“Em
Paulo VI havia uma intenção ecumênica de eliminar, ou pelo menos de remover ou
atenuar, o que em uma missa era demasiado católico no sentido tradicional, com
o fim de aproximar a missa católica da missa calvinista”
Nota da Permanência: Apresentamos a
seguir um capítulo do livro “Cem anos de modernismo” (Cent ans de
modernsime. Généalogie du Concile Vatican II, Editions Clovis, 2003) do
padre Dominique Bourmaud, FSSPX.
Capítulo XXII
Há mais de um século que os Carbonários,
a maçonaria italiana, tinham planejado destruir o papado:
“O trabalho que empreenderemos não é
obra de um dia, nem de um mês, nem de um ano: pode durar vários anos, talvez um
século; mas em nossas fileiras morre o soldado e a luta continua… O que devemos
buscar e esperar, como os judeus esperam o Messias, é um Papa de acordo com
nossas necessidades… E este pontífice, como a maioria dos seus contemporâneos,
estará mais ou menos imbuído dos princípios humanitários que começaremos a pôr
em circulação… Quereis estabelecer o reino dos escolhidos sobre o trono da
prostituta da Babilônia? Que o clero marche sob o vosso estandarte, crendo
sempre marchar sob a bandeira das Chaves Apostólicas… Estendei vossas redes… no
fundo das sacristias, dos seminários, dos conventos… Tereis pregado uma
revolução de tiara e capa pluvial, marchando com a cruz e a bandeira, uma
revolução que não necessitará senão ser ligeiramente estimulada para atear fogo
em todos os extremos da terra”[1].
Na falta de um revolucionário de tiara
e capa pluvial, comparou-se Paulo VI com Moisés guiando o povo escolhido para
fora do Egito rumo à terra desconhecida da Promessa. Também é apresentado
freqüentemente como um Hamlet que terminou no trono de Pedro. Seu temperamento
indeciso resultava, talvez, da falta de uma formação intelectual sólida, uma
vez que Giovanni Battista Montini (1897-1978) não havia seguido seminário
algum... realidade ainda mais lamentável pelo fato de que seu pai, homem
influente, publicava uma revista de tom liberal. Deste fato procediam suas
utopias juvenis de que é possível colaborar com a esquerda mas não com a
direita[2]. Essas deficiências intelectuais não
faziam mais que aumentar, pelo predomínio que, nele, a imaginação tinha sobre a
realidade:
“Estou convencido de que um só de meus
pensamentos, um pensamento de minha própria alma, vale para mim mais que
qualquer outra coisa no mundo”[3].
Seu amigo Jean Guitton descreve-o muito
bem. Montini é mostrado como um homem moderno, e isto é o inusitado. Inusitado
porque os Papas, como guias e chefes da humanidade, não têm a obrigação de
assemelhar-se aos homens de seu tempo, principalmente ao homem desorientado do
nosso tempo. Este Papa não se contenta em pensar como nós, tarefa fácil para
uma inteligência, mas quer sentir, angustiar-se e sofrer como nós. Paulo VI
leva em sua natureza esta semelhança com o homem deste tempo, em suas
aspirações e até mesmo em seus tormentos[4]. Com semelhante mentalidade, o liberal que se
ignorava só tinha uma ambição: a união de todos os povos e de todas as Igrejas;
ambição para a qual estava disposto a sacrificar tudo. É ele quem fomentará
discretamente o modernismo junto a Pio XII, e posteriormente, com o amparo de
seu protetor João XXIII. Mas foi somente quando se tornou Papa que empreendeu a
aplicação sistemática da iconoclastia conciliar.
1. Os amigos
“Diga-me com quem andas e eu te direi
quem és”. Nada mais esclarecedor que este ditado para se compreender a este
indivíduo de personalidade dupla e inquieta, que trabalhou como substituto na
Secretaria de Estado na época de Pio XII. Grande admirador do modernismo, era o
único sacerdote que ousava freqüentar a habitação do conde Gallarati-Scotti,
condenado duas vezes pelo Santo Ofício. Dizia-se que tinha simpatia pelas
filosofias da Ação, popularizadas entre nós por Laberthonière, Blondel e Le
Roy. Tal afeição pelas extravagâncias modernistas é confirmada por seu
confidente, Jean Guitton:
“8 de setembro de 1969. O Papa elogia o
padre De Lubac. Enaltece seu espírito, a segurança e amplitude de sua
documentação. Surpreende-se de que alguns consideram-no ‘antiquado’.
28 de abril. O Papa fez-me grandes
elogios dos teólogos atuais. Cita Manaranche e De Lubac (a quem outorga a
palma), além de Congar e Rahner (a quem alguns consideram ser muito confuso), e
ao cardeal Journet (que lhe parece um pouco escolástico)”[5].
Coloca Blondel sob sua proteção:
“Vossa teologia sobre a ‘filosofia do
espírito cristão’… confirma-se como um monumento de elevada e benéfica
apologética: como não teria sido agradável vossa filial homenagem à Sua
Santidade? Assim, pois, vossas especulações filosóficas respeitosas da
transcendência do dado revelado, não deixam de dar fruto quando aplicam-se ao
conjunto dos mistérios da fé”[6].
Em nome de Pio XII, Montini aprovou a
obra de Blondel, que o próprio Papa condenaria pouco depois na encíclica Humani
generis.
Se Montini foi afastado da Cúria nos
últimos anos do pontificado de Pacelli, isto foi devido, em primeiro lugar, a
uma certa independência de julgamento e a demora de Montini em comunicar ao
Papa certos fatos, com a esperança de que, enquanto isso, as coisas
acalmar-se-iam um pouco[7]. Em
segundo lugar, deveu-se também ao fato que Montini havia estabelecido contatos
com Stalin, contra as orientações expressas do Papa, durante a Segunda Guerra
Mundial. Em 1954, mediante um relatório secreto do arcebispo de Riga,
prisioneiro dos soviéticos, Pio XII foi informado que, em seu nome, tinha
havido contatos com os perseguidores da parte de uma alta personalidade da
Secretaria de Estado. A amargura sentida pelo Papa foi tão profunda que sua
saúde ficou debilitada e ele resignou-se, dali em diante, a dirigir sozinho a
marcha dos assuntos exteriores do Vaticano[8].
A traição acentuou-se quando a
encíclica Humani generis foi publicada. Nela, Pio XII
condenava vigorosamente os erros modernistas do momento. Também havia ordenado
que os bispos e Superiores gerais vigiassem com o maior cuidado e com grave
encargo de consciência para que não se sustentassem as opiniões daquela
natureza nas escolas, reuniões e conferências[9]. Ora, Montini, a dois passos de se tornar Papa,
queria convencer seu amigo Jean Guitton que os erros condenados não eram mais
que “dois modos de pensar que poderiam conduzir a erros, mas que, em si mesmos,
continuam sendo respeitáveis. Ademais, há três razões para que a encíclica não
seja deformada. A primeira posso confiar: é a vontade expressa do Santo Padre.
A segunda é o estado de ânimo do episcopado francês, de espírito tão amplo, tão
aberto às correntes contemporâneas… Chego a minha terceira razão. Será breve:
os franceses são inteligentes”[10].
Outra vez Pio XII descobriu a traição e
tomou medidas disciplinares contra Montini, a quem afastou de Roma nomeando-o
arcebispo de Milão —promoveatur ut amoveatur —. Negou-se a dar-lhe
o chapéu cardinalício e nunca quis recebê-lo em audiência. Enquanto De Lubac
recebia as sanções do Santo Ofício e via seus livros serem denunciados, de
Milão chegavam-lhe palavras de adesão e de alento[11]. Montini foi criado cardeal pelo seu amigo João
XXIII, que lhe abriu, assim, o caminho ao papado, caminho este que lhe havia
sido fechado por Pio XII. Eleito Papa, Montini pode utilizar a autoridade
suprema a serviço das forças modernistas.
Mais ainda que João XXIII, ele abriu as
portas do Concílio aos novos teólogos. Estes passaram de 201 em setembro de
1962, para o significativo número de 480 ao término do Concílio, graças à
influência discreta de Paulo VI, que lhes mostrava sua aprovação recebendo-os
em audiências privadas, concelebrando com eles e enaltecendo sua colaboração[12]. Exerceu a mesma influência discreta sobre os
Padres conciliares, para que aprovassem a nova teologia condenada por Pio XII
poucos anos antes. O cardeal Daniélou via em Paulo VI um Papa liberal,
isto é, não tanto um Papa indeciso e sem convicção, mas ao contrário, um Papa
empenhado em defender as idéias liberais. Paulo VI sabia o que queria e usava o
artifício da discrição para desviar as reações previsíveis daqueles que se
opunham às suas idéias, como assegura o próprio Bugnini[13]. Na verdade, com uma firmeza metódica e tenaz, que
desmente uma lenda igualmente tenaz, Paulo VI guiava a barca de Pedro com a
proa dirigida imperturbavelmente para o modernismo ecumênico. Foi esta a tática
utilizada para dominar o padre Charles Boyer, reitor da Universidade
Gregoriana, e fazê-lo reabilitar tanto Teilhard de Chardin quanto De Lubac,
obrigando-o a convidar a este último para um congresso tomista[14].
Com esta mesma firmeza o Papa subjugou
toda a resistência dos exegetas, voltando a admitir alguns professores do
Instituto Bíblico, refúgio modernista sob a proteção do nefasto cardeal
Tisserant. Zerwick e Lyonnet, expulsos pelo Santo Oficio em 1961, recuperaram
triunfalmente suas cátedras de Sagrada Escritura em Roma graças a Paulo VI,
embora não tenham feito retratação de nenhum dos seus erros: a negação da
profecia messiânica de Isaías (7, 14), “Eis que a Virgem conceberá e dará a
luz…”; a recusa de entender a passagem da Carta aos Romanos (5, 12) no sentido
do pecado original, como o definiu o Concílio de Trento[15]; a negação do primado de Pedro em Mateus (16,
17-19), “Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas…”[16].
Congar tinha razão em dizer de Paulo VI
que falava à direita e agia à esquerda. Também abarrotou a Comissão Bíblica de
novos membros preparados para introduzir a Formgeschichte de
Bultmann. O Papa julgava com o mesmo erro modernista as distorções teológicas
de Hans Küng, que havia combatido ao seu lado durante o Concílio. Na verdade, a
condenação de Küng foi uma das mais benignas, pois lhe permitia continuar
ensinando[17]. Por outro lado, quando monsenhor
Lefebvre decidiu formar seus seminaristas de Écône na tradição católica, este
recebeu a suspensão a divinis e a ordem de dissolver a
Fraternidade São Pio X e o seminário em trinta dias, só porque era
antimodernista. Paulo VI, muito misericordioso com todos os que estavam à sua
esquerda, ressuscita a Inquisição e as condenações para os “integristas”. É
verdadeira a afirmação de que não há maior sectário que um liberal.
Depois de seu protetor João XXIII,
Paulo VI foi o promotor mais ardente da causa ecumênica. Acompanhado pelos
cardeais Bea, Frings e Liénart, acreditava que seu dever era abrir um caminho
novo para universalizar a Igreja, para torná-la aceitável ao mundo moderno tal
como é, com sua falsa filosofia, seus falsos princípios sociais e suas falsas
religiões. Parecia que esses homens tinham medo de toda a superioridade e de
todo exclusivismo. Eles têm medo de ser o sal da terra e a luz do mundo, porque
isto significa opor-se ao mundo. Sua falsa humildade leva-os a rejeitar tudo o
que constitui o orgulho dos católicos: o fato de pertencer à verdadeira
religião, a única religião sobre a terra que defende as leis do Decálogo, a
única que defende seus princípios de maneira racional e lógica, a única que
satisfaz a consciência humana por sua santidade e caridade. Não! Tudo isto deve
desaparecer. A utopia da união da humanidade, a fé no homem tal como é, crente
ou não, obnubilará o sucessor de Pedro a ponto de este sacrificar seu papel de
Vigário de Cristo. Abandonará o primado da verdade e o primado do Papa. Desta
forma, pôde desprezar também o primado de Jesus Cristo e da Igreja.
2. Abandono do primado da fé
O maior abandono é, sem dúvida alguma,
o do primado da verdade e das verdades de fé. A abdicação da autoridade foi
patente com o Catecismo holandês, que deveria ser melhor chamado de Catecismo
das heresias, pois negava os anjos, o sacerdócio, a Encarnação e a Presença
Real de Cristo na hóstia consagrada. Roma deixou que este catecismo circulasse
pelo mundo, com a única condição de que fosse acrescentado no apêndice o
decreto de condenação romana! Tão grave renúncia ao dever de proteger a fé
ocorrerá novamente com a edição do catecismo dos bispos franceses, Pedras
vivas, publicado sub-repticiamente antes de receber a aprovação romana.
Depois de ter falado da «miséria da nova catequese» e da «degradação» com
respeito a este catecismo infectado de heresias, o que desencadeou uma
indignação episcopal, o cardeal Ratzinger retirou sua crítica imediatamente,
dando a entender que somente queria falar da situação global da catequese, e
não censurar o trabalho catequético na França. Os bispos franceses puderam
então cantar vitória[18].
Na verdade, muito antes de infiltrar a
catequese, o ensino revolucionário já havia infectado as universidades e os
seminários. O cardeal Decourtray confessa que, desde os anos 50 e 60, a escuta
e o diálogo eram moeda corrente na Igreja e particularmente nos seminários da
França. Os professores das universidades também foram totalmente surpreendidos
pela tempestade de técnicas e ideologias, inclusive a de laicização.
Praticava-se sobretudo a dinâmica de grupo e a aprendizagem dos sistemas
modernos de informação, que iam desde a expressão livre até às técnicas de
programação computacional[19]. Em
poucas palavras, a lavagem cerebral funcionava maravilhosamente bem, mais ainda
quando Teilhard era o autor mais lido, tanto nos seminários como nas lojas
maçônicas[20]. Depois de tudo isso, como
surpreender-se que os clérigos e os professores tenham perdido a referência das
referências que é a fé católica?
Como se não fosse suficiente a
sabotagem das instituições e do ensino, os modernistas atacaram a Sagrada
Escritura, e quiseram colocar nas mãos dos fiéis uma Bíblia de acordo com suas
fantasias tantas vezes condenadas. Esta é a razão de ser da nova Bíblia chamada
“ecumênica”. O que é uma Bíblia ecumênica se não uma tradução
fraudulenta com notas infestadas de indiferentismo? Não é difícil imaginar a
parcialidade e quantidade de fatos e informações deixadas de lado nas passagens
consideradas “muito católicas”. Também a palavra de Deus deveria ceder ante as
exigências dos “irmãos separados”. Deus e sua palavra incomodam.
As publicações deste tipo poderiam
multiplicar-se e negar as doutrinas da Igreja com total impunidade, porque o
Papa suprimiu o Índice dos Livros proibidos em 1965 e extinguiu o Santo Oficio,
seguindo ao pé da letra a agenda modernista que exigia a dissolução da
autoridade: reforma das Congregações romanas, principalmente as do Santo Oficio
e do Índice[21]. Já chega de condenações e de
processos judiciais! O homem moderno é responsável e maduro o bastante para
julgar por si mesmo. De agora em diante, o Papa nega-se a condenar qualquer
coisa, e os fiéis têm de seguir o caminho da Igreja completamente e por amor, bastando
que se lhes mostre o conteúdo da fé e a natureza da moral[22]. Da mesma maneira, o Santo Oficio, transformado a
partir de então em Congregação para a Doutrina da fé, vê-se legalmente
paralisado para condenar os casos de notória heresia, pois o procedimento
inquisitorial secreto tornou-se proibido. A Congregação deve, a partir de
então, usar o procedimento judicial ordinário, o que impede praticamente toda
decisão concludente, mais ainda quando os incriminados contam com protetores
poderosos. Esta é a razão pela qual, depois de 1968, tão poucas condenações
tenham sido pronunciadas contra as obras dos hereges, que pululam impunemente.
Tal é o caso de Hans Küng, apoiado pelos bispos suíços e alemães. Também é a
situação do padre Léon-Xavier Dufour, professor de exegese em Fourvière, que
negava a ressurreição de Cristo e foi protegido por seus colegas jesuítas. Em
virtude disto, a atividade papal ficou reduzida à metade, pois sua finalidade
não é somente propagar o depósito revelado, mas também defendê-lo contra os
ataques inimigos. Ora, de que vale um exército quando o inimigo sabe que ele
carece totalmente dos meios de defesa?
3. Abandono do primado do Papa
Junto com o primado da fé, o primado do
Papa foi também objeto de reiterados ataques depois do Concílio. Na verdade, o
primeiro antipapista era o próprio Papa. A partir de 1967, ele mesmo
lastimava-se de que o primado impossibilitava o ecumenismo[23]. Desta ideia passará rapidamente à execução,
renunciando ao seu poder de Vigário de Cristo. A disputa entre o Papa e as
conferências episcopais aconteceu por ocasião da publicação da encíclica Humanae
Vitae. O Papa nomeou uma comissão para estudar o problema da licitude da
pílula anticoncepcional, com um prazo de dois anos para decidir, como se o
assunto não tivesse sido já definitivamente resolvido pela Igreja há tempos.
Alguns bispos americanos aproveitaram o prazo para encorajar o uso de
contraceptivos. A encíclica foi publicada finalmente em 1968 para pôr um fim à
disputa. Este ato reafirmava a autoridade do Papa acima de qualquer coisa:
nenhum fiel podia negar que a autoridade do ensino da Igreja era competente
para interpretar a lei natural. Humanae Vitae tornou-se por
esta razão o ato mais importante do pontificado de Paulo VI, porque agia contra
o parecer da Comissão dos teólogos e contra os "sinais dos tempos",
colocando-se em uma situação incômoda nada menos que doze hierarquias
contestadoras. O princípio da colegialidade, ou seja, a
corresponsabilidade, permitia teoricamente que todos pudessem julgar tudo, até
mesmo as decisões papais. O episcopado francês, seguido de perto pelos
holandeses e pelos canadenses, deu sua versão da Humanae Vitae.
Afirmava que, no caso de conflito de deveres, a consciência poderia buscar
diante de Deus qual dever é maior em cada circunstância, e que o dever moral
deveria ceder sempre que encontrasse uma dificuldade humanamente insuportável.
Tudo isto era conseqüência de uma exegese tortuosa, em flagrante delito de
oposição com a encíclica, que declarava com todas as letras que um ato
essencialmente desordenado nunca poderia ser lícito[24].
Este único ato de autoridade do Papa, e
a tempestade que desencadeou no mundo inteiro, foram para ele uma experiência
tão dolorosa que se negou a repeti-la. O tumor da abdicação papal abriu-se com
o concílio pastoral da Holanda, que reuniu uma enorme assembléia de fiéis na
presença dos bispos. Noventa por cento dos membros votaram pela abolição do
celibato sacerdotal, o emprego de sacerdotes secularizados para as funções de
pároco, a ordenação de mulheres e o direito dos bispos a ter voz deliberativa
nos decretos do Papa. A resposta do Papa à esta assembléia é típica do
pontificado de Paulo VI. O olho vê o dano, mas a mão não aplica o remédio à
raiz do mal. O Papa disse que algumas proposições doutrinais aceitas pelos
bispos deixaram-no perplexo e merecem sérias reservas. Perturba-o profundamente
o fato de que o Vaticano II tenha sido citado tão poucas vezes, e que as
proposições não parecem estar em consonância com os atos conciliares e papais.
Embora os bispos estivessem confabulados, em vez de exigir deles que
reafirmassem a fé nos pontos em litígio, Paulo VI continuou:
“Nossa responsabilidade de Pastor da
Igreja universal Nos obriga a perguntar-lhes com toda a franqueza: O que
pensais que Nós poderíamos fazer para ajudá-los, para reforçar vossa
autoridade, para que possais superar as atuais dificuldades da Igreja da
Holanda?”[25].
Este rebaixamento diante dos holandeses
significou a abdicação completa da autoridade dali em diante, a tal ponto que a
22 de junho de 1972 o Papa admitiu abertamente:
“Talvez o Senhor me chamou a este
serviço não porque eu tenha aptidões, ou para que governe e salve a Igreja nas
presentes dificuldades, mas para que eu sofra algo pela Igreja, e apareça claro
que é Ele, e ninguém mais, quem a guia e a salva”[26].
A partir deste momento aconteceu a
abdicação de fato. No lugar de leis obrigatórias, Roma contentou-se com simples
conselhos e orientações. Em vez de corrigir o erro e separar os hereges dos
fiéis, o Vaticano praticou a política da avestruz, particularmente em matéria
litúrgica. E foi justamente neste ponto que muitos sacerdotes faziam o que
queriam. As iniciativas tomadas sem autorização estavam fora de controle. O
Papa, nestes casos, cedia freqüentemente contra sua vontade[27]. Foi deste modo como os bispos franceses impuseram
ilegalmente a prática do recebimento da comunhão na mão e forçaram sua extensão
ao mundo inteiro. Com esta fobia à autoridade, própria dos liberais, Paulo VI
imaginava que a melhor atitude era entregar o governo da Igreja a outras mãos.
De fato, a reestruturação da Cúria pontifícia colocou todas as Congregações
romanas sob o controle do Secretário de Estado, que desde então poderia agir
como o verdadeiro chefe, enquanto o Papa foi relegado ao plano de monarca
honorário[28].
Se a análise que apresentamos dos fatos
históricos do pontificado de Paulo VI (repetidos posteriormente no pontificado
de João Paulo II) é correta, parece que podemos tirar sem dificuldade a
seguinte conclusão: o Papa, desde a Humanae Vitae, já não voltou a
usar sua infalibilidade para decidir sobre temas abertos em matéria dogmática
ou moral, uma vez que já não lhe restavam forças para opor-se às decisões das
conferências episcopais, que faziam contrapeso. O que vale para a doutrina
ortodoxa vale com maior razão para a doutrina heterodoxa. Esta conclusão, por
si só, destrói um dos principais argumentos utilizados pelos sedevacantistas[29].
4. Abandono do primado de Jesus Cristo
e da Igreja
Depois do primado da verdade e do Papa,
Roma abandonou intencionalmente o primado de Jesus Cristo, Rei das sociedades.
O abismo que separa São Pio X de Paulo VI pode ser avaliado com as duas
passagens da Sagrada Escritura sobre o Reino de Cristo. Negligenciando o lema
de São Pio X: “Restabelecer tudo em Jesus Cristo”[30], os homens da Igreja inclinaram-se a seguir o
vociferar dos judeus no momento da Paixão: “Não queremos que Ele reine!”[31], rejeitando de fato o Reino de Cristo na terra.
Esta política romana consiste em suprimir os últimos Estados católicos para
contentar-se com o direito comum. Depois da Espanha, Colômbia e algumas regiões
suíças, chegou a vez da Itália. Paulo VI, em 1976, preparou o tratado de 1984
para revogar o artigo que especificava que a Itália reconhecia a religião
católica como a única religião do Estado[32]. O que Paulo VI pedia era que a Igreja católica
fosse reconhecida como uma forma de expressão religiosa importante na história
da Itália, e nada mais[33].
Tamanho abandono do primado de Cristo Rei na sociedade deveria abrir as portas
para as medidas laicistas que se difundiram em países outrora cristãos: o
divórcio e o aborto por decisão unilateral do Estado, o ensino
não-obrigatório do catecismo nas escolas. Como não mencionar, ademais, a
traição de Roma aos católicos dos países comunistas? Deste modo, Paulo VI
afastou o cardeal Mindszenty das suas funções de primaz da Hungria para agradar
as autoridades locais. Também mostrou sua simpatia pela Igreja católica
cismática da China condenada por Pio XII em 1956. Além disso, ajudou a Colômbia
a apoiar os camponeses e indiretamente os guerrilheiros.
Também abraçou o agente da KGB, Atenágoras, levantando-lhe a excomunhão[34]. Ademais, foi feita uma infinidade de contatos
entre Casaroli e o governo soviético, que serviram à causa comunista. Os
católicos perseguidos ainda esperam os frutos tangíveis desta Ostpolitik de
míopes.
Finalmente, Paulo VI abandonou o
primado da Igreja católica, fora da qual ninguém pode se salvar[35]. O espírito ecumênico do Concílio é compreendido
em um duplo sentido: empobrecimento das riquezas da Igreja e abertura
desenfreada oferecida aos hereges. Quanto às riqueza da Igreja, falamos
sobretudo da Santa Missa e da vida consagrada. A Missa é o coração da vida
cristã. Pois bem, foi aniquilada com a chegada da missa nova, como o declara
cinicamente seu arquiteto, Aníbal Bugnini[36]. O Papa, na alocução aos membros do Consilium,
que incluía seis observadores não católicos, reprova o Concílio de Trento por
ter eclipsado a mais antiga tradição[37]. Jean Guitton explica o pensamento de seu ilustre
amigo:
“Em Paulo VI havia uma intenção
ecumênica de eliminar, ou pelo menos de remover ou atenuar, o que em uma missa
era demasiado católico no sentido tradicional, com o fim de aproximar a missa
católica da missa calvinista”[38].
Com este critério, compreende-se que
a Institutio generalis Missalis Romanum apresente
uma definição protestante da missa:
“A Ceia do Senhor, ou Missa, é a
assembléia sagrada ou congregação do povo de Deus, reunido sob a presidência do
sacerdote para celebrar o memorial do Senhor. Daí ser eminentemente válida,
quando se fala da assembléia local da Santa Igreja, aquela promessa de Cristo:
‘onde se acham dois ou três congregados em meu nome, aí estou eu no meio deles’
(Mt 18,20)”[39].
A missa nova é equívoca porque semeia a
dúvida sobre o sacerdócio do padre, considerado, agora, apenas como o animador
de uma multidão; sobre a Missa, como ato sacrificial rebaixado a uma simples
comemoração (proposição condenada pelo Concílio de Trento), e sobre a presença
real de Cristo, negada pelos protestantes. Esta ambigüidade pode ser vista em
todos os aspectos. Pelo lado católico, os cardeais Ottaviani e Bacci escreveram
imediatamente ao Papa que o novo Ordo missae afastava-se de
modo impressionante, tanto em seu conjunto como em seus detalhes, da teologia
católica da Santa Missa, tal qual havia sido formulada na sessão de XXII do
Concílio de Trento, que, ao fixar de maneira definitiva os cânones do rito,
levantou uma barreira intransponível contra toda heresia que pudesse atentar
contra a integridade do mistério[40]. Pelo lado protestante, Max Thurian, da comunidade
Taizé, declara:
“Um dos frutos da reforma litúrgica
será possivelmente que as comunidades não católicas poderão celebrar a santa
Ceia com as mesmas orações que a Igreja católica. Teologicamente é possível”[41].
Isto não era possível, evidentemente,
com o rito tradicional. Siegwalt, professor de dogmática na faculdade
protestante de Estrasburgo, entre outras considerações, diz também que
“não há nada na missa renovada que
possa incomodar realmente ao cristão evangélico. Resta saber se este rito ainda
pode ser chamado de missa católica”[42].
A mesma demolição que ultraja a nossa
missa paralisa também a vida consagrada. Naturalmente, os sacerdotes são as
primeiras vítimas da missa ecumênica. A crise sacerdotal é surpreendente e não
tem paralelo na história da Igreja, não tanto porque as defecções alcançam proporções
inimagináveis, nem porque se formalizem massivamente, mas principalmente porque
os próprios sacerdotes parecem renunciar a seu caráter sagrado. O
sacerdote perdeu sua identidade. Do mesmo modo, o furacão conciliar difunde um
espírito democrático que ataca frontalmente a vida religiosa. Depois do
Concílio, todos os institutos religiosos tiveram que reunir capítulos
extraordinários para reescrever suas constituições e regras. O santo Padre Pio
não olhou com muita benevolência estas inovações:
“Mas o que estais fazendo em Roma? O
que estais tramando? Quereis mudar inclusive a regra de São Francisco!”.
As verdadeiras reformas religiosas
sempre ocorreram no sentido do fácil ao mais difícil. Agora, ao contrário, a
lei geral é o espírito de independência. Os religiosos destroem a autoridade do
Superior geral em benefício de uma assembléia democrática; exterminam a
clausura e a estabilidade monacal; destroem a vida de comunidade para estar
«cada um na sua»; perdem principalmente o espírito de consagração ao serviço de
Deus para consagrar-se ao serviço do homem, ou pior, da humanidade. O cardeal
Daniélou não vacila em falar de decadência religiosa. As estatísticas estão aí,
inelutáveis, mostrando que em dez anos de período pós-conciliar a Igreja tinha
perdido um quarto do contingente religioso, enquanto que o recrutamento
aproximava-se do zero absoluto. O fracasso moral da Igreja modernista e a
licenciosidade espiritual, intelectual e moral, não são obviamente o clima
ideal para inspirar às almas generosas.
Se as forças vitais da Igreja são
neutralizadas por Paulo VI, isto é decorrente, sobretudo, da insistência em sua
ideia fixa: o ecumenismo a todo custo. Aqui vê-se, em toda sua profundidade, o
abandono do primado da Igreja católica: levantamento da excomunhão dos
cismáticos orientais, sem impor-lhes nenhuma abjuração; envio do anel papal a
Ramsey, leigo, maçom e herege, que concede sua bênção junto com o Papa;
promulgação do decreto sobre a hospitalidade eucarística para os protestantes;
concelebração de pastores anglicanos no Vaticano; entrega do estandarte de
Lepanto aos muçulmanos; supressão da exigência do batismo católico das crianças
nos matrimônios mistos. Havia neste Papa um prurido ecumenista, uma verdadeira
“ecumania” de querer reunir todas as Igrejas e todas as religiões,
como se ele nunca tivesse lido o juramento multissecular que é feito durante a
coroação papal, e que estipula:
“Se chegar a trair a Tradição recebida
de meus predecessores, não seja Deus, para mim, um Juiz misericordioso no Juízo
Final”.
Desgraçadamente, Paulo VI não seguiu os
sábios conselhos de São Pio X. Este ensinava, com toda razão, que a verdade
abomina a simulação e que é necessário desdobrarmos nossa bandeira. Só por meio
da honestidade e sinceridade poderemos fazer algum bem, ainda que sejamos
atacados e visados pelos inimigos.
* * *
Apesar de suas tendências otimistas, no
dia 7 dezembro de 1968, Paulo 7 confessou sua angústia perante o desastre
conciliar:
“A Igreja encontra-se em uma hora
inquieta de autocrítica ou, melhor, de autodemolição. É como uma inversão aguda
e complexa que ninguém esperava que ocorresse depois do Concílio… A Igreja está
praticamente golpeando-se a si mesma”[43].
Estas últimas palavras revelam a origem
do mal, mas o Papa não quer perceber isto. No dia 29 de junho de 1972, Paulo VI
emite um julgamento idêntico:
“Por alguma fissura foi introduzida a
fumaça de Satanás no templo de Deus: a dúvida, a incerteza, a problemática, a
inquietude, a insatisfação saíram à luz… O que aconteceu? Confiamos-vos nosso
pensamento: trata-se de um poder adverso, o Diabo, este ser misterioso, inimigo
de todos os homens, este algo sobrenatural que veio envenenar e secar os frutos
do Concílio ecumênico”[44].
Na verdade, o Diabo não poderia ter
feito grande coisa se já não se tivesse instalado uma Contra-igreja, se não
fosse auxiliado pela maçonaria, com seus fins satânicos e secretos sem dúvida,
mas também, e principalmente, sem a ajuda de alguns de seus seguidores
instalados dentro da própria Igreja. Ora, é difícil negar que Paulo VI, depois
de João XXIII, tenha mantido amizades com as sociedades secretas. Montini,
antes de 1950, teria predito ao padre Morlion que em menos de uma geração as
duas sociedades fariam as pazes[45]. Já falamos dos reiterados encontros do cardeal
Bea com a B'nai B'rith de Nova Iorque, que tanto influíram no decreto
conciliar Nostra Aetate. O Papa acompanhava e encorajava os
encontros, inclusive os públicos, com os altos representantes maçônicos, a fim
de chegar a um acordo público de modelo “ecumênico” entre a Igreja e a maçonaria[46]. Seria preciso falar também dos apoios
incondicionais dados às organizações de orientação maçônica, como a Organização
das Nações Unidas.
Se todos estes fatos são históricos, se
eles são confirmados pelo trabalho perseverante de demolição de todos os
valores da Igreja, então não surpreenderá a ninguém a angústia que nos consome
ao ler o discurso de Paulo VI na conclusão do Concílio. Nele, o Papa diz sentir
uma simpatia imensa pela Contra-igreja, ou seja, definitivamente, pela Igreja
luciferina:
“A religião do Deus que se fez homem
encontrou-se com a religião (porque o é) do homem que se faz Deus. O que
aconteceu? Um choque, uma luta, uma condenação? Tudo isto poderia ter-se dado,
mas não aconteceu. A antiga história do samaritano foi a regra da
espiritualidade do Concílio. Uma simpatia imensa invadiu-o completamente”[47].
Este texto[48], um marco importante do próprio Concílio, o é
ainda mais porque parece dar uma chave para decifrar o enigmático pontificado
de um Papa não menos enigmático. Paulo VI, desgraçadamente, não serviu a religião
do homem que se faz Deus mais que a religião do Deus que se
fez homem?
Tradução: Ricardo Bellei
[1] Monsenhor Delassus, La conjuration
antichrétienne, III, pp. 1040-1046; Ploncard d´Assac, La Iglesia
ocupada, p. 71.
[2] Frappani-Molinari, Montini giovane.
Ver a revista Courrier de Rome, março de 1994, que fala das
relações entre o cardeal Siri e monsenhor Montini, filocomunista.
[3] Amerio, Iota unum, número 78.
[4] Jean Guitton, Dialogues avec Paul VI,
pp. 133-134.
[5] Guitton, Paul VI secret, pp. 110,
141, em Courrier II, p. 82.
[6] Documentation catholique, 8 de julho
de 1945, col. 498-499, em ibid.
[7] Martina, Vatican II, bilan et
perspectives, p. 39, em ibid.
[8] Monsenhor Roche, Pie XII devant
l’Histoire; cf. acordos Montini-Stalin de 1942, revista Courrier de
Rome, setembro de 84, abril de 1986, abril de 95.
[9] Humani generis.
[10] Guitton, Paul VI secret, na
revista Courrier de Rome, julho-agosto de 1993.
[11] Von Baltasar, Henri de Lubac, em
Courrier II, p. 90.
[12] Latourelle, em Martina, introdução, ibid.,
p. 91.
[13] Bugnini, La reforma liturgica,
Centro Liturgico Vincenziano, 1983, pp. 297-299.
[14] Ver o capítulo 15.
[15] "Por isso, como por um só homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero
humano, porque todos pecaram".
[16] "Jesus então lhe disse: Bem-aventurado
és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou
isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra
ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus".
[17] Küng queria que o cristão fosse, ao mesmo
tempo, "católico" (universal) e "protestante" (crítico).
Para ele, além da negação da divindade de Jesus Cristo, era necessário
"mudar a forma de comando da Igreja, o modo de eleição do Papa e dos
bispos, o celibato obrigatório, a participação dos leigos, a ordenação das
mulheres, a liberdade de conciência moral, inclusive em matéria de
anticoncepção" (cf. Molnar, Le Dieu immanent, p. 96).
[18] La Croix, 19 de março de 1983.
[19] Monsenhor Defois, reitor da Universidade
Católica de Lyon, Osservatore romano da língua francesa, 4 de
outubro de 1988, na revista Action familiale et scolaire, "Le
modernisme", pp. 77-78.
[20] Yves Marsaudon, L’œcuménisme vu par
un franc-maçon de tradition, Vitiano, París, p. 60.
[21] Citado por São Pío X na encíclica Pascendi.
[22] Prólogo de Paulo VI ao Motu proprio Integræ
servandæ, aos 7 de dezembro de 1965, em Documentation catholique,
1966, número 1462.
[23] Em 30 Jours, março de 1993, p.
70.
[24] Amerio, Iota unum, número 63.
[25] Osservatore romano, 13 de janeiro de
1970, em Amerio, Ibid., número 64.
[26] Amerio, número 65.
[27] Cardeal Gut, Documentation catholique,
número 1551, p. 18.
[28] Ver Regimini Ecclesiæ universæ,
de 15 de agosto de 1967, sobretudo os artigos 18-28; e Pastor bonus de
15 de agosto de 1988, que retoma o documento precedente.
[29] Segundo os sedevacantistas, a cátedra de
Pedro está vacante porque Roma ensina a heresia em decretos magistrais. Tais
descretos, se procedessem realmente do Papa, deberiam ser infalíveis. Porém, a
primeira condição da infalibilidade pontifícia é a vontade de obrigar a Igreja
universal, vontade esta que desapareceu de fato desde 1968.
[30] Ef 1, 10.
[31] Lc 19, 14.
[32] Osservatore romano, 23 de dezembro de
1976.
[33] Em um discurso de 24 de dezembro de 1965, o
Papa considera a Igreja católica como fermento de distinção mas não de divisão
entre os homens, distinção que é «do mesmo gênero que a encontrada na
linguagem, na cultura, na arte e na profissão».
[34] O autor faz referência à excomunhão que
permanecia desde o Cisma do Oriente ocorrido em 1054. (Nota do Tradutor).
[35] IV Concílio de Latrão.
[36] «Trata-se de uma restauração fundamental, de
uma refundição e, em alguns pontos, de uma verdadeira criação nova» (Documentation
catholique, número 1493, 7 de maio de 1967).
[37] Jean Guitton, Paul VI secret, p.
158.
[38] Jean Guitton, 19 de dezembro de 1993.
[39] Institutio generalis missalis romani,
3 de abril de 1969, 1ª edição, em Nuevas normas de la Misa, BAC,
1969, pp. 83.
[40] Bref examen critique, em
Salleron, La nouvelle messe, p. 104.
[41] La Croix, 30 de maio de 1969.
[42] "L’intercommunion", Documentation
catholique, número 1555, 18 de janeiro de 1970, p. 96. O irmão Roger, de
Taizé, disse que a missa nova segue a estrutura da Ceia luterana. Davies,
em Pope Paul’s New Mass, comprova que se parece a do rito anglicano
de Cranmer, mas que na realidade exalta, principalmente, o homem (pp. 137 e
ss.).
[43] Em Amerio, Iota unum, número 7.
[44] Em Amerio, Ibid.
[45] Y. A. Ferre Benimeli, G. Caprile, Massoneria
e Chiesa cattolica, p. 91, em Courrier I, p. 417.
[46] Rosario Esposito, Le grandi
concordanze fra Chiesa e massoneria, op. cit., p. 420, em
Courrier I, p. 418.
[47] Enchiridion vaticanum, em Courrier I,
p. 416; Vaticano II, historia, doctrina, documentos, p. 1295.
[48] No site do Vaticano, há uma pequena variante
da citação acima: “A religião, que é o culto de Deus que quis ser homem, e a
religião — porque o é — que é o culto do homem que quer ser Deus,
encontraram-se. Que aconteceu? Combate, luta, anátema? Tudo isto poderia ter-se
dado, mas de facto não se deu. Aquela antiga história do bom samaritano foi
exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. Com efeito, um
imenso amor para com os homens penetrou totalmente o Concílio”, cf: http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651207_epilogo-concilio_po.html.
(N. do T.).
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