"Proibimos a todos e a qualquer um dos fiéis de ambos os sexos, em nome
da santa obediência e sob as penas acima em que incorrerão automaticamente, de
ler, sustentar, pregar, louvar, imprimir, publicar ou defendê-los. Incorrerão
nessas penas se ousarem apoiá-las de qualquer maneira, pessoalmente ou através
de quem quer que seja, direta ou indiretamente, tácita ou explicitamente,
pública ou ocultamente, seja em suas casas ou em outros lugares públicos ou
privados." - Bula Exsurge Domine do Sumo Pontífice Leão X
Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa
Dentro de poucos
dias o papa Bergoglio irá à Suécia participar das comemorações do quinto
centenário da revolução luterana.
O gesto do
pontífice, embora não nos surpreenda, não deixa de desconcertar-nos. Não nos
surpreende porque seu predecessor João Paulo II agia nessa direção, tendo
mandado depositar flores na campa do heresiarca, e os teólogos da Nouvelle
Theologie, condenados por Pio XII e reabilitados após o Vaticano II, não
escondiam sua admiração pelo falso reformador, monge crapuloso, comilão e
beberrão, inventor da máquina de genocídio do mundo moderno. Não nos surpreende
porque na nova religião há quem chegue a manifestar, senão simpatia, ao menos
compreensão por Judas Iscariotes, dizendo que ninguém pode julgá-lo, num
esforço vão de inocentar o filho da perdição.
Entretanto, o
gesto de Bergoglio nos desconcerta porque de um papa, principalmente em se
tratando de um filho de Santo Inácio de Loyola, queríamos poder esperar que
seguisse o exemplo de seus irmãos maiores São Roberto Belarmino, São Pedro
Canísio e tantos outros gloriosos santos jesuítas.
Com efeito, no
quinto centenário da falsa reforma luterana, os católicos tínhamos o direito de
esperar que o papa renovasse as condenações de Leão X e do Concílio de Trento
contra os erros dos pseudo-reformadores e exortasse os hereges de hoje,
herdeiros dos erros do século XVI, a abjurar suas doutrinas heréticas e a
voltar para o seio da única Igreja de Cristo.
Tínhamos
igualmente o direito de ver a Igreja pronunciando um juízo sobre as consequências
históricas das heresias do século XVI, como o faziam os bons manuais de
apologia de antes do Vaticano II (por exemplo, o excelente manual de mons.
Cauly). De fato, se cumpre pronunciar-se sobre a terrível efeméride, não se
esqueçam as vítimas dos monstruosos hereges. Foram tantos os mártires
católicos, foram tantos, também, os pobres camponeses alemães enganados por
Lutero e depois esmagados brutalmente numa carnificina horrenda por ordem do
mesmo heresiarca.
Realmente,
parece que hoje se dá no plano religioso-ecumênico a mesma demagogia que se
observa no noticiário policial: não faltam palavras de compaixão pelo bandido e
nenhuma palavra de solidariedade pela família da vítima. Sobram palavras de
compreensão para os desmandos, blasfêmias e imoralidades de Martinho Lutero e
não se diz uma palavra em defesa da Roma dos papas, que Lutero chamava Sinagoga
de Satanás e Trono do Anticristo.
No balanço
histórico dessa negra efeméride poderia ocupar um lugar de destaque a rainha
Maria Stuart da Escócia, outra vítima dos hereges fanáticos do século XVI. A
vida dessa rainha infeliz, além de ilustrar perfeitamente a diferença entre a
mentalidade católica e a mentalidade protestante, lança uma luz admirável sobre
a verdadeira misericórdia divina, tal como a entendeu sempre a Igreja. Lança
também uma luz sobre o que seja o verdadeiro ecumenismo. Como se sabe, Maria
Stuart, depois de ter cometido vários erros graves em sua vida, caiu em
desgraça nas mãos da sua prima degenerada rainha “virgem” e histérica Isabel da
Inglaterra. Acusada de uma falsa conspiração forjada pelos protestantes, foi
obrigada a comparecer diante de um simulacro de tribunal e condenada à morte
por uma sentença iníqua de sua prima herege. Proibida de receber os últimos
sacramentos de um sacerdote católico, recusou-se a receber qualquer assistência
de um ministro herético e morreu santamente como uma princesa católica.
O filho de Maria
Stuart, rei Jaime I da Inglaterra (Jaime VI da Escócia), um demente que
participou de toda maquinação do regicídio da própria mãe, poderia ser
considerado patrono do ecumenismo dos nossos dias. Com efeito, o celerado
monarca, que tinha pretensão de ser teólogo, mandou sepultar o corpo de sua mãe
católica na cripta dos reis da Inglaterra na abadia de Westminster e esculpir
uma estátua dela ao lado da estátua da megera Isabel I (Quando na verdade Maria
Stuart tinha disposto em seu testamento que queria ser sepultada na França
católica, da qual fora rainha, junto ao jazigo de sua mãe Maria de Guise).
De fato, o gesto
de Jaime I, pondo lado a lado as estátuas da perversa protestante Isabel e da
infortunada rainha Maria Stuart, parece reproduzido hoje no século XXI quando a
orgia de um falso ecumenismo emascula o sacerdócio, corrompe a doutrina sagrada
e provoca a ira divina.
Anápolis, 7 de
outubro de 2016.
Festa de Nossa
Senhora do Rosário
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