“A Igreja Católica seria sucedida por uma nova religião
mundial, que seria um amálgama de todas as tradições espirituais da humanidade,
em uma nova terra onde todas as fronteiras, cercas e divisas seriam abolidas.”
Pe. João Batista de
A. Prado Ferraz Costa
Desejaria dar hoje uma modesta contribuição
para evidenciar ainda mais a irresponsabilidade e a hipocrisia do chamado
“progressismo católico” diante de um dos maiores problemas da atualidade, o
problema da migração dos povos do Oriente e da África para a Europa e outras
regiões do planeta. Como se sabe, o referido problema afeta principalmente o
continente europeu, onde ocorre uma verdadeira invasão, que, além de acarretar
distúrbios sociais e outros problemas, compromete a própria identidade cultural
de todo o Ocidente que lança suas raízes mais profundas no catolicismo romano.
Há bons autores que afirmam que o problema da
migração (na verdade, invasão) é algo programado por um dos mais importantes
ideólogos da União Europeia, NiKolaus Kalergi, que disse que a imigração em
massa é necessária para dominar os povos e controlar os Estados.
É inegável que em uma Europa secularizada,
sob uma liderança política e religiosa que não tem mais nenhum compromisso com
a defesa da fé e dos valores cristãos, a minoria católica que restar firme na
fé terá muito que sofrer por parte dos islâmicos invasores. Absolutamente não
procede o discurso que defende a distinção entre o fundamentalismo islâmico e o
Corão. Basta comparar a vida e os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo com
a vida de Maomé. Nosso Senhor morreu na cruz pedindo que o Pai perdoasse aos
seus inimigos algozes. Maomé promoveu mais de 60 guerras.
Fica patente a hipocrisia do progressismo
católico em sua arenga em defesa da imigração-invasão quando seus ativistas e
ideólogos apelam para a Sagrada Escritura e para o direito natural para
justificar a perigosa invasão. Realmente, como podem argumentar com
citações bíblicas, principalmente com passagens do Antigo Testamento, para
defender a migração (como se acreditassem em um direito divino à migração)
aqueles que não creem na inspiração das Escrituras e a reduzem a uma coletânea
de fábulas e cosmogonias antiquíssimas ricas em mitos, anteriores a Moisés?
Como podem apelar para um direito natural ao deslocamento dos povos aqueles que
são relativistas e reduzem toda moral a um fenômeno cultural fruto da pressão
social sobre a conduta individual?
E o pior da hipocrisia desses ativistas e ideólogos
do progressismo católico é que são capazes de, contraditoriamente, negar aos
venezuelanos, que querem fugir do inferno socialista bolivariano, o direito à
emigração, porque consideram a Venezuela como um modelo de realização do Reino
de Deus na terra.
Aquela excelente edição da vulgata latina
traduzida pelo Pe. Antonio Pereira de Figueiredo, publicada nos anos
cinquenta em 17 volumes, com notas explicativas de grandes exegetas, tem um
comentário notável sobre uma das passagens mais obscuras do livro do profeta
Ezequiel, uma passagem sobre a qual Doutor Máximo São Jerônimo preferiu
guardar silêncio. Trata-se dos capítulos 47 e 48, referentes à repartição da
Terra Santa e ao templo de Jerusalém. O profeta diz, em linguagem muito difícil
de entender, como seria a vida civil e religiosa de Israel após cativeiro
da Babilônia. E refere-se à divisão das terras, dizendo no versículo 22 do
capítulo 47: “E vós a sorteareis para vossa herança, juntamente com os
estrangeiros, que vierem ajuntar-se convosco, que tiverem filhos no meio de
vós: E vós os tereis como naturais entre os filhos de Israel: Repartirão
convosco a herança no meio das tribos de Israel.”
A nota explicativa dos citados versículos é
interessantíssima porque diz que tal repartição das terras e o modo com que
Deus no capítulo seguinte a delineia nunca foram executados pelos judeus
tornados de Babilônia ao seu país. Logo ela, ainda tomada á letra, não é senão
uma figura da tornada de toda a nação hebreia à herança da fé e da justiça que
ela perdeu. A nota acrescenta a seguir que nada do que diz o profeta Ezequiel
convém a uma cidade material nem a uma partilha sensível do pequeno país entre
o Jordão e o mar, que uma só tribo bem unida era capaz de encher. E diz ainda
que nada é mais próprio para significar a geral conversão de todos os judeus: o
seu igual ardor pela fé, o seu igual empenho por entrar na Igreja, o igual
cumprimento das promessas feitas a favor deles a Abraão.
E, na minha opinião, se o texto sagrado tem o
sentido que lhe razoavelmente dá a nota explicativa, o que o profeta diz sobre
a acolhida dos estrangeiros na Terra Santa se pode aplicar à conversão dos
gentios à única religião verdadeira, a Santa Igreja Católica.
É claro que existe um direito natural à
migração dos povos em busca de uma melhoria de condições de vida. É um direito
natural e divino, decorrente da destinação universal dos bens da criação.
Várias passagens da Sagrada Escritura o inculcam. Mas assim como da destinação
universal dos bens não deriva um regime comunista com a abolição do direito de
propriedade privada, assim também não deriva um governo mundial com a
consequente destruição das nações. É um direito a ser exercido dentro da lei e
segundo as regras da prudência política, como observa Aristóteles na sua Política.
Ademais, a todo direito corresponde um dever.
Ao direito de migrar corresponde, entre outros, o dever de respeitar as leis do
país acolhedor e um esforço sincero para integrar-se em seu ambiente cultural.
Pio XII, em sua mensagem comemorativa da encíclica Rerum
Novarum de 1941, disse: “Se ambas as partes, a que permite deixar a
terra natal e a que recebe os recém-chegados, se mantiverem lealmente solícitas
em eliminar quanto possa impedir a formação e desenvolvimento de uma verdadeira
confiança entre o país de emigração e o país de imigração, todos auferirão
vantagem de tal mudança de lugares e de pessoas.”
Mas infelizmente não é isto o que se observa
atualmente em vários países da União Europeia. De uma parte há o conhecido
perigo do terrorismo islâmico e um projeto de dominação política do maometismo.
De outra parte, a inépcia de uma União Europeia incapaz de lidar com um
problema que no fundo é de natureza religiosa. Sua concepção materialista da
vida, sua pretensão de impor a toda a sociedade uma verdadeira ditadura
laicista a impede de ver as consequências últimas do plano diabólico de
Nikolaus Kalergi.
Para remate destas considerações em torno de
um problema que angustia a todos que amam a velha Europa e tudo que ela
significa para a nossa fé e nossa civilização, volto à Bíblia do Pe.
Antonio de Figueiredo. A primeira nota do capítulo 48, sobre a divisão da Terra
Santa pelas doze tribos de Israel que Ezequiel profetiza, diz que tal divisão,
segundo os milenaristas, se cumprirá no fim do mundo.
Ora, o progressismo católico, especialmente
os adeptos da teologia da libertação, sonha com algo semelhante aos
milenaristas. A Igreja Católica seria sucedida por uma nova religião mundial,
que seria um amálgama de todas as tradições espirituais da humanidade, em uma
nova terra onde todas as fronteiras, cercas e divisas seriam abolidas.
É por isso que a Igreja modernista só quer o
diálogo inter-religioso, não quer a conversão dos gentios à fé católica (muito
menos ainda conversão dos judeus), e deturpa a profecia de Ezequiel.
Como se pode ver, esses hereges são capazes
de transformar a Palavra de Deus em palavra do demônio. E toda grande questão
política é, no fundo, uma questão religiosa.
Anápolis,
20 de fevereiro de 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de postar seu comentário sobre a postagem, leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Comentário que não tenha a identificação do autor (anônimo), ou sua origem via link e ainda que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgar pertinente o assunto. Como também poderá não ser publicado, mesmo com as identificações acima tratadas, caso o assunto for julga impertinente ou irrelevante ao assunto. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reserva o direito de publicar ou não qualquer comentário, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos. Comentários de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta do próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.