa nos domingos tornou-se obrigação para todos
os adultos desde o princípio do século IV. (Sínodo de Elvira, 306.)
§ 63. DIVISÃO DOS DOMINGOS
253. 1. Classes. No missal, p.
ex., o primeiro domingo do advento traz a rubrica: 1 classis.
Semiduplex. É uma contradição aparente. Pois os domingos são
classificados segundo a dignidade (p. ex., 1 classis) e o rito
(p. ex., semiduplex).
a) Quanto ao rito, todos
os domingos são semiduplex com exceção de 3: Dominica
paschalis, Dominica iri Albis, Dominica Pentecostes.
b) Quanto à dignidade, distinguem-se
maiores e menores ou comuns (per annum).
c) Os domingos maiores dividem-se
em 2 classes conforme o seu respectivo privilégio de preferência.
aa. Os domingos da primeira
classe são preferidos na ocorrência (portanto não nas vésperas)
a todas as festas são 10: o 1° domingo do advento, os 4
domingos da quaresma e os 4 seguintes até ao domingo da pascoela, e
pentecostes. As festas incidentes devem ser transferidas.
254. bb. Os domingos da
segunda classe são preferidos a todas as festas menos às de primeira
classe. São 6: o 2°, 3° e 4° do advento, os três antecedentes à
quaresma: setuagésima, sexagésima e qüinquagésima.
2. Privilégios. Todos os
domingos têm os seguintes privilégios:
a) Neles nenhuma festa pode ser fixada para
sempre. Exceções: festa da S. Família, da SS. Trindade, de Cristo Rei ou de
outra festa por dispensa rara da S. C. dos Ditos.
b) Nenhuma festa pode ser transferida para
um domingo.
c) Nenhum ofício de domingo se
omite totalmente; quando impedido deve ser comemorado no ofício e na
missa com seu prefácio próprio, ao menos por via de regra, e a missa impedida
deve ser rezada na semana seguinte, conforme regras especiais.
3. Número. Nos livros
litúrgicos são indicados 53 domingos e 53 ofícios de domingos. Se A é
letra dominical ou (no ano bissexto) é uma delas (A g, bA), i. é, quando o 1°
de janeiro cai num domingo, ou, no ano bissexto no sábado, lodos os 30 ofícios
depois de pentecostes (24 mais 6 da epifania) têm o seu domingo, do contrário
só 29, e um ofício antecipado no sábado com os direitos de domingo. Pois, neste
caso, são só 52 domingos.
255. 4. Vacantes são
os domingos sem ofício e sem comemoração. Ocorrem, às vezes, entre o dia
25 de dezembro e 13 de janeiro e são ocupados por festas.
Vagos (móveis) se chamam o
3°, 4°, 5° e 6° domingo depois da epifania, porque não são fixados num lugar
certo, sendo celebrados, ora depois da epifania, ora depois de pentecostes.
256. 5. O primeiro
domingo do mês é, na acepção civil, aquele que cai no dia primeiro do
mês ou vem logo depois dele. Este cômputo é necessário, quando se
trata de fixar uma festa num domingo determinado ou de ganhar indulgências
concedidas para certo domingo do mês. No cômputo propriamente eclesiástico o
primeiro domingo do mês é aquele que cai no dia primeiro ou que vem mais perto
dele. Se o dia primeiro do mês cai numa segunda ou terça ou
quarta-feira; o primeiro domingo é aquele que precede estes dias; se cai
nos outros dias, é o domingo seguinte. Faz exceção o primeiro domingo do
advento que é determinado em relação à festa de S. André. (30 de nov.) Este
cômputo decide o princípio das lições da s.escritura no ofício divino.
257. 1. Nomes. O
nosso domingo era chamado pelos israelitas primeiro dia depois do sábado (una
= prima sabbati), os dias seguintes eram designados com o número
ordinal. Este modo foi recebido pela Igreja, mas modificado quanto ao primeiro
e último dia, que tomaram o nome de domingo e sábado. Além disso a Igreja
acrescentou ao número ordinal o termo feria, falando da Feria
secunda, Feria tertia. Quis significar que os clérigos devem deixar o
cuidado das outras coisas para "feriar" só para Deus. (In festo S.
Silvestri, 31 dec.)
Os pagãos falavam do dies
soils, lunce, martis, mercurii, jovis, veneris et saturni, termos
às vezes empregados também pelos s. padres dos primeiros séculos.
258. 2. Dias
principais. São os dias que, ainda hoje, no ano eclesiástico têm uma posição
especial na quaresma e nas quatro têmporas: a quarta-feira, a
sexta-feira e o sábado.
A sexta-feira, tanto no Oriente como no
Ocidente, foi consagrada à paixão de Jesus Cristo. Foi neste dia que o Senhor
foi pregado na cruz para satisfazer por nossos pecados. Em sinal de luto e penitência
guardava-se nele o jejum.
A quarta-feira lembra a traição de
Judas, que neste dia vendeu o divino Redentor por 30 siclos. Esta circunstância
motivou o jejum de penitência na quarta-feira.
O sábado era celebrado no
Ocidente do mesmo modo que no Oriente. No Ocidente encontramos pelo fim do
século III o uso de jejuar no sábado. Provavelmente tem a sua origem no fervor
dos cristãos que estenderam o jejum da sexta-feira até ao sábado (superponere
jejunium). Nestes três dias mencionados nem em Alexandria nem em Roma
havia missa. Eram dias de estação (statio), dias alitúrgicos.Provavelmente feria só
é a tradução do hebraico sabbatum, descanso. Pois S. Jerônimo
(Ad Gal. II, 4; ML 26 p. 378) chama a quarta-feira cristã quartam
sabbati.
259. 3. O sábado, ao menos desde o fim
do século X , é consagrado à Maria Santíssima.
Durandus (IV, c. 1, n.° 30-35) alega os
motivos seguintes, que com reserva merecem ser mencionados.
1. Achava-se numa igreja de
Constantinopla uma imagem da Virgem SS., diante da qual pendia uma cortina que
a cobria toda. Esta cortina desaparecia na sexta-feira depois das vésperas sem
alguém a tocar, só por um milagre de Deus, para que a imagem pudesse ser vista
totalmente pelo povo. Depois das vésperas do sábado a cortina cobria outra vez
a imagem e ficava assim até à sexta-feira seguinte. Por causa deste milagre
determinou-se cantar sempre neste dia em honra da SS. Virgem.
2. Quando o Senhor estava morto e os
discípulos desesperaram da ressurreição, naquele sábado só nela ficou toda a
fé. Ela estava certa de que Cristo era filho de Deus e havia de ressurgir no
terceiro dia.
3. O sábado é a porta
do domingo, portanto a porta do céu, cujo símbolo é o domingo. Ora,
Maria é a porta do céu. Por isto a festejamos no dia que precede o
domingo.
4. A solenidade do filho (sexta-feira)
deve seguir-se imediatamente a solenidade da mãe.
5. Convém que no sábado, em que Deus
descansou da sua obra, haja alguma solenidade.
Quanto à 1ª razão é preciso notar que
uma crença popular e ingênua pode ser a causa próxima de uma devoção fundada em
motivos sólidos. A 2ª razão dificilmente se compõe com a promessa de que S.
Pedro nunca havia de vacilar na fé. Bento XIV (de fest. c. 5, n. 8) diz: "Nem
todos os teólogos defendem a sentença de que os apóstolos perderam a
fé, a qual era firme só na Virgem SSma. Pois Pedro, negando a Cristo, não
cometeu outra falta além de ter medo de confessar a Cristo aberta e livremente.
A sua alma contudo estava isenta de qualquer erro. Nem Cristo teria encomendado
sua mãe caríssima a S. João, se ele tivesse perdido a fé."
(Suarez, de fide disp. 9. sect. 3.)
O mesmo papa (de fest. B. M. V.
I. II c. 18 n. 2) escreve: Belarmino observa que Madalena estava
abrasada de grande fogo de caridade como se vê em Jo. 19 e 20. Ora, a caridade
não se pode separar da fé. Até acrescenta: Parece ser perigoso dizer que só na
Virgem SSma. ficou a verdadeira Fé. Desta maneira a Igreja teria perecido. Pois
uma pessoa não pode ser chamada Igreja, porquanto a Igreja é um povo e o reino
de Cristo. (Bellarm. t. II. controvers. 1. '3, de eccl. mil .
c. 17.)
A 4ª razão será a decisiva.
Começou-se a jejuar na sexta-feira e continuou-se em honra da mãe. Stabat
iuxta crucem fesu Mater eius. (Jo 19, 25.)
No Liber sacramentorurn do
séc. VIII para cada dia da semana está assinalada uma missa votiva
própria. Pois não havendo muitas festas de santos não era possível evitar
a repetição da missa do domingo. Para aliviar a devoção pela mudança
das fórmulas da missa e para achar auxílio nas necessidades por missas
especiais formou-se o costume, fixado mais tarde por Pio V, de consagrar os
dias da semana ao culto de Deus trino e dos santos segundo a
dignidade indicada na ladainha de todos os santos: Deus, Maria, José e
Apóstolos.
O domingo está consagrado
à SS. Trindade, com preferência considerada na unidade da essência divina.
A segunda-feira, sendo Maria SS.
venerada no sábado, dedicou-se à SS. Trindade, considerada expressamente na
trindade das Pessoas divinas, a terça-feira aos anjos,
que têm o terceiro lugar, a quarta-feira aos apóstolos
que ocupam o quarto lugar no céu. Com o conhecimento mais profundo da dignidade
de São José superior à dos apóstolos, a ele se deu o quarto lugar, logo depois
dos anjos, e a sua missa votiva (1883) foi marcada também para a quarta-feira. A
quinta-feira sempre esteve dedicada à SS. Eucaristia, a
sexta-feira à cruz, o sábado à Maria SSma.
A missa do Espírito Santo se reservou
para a quinta-feira, dia este, em que se realizou a ascensão de
Jesus Cristo, de que dependia essencialmente a abertura da porta celestial e
por conseguinte a descida triunfal do Espírito Santo. (lo 16, 7, Pref. de Sp.
S.) A segunda-feira é o dia das almas.
O ensejo desta instituição parece
ser uma suposta revelação divina em que se afirma ter outorgado Nosso Senhor
aos condenados repouso de seus tormentos todos os domingos em honra de sua
ressurreição. A notícia se acha no apocalipse apócrifo de São Paulo do séc. IV
e tornou-se opinião muito espalhada. Com o correr dos séculos o privilégio dos
condenados foi transferido para as almas do purgatório. Assim São Pedro Damião,
seguindo, como ele diz, "a piedosa opinião de homens ilustres",
ensina que as almas do purgatório no domingo estão livres dos sofrimentos' mas
devem voltar para as penas na segunda-feira.
Por isso é mister socorrê-las neste
dia. A Igreja, com a sua solicitude maternal, sem adotar esta opinião,
prescreve, quando não obstam as rubricas, a oração "Fidelium" pelos
defuntos e permite a missa conventual de réquie na segunda-feira. (Franz:Messe
i. d. Mittel pág. 144 MI. 145 pág. 564; 427; Durand IV, 1 n. 29.) O fundamento
dogmático decisivo para a Igreja é a comunhão dos santos. No domingo se
comemora a Igreja triunfante, logo depois na segunda-feira a Igreja padecente,
à maneira da festa de Todos os Santos e do dia de finados.
260. 1. Segundo a
dignidade, as férias dividem-se em férias maiores e menores.Maiores são as
férias do advento, da quaresma, das quatro têmporas de setembro, da
segunda-feira das Rogações.
As férias maiores são privilegiadas ou
não privilegiadas. As privilegiadas são 7: A quarta-feira das cinzas
e os 6 dias da semana santa (S. R. C. 1.0 nov. 1931). São
preferidas a todas as festas.
As férias maiores não privilegiadas são
preferidas somente às festas simples e vigílias, mas são comemoradas nos
ofícios de 9 lições.
Menores ou per annum são
todas as férias fora das férias maiores. Não tem comemoração, quando se celebra
outro ofício.
261. 2. Ofício. A
féria menor não tem I vésperas, principia, portanto, pelas matinas e termina
com as vésperas e completas do dia.
Precede um simplex, as
vésperas são da féria respectiva, porquanto o simplex não tem
II vésperas. Segue-se urna festa, embora simplex, o ofício da
féria termina com a noa, e as vésperas são da festa seguinte, sem comemoração
da féria. Ocorre um simplex ou simplificado numa féria maior,
as vésperas do dia anterior são da féria, como no saltério, com comemoração
do simplex ou simplificado. Pois não se rezam as vésperas de
um ofício, que na sua maior parte é simplificado. Pars maior trahit
minorem.
262. 3. Composição
do ofício ferial. Invitatório, hino, os 9 salmos e
antífonas (omitido o versículo do 1º, 2º noturno) e o versículo do 3º noturno
da féria respectiva. Lições e responsórios do próprio do tempo; no fim da
3ª lição no tempo da páscoa — Te Deum, o qual fora deste
tempo e na segunda-feira das rogações se omite. Nas laudes se rezam nas férias
menores as antífonas e salmos da 1ª série; no advento, no tempo entre a
setuagésima até à semana santa, nas vigílias comuns (exceto a vigília da
ascensão), nas quatro têmporas, da 2ªsérie.
263. A capítula da
féria respectiva. A oração, se não houver própria, é a do domingo precedente. O
sufrágio, fora do advento e do tempo da paixão (no tempo pascal commemoratio
crucis), se não houver comemoração de um duplex, de
uma oitava, ou de um oitavo dia simplex, item na sexta-feira
depois da oitava da ascensão e na vigília de pentecostes.
As preces feriais recitam-se no
advento, na quaresma até à semana santa, inclusive, nas quatro têmporas, mesmo
se se fizer a comemoração de uma oitava, de um duplex ou semiduplex (A.
B. VIII, 3).
264. 4. A prima é rezada
como está indicado no ordinário e saltério.
a) Se nas laudes se tomou
a 2ª série, a prima tem além dos 3 salmos costumados um quarto salmo,
a saber, o primeiro da 1ª série de laudes, que havia sido omitido e substituído
pelo Miserere.
b) A capítula é: Pacem; só
nos dias de domingo antecipado e do tempo pascal: Regi.
c) Se houver preces feriais nas laudes,
há-os também na prima; se não, há dominicais.
5. Terça, sexta, noa como no ordinário e
saltério. Preces feriais, se houver na prima.
6. Vésperas como no ordinário,
saltério, e próprio do tempo. Sufrágio e preces feriais como nas laudes.
7. Completas como no ordinário e
saltério. Preces como na prima.
265. 1. Nome. Quatro
têmporas ou só têmporas se chamam a quarta-feira, a sexta-feira e o sábado das
4 semanas seguintes: primeira da quaresma, primeira de pentecostes, terceira de
setembro e terceira de dezembro; nestas semanas há jejum.
2. Origem. Influíram
provavelmente vários elementos. Conforme uns autores as quatro têmporas são o
vestígio da antiga semana cristã com 3 dias de jejum; conforme outros, foram
instituídas para santificar o início das 4 estações do ano. Mais provável é que
sejam resultado de várias reflexões.
a) A idéia de jejum algumas vezes por
ano acha-se na escritura sagrada do antigo testamento. Estes textos
são citados nas lições dos sábados das têmporas de setembro. O profeta Zacarias
(8, 19) menciona quatro épocas de jejum para Israel. O Papa Leão Magno (Sermão
92; 79; 12) ensina que as têmporas fora da quaresma foram instituídas pelos
apóstolos.
266. b) Foi em Roma que
primeiro se celebravam as 3 têmporas do verão, outono e inverno. O número 3 se
explica por certas festas pagas que ocorriam três vezes por ano, feriae
sementinae (inverno), feriae messis (verão), feriae vindemiales (outono).
As têmporas contrabalançavam os excessos dos idólatras. Assim se explica o
fato, um tanto estranho, de que o Oriente não conhece as têmporas. O Líber Pontificalis diz
que o papa Calisto (+ 233) instituiu estas 3 têmporas.
c) S. Leão Magno menciona pela primeira
vez as quatro têmporas relacionando-as com as 4 estações do ano. Deviam ser
santificadas pelo jejum.
d) O Papa (Gelásio (+ 496) acrescentou
as ordenações sacerdotais que ainda hoje se fazem nestes dias. (Cân. 1006, § 2)
De Roma, as têmporas se propagaram para todas as igrejas de rito romano. A sua
época só foi fixada por Urbano II (1095).
Como foi costume antigo cristão jejuar
antes das ordenações (At 13, 2), a Igreja, guardando este costume,
conferia as ordens nos dias de jejum. Segundo Durandus (II e 1 n.34) as quatro
têmporas são as primícias do tempo, porque representam cada vez o inicio de uma
nova estação do ano. Os clérigos são as primícias do povo cristão, porquanto
estão em lugar dos levitas, os quais Deus reservou para si em troca dos filhos
primogênitos de cada família. Por isso convém, que as primícias do povo cristão
sejam consagradas a Deus junto com as primícias do tempo, as quatro têmporas.
267. 3. A Liturgia
das têmporas tem na quarta-feira duas epístolas. A razão
histórica é o antigo costume romano e de outras Liturgias de ler duas lições
antes do evangelho.
Beletho (c. 90) e Durando (VI, c. 8 n.
2) explicam as duas lições com a antiga regra de que, no sábado depois de uma
quarta-feira com duas lições na missa, se podem ordenar sacerdotes, e isto seis
vezes por ano. Na quarta-feira os candidatos eram examinados e por isso na
missa se acrescentava uma lição relativa ao sacerdócio, para significar que os
ordenandos devem ser versados no antigo e novo testamento para poder instruir o
povo.
Nos sábados das têmporas se lêem seis
lições, mas provavelmente antes eram doze, como ainda no sábado santo, por
causa do escrutínio dos catecúmenos antes do batismo. A quinta lição é sempre a
chamada lectio de camino ignis do profeta Daniel. A sua
significação é profunda. Como os três jovens passaram pela prova do fogo, assim
os candidatos ao sacerdócio devem passar pelas provas exigidas pela Igreja,
conforme a lei apostólica: Probentur primum et sic
ministrent. (1 Tim 3, 10; Durando VI, c.
10, n. 3.) Depois. dela antigamente se realizavam todas as ordenações, ao
passo que hoje são distribuídas pelas várias lições.
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