"QUE
OS ERROS DÊEM LUGAR À VERDADE E OS VÍCIOS À SAÚDE"
«PRM:
Um artigo bastante antigo, mas actual, por isto que republica-se. (Bem, o nosso
acto de republicar não tem nada a ver com o republicanismo.) É actual, por
causa do Mundial, o que demonstra que a bola é a religião oficial do Portugal.
Uma religião de bidé, que nestes dias preocupa exclusivamente o cérebro desta
malta pós-moderna.»
Escutemos o Papa Leão XIII, em excertos da sua
encíclica “Humanum Genus”, promulgada em 20 de Abril de 1884:
«Recomendamos
vivamente à vossa Fé, a juventude, ESPERANÇA DO CONSÓRCIO HUMANO. Ponde a maior
parte dos vossos cuidados na boa educação dela, e nunca julgueis ter vigiado e
feito o bastante para manter afastada a jovem idade daquelas escolas e daqueles
mestres dos quais se possa esperar A INSPIRAÇÃO PESTILENTA DAS SEITAS.
Fazei com que
os pais, os directores espirituais, os párocos, ao ensinar a doutrina Cristã,
nunca se cansem de admoestar oportunamente os filhos e os alunos SOBRE A
NATUREZA MÁ DE TAIS SEITAS, PARA QUE APRENDAM DESDE CEDO AS ARTES DOLOSAS E
VARIADAS QUE COSTUMEIRAMENTE SÃO USADAS PARA ENREDAR O POVO PELOS SEUS
PROPAGANDISTAS. Especialmente, os que preparam os adolescentes para a primeira
Comunhão, farão obra boa se os levarem ao propósito e à promessa de não dar seu
nome a nenhuma sociedade, sem que os pais o saibam, ou sem o aconselhamento do
pároco ou do confessor.
Também
sabemos que os nossos esforços não serão suficientes para erradicar essa
semente perniciosa do campo do Senhor, se o Celeste Padroeiro da Vinha não nos
socorrer ampla e abundantemente. Precisamos, pois, implorar com fervor ardente
e ansioso a Sua poderosa ajuda, proporcionada à gravidade do perigo, e à
grandeza da necessidade.
Ensoberbecida
pelos seus grandes sucessos, a maçonaria torna-se insolente, e parece não
querer mais pôr limites à sua pertinácia. Em todos os lugares, como que unidos
por iníquo entendimento e unidade oculta de propósitos, seus seguidores
ajudam-se mùtuamente e estimulam-se entre si a ser mais ousados no mal. A um
assalto tão forte, deve opor-se defesa mão menos vigorosa, queremos dizer que
todos os bons se devem unir num grandíssimo entendimento de acção e oração.
Portando, pedimos-lhes duas coisas: A primeira, que unânimes, e de fileiras
cerradas, com pé firme resistam ao ímpeto crescente das seitas; a segunda, que
levantando, com muitos gemidos, as mãos suplicantes a Deus, implorem
insistentemente, que o cristianismo prospere e cresça vigoroso; que a Santa
Igreja obtenha a liberdade necessária; que os transviados voltem à saúde, QUE
OS ERROS DÊEM LUGAR À VERDADE E OS VÍCIOS À SAÚDE.»
Assinalemos, antes do mais, a definição do conceito de
jogo, como sendo uma estrutura de competição, inventada por analogia extrínseca
com a realidade. Efectivamente, a função lúdica é perfeitamente legítima e até
necessária ao homem. Nessa perspectiva, nada impede que as pessoas e as equipes
joguem futebol, como qualquer outro desporto, excepto o boxe. O grande óbice
reside no facto da miséria humana haver projectado uma estrutura lúdica – e
como tal extrínseca ao fluxo vital – para o âmago desse mesmo fluxo, com todo o
dramatismo inerente; quer dizer que UMA REALIDADE DESTINADA A RECREAR AS
PESSOAS DA CANSEIRA DA VIDA QUOTIDIANA – TORNOU-SE PARTE INTEGRANTE DESSA MESMA
VIDA QUOTIDIANA. ISTO ACONTECEU PREPONDERANTEMENTE COM O FUTEBOL, NA EUROPA E
AMÉRICA LATINA. Nos Estados Unidos terá sucedido o mesmo com o basquet e com o
denominado futebol americano, mas de forma menos acentuada.
Anàlogamente, os Jogos Olímpicos, tal como terão sido
concebidos pelo Barão Pierre de Coubertin, vêm progressivamente a ser
corrompidos pelo profissionalismo, pelo doping e pelo nacionalismo político,
inimigo profundo de todo o são patriotismo, sempre ensinado pela Santa Madre
Igreja.
É todavia no futebol que a grande miséria da condição
humana mais se faz sentir; e não apenas nas grandes competições nacionais e
internacionais, tal miséria manifesta-se muito especialmente no quotidiano
futebolístico, nos seus enredos, nas suas torpezas morais, nas suas fraudes,
nos imoderados festejos e nos ódios que faz disparar.
No futebol está presente, mesmo entranhado no seu ser
mais profundo, aquilo que denominamos mimetismo nominalista, ou seja, a
hegemonia, puramente mecânica e automática, da representação social
momentaneamente mais forte. Tal só sucede porque o futebol é um jogo de
massas, comprometendo todas as forças constitutivas da pressão social,
integrando-as no drama da vida real, quotidiana, como se a ela originalmente
pertencessem.
Nada se afigura mais perigoso, mais letal, do que as
massas ululantes, completamente desprovidas de senso crítico, e menos ainda de
senso moral. À excepção da (baixa) política, muito difìcilmente se encontra uma
área onde seja tão nítida a corrupção da inteligência pela má intenção moral. A
objectividade das jogadas é completamente falsificada pela posição subjectiva,
de má fé, de quem as aprecia; uma mesma jogada é, ou não é, falta, se é
realizada pela equipa adversária, ou pela nossa equipa. Quem escreve estas
linhas, desde a sua infância, testemunhou no futebol uma das mais repulsivas
demonstrações de mediocridade humana; não, como se referiu, pela actividade
lúdica em si mesma, mas pela miséria moral que incorpora.
Outro aspecto particularmente degradante deste
DESPORTO QUE HÁ MUITO O DEIXOU DE SER, concretiza-se nos SALÁRIOS IMORAIS,
auferidos por certos jogadores e treinadores; e imorais, porque medularmente
desproporcionados ao valor social que esses ofícios possuem, considerando esse
valor social segundo rectos critérios de apreciação. Evidentemente, o valor
social de um bem ou de um serviço varia imenso com os padrões morais segundo os
quais é apreciado. Boa parte dos bens e dos serviços integrantes da civilização
pós-Cristã são moralmente indignos e por isso não constituem valores mas
anti-valores, um mal árduo contra o qual é necessário combater. O futebol, na
sua legítima função lúdica, que há muito perdeu, não é susceptível de
constituir funções com o valor social que infelizmente lhes é atribuído, de
forma progressivamente alarmante. Nos últimos cinquenta anos, intensificou-se a
mediocridade no meio futebolístico, na MESMA PROPORÇÃO, em que cresceram os
salários; tal é perfeitamente visível em Portugal, onde a qualidade moral de,
jogadores, treinadores, e dirigentes de clubes, tem decaído imenso. O futebol
está transformando-se numa mafia, onde vigora a lei da cumplicidade geral da
mediocridade intelectual e moral, na exacta medida em que os homens esterilizam
a sua inteligência na mesma medida em que se corrompem moralmente.
As leis psicossociais do futebol ilustram-nos
sobremaneira sobre as origens das guerras civis bem como das guerras
internacionais. A Santa Madre Igreja sempre ensinou ser o pecado, original e
actual, o princípio de todas as guerras, pois que a presença do mal neste mundo
é maciça e indelével. Na realidade, a guerra nasce da miséria moral dos homens,
da sua avidez pelos bens terrenos, do seu egoísmo, da sua mentira, da sua
inveja, da sua hipocrisia, da sua crueldade, e tudo isto imputável à total
ausência da Graça Santificante, e até mesmo de qualquer rectidão moral na Ordem
natural. Efectivamente, o futebol canaliza muita agressividade humana, o que
seria óptimo se a SUBLIMASSE, mas não, não só não a sublima como a insere na
vida quotidiana, o que jamais aconteceria se o futebol permanecesse um desporto
puro. Neste quadro conceptual se explica a resistência dos altos responsáveis
em introduzir no futebol sistemas de visionamento que facultariam ao árbitro as
imagens das jogadas, obtidas de vários ângulos, e com tratamento informático,
com a finalidade de obter uma arbitragem o mais objectiva possível. Mas é
precisamente isso que os “senhores do futebol” não querem, nem muitos adeptos,
PORQUE ADORAM O CHOQUE FANÁTICO DAS SUBJECTIVIDADES, POIS APENAS ISSO CONFERE
SENTIDO ÀS SUAS PAUPÉRRIMAS EXISTÊNCIAS.
E é isto mesmo que se conclui: Homens, e ùltimamente
até mulheres, vazios interiormente de toda e qualquer espiritualidade,
superficiais, intelectualmente embotados, encontram nos “golos” o sentido para
a sua vida, não um sentido puramente lúdico, o que seria legítimo, mas um
sentido ontológico, global. Ao invés de medirem o futebol com o seu acto de
ser, são é, na realidade, medidos por ele! E o extraordinário empobrecimento,
pessoal, familiar, e social, daí resultante obscurece toda esta
pseudo-civilização.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 10 de Julho de 2016
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
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