“A
educação católica não se atinge através de um método único, mas através do
emprego dos meios adequados visando a formação de bons católicos, cujas almas
permaneçam em estado de graça, respeitando os dez mandamentos e a lei da Igreja”
Welder Ayala
INTRODUÇÃO
O modo de se educar os filhos
aprende-se por tradição, e numa sociedade saudável essa tradição está acoplada
num feixe de valores e princípios que são repassados geralmente sem uma
reflexão consciente. Numa sociedade saudável mesmo as classes iletradas sabem
educar seus filhos, pois receberam isso naturalmente. Sabe-se o que é correto
simplesmente pelo fato de se ter convivido com o correto, sem que se precise de
uma fundamentação teórica. Assim, por exemplo, sabia-se o respeito que se deve
aos mais velhos, sem precisar saber o porquê desse respeito.
Esse conhecimento natural dos
princípios e valores corretos que outrora se recebia como o ar respirado quase
não existe mais em nossa sociedade, de modo que precisam ser adquiridos de modo
consciente, de um artificial de certo modo. Não se pense que na sociedade atual
a criança aprenderá naturalmente a ser respeitosa, por exemplo. Ela deverá
aprender isso quase como se fosse um conteúdo formal. As plantas que cresciam
naturalmente numa sociedade mais saudável, hoje só nascem nos jardins
cultivados artificialmente; e ainda assim com muito adubo, e com combate
acirrado contra todo o tipo de pragas.
Mais do que nunca é necessário um
conhecimento específico para os pais que querem criar bons filhos católicos.
Não seria apropriado dizer que novos desafios se impõe, seria mais próprio
dizer que o mal avançou, que o inimigo de sempre dispõe de forças maiores, mas
a Graça não faltará aos pais que de fato querem cumprir o que Deus manda.
Talvez antigamente (sem querer ser
saudosista, pois sempre houve dificuldades) a cooperação dos pais com a
sociedade era mais harmônica. Hoje só há a péssima pseudo-harmonia dos pais que
se renderam ou a luta valorosa dos pais que combatem o bom combate. Meus caros,
a sociedade terrena não é mais nossa aliada; a escola não é aliada; nem os
parentes (muitas vezes corruptores também). Pelo contrário parece que só
inimigos nos cercam, mas é só aparência, pois o Céu inteiro está do lado dos
pais que querem educar catolicamente seus filhos. Lutar sozinho deve ser uma
habilidade que se aprende a duras penas; mas também há a habilidade de encontrar
bons aliados. Daí a grandiosa iniciativa de reunir as famílias católicas,
reunir para quê? Para esmagar, para destruir, dizimar o inimigo. É preciso esse
ânimo guerreiro, pois é de fato uma guerra. Guerra espiritual imensamente mais
cruenta que a guerra material. Nessa luta a mediania serve muito pouco, é
preciso o heroísmo. O nosso heroísmo, enfraquecido como estamos, não é grande
coisa, mas é o que podemos fazer, é a nossa generosidade, e no mais, Deus está
conosco, não somos a principal força do nosso exército.
Sendo assim, meus caros, gostaria de
apresentar-vos hoje algumas notas para uma boa educação católica. Talvez não
traga nada de novo, mas lembro a mim mesmo de verdades importantes e faço-os
participar de minha lembrança; faço-os lembrar comigo os meus próprios deveres.
1- MEIOS E OBJETIVOS PARA UMA
EDUCAÇÃO CATÓLICA
A educação católica não é
intelectualista, mas a transmissão fiel da Fé. A transmissão fiel das armas que
a Igreja coloca em nossas mãos para salvarmos as nossas almas com a Graça de
Deus. Visa mais a oração que o aprendizado exaustivo de inúmeros conteúdos,
visa mais o catecismo que o direcionamento a uma profissão, e assim por diante.
Deve-se proporcionar conhecimentos científicos, filosóficos, artísticos aos
filhos, mas não em detrimento daquilo que verdadeiramente importa, que é a Fé.
A educação católica não se atinge
através de um método único, mas através do emprego dos meios adequados visando
a formação de bons católicos, cujas almas permaneçam em estado de graça,
respeitando os dez mandamentos e a lei da Igreja, sendo assim pode haver
diferenças metodológicas acidentais entre duas famílias católicas, mas os
princípios serão sempre os mesmos.
Quais são esses princípios? São os
princípios doutrinais da Igreja, contidos no catecismo (altamente recomendável
é o de São Pio X). É preciso que os pais aprendam muito bem o catecismo para
poderem ensiná-lo aos seus filhos. Os pais precisam assumir essa tarefa e não
consigo sequer imaginar, na atual situação na qual nos encontramos, uma família
que queira seriamente manter seus filhos na fé sem aprender e repassar para os
filhos o catecismo. Considero razoável que o pai ou a mãe ensinem por duas
horas semanais o catecismo aos seus filhos, uma hora sábado e uma hora domingo,
por exemplo; se os filhos forem numerosos e com idades diversas deve-se achar o
tempo e o método apropriados, o que se consegue facilmente uma vez começada a
empresa, pois os pais recebem de Deus todas as graças necessárias para
instruírem seus filhos na Fé.
A oração é outro meio absolutamente
necessário para uma boa educação católica. Levar os filhos para adorarem o
Santíssimo na Igreja, rezar o terço em família todos os dias (leva-se em média
20 minutos para rezar um terço, dificilmente se encontrarão vinte minutos tão
bem empregados). Não se permita que os filhos comam antes de rezar, que iniciem
o dia sem antes rezar e que deitem à noite sem antes fazer suas orações. É
preciso insistir muito sobre a importância e a grandeza da oração, como dizia
Santo Afonso Maria de Ligório: “Quem reza se salva, quem não reza se condena.”
A oração precisa ser insistente, precisa ser concentrada, correta, é preciso
pedir aquilo que nos ajuda a alcançar o Paraíso e não tanto os bens temporais.
A vida de oração pode ser melhorada através de exercícios de piedade, muitos
santos escreveram sobre isso e basta procurar que se acharão facilmente
excelentes indicações (Imitação de Cristo, Filoteia, Exercícios Espirituais de
Santo Inácio, etc,). Essa questão da oração vale para a família toda, pois
adiantaria pouco ensinar os filhos a rezar se os pais não rezam.
Falei de dois meios principais: o
catecismo e a oração, subentende-se, portanto, o respeito a tudo o que manda a
Santa Madre Igreja, em sua doutrina tradicional e imutável.
2- A GRANDEZA DE SER CATÓLICO
É da natureza humana legar aos
descendentes aquilo que é valioso: língua, bens materiais, tradições, nome etc.
Creio que uma das coisas que fez com que a Fé se perdesse foi o fato de que as
pessoas começaram a olhar para a Fé como algo comum, corriqueiro e não com o
aspecto extraordinário que ela tem. A Fé é algo extraordinário, é algo de que
devemos nos orgulhar, mais do que do nosso nome, mais do que qualquer outra
glória. Se há algo de glorioso nesse mundo é ser católico. Isso deve ser
passado aos filhos. Eles precisam crescer sabendo o quanto é glorioso ser
católico. É um sinal de distinção. Um católico não é apenas mais um nesse mundo
apodrecido, o católico é um indivíduo distinto, é um farol, o sal da terra.
Isso se perdeu, por isso as pessoas não viram mais a importância de transmitir
essa Fé aos filhos. Hoje mais do que nunca o católico verdadeiro se distingue
dos demais, a diferença é colossal. Os filhos devem sim notar essa diferença,
não para se gloriarem no sentido humano e vaidoso, mas para assumirem sua
obrigação de ser sal da terra e luz do mundo. A vanglória é pecado, pois se
dirige aos próprios méritos e traz em si o desprezo pelos demais, já esse
orgulho de ser católico, só seria chamado de orgulho por falta de palavra
melhor, pois seria um “santo orgulho”, já que não se trata de dar glória a nós
mesmos, mas a Deus e àquilo que Deus faz em nós através de sua Igreja.
3- A FORMAÇAO NECESSÁRIA PARA SER PAI
OU MÃE
Devido ao fenômeno que descrevi na
introdução, a saber: o fato de estarmos, em grande medida, desprovidos de uma
cultura católica que permeie toda a sociedade, pois bem, devido a esse fenômeno
deve-se postular que os pais precisam de formação para exercerem o seu dever de
estado. É preciso uma formação mais completa que para qualquer outra profissão.
Sobrepuja, por exemplo, a profissão de professor, pois o professor deverá
ensinar apenas alguns conteúdos e os pais devem ensinar o próprio sentido da
vida. É preciso também mais treinamento e exercício, observação, correção dos
erros etc.
Deve-se incentivar a busca dessa
formação, que é longa e repleta de dificuldades, por outro lado é muito
frutuosa e não frustrará os que a buscarem com sinceridade e esforço. É preciso
dedicação, aproveitar bem o tempo, pois o tempo que passou não volta mais; e
que não precisemos no futuro fazer aquela terrível pergunta, própria de pais
que tiveram filhos vitimados pela perdição desse mundo: “onde foi que eu
errei?”
As luzes intelectuais não faltarão
aos pais que realmente quiserem e implorarem o auxílio de Deus para bem educar
os seus filhos, pois o próprio Espírito Santo nos guiará com seus sete dons
para que possamos bem desempenhar esse nobre papel.
4- ENFRENTAR VALOROSAMENTE OS
INCÔMODOS
Os pais não devem temer os incômodos.
Quantos males são causados por aqueles que não querem se incomodar! Vê o filho
fazendo coisas erradas, mas tem preguiça de corrigi-lo, pois não quer se
incomodar; deixa fazer coisas erradas quando está em público, porque não quer
passar vergonha corrigindo o filho na frente dos outros; deixa as regras serem
quebradas fazendo vista grossa, pois não quer ter o trabalho de resolver aquela
situação no momento; e ainda inventa uma desculpa para si mesmo: “só dessa
vez”, “hoje é um dia diferente”. Não quer usar de sua autoridade. Volta atrás
por ter medo de manter a palavra; não tem firmeza; não quer gastar tempo com o
filho; não passa seu tempo com ele; não pára para observá-los; afasta-os sempre
que os pequenos vêm para mostrar alguma coisa de seu interesse infantil; não
tem interesse em observar as tendências dos filhos; o modo como falam; não
conversam com os filhos etc etc.
É preciso enfrentar esses incômodos e
para isso é de grande ajuda as práticas de mortificação ensinadas pela Igreja.
Fonte: http://intelectualidadecrista.blogspot.com.br/2018/02/notas-para-uma-educacao-catolica_6.html
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