“Se
fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas ... virei pedir ... a
Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados de cada mês.”
A
Magnifica Promessa dos Cinco Primeiros Sábados
"A quem abraçar esta devoção, Eu prometo a salvação."
... Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de Junho de 1917
Que promessa
tão admirável e assombrosa aquela que foi feita no dia 13 de Junho de 1917! Mas
apesar desta promessa, ficamos ainda tentados a duvidar. Por uma graça
especial, a Beata Jacinta sentia o coração consumido por um amor ardente ao
Imaculado Coração de Maria. E nós? Ficamos frios, ou o nosso fervor dura muito
pouco. Poderíamos alguma vez saber se a nossa devoção é assim tão grande para
que Nossa Senhora quisesse manter a Sua promessa para connosco?
É neste ponto que ficamos assombrados pela ilimitada Misericórdia
Divina e pelo carácter profundamente católico das revelações de Fátima. Não há
sequer, em toda a mensagem, vestígios do subjectivismo protestante! Aqui, o Céu
vai até aos limites da indulgência, e as profecias mais sublimes ("Deus
quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração")
transformam-se em pedidos muito pequenos, claros e precisos, pedidos fáceis que
não dão lugar à dúvida. Todos podem saber se os conseguiram realizar ou não.
Uma "pequena devoção", praticada de coração generoso, é suficiente
para todos nós recebermos infalivelmente esta graça, ex opere operato –
quer dizer, tal como acontece com os sacramentos. E a graça que receberemos é a
graça da salvação eterna! Vale a pena estudar cuidadosamente esta promessa tão
magnífica. Este é o cumprimento e a expressão perfeita da primeira parte do
grande Segredo que, na sua totalidade, se refere à salvação das almas.
De Fátima a Pontevedra: o cumprimento do Segredo. Ao descrever as aparições e ao
explicar a mensagem de Pontevedra, falaremos apenas das palavras pronunciadas
por Nossa Senhora a 13 de Julho de 1917. São palavras concisas, mas muito ricas
em significado:
"Se
fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas ... virei pedir ... a
Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados de cada mês."
Portanto, é este o primeiro "Segredo de Maria" que nós
devemos descobrir e entender. É uma forma segura e fácil de arrancar as almas
aos perigos do inferno: primeiro, as nossas almas; e também as dos nossos
próximos; e até as almas dos maiores pecadores – porque a misericórdia e o
poder do Imaculado Coração de Maria não têm limites.
I. Pontevedra: As Aparições e a Mensagem1
Dia 10 de Dezembro de 1925: a Aparição do Menino Jesus e de
Nossa Senhora
Na noite de quinta feira, 10 de Dezembro, logo depois do jantar, a
jovem postulante Lúcia, que tinha apenas 18 anos, voltou à sua cela. Foi ali
que recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Escutemos a sua
narração2 (escrita no terceira pessoa):
"A 10 de
Dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, a Seu lado, suspenso numa
nuvem luminosa, o Menino Jesus. A Santíssima Virgem pousou a mão no ombro de
Lúcia e, nesse momento, mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na
outra mão. Ao mesmo tempo, disse o Menino:
‘Tem
pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os
homens ingratos a todo o momento Lhe cravam, sem haver quem faça um acto de
reparação para os tirar’.
E a Santíssima Virgem disse-lhe:
‘Olha,
Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o
momento Me cravam, com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me
consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no
primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço
e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com
o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as
graças necessárias para a salvação.’3
Que cena tão comovente e ao mesmo tempo tão singela, contada com a
sobriedade do próprio Evangelho! Que diálogo tão encantador, em que o Menino
Jesus e Sua Mãe falam alternadamente — Ele para implorar por causa Dela, e Ela
para fazer os seus pedidos... que nos conduzem até Seu Filho.
Como de costume, a vidente apaga-se a si mesma, e não nos diz uma
única palavra sobre os seus próprios sentimentos. Não será este o sinal mais
inequívoco de autenticidade, que dá ao seu relato plena vigência? Ela está ali
para ver, para ouvir, para contar o que aconteceu, e nada mais.
No entanto, quanta intimidade percebemos existir entre a
Santíssima Virgem e a Sua mensageira! Como Santa Catarina Labouré, ela recebeu
nesse dia o privilégio de ser tocada por Nossa Senhora num gesto solene e
afectuoso, tal como quando uma mãe quer dar a um filho uma missão confidencial.
A Santíssima Virgem pôs a mão sobre o ombro de Lúcia, permitindo-lhe contemplar
o tristíssimo Coração de Nossa Senhora e dá-lo a conhecer aos outros.
Finalmente, vejamos o tom e as palavras desta grande promessa. São
semelhantes às das aparições de 1917. Tão concisas! Tal como as do Segredo do
dia 13 de Julho, onde nem uma só palavra se pode suprimir sem alterar
seriamente a sequência do pensamento. Também esta é uma mostra irrefutável de
autenticidade.
A transmissão da Mensagem
De que maneira deu Lúcia a conhecer os pedidos do Céu? Sabemos que
ela imediatamente contou tudo à sua Superiora, a Madre Magalhães, que se
convenceu plenamente da causa de Fátima e tinha agora um respeito sincero pela
vidente. Ela própria se mostrou disponível para obedecer aos pedidos do Céu.
Lúcia também informou o confessor da Casa, Dom Lino García: "Este último –
lembra Lúcia – ordenou-me que escrevesse tudo o que dizia respeito (a esta
revelação) e que guardasse esses escritos, que talvez pudessem ser
necessários".4 No entanto, ele continuou à espera ...
Lúcia escreveu um reconto detalhado do acontecimento em carta para
o seu confessor, Monsenhor Pereira Lopes, do Asilo de Vilar. Infelizmente esta
carta perdeu-se, e só sabemos da sua existência porque se faz referência a ela
numa carta posterior. A 29 de Dezembro, a Madre Magalhães informou o Bispo da
Silva acerca do que havia acontecido, mas sem ser muito precisa.5
Por essa altura, Lúcia recebeu finalmente resposta de
Monsenhor Pereira Lopes. Ele expressou certas reservas, fez perguntas e
aconselhou-a a esperar. Uns dias depois, a 15 de Fevereiro, Lúcia
respondeu-lhe, fazendo-lhe uma narração detalhada dos acontecimentos.
Felizmente, esta carta importantíssima foi-nos conservada.6 Vamos
seguir passo a passo esse precioso texto, adicionando os nossos próprios
subtítulos e comentários.
Uma espera dolorosa
"Revmo. Senhor Doutor:
Venho, com todo o respeito, agradecer a amável cartinha que a
caridade de Vossa Reverência fez o favor de me escrever.
Quando a recebi, e vi que ainda não podia atender aos desejos de
Nossa Senhora, senti-me um pouco triste. Mas logo reflecti que os desejos de
Nossa Senhora eram que eu obedecesse às ordens de Vossa Reverência.
Fiquei tranquila e, no dia seguinte, quando recebi a Jesus
Sacramentado, li-Lhe a carta e disse: ‘Ó meu Jesus! Eu, com a Vossa graça, a
oração, a mortificação e a confiança, farei tudo quanto a Obediência me
permitir e Vós me inspirardes; e o resto fazei-o Vós.’
Assim fiquei até ao dia 15 de Fevereiro. Esses dias foram duma
contínua mortificação interior. Pensava se teria sido um sonho, mas sabia que
não; sabia que tinha sido realidade. Mas se eu tinha correspondido tão mal às
graças recebidas até ali, como é que Nosso Senhor Se dignava aparecer-me outra
vez?!
Chegava-se o dia de me ir confessar, e não tinha licença de dizer
nada!7 Podia dizê-lo à Madre Superiora, mas durante o dia as minhas
ocupações não mo permitiam! À noite, estava com dores de cabeça! E eu, temendo
faltar à caridade, pensava: ‘Fica para amanhã! Óereço-Vos este sacrifício,
minha querida Mãe!’ E assim se passaram, um atrás do outro, todos os dias até
hoje.
No dia 15, andava eu muito ocupada com o meu trabalho, e quase nem
disso me lembrava. E indo eu despejar um caixote do lixo fora do quintal
..."
História de um prelúdio encantador (Novembro ou Dezembro de
1925)
"(No
mesmo lugar) onde, alguns meses antes, tinha encontrado um menino a quem tinha
perguntado se sabia a Ave-Maria, e, respondendo-me que sim, lhe mandei que a
dissesse para eu ouvir. Mas como se não resolvia a dizê-la sozinho, disse-a eu
com ele, três vezes. Ao fim das três Ave-Marias, pedi-lhe que a dissesse sozinho.
Mas como se calou e não foi capaz de dizer a Ave-Maria sozinho, perguntei-lhe
se sabia onde era a igreja de Santa Maria. Respondeu-me que sim. Disse-lhe que
fosse lá todos os dias, e que dissesse assim: ‘Ó minha Mãe do Céu, dai-me o
Vosso Menino Jesus!’ Ensinei-lhe isto, e vim-me embora."
Aqui, em virtude dos acontecimentos, Lúcia vê-se obrigada a falar
um pouco de si própria, e as suas poucas confidências revelam-nos algo da sua
alma maravilhosa.8 Perto da porta do jardim, ela encontra um
menino. Lembra-se de lhe falar da Virgem Maria, para lhe ensinar a rezar.
Depois pede-lhe para rezar a Ave-Maria... só pela alegria de a ouvir na sua
voz. Como ele não conseguiu dizê-la sozinho, Lúcia recita-a com ele três vezes,
de acordo com a prática antiga das três Ave-Marias em honra de Nossa Senhora.
Como o menino parecia não querer recitar a Ave-Maria sozinho, a
nossa catequista – que não queria perder esta oportunidade de cumprir a sua
missão de fazer conhecer e amar Nossa Senhora – sugeriu outra ideia: convidou-o
a ir todos os dias à igreja de Santa Maria. De facto, a Basílica de Santa Maria
Maior fica bastante perto da Casa das Irmãs Doroteias. Foi este acontecimento
um pouco antes ou depois da aparição do Menino Jesus, no dia 10 de Dezembro?
Não o sabemos. Em todo o caso, a jovem postulante ensinou ao menino esta linda
e breve oração, que certamente era dela também: a sua oração mais frequente e
fervorosa do Advento de 1925. "Ó Mãe do Céu, dai-me o Vosso Menino
Jesus". E depois foi-se embora.
"Se Fizerem o
que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz ... virei pedir ... a
comunhão reparadora nos primeiros sábados dos mês."
... Nossa Senhora à
Irmã Lúcia, 13 de Julho, 1917
15 de
Fevereiro de 1926: uma
nova aparição do Menino Jesus
O emotivo relato de Lúcia, que estamos a citar extensamente,
continua:
"No dia
15 de Fevereiro de 1926, voltando eu lá (a esvaziar um caixote do lixo), como é
costume, encontrei de novo um menino que me parecia o mesmo da outra vez, e
perguntei-lhe: ‘Então, tens pedido o Menino Jesus à Mãe do Céu?’ A criança
volta-se para mim, e diz: ‘E tu? Tens espalhado pelo mundo aquilo
que a Mãe do Céu te pediu?’ E, nisto, transforma-se num Menino
resplandecente.
"Conhecendo, então, que era Jesus, disse-Lhe:
‘Meu Jesus!
Vós be sabeis o que o meu confessor me disse na carta que Vos li. Dizia que era
preciso que aquela visão se repetisse, que houvesse factos para ser acreditada;
e a Madre Superiora, sozinha, a espalhar este facto, nada podia.’
‘É
verdade que a Madre Superiora, só, nada pode; mas, com a Minha graça, pode
tudo. E basta que o teu confessor te dê licença, e a tua Superiora o diga, para
que seja acreditado, até sem se saber a quem foi revelado.’
‘Mas o meu
confessor dizia na carta que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já
havia muitas almas que Vos recebiam nos primeiros sábados (do mês), em honra de
Nossa Senhora e dos quinze Mistérios do Rosário.’
‘É
verdade, Minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam; e, as
que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas.
Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim
de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e
indiferente.’
‘Meu Jesus,
muitas almas têm dificuldade em se confessar ao Sábado. Se Vós permitísseis que
a confissão de oito dias fosse válida...’
‘Sim.
Pode ser; e de muitos dias mais, contanto que estejam em graça no primeiro
sábado, quando Me receberem; e que, nessa confissão anterior, tenham feito a
intenção de com ela desagravar o Sagrado Coração de Maria.’
‘Meu Jesus, e
as que se esquecerem de formular essa intenção?’
‘Podem-na
formular logo na confissão seguinte, aprovei tando a primeira ocasião que
tiverem para se confessar.’
"Nisto,
desapareceu, sem que até hoje eu tenha sabido mais nada dos desejos do
Céu."9
"É verdade, Minha filha, que muitas almas os
começam, mas poucas os acabam; e as que os terminam, é com o fim de receberem
as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros
Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do
que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente."
... Jesus falando à
Irmã Lúcia de Fátima
Também aqui,
uma crítica interna deste texto exclui todas as posições daqueles que pudessem
não aceitar esta aparição, sugerindo tratar-se de ilusões ou de invenções de
uma mente perturbada. Os factos, dados a conhecer de forma tão encantadora, são
demasiado claros, simples e ao mesmo tempo sobrenaturais, para serem invenção
de uma alma doente. Por outro lado, são surpreendentes demais – místicos, até
–, para, à primeira vista, serem obra de um qualquer teólogo. Quem poderia
inventar tal história a partir do nada?
Em primeiro lugar, há meses que a nossa vidente esvaziava, todos
os dias, os caixotes do lixo do convento. E ela está feliz. Não parece
pertubada pelas circunstâncias humilhantes da aparição. Para lhe fazer lembrar
os Seus grandes desígnios para o mundo e para a salvação das almas, o Céu
escolheu precisamente o momento em que a Sua mensageira estava ocupada a fazer
uma tarefa insignificante, humilde e desprezível. Repare-se que uma pessoa
orgulhosa, mitomaníaca, enganada por falsas aparições, ter-se-ia imaginado em
circunstâncias extraordinárias ou, pelo menos, fora do comum – mas nunca
nestas. Teria receado parecer ridícula ou não digna de credibilidade. Lúcia
narra os factos com toda a simplicidade, tal como aconteceram, sem se admirar
de o Deus Menino, que nasceu num estábulo, ter escolhido esta humilde
circunstância para Se manifestar.
Resta-nos explicar o significado e a importância da mensagem de
Pontevedra que, apesar de ser apenas o complemento, ou melhor, o cumprimento da
Mensagem de Fátima, se reveste de uma importância muito especial.
II. A grande promessa e as suas condições
O mais assombroso de Pontevedra é, certamente, a incomparável
promessa de Nossa Senhora: "A todos aqueles que durante cinco meses, no
primeiro Sábado ...", cumprirem todas as condições pedidas, "Eu
prometo assistir-lhes à hora da morte, com todas as graças necessárias para a
salvação". Com generosidade ilimitada, a Santíssima Virgem
promete aqui a maior, a mais sublime de todas as graças: a da perseverança
final. Ora esta graça, ninguém a pode garantir para si próprio – nem com uma
vida inteira de santidade, empregada em oração e sacrifício –, porque se trata
de um dom puramente gratuito da Misericórdia Divina. E a promessa é sem nenhuma
exclusão, limitação ou restrição: "A todos aqueles que ... Eu lhes prometo
... ".
A desproporção entre "a pequena devoção" pedida e a
imensa graça que traz revela-nos, em primeiro lugar e de modo especial, o poder
quase infinito de intercessão concedido à Santíssima Virgem Maria para a salvação
de todas as almas. "A grande promessa – escreve o Padre Alonso – não é
outra coisa senão uma nova manifestação desse amor complacente que a Santíssima
Trindade sente pela Santíssima Virgem. Para os que entenderem isto, é fácil
aceitar que tais promessas maravilhosas possam estar ligadas a práticas tão
humildes. Essas almas aceitam a promessa com amor filial e de coração simples,
cheias de confiança na Santíssima Virgem Maria".10
Em resumo, podemos dizer com toda a veracidade que o primeiro
fruto da Comunhão reparadora é a salvação de quem a pratica. Não ponhamos
nenhum limite à Misericórdia Divina e sigamos à letra a promessa da Santíssima
Virgem Maria: qualquer pessoa que cumpra todas as condições expostas pode estar
certa de que obterá, pelo menos à hora da morte – e mesmo tendo a desgraça de
recair em pecado grave – as graças necessárias para obter o perdão de Deus e
ficar protegido do castigo eterno.
Mas há muito mais nesta promessa, como veremos, porque o espírito
missionário está presente em toda a espiritualidade de Fátima. A Devoção de
Reparação é-nos também recomendada, como um meio para converter os pecadores
que possam estar diante do perigo maior de se condenarem, e como o meio mais
eficaz de intercessão do Imaculado Coração de Maria para obter a paz no mundo.11
Se Nossa Senhora quis atribuir tão abundantes frutos à prática
desta "pequena devoção", não terá sido para nos prender mais a
atenção e mover o nosso coração a praticá-la? E não terá sido também para nos
levar a conseguir que outros, ao nosso redor, a pratiquem? Para tal, é
importante estar familiarizado com as condições expostas, e ter delas um
conhecimento preciso.
Desde 1925 que a Irmã Lúcia não deixa de as repetir, e sempre nos
mesmos termos. São cinco essas condições, às quais se acrescenta uma sexta que
se refere à intenção geral com que os outros actos pedidos se devem praticar.
1. O Primeiro Sábado de cinco meses seguidos
"Todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro Sábado
..." Este primeiro requisito do Céu não contém nada de arbitrário, nem
nada totalmente novo. Ajusta-se à tradição imemorial da piedade católica que,
havendo dedicado as sextas-feiras para recordar a Paixão de Nosso Senhor Jesus
Cristo e honrar o Seu Sacratíssimo Coração, acha perfeitamente natural dedicar
os Sábados à Sua Mãe Santíssima. É esta tradição venerável que motivou a
escolha do sábado.
Porém, isto não diz o suficiente: se virmos mais de perto, o
grande pedido de Pontevedra aparece como a culminação feliz de um movimento
completo de devoção. O que começou espontaneamente e foi mais tarde encorajado
e codificado por Roma, não parece ser outra coisa senão a preparação
providencial para o que estava para vir.
Os quinze sábados em honra de Nossa Senhora do Santíssimo
Rosário. "Durante
muito tempo, os membros das várias Confrarias do Rosário tiveram o costume de
dedicar quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo Rosário, antes da Sua
festa ou em alguma outra época do ano. Em cada um destes sábados, todos
recebiam os sacramentos e realizavam exercícios piedosos em honra dos quinze
mistérios do Rosário". Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis
uma indulgência plenária num destes quinze sábados. Em 1892, "concedeu
também, àqueles que estavam legitimamente impedidos ao sábado, a possibilidade de
realizar este exercício piedoso no Domingo, sem perder as indulgências".12
Os doze Primeiros Sábados do mês. Com São Pio X, a devoção dos primeiros
sábados do mês foi aprovada oficialmente: "Todos os fiéis que, no
primeiro sábado ou no primeiro domingo de doze meses seguidos, dedicarem algum
tempo à oração vocal ou mental em honra da Imaculada Conceição da Santíssima
Virgem ganham, em cada um desses dias, uma indulgência plenária. As condições
são: confissão, comunhão e oração pelas intenções do Soberano Pontífice".13
A devoção reparadora dos Primeiros Sábados do mês. Por fim, a 13 de Junho de 1912, São
Pio X concedeu novas indulgências a práticas que parece anteciparem exactamente
os pedidos de Pontevedra: "Para promover a devoção dos fiéis para com a Imaculada
Virgem Maria, Mãe de Deus, e para fazer reparação pelos ultrajes dos homens
ímpios ao Seu Santíssimo Nome e aos Seus privilégios, São Pio X concedeu ao
primeiro sábado de cada mês uma indulgência plenária, aplicável às almas do
purgatório. As condições são: confissão, comunhão, oração pelas intenções do
Soberano Pontífice e exercícios piedosos com o espírito de reparação, em honra
da Virgem Imaculada".14 Exactamente cinco anos depois
deste dia 13 de Junho de 1912, aconteceu em Fátima a grande manifestação do
Imaculado Coração de Maria, "cercado de espinhos que O pareciam
cravar". A Irmã Lúcia disse depois: "Nós compreendemos que era o Imaculado
Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que exigia
reparação".15
A 13 de Novembro de 1920, o Papa Bento XV concedeu novas
indulgências a esta mesma prática, quando realizada no primeiro sábado de oito
meses seguidos.16
Uma devoção tradicional ...Que maravilhoso é ver o Céu contente pela
coroação dum grande movimento de piedade católica, sem fazer mais nada senão
dar precisão às decisões de um Papa, sendo esse Papa São Pio X! Também a
Santíssima Virgem tinha vindo a Lourdes, confirmar as declarações infalíveis do
Papa Pio IX.
Ora bem: ao pedir ao Papa a aprovação solene da Devoção de
Reparação revelada em Pontevedra, Nossa Senhora não estava realmente a pedir
nada impossível. A Providência tinha preparado tudo tão bem que, em 1925-1926,
esta devoção concordava perfeitamente com uma série de decisões papais que
foram precursoras e que "anunciavam" a devoção do Primeiro Sábado.
... E, no entanto, uma devoção novíssima ...Apesar do que foi dito, encontramos novos
elementos na mensagem de Pontevedra! Em primeiro lugar, a concessão de excessos
de generosidade que só o Céu pode ter a liberdade de conceder: no dia 10 de
Dezembro, a Virgem Maria já não pede quinze, nem doze, nem sequer oito sábados
a Ela dedicados; Ela bem sabe da nossa falta de constância e pede só cinco
sábados – tantos como as dezenas do nosso Terço.
Porém, é sobretudo a promessa unida a esta devoção que aumentou de
um modo impressionante. Já não é um caso de indulgências (ou seja, a remissão
do castigo por pecados já perdoados); trata-se, antes, de uma graça muito mais
notável: a certeza de receber, à hora da morte, "todas as graças
necessárias para a salvação". É difícil imaginar uma promessa mais
maravilhosa, porque se refere ao êxito ou ao fracasso no "nossa única e
mais importante tarefa: a da nossa salvação eterna".17
No dia 13 de Outubro de 1917 Nossa Senhora de Fátima
mostrou o Seu Escapulário do Carmo, lembrando-nos solenemente a Sua promessa:
"Receba este Escapulário: qualquer pessoa que morra com ele posto não
sofrerá o fogo eterno. Será um sinal de salvação, uma proteção no perigo, e
uma promessa de paz".
2.
Confissão
Já vimos que não é necessário confessar-se no primeiro sábado. Se
há um impedimento qualquer, a confissão pode fazer-se ainda passados oito dias;
mas deve fazer-se, pelo menos, uma confissão mensal. É claro que, tanto quanto
possível, é preferível que a confissão se faça num dia próximo do primeiro
sábado.
O pensamento de fazer reparação ao Imaculado Coração de Maria deve
estar igualmente presente. Desta maneira, diz o Padre Alonso: "A alma
anexa ao motivo principal de arrependimento pelos nossos pecados – que será
sempre a ideia de que o pecado é uma ofensa contra Deus que nos redimiu em
Cristo – um outro motivo de arrependimento, que sem duvida terá uma influência
benéfica: arrependimento pela ofensa feita ao Imaculado e Doloroso Coração da
Virgem Maria".18
3. A Comunhão reparadora dos Primeiros Sábados
A Comunhão reparadora é, decerto, o acto mais importante da
Devoção de Reparação, e todos os outros actos se concentram em seu redor. Para
entender o significado e importância desta devoção, devemos considerá-la em
relação com a Comunhão milagrosa do Outono de 1916 que, graças às palavras do
Anjo, já estava totalmente orientada para a ideia de Reparação.19 A
Comunhão reparadora também deve relacionar-se com a Comunhão das nove Primeiras
Sextas-Feiras de cada mês, pedido pelo Sagrado Coração de Jesus em
Paray-le-Monial.
Alguém poderia objectar: receber a Comunhão no primeiro sábado de
cinco meses seguidos é quase impossível para muitos fiéis, que não têm Missa na
sua paroquia nesse dia ... É essa mesma pergunta que o Padre Gonçalves,
confessor de Lúcia, lhe faz numa carta de 29 de Maio de 1930:
"E quem não puder cumprir com todas as condições no sábado,
não satisfará com os domingos? Os que trabalham nas fazendas, por exemplo, não
poderão com frequência, porque moram bastante longe ... "20
Nosso Senhor deu a resposta à Irmã Lúcia na noite de 29 para 30 de
Maio de 1930: "Será igualmente aceite a prática desta devoção no
domingo seguinte ao primeiro sábado, quando os Meus sacerdotes, por justos
motivos, assim o concederem às almas."21Nesse caso, não só
a Comunhão, mas também a reza do Terço e a meditação sobre os mistérios se
podem transferir para o domingo, por motivos justificados que os sacerdotes
deverão avaliar. É fácil pedir essa autorização durante a confissão. Repare-se,
de novo, no carácter católico e eclesial da Mensagem de Fátima: é aos Seus
sacerdotes, e não à consciência individual, que Jesus dá a responsibilidade de
outorgar esta concessão adicional.
Depois de tantas concessões, quem poderia ainda argumentar que não
pode cumprir os pedidos da Virgem Maria?
4. Recitação do Terço
Em cada uma das seis aparições em 1917, Nossa Senhora pediu que
rezassem o Terço todos os dias. Como se trata de fazer reparação pelas ofensas
cometidas contra o Imaculado Coração de Maria, que outra oração vocal Lhe
poderia ser mais agradável?22
5. A meditação de quinze minutos sobre os Quinze Mistérios
do Rosário
Para além do Terço, Nossa Senhora pede quinze minutos de meditação
sobre os quinze mistérios do Rosário. Isto não significa, evidentemente, que
seja preciso um quarto de hora para cada mistério! Não é necessário mais do que
um quarto de hora no total! Também não é indispensável meditar cada mês sobre
os quinze mistérios. Lúcia escreve ao Padre Gonçalves: "Fazer quinze
minutos de companhia a Nosssa Senhora, meditando nos mistérios do
Rosário". À sua mãe, Maria Rosa, Lúcia escreveu essencialmente o mesmo, a
24 de Julho de 1927, sugerindo-lhe a meditação só sobre alguns dos mistérios,
que podem escolher-se livremente:
"Queria
também que a mãe me desse a consolação de abraçar uma devoção que sei é do
agrado de Deus, e que foi a nosssa querida Mãe do Céu quem a pediu. Logo que
tive conhecimento dela, desejei abraça-la e fazer com que todos os demais a
abraçassem.
Espero,
portanto, que a mãe me responderá a dizer que a faz, e que vai procurar fazer
com que todas essas pessoas que aí vão a abracem também. Não poderá nunca
dar-me consolação maior do que esta.
Consta só em
fazer o que vai escrito neste santinho. A confissão pode ser noutro dia, e os
quinze minutos (de meditação) é o que me parece que lhe vai fazer mais
confusão. Mas é muito fácil. Quem não pode pensar nos mistérios do Rosário? Na
anunciação do Anjo e na humildade da nossa querida Mãe que, ao ver-Se tão
exaltada, Se chama escrava? Na Paixão de Jesus, que tanto sofreu por nosso amor?
Na nossa Mãe Santíssima junto de Jesus, no Calvário? Quem não pode assim,
nestes santos pensamentos, passar quinze minutos junto da Mãe mais terna das
mães?
Adeus, minha
querida mãe. Console assim a nossa Mãe do Céu, e procure que muitos outros A
consolem também; e assim dar-me-á, também a mim, uma inexplicável alegria ...
"Sou sua
filha muito dedicada, que lhe beija a mão."23
Nesta bela carta, a Irmã Lúcia insiste na sexta condição, que é a
principal: cada uma destas devoções deve cumprir-se "com o espírito de
reparação" para com o Imaculado Coração de Maria.
"Console assim a nossa Mãe do Céu ... ", escreveu ela.
6. A intenção de fazer reparação: "Tu, ao menos, vê de
Me consolar".
Sem esta intenção geral, sem esta vontade de amor que quer fazer
reparação a Nossa Senhora para A consolar, todas as práticas externas são, por
si só, insuficientes para obter a magnífica promessa. Isto é claro.
A prática da Comunhão reparadora deve ser atenta e fervorosa.
Assim o explicou Nosso Senhor à Irmã Lúcia, na Sua aparição do dia 15 de
Fevereiro de 1926: "É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam,
(a prática dos quinze sábados) mas poucas os acabam; e as que os terminam, é
com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem
fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar
o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e
indiferente ... "24Nossa Senhora pede-nos tão pouco,
precisamente para que possamos fazê-lo de todo o coração. Mas isso não significa
que o faremos sempre com muito fervor sensível: segundo a grande máxima da
espiritualidade, "Querer amar é amar".
As breves palavras do Menino Jesus e de Nossa Senhora no dia 10 de
Dezembro de 1925 dizem tudo, e fazem-nos compreender o verdadeiro esprírito
desta Devoção Reparadora:
"Olha,
Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o
momento Me cravam, com blasfémias e ingratidões ... sem haver quem faça um acto
de reparação para os tirar ... Tu, ao menos, vê de Me consolar".
Esta imagem, que é tão expressiva, diz tudo: as blasfémias e a
ingratidão dos pecadores são como muitos espinhos cruéis que só podemos retirar
por meio dos nossos actos de amor e de reparação. Porque o amor, ou "a
compaixão", é a alma de todas estas práticas. Trata-se de consolar o
Imaculado Coração da "Mãe mais terna", que se sente muito ultrajada.
Lúcia compreendeu isto perfeitamente nesse mesmo momento. A parte
final da sua carta a Monsenhor Pereira Lopes, onde descreve a aparição do
Menino Jesus a 15 de Fevereiro de 1926, é disso um testemunho eloquente:
"Nisto,
desapareceu, sem que até hoje eu tenha sabido mais nada dos desejos do Céu.
E, quanto aos
meus, (ele continua) são que nas almas se acenda a chama do amor divino e que,
elevadas nesse amor, consolem muito o Sagrado Coração de Maria. Eu tenho, pelo
menos, o desejo de consolar muito a minha querida Mãe do Céu, sofrendo muito
por Seu amor".25
Deve prestar-se a devida atenção à originalidade desta mensagem.26 Porque
aqui não há duvida, pelo menos na essência, de que se trata de consolar a
Santíssima Virgem, tendo compaixão do Seu Coração trespassado pelos sofrimentos
de Seu Filho. É certo que a Mensagem de Fátima pressupunha já este aspecto
tradicional da piedade católica: a 13 de Outubro de 1917, Nossa Senhora das
Sete Dores apareceu no céu aos pastorinhos.27 Mas o significado
mais preciso da Devoção Reparadora pedida em Pontevedra não consiste tanto na
meditação sobre os mistérios dolorosos do Rosário, como na consideração das
ofensas que o Imaculado Coração de Maria recebe – agora – dos homens ingratos e
blasfemos que recusam a Sua mediação maternal e desprezam as Suas prerrogativas
divinas*. Tudo isto são muitos espinhos que devemos retirar do Seu Coração, por
meio de práticas de amor e de reparação, para A consolar e, ainda, para obter o
perdão para as almas que tiveram a audácia de A ofender tão gravemente.
Nada pode ajudar-nos a entender melhor o verdadeiro espírito da
Reparação pedida por Nossa Senhora de Fátima do que o relato de uma revelação
importante feita à Irmã Lúcia no dia 29 de Maio de 1930.
*NOTA DO EDITOR: Da Santíssima Virgem Maria – apesar de ser uma simples
criatura, mas porque Deus fez Dela a verdadeira Mãe de Deus e Rainha do Céu –,
se pode dizer, correctamente, que tem prerrogativas divinas.
III. O espírito da Devoção de Reparação:
A Revelação do dia 29 de Maio de 1930
A Irmã Lúcia estava em Tuy nessa época. O seu confessor, o Padre
Gonçalves, tinha-lhe feito uma série de perguntas por escrito. Lembramos aqui
só a quarta: "Porque hão-de ser cinco sábados – perguntou ele – e não
nove, ou sete em honra das Dores de Nossa Senhora?"28 Nessa
mesma noite, a vidente implorou a Nosso Senhor que a inspirasse com uma
resposta a essas perguntas. Poucos dias depois, ela enviou o seguinte ao seu
confessor.29
"Ficando
na capela, com Nosso Senhor, parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio
de 1930 (sabemos que era seu costume ter uma hora santa das onze à meia-noite,
especialmente às quintas-feiras, segundo os pedidos do Sagrado Coração de Jesus
em Paray-le-Monial), e falando a Nosso Senhor das duas perguntas, quarta e
quinta, senti-me, de repente, possuída mais intimamente da Sua Divina Presença.
E, se não me engano,30 foi-me revelado o seguinte:
‘Minha
filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfémias
proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
1. As blasfémias contra a Imaculada
Conceição;
2. As blasfémias contra a Sua Virgindade;
3. As blasfémias contra a Maternidade Divina,
recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4. Os que procuram publicamente infundir, no
coração das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta
Imaculada Mãe;
5. Os que A ultrajam directamente nas Suas
sagradas imagens.
Eis,
Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir
esta pequena reparação ...’ 31
Os espinhos do Imaculado Coração de Maria
Sigamos neste ponto o Padre Alonso que, no seu estudo sobre a
Mensagem de Pontevedra, faz um extenso e útil comentário sobre as cinco ofensas
contra o Imaculado Coração de Maria enumeradas por Nosso Senhor.
A Irmã Lúcia de Fátima conta a Visão do Inferno da
maneira seguinte: "Vimos como que um mar de fogo. Mergulhados nesse fogo,
os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou
bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas
que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os
lados, semelhantes ao cair das faúlhas nos grandes incêndios, sem peso nem
equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e
faziam estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e
asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros
carvões em brasa. Esta vista foi um momento. E graças à nossa boa Mãe do Céu,
que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na
primeira aparição). Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e
pavor. (Nossa Senhora disse) 'Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos
pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao
Meu Imaculado Coração.' "
As blasfémias de homens hereges,
cismáticos e ímpios
Cegos por um ecumenismo enganador, houve a tendência, a partir de
1962, de esquecer que existe uma verdade evidente, relembrada aqui pela
Mensagem de Fátima: aqueles que, obstinadamente e com pleno conhecimento, negam
abertamente as prerrogativas da Santíssima Virgem Maria, cometem as blasfémias
mais odiosas respeitante a Ela.
Primeira blasfémia: Contra a Imaculada Conceição. O Padre Alonso pergunta:
"Quem são aqueles que podem cometer esta ofensa contra o Imaculado Coração
de Maria?" A resposta não deixa dúvida: "Em primeiro lugar e em
geral, as seitas protestantes que recusam receber o dogma difinido pelo Papa
Pio IX e que continuam a sustentar que a Santíssima Virgem foi concebida com a
mancha do pecado original e, ainda, de pecados pessoais. O mesmo poderia
dizer-se dos cristãos orientais (dissidentes), já que, apesar da sua grande
devoção Mariana, também recusam este dogma".32
Segunda blasfémia: Embora os Ortodoxos a admitam, a maioria dos Protestantes
também recusa a Virgindade perfeita e perpétua de Maria "antes, durante, e
depois de dar à luz".
Terceira blasfémia: Embora, teoricamente, eles aceitem a Maternidade Divina de
Maria definida no Concílio de Éfeso, negam-se a reconhecê-La como a Mãe dos
homens no sentido católico, o que implica a negação do Seu papel como
Corredentora e Mediadora de Graça.
Quarta blasfémia: Refere-se à perversão das crianças pelos inimigos de Nossa
Senhora, que tratam de lhes inculcar indiferença, desprezo ou mesmo ódio para
com a Virgem Imaculada; e a quinta blasfémia, pela qual A
ultrajam nas Suas imagens sagradas. Estes dois últimos pecados não são mais do
que a consequência lógica dos três primeiros, e estão frequentemente unidos a
eles. A iconoclastia – ou, pelo menos, a recusa obstinada da teologia católica
em relação às imagens sagradas – está muito longe de desaparecer.
Em resumo: durante três séculos e meio a contra-igreja tem travado
uma luta furiosa e sem descanso contra a Imaculada Virgem Maria, contra a
promoção da devoção para com Ela, contra a Sua soberania nos corações e, sobre
todas as sociedades. Seguindo os passos do protestantismo – despois do
jansenismo e do seu frio desprezo por uma verdadeira devoção à Santíssima
Virgem, do racionalismo dos séculos XVIII e XIX, assim como do modernismo do
século XX –, essas forças contrárias continuam a atacar a doutrina e devoção
Marianas com o mesmo desprezo e perfídia. Por fim, é sabido o modo como o
comunismo bolchevique tentou, por todos os meios possíveis, destruir a
veneração profunda da Mãe de Deus ancorada na alma do povo russo. Os ícones
sagrados tiveram de desaparecer, foram destruídos ou escondidos ... e ainda
estão à espera de melhores dias.
As blasfémias de filhos rebeldes e ingratos. Há, porém, algo mais grave,
muitíssimo mais sério do que todas as ofensas de homens hereges, cismáticos,
apóstatas e ímpios. São as blasfémias dos próprios filhos da Igreja contra o
Imaculado Coração de Maria. Com o passar do tempo, a mensagem de Pontevedra
parece assombrosamente profética.
O Padre Ricardo, director do Exército Azul em França e que muito
dificilmente poderia considerar-se suspeito de pessimismo abusivo, comenta a
este respeito: "Quem poderia ter imaginado, há 50 anos atrás, que estas
cinco grandes ofensas contra Maria se estenderiam no seio do clero da própria
Igreja Católica, e que um grande número de baptizados e catequizados, até mesmo
nas nossas paróquias, não sabe já rezar a ‘Avé-Maria’?"33 O
Padre Alonso viu-se na obrigação de fazer observações semelhantes.
Esta situação é hoje tão visível que qualquer comentário é
supérfluo. Há certos teólogos, certos sacerdotes e certos bispos que são
culpados das cinco blasfémias! Não são só uns poucos casos excepcionais; são
centenas e talvez milhares. Não basta fazer uma observação sobre o facto. Temos
de descobrir as causas disto, e explicar como foi possível chegarmos a tal
ponto. Pelo menos o Padre Alonso descreveu o acontecimento com exactidão: "A
grande ‘era Mariana’, inaugurada em 1854 com a definição do dogma da Imaculada
Conceição – atreve-se ele a escrever – terminou com o Concílio
Vaticano Segundo.34 Mas como aconteceu isto? E
porquê esta declinação alarmante da devoção Mariana, que ainda estava em pleno
florescimento quando morreu o Papa Pio XII? É o que teremos de examinar depois,
no contexto do Terceiro Segredo.*
*NOTA DO EDITOR: Veja-se o livro de Frère Michel, intitulado The
Third Secret (O Terceiro Segredo), Vol. III da obra The Whole
Truth About Fatima (Toda a verdade sobre Fátima), ou o folheto The
Third Secret Revealed (O Terceiro Segredo é revelado), que se pode
obter da Cruzada de Fátima.
Mas podemos desde já comentar que o elemento primeiro da Mensagem
de Fátima é a Fé – uma fé precisa e dogmática. Uma devoção verdadeira à
Santíssima Virgem pressupõe, sempre e necessariamente, ter fé nos Seus
privilégios e prerrogativas, infalivelmente definidos pelo Papa ou ensinados
pelo magistério da Igreja, e unanimemente acreditados pelos fiéis através dos
séculos. É também certo que os pecados mais graves contra a Santíssima Virgem
são, primeiro que tudo, pecados contra a Fé. Esta importante leitura dos factos
deve ter-se sempre em mente.
A Devoção de Reparação: um segredo de misericórdia para com
os pecadores
Depois de enumerar as cinco blasfémias que ofendem gravemente a
Sua Mãe Santíssima, Nosso Senhor deu à Irmã Lúcia a explicação decisiva que nos
permite penetrar no segredo do Seu Imaculado Coração, transbordante de
misericórdia para com todos os pecadores, até mesmo para com aqueles que A
desprezam e ultrajam:
"Eis,
Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir
esta pequena reparação e, em atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao
perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender. Quanto a ti,
procura sem cessar, com as tuas orações e sacrifícios, mover-Me à misericórdia
para com essas pobres almas."35
"O pecado contra o Espírito Santo". Aqui temos um dos temas principais
da Mensagem de Fátima. Uma vez que Deus decidiu manifestar cada vez mais o Seu
grande desígnio de amor — que consiste em conceder aos homens todas as graças,
através da mediação da Virgem Imaculada — parece que a recusa dos homens em se
submeterem com docilidade à vontade de Deus assim expressa é a falta que mais
gravemente fere o Seu Coração, que já não encontra em Si próprio nenhuma
inclinação para perdoar. Parece um pecado sem perdão, porque para o Nosso
Salvador não há crime mais imperdoável que o de desprezar a Sua Mãe Santíssima
e o de "ultrajar o Seu Imaculado Coração, que é o Santuário do Espírito
Santo. Isto é cometer ‘a blasfémia contra o Espírito Santo, que não será
perdoada neste mundo nem no outro’."36
Em 1929, na aparição de Tuy – que é o cumprimento final de Fátima
–, Nossa Senhora conclui a manifestação extraordinária da Santíssima Trindade
com estas palavras surpreendentes: "São tantas as almas que a
Justiça de Deus condena, por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir
reparação. Sacrifica-te por esta intenção e ora". Estas palavras
são tão fortes que vários tradutores tomaram a libertade de diluir o seu
significado.37
"Um pequeno acto de reparação" para salvar os
maiores pecadores. Sim,
Nossa Senhora afirma tristemente que muitas almas se perdem por causa do seu
desprezo e das blasfémias contra Ela ... Assim, e para nos dar o exemplo de
amar os nossos inimigos, Ela própria intervém, porque só Ela pode ainda salvar
esses monstros de orgulho e ingratidão que se revoltaram contra Ela. Como
"Mãe de Misericórdia e Mãe do Perdão", como cantamos na Salve Mater, Ela
intercede por nós ante Seu Filho. Que a devoção filial de almas fiéis e as
Comunhões reparadoras oferecidas nos Cinco Primeiros Sábados possam consolar o
Seu ultrajado Coração, e ser aceites por Jesus como reparação pelos crimes dos
pecadores. Nossa Senhora ora para que Ele se digne aceitar esta "pequena
devoção" e assim, tendo em conta este "pequeno acto de
reparação" ao Seu Coração Imaculado, se digne conceder o perdão, apesar de
tudo, aos ingratos e blasfemos, a todas as pobres almas que tiveram a ousadia
de A ofender — a Ela, Sua Mãe Santíssima!
E, como sempre, Nosso Senhor concede-Lhe o Seu desejo. Deste modo,
Ele faz com que a Devoção da Reparação seja um meio seguro e eficaz de
converter almas, muitas almas, de entre aquelas que estão em maior perigo de se
perderem para sempre. Devemos citar aqui um texto importante, no qual até a
"grande promessa" é uma consideração secundária, perante a intenção
primeira do Imaculado Coração de Maria que é a salvação de todos os pecadores.
Em Maio de 1930, a Irmã Lúcia escreveu ao Padre Gonçalves:
"Parece-me
que o nosso bom Deus, no fundo do meu coração, insta comigo para que peça ao
Santo Padre a aprovação da devoção reparadora que o próprio Deus e a Santíssima
Virgem se dignaram pedir em 1925, para, em atenção a esta pequena
devoção, dar a graça do perdão às almas que tiveram a desgraça de ofender o
Imaculado Coração de Maria, prometendo a Santíssima Virgem, às almas
que deste modo A queiram reparar, assistir-lhes, à hora da morte, com todas as
graças necessárias para se salvarem."38
Reparação necessária. A salvação das almas, de todas as almas –
"principalmente as que mais precisarem" –, arrebatando-as a todas do
fogo do inferno que as ameaça é, portanto, em última análise, a intenção
principal da prática dos Primeiros Sábados do mês. Foi essa mesma intenção que
Nossa Senhora já tinha indicado no dia 19 de Agosto de 1917, quando recomendou
aos pastorinhos a urgência de rezarem e fazerem sacrifícios: "Rezai,
rezai muito; e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o
Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".
A Santíssima Virgem Maria foi chamada Mediadora universal e Mãe da
Divina Graça. Mas por um desígnio da Providência que nos manda estar unidos a
Ela, Nossa Senhora não pode agir sozinha. Ela precisa de nós, do nosso amor
consolador e das nossas "pequenas devoções" de reparação, para salvar
as almas do Inferno. Excelso e grandioso é o mistério da comunhão dos santos,
que faz com que a salvação de muitas almas dependa, realmente, da nossa própria
generosidade! E temos um bom motivo para demonstrarmos generosidade! Como
poderíamos recusar esta acção missionária que Nossa Senhora espera de nós, que
Ela fez tão fácil de cumprir – com autorização de um sacerdote, tudo se pode
transferir para Domingo –, e quando as práticas requeridas são tão eficazes e
fecundas? É que, através desta devoção, muitas almas em perigo iminente de se
perderem para sempre podem obter, no último momento e apesar delas próprias, a
graça da sua conversão.
Para consolar o Imaculado Coração de Maria trespassado de espinhos, para
fazer reparação pelos ultrajes que o Seu Coração recebe dos
pecadores por meio da oração e do sacrifício – é este o
requisito mais preciso desta primeira parte do Segredo, que Nossa Senhora veio
lembrar e clarificar em Pontevedra, em 1925: "Tu, ao menos, vê de
Me consolar". O Santo Sacrifício da Missa e a Sagrada Comunhão oferecidos
a Deus com o espírito de reparação39 são-nos agora apontados
como o sacrifício mais perfeito e a oração mais eficaz.
Tudo isto nos ajuda a entender a insistência urgente de Nossa
Senhora, o Seu ardente desejo de que esta Devoção de Reparação seja praticada
por toda a parte e com a maior frequência possível. Esta é a devoção mais
apreciada por Ela, porque é a mais perfeita e, por isso, a mais eficaz para a
salvação das almas. E porque a Santíssima Virgem deseja a nossa cooperação a
todo o custo, associou a esta devoção as promessas mais maravilhosas ...
"Desta devoção depende a guerra ou a paz do
Mundo".Com efeito,
para além da conversão dos pecadores e da nossa salvação eterna, Nossa Senhora
determinou que a Comunhão reparadora ficasse unida a outra promessa magnífica:
o dom da Paz. A 19 de Março de 1939, a Irmã Lúcia escrevia:
"Da
prática desta devoção, unida à consagração ao Coração Imaculado de Maria,
depende a guerra ou a paz do Mundo. Por isso eu desejava tanto a sua
propagação, e, sobretudo, por ser essa a vontade do nosso bom Deus e da nossa
tão querida Mãe de Céu ..."40
E no dia 20 de Junho do mesmo ano:
"Nossa
Senhora prometeu adiar para mais tarde o flagelo da guerra, se for propagada e
praticada esta devoção. Vemo-La afastando esse castigo à medida que se vão
fazendo esforços para a propagar; mas eu tenho medo que nós possamos fazer mais
do que fazemos e que Deus, pouco contente, levante o braço da Sua Misericórdia
e deixe o mundo assolar-se com esse castigo, que será como nunca houve, horrível,
horrível."41
Dois meses depois, era declarada guerra. Ainda nada se tinha feito
para corresponder aos pedidos do Céu.
"Quero que toda a Minha Igreja ... pôr, ao lado da devoção do Meu
Sagrado Coração, a devoção deste Imaculado Coração."
... Jesus à Irmã Lúcia
Do
Primeiro Segredo ao Segundo
Este anúncio profético leva-nos directamente a uma tragédia. É a
grande tragédia de carácter religioso e político que, em vinte anos, levou a
nossa Europa cristã a uma guerra atroz, a mais mortífera de toda a história; e
depois a outra, mais sangrenta e ainda mais horrível nas suas consequências
devastadoras. Num curto espaço de tempo, esta guerra entregou nações e quase
continentes inteiros à escravidão do barbarismo soviético. Vejamos agora a
forma como Nossa Senhora profetizou esta terrível tragédia, identificando, a 13
de Julho de 1917, as suas fases mais importantes e as suas causas secretas. É
esta a segunda parte do Seu grande Segredo.
O segredo capital: o Imaculado Coração de Maria como
salvação das almas. Clarifiquemos
desde já que este "segundo segredo" depende estritamente do primeiro,
cuja importância é primordial. Porque, como descobriremos na segunda parte do
nosso estudo, a grande política divina revelada pela Rainha do Céu na Cova da
Iria, tanto com as promessas de paz universal e durável, como com as ameaças de
castigos espantosos — todo este plano de acção divina é só um instrumento
utilizado pela Misericórdia de Deus para obter a salvação das almas, no maior
número possível.
Depois de tudo, é à primeira parte do Segredo que devemos
regressar sempre, por ser, indiscutivelmente, a principal e a mais importante
aos olhos de Deus: salvar as almas, todas as almas, do único verdadeiro mal —
porque é o único mal eterno —, para as livrar a qualquer preço das chamas do
Inferno. É esta também a primeira preocupação do Imaculado Coração de Maria. Em
Fátima, a Senhora revelou este Imaculado Coração como refúgio e último recurso
dos pecadores, mesmo dos mais odiosos e miseráveis, porque Ela é a Mediadora de
Misericórdia, a Porta do Céu. Esta é a primeira parte do Seu grande
segredo, porque é também o primeiro segredo do Seu Coração. A Irmã
Lúcia descreveu o primeiro Segredo na sua
Autobiografia, e continuou:
"Assustados
e como que a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos
disse, com bondade e tristeza:
‘Vistes
o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus
quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração ...
‘... Se
fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz ...
‘...
virei pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados.’ "
A pequena Jacinta entendeu perfeitamente esta importante
advertência de Nossa Senhora para a salvação das almas. A sua alma ficou
completamente penetrada por ela, como mostra o episódio seguinte: "às
vezes – lembra a Irmã Lúcia –, andava a apanhar as flores do campo e a cantar,
com uma música arranjada por ela naquele momento:
"Doce
Coração de Maria,
Imaculado Coração de Maria,
convertei os pecadores,
livrai as almas do Inferno!"42
Com efeito, são estas as palavras que resumem a essência do
"primeiro Segredo": é através do Imaculado Coração de Maria que a
Santíssima Trindade quer salvar hoje as nossas almas, todas as almas, para as
arrebatar das chamas do Inferno e lhes abrir as portas do Céu.
Veja-se também a Apêndice I, onde há mais escritos da Irmã Lúcia.
NOTAS DE RODAPÉ
(1) A
mensagem de Pontevedra foi quase completamente desconhecida durante muito
tempo, ou então relegada para uma importância secundária, O volumoso livro do
Cónego Barthas, Fátima 1917-1968, publicado em 1969, dedicou-lhe
apenas duas páginas (páginas 211-212)! Foi preciso esperar pelo excelente
estudo do Padre Alonso, de 1973, Fátima y el Corazón Inmaculado de
María, páginas 37-48, para esta mensagem ser divulgada. Mas nada pode
substituir a pequena obra (mais completa) do mesmo autor, de 1974: La
Gran Promesa del Corazón Inmaculado de María en Pontevedra. Existe
ainda um pequeno folheto em francês que apresenta extractos importantes desta
obra:Le message de Fatima à Pontevedra (Tradução do Padre
Simonini). Finalmente, para consultar todas as fontes, temos de voltar a obras
portuguesas: Documentos e Uma Vida.
(2) O
texto que citamos é uma segunda ou terceira versão idêntica à primeira, que não
tinha sido conservada. Foi escrito pela Irmã Lúcia no final de 1927, a pedido
do seu director espiritual, o Padre Aparício, S.J. "Por razão de humildade
– explicou o Padre – a Irmã Lúcia mostrou alguma relutância em escrever na
primeira pessoa, à qual eu respondi que podia escrever na terceira pessoa, o
que ela fez". Carta ao Padre da Fonseca, 10 de Janeiro de 1938, citada pelo
Padre Alonso em Ephemerides Mariologicae, 1973, página 25.
(3) Documentos, página
401.
(4) Carta
de 1927, na qual Lúcia explica ao Padre Aparício como este manuscrito precioso
foi por ela queimado em 1927 (Ephemerides Mariologicae, 1973, páginas
23-24).
(5) Todavia,
esta carta representa um documento extremamente importante. Cf. The
Whole Truth About Fatima, Volume II, Apêndice II, páginas 815-817.
(6) Este
documento, que continuou na posse do seu destinatário, permaneceu totalmente
desconhecido até 1973, ano em que foi publicado pelo Padre Martins dos Reis
em Uma Vida, páginas 337-357. Cf. Documentos,
páginas 477-481.
(7) Teria Dom Lino García pedido a Lúcia que não lhe falasse mais
sobre esta aparição? É possível. Nesse caso, podemos compreender porque é que
ela já não se atreve a confiar-lhe, inclusivamente, o seu tormento interior
sobre este assunto.
(8) Cf.
Carta ao Padre Gonçalves, de 12 de Junho de 1930, Documentos,
página 409.
(9) Uma
Vida, páginas 337-351. Mais adiante (páginas 263-264) iremos citar o final
desta carta, onde Lúcia explica, ao seu director espiritual, o estado da sua
alma.
(10) Padre Alonso, La Gran Promesa del Corazón de María en
Pontevedra, página 45.
(11) A
grande promessa do Imaculado Coração de Maria em Pontevedra não deixa de nos
lembrar, de uma maneira clara, a grande promessa do Sagrado Coração de Jesus a
Santa Margarida Maria. Porém, dado que esta analogia não é a única, preferimos
incluir nela o exame de um paralelo mais completo entre as mensagens de
Paray-le-Monial e de Fátima. De facto, a revelação do Sagrado Coração de Jesus
e a do Imaculado Coração de Maria clarificam-se e iluminam-se mutuamente.
Poderemos explicar isto com mais clareza quando tivermos avançado mais na
explicação da Mensagem de Fátima.
(12) Padre F. Beringer, Les indulgences, leur nature et leur
usage, Volume I, Número 767, Quarta edição, Lethielleux, 1925.
(13) 1 de Julho, 1905, ibid., Número 760.
(14) Ibid.,
Número 762.
(15) Cf. The
Whole Truth About Fatima, Volume I, página 159 e páginas 163-164.
(16) Padre
F. Beringer, op. cit., Número 762. Para além da indulgência
plenária, o Papa concedeu a Sua bênção apostólica com indulgência, à hora da
morte.
(17) Veja-se
Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte,
Consideração Doze, "A importância da Salvação".
(18) La
Gran Promesa del Corazón de María en Pontevedra, página 75, cf. Infra.
Parte II, Capítulo VII, nota 21, nota 4.
(19) Veja-se The
Whole Truth About Fatima, Volume I, páginas 86-87.
(20) Documentos,
página 407; cf. Fatima et le Coeur Immaculé de Marie, página 46.
(21) Resposta
da Irmã Lúcia, recebida pelo Padre Gonçalves no dia 12 de Junho de 1930. Documentos, página
411; cf. Fatima et le Coeur Immaculé de Marie, página 47.
(22) Veja-se The
Whole Truth About Fatima, Volume I, páginas 296-298.
(23) Documentos, página
403. Para esta meditação pode seguir-se o conselho da Irmã Lúcia. Veja-se The
Whole Truth About Fatima, Volume II, Apêndice III. Veja tombém página
26 deste livrinho.
(24) Documentos,
páginas 479-481.
(25) Uma
Vida, páginas 351-353.
(26) O
que o distingue muito claramente, por exemplo, da mensagem de Berthe Petit, que
a Madre Montfalim, Superiora Provincial das Doroteias, estava a ajudar a
difundir em Portugal nessa época. Cf. Padre Duffner, Berthe Petit et la
dévotion au Coeur Douloureux et Immaculé de Marie, página 147. A Madre
Montfalim tinha conhecido Berthe Petit na Suiça, durante a Guerra Mundial.
(Quarta Edição, Camaldolese Benedictines, La Seyne-sur-Mer, Var.).
(27) Veja-se The
Whole Truth About Fatima, Volume I, página 303.
(28) Documentos,
página 407; Fatima et le Coeur Immaculé de Marie, página 45.
(29) Nesta
carta, que não tem data, o Padre Gonçalves escreveu: "12 de Junho de
1930". Documentos, páginas 409-410; cf. Fatima et le
Coeur Immaculé de Marie, páginas 46-47.
(30) Como
nos escritos de Santa Margarida Maria, seria um erro ver a expressão de uma
incerteza ou de uma verdadeira dúvida nesta fórmula restritiva. Trata-se
simplesmente de uma fórmula de humildade e de obediência, através da qual a
vidente deixa antecipadamente o assunto ao critério do seu director.
(31) Veja-se The
Whole Truth About Fatima, Volume II, Apêndice III. Veja tombém página 26
deste livrinho.
(32) La
Gran Promesa del Corazón de María en Pontevedra, páginas 56-57.
(33) L’Homme
nouveau, 2 de Março de 1980, página 20.
(34) La
Gran Promesa del Corazón de María en Pontevedra, página 56.
(35) Documentos,
página 409.
(36) A própria Irmã Lúcia sugere esta comparação com S. Mateus 12,
31-32 na sua conversa com o Padre Fuentes. Cf. Volume III, página 503.
(37) Dom
Jean-Nesmy, por exemplo, dá esta tradução inexacta: "Tantos são os pecados que
a justiça de Deus condena por serem pecados cometidos contra Mim ..." (Lucie
raconta, página 208; La Verité de Fatima, página 221; cf.
também a tradução do Padre Alonso in Fatima et le Coeur Immaculé de
Marie, página 42) Não! O texto original diz na realidade: "São tantas
as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim
cometidos ..." – Documentos, página 465. Portanto, sem
dúvida alguma, Nossa Senhora refere-se às numerosas almas que
são condenadas, e não aos pecados que Deus censura.
(38) Carta
recebida no dia 29 de Maio de 1930. Documentos, página 405; Veja-se Fatima
et le Coeur Immaculé de Marie, página 44.
(39) Cf. The Whole Truth About Fatima, Volume I, páginas
86-89.
(40) Carta
ao Padre Aparício, Documentos, página 483.
(41) Carta
do dia 20 de Junho de 1939 ao Padre Aparício, Documentos, página
485.
(42) Documentos, página
227; e The Whole Truth About Fatima, Volume II. Em capítulos
posteriores fazemos referência à forma como Lúcia devia trabalhar
infatigavelmente para fazer conhecer a Devoção de Reparação, e obter a
aprovação do seu bispo e do Papa, de acordo com os desígnios do Céu.
(Infra, passim).
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