"MAS SEM NADA QUEREREM APELAR DAS EXIGÊNCIAS EVANGÉLICAS. NA ESCOLA DE MARIA, APRENDERÃO A SÓ VIVER PARA DAR CRISTO AO MUNDO, MAS SE TAMBÉM PRECISO, APRENDERÃO A ESPERAR COM FÉ A HORA DE JESUS, PERMANECENDO JUNTO DA CRUZ."
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves
Cabral
Escutemos o Papa Pio XII, em excertos da
sua encíclica “Le Pélérinage de Lourdes”, promulgada em 2 de Julho de 1957:
«Ainda hoje nos volvemos para o célebre
santuário que se prepara para acolher nas margens do Gave a multidão dos peregrinos do centenário. Se desde há um
século, ardentes súplicas, públicas e privadas, pela intercessão de Maria, ali
têm obtido de Deus tantas Graças de cura e de conversão, temos a firme
confiança de que neste ano jubilar, Nossa Senhora quererá ainda com largueza
corresponder à expectativa dos seus filhos; mas temos sobretudo a convicção de
que ela nos exorte a recolhermos as lições espirituais das Aparições, e a
enveredarmos pelos caminhos que ela tão claramente nos traçou.
Essas lições, eco fiel da mensagem
evangélica, fazem ressaltar de maneira impressionante O CONTRASTE QUE OPÕE OS
JUÍZOS DE DEUS À VÃ SABEDORIA DESTE MUNDO. Numa sociedade que não tem lá muita
consciência dos males que a corroem, numa sociedade que vela as suas misérias e
as suas injustiças sob aparências prósperas, brilhantes e descuidosas, a Virgem
Imaculada, por quem o pecado jamais roçara, manifesta-se a uma menina
inocente. Com compaixão maternal
percorre com o olhar este mundo redimido pelo Sangue do seu Filho, onde,
infelizmente, o pecado faz cada dia tantas devastações, e por três vezes lança
o seu apelo premente: “Penitência! Penitência! Penitência!” Gestos expressivos
são mesmo pedidos: “Ide beijar a terra em Penitência pelos pecadores.” E ao
gesto há que juntar a súplica: “Rogareis a Deus pelos pecadores”. Tal como no
tempo de São João Baptista, tal como no início do Ministério de Jesus, A MESMA
INJUNÇÃO, FORTE E RIGOROSA: ARREPENDEI-VOS! (Mt 3,2 //4,17). E quem ousaria
dizer que esse apelo à conversão do coração perdeu, nos nossos dias, a sua
actualidade?
Ora o mundo, que tantos e tão justos
motivos de ufania e esperança oferece nos nossos dias, conhece também uma
terrível tentação de materialismo, muitas vezes denunciada pelos nossos
predecessores e por nós mesmos. Esse materialismo não está sòmente na filosofia
condenada que preside à política e à economia de uma porção da Humanidade,
manifesta-se também no AMOR AO DINHEIRO, cujas devastações se amplificam à
medida dos empreendimentos modernos, e que infelizmente comanda tantas
determinações que pesam sobre a vida dos povos; traduz-se PELO CULTO DO CORPO,
PELA PROCURA EXCESSIVA DE CONFORTO, E PELA FUGA DE TODA A AUSTERIDADE DE VIDA;
INDUZ AO DESPREZO DA VIDA HUMANA, DAQUELA MESMO
QUE É DESTRUÍDA ANTES DE VER A LUZ; ESTÁ NA DEMANDA DESENFREADA DE
PRAZER, QUE SE OSTENTA SEM PUDOR E QUE MESMO, PELAS LEITURAS E PELOS
ESPECTÁCULOS, TENTA SEDUZIR ALMAS AINDA PURAS; ESTÁ NA INDIFERENÇA PARA COM O
SEU IRMÃO, NO EGOÍSMO QUE O ESMAGA, NA INJUSTIÇA QUE O PRIVA DOS SEUS DIREITOS,
NUMA PALAVRA, NESSA CONCEPÇÃO DE VIDA QUE REGULA TUDO EM VISTA SÒMENTE DA
PROSPERIDADE MATERIAL E DAS SATISFAÇÕES TERRENAS. “Minha alma – dizia um rico –
tens quantidade de bens em reserva por longo tempo; repousa, come, bebe, leva
vida regalada. Mas Deus lhe diz: Insensato, ESTA NOITE MESMO VÃO PEDIR-TE A TUA
ALMA” (Lc 12, 19-20).
A uma sociedade que na sua vida pública,
não raras vezes contesta os direitos supremos de Deus, que quereria ganhar o
Universo ao preço da sua alma, e que assim correria à sua perdição, a Virgem
maternal lançou como que um brado de alarme. Atentos ao seu apelo, ousem os
sacerdotes o pregar a todos, sem temor, as grandes verdades da salvação. Com
efeito, NÃO HÁ RENOVAÇÃO DURÁVEL SENÃO FUNDADA NOS PRINCÍPIOS INFRANGÍVEIS DA
FÉ, E PERTENCE AOS SACERDOTES FORMAR A CONSCIÊNCIA DO POVO CRISTÃO. Assim como
compassiva, para com as nossas misérias, mas clarividente sobre as nossas
verdadeiras necessidades, a Imaculada vem aos homens para lhes lembrar as
diligências essenciais e austeras da conversão religiosa; devem os ministros de
Deus, COM SOBRENATURAL SEGURANÇA, TRAÇAR ÀS ALMAS A ESTRADA ESTREITA QUE CONDUZ
À VIDA (Mt 7,14). Fá-lo-ão, sem esquecer de que espírito de doçura e paciência
necessitam, (Lc 9,55) MAS SEM NADA QUEREREM APELAR DAS EXIGÊNCIAS EVANGÉLICAS.
NA ESCOLA DE MARIA, APRENDERÃO A SÓ VIVER PARA DAR CRISTO AO MUNDO, MAS SE
TAMBÉM PRECISO, APRENDERÃO A ESPERAR COM FÉ A HORA DE JESUS, PERMANECENDO JUNTO
DA CRUZ.»
Segundo Monsenhor Lefebvre, uma das
grandes heresias que singrava dissimuladamente na Igreja pré-Conciliar,
constituía precisamente na crença de que seria necessário o estabelecimento de
sólidos fundamentos naturais, para que ulteriormente se pudessem edificar os
grandes princípios da Ordem Sobrenatural. Efectivamente, tal asserção
consubstancia uma grande heresia, completamente oposta ao Magistério de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
É certo que a Ordem Sobrenatural, não
oblitera, nem diminui, a Ordem Natural; aperfeiçoou-a, sim, infinitamente,
conduzindo-a à participação na Natureza Divina, na Inteligência Divina, na
Caridade Divina. O facto de, filosòficamente, a realidade da Ordem Natural
constituir a base substancial onde assenta o acidente Sobrenatural, não implica
que no dramatismo das vicissitudes do quotidiano, seja necessário um
determinado nível de satisfação, mesmo das carências materiais mais
elementares, para obter eficazmente o auxílio Divino. De modo algum. Acontece
muito frequentemente o contrário. É no cerne das convulsões amargas da
existência, das desilusões mais profundas, dos desgostos mais aniquilantes, que
a Voz Bendita e adorada de Nosso Senhor Se deixa perceber nos Mistérios da
operação da Graça e dos Dons do Espírito Santo.
O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo e os
Seus Apóstolos e discípulos, não nasceram num palácio, em berço de ouro, mas
numa grande pobreza e desprovidos de qualquer posição social.
Genèricamente, em toda a economia de
salvação, OS BENS SOBRENATURAIS ENCONTRAM-SE EM PROPORÇÃO INVERSA COM OS BENS
NATURAIS.
No Paraíso Terrestre, os bens naturais,
inclusive as riquezas, não constituiam estorvo para o progresso na virtude
Sobrenatural, na exacta medida em que todas as inteligências estavam unidas na
Verdade, e todos os corações na Caridade. Foi o pecado original que transtornou
completamente a relação do homem com o meio natural, o qual deve contribuir,
harmònicamente, para a Glória de Deus – E NÃO O CONTRÁRIO.
No Antigo Testamento, as riquezas eram
consideradas o prémio terreno à virtude religiosa; tendo em conta que nessas
épocas remotas o conceito de vida além túmulo ainda se encontrava pouco
amadurecido; o que não deve surpreender, visto que a pedagogia da Revelação
procede gradualmente, atingindo em Nosso Senhor o seu zénite, e encerrando-se
com a morte do Apóstolo São João, por volta do ano 100. Quando a alma possui
uma virtude excepcional, a posse de riquezas não impede o progresso nessa mesma
virtude.
Monsenhor Lefebvre descrevia,
emocionadamente, como perante os seus olhos de missionário, as paupérrimas
aldeias nativas que abraçavam verdadeiramente a Fé Católica, se desenvolviam,
também no plano natural, económico, social e político; tal sucedia porque esse
pobres nativos PROCURAVAM ANTES DE TUDO O REINO DE DEUS E SUA JUSTIÇA; E ASSIM
NOSSO SENHOR LHES MINISTRAVA POR ACRÉSCIMO O SUSTENTO NATURAL, TAL COMO
PROMETERA SOLENEMENTE (Lc 12,31).
ESTA CONSTITUI UMA VERDADE BASILAR DA
ECONOMIA SOBRENATURAL;
tão necessária à salvação como a imperiosa
injunção teológica que ordena à alma procurar, contìnuamente e sem
desfalecimentos, aprofundar ascèticamente a sua virtude, porque: QUEM NÃO
AVANÇA, RECUA!
O Presidente Garcia Moreno, do Equador,
assassinado pela maçonaria em 1875, tinha o hábito de assistir a provas
académicas de doutoramento em Direito, com o objectivo de assinalar pessoas de
mérito intelectual, para empregar na função pública. Tendo certo indivíduo
prestado uma prova excepcional, foi pelo Presidente muito felicitado,
aproveitando este até para o interrogar sobre os principais pontos do
Catecismo. Pois o proficiente doutorando não soube responder a qualquer
questão.
Entristecido, o Presidente Garcia Moreno
providenciou imediatamente para que o doutorando fosse convenientemente
esclarecido sobre a Doutrina Cristã, asseverando a absoluta supremacia do
conhecimento do Catecismo sobre os estudos humanos.
Que se afirme muito claramente, que os
títulos universitários do mundo, em si mesmos, nada aproveitam à salvação da
alma. Um estado verdadeiramente Católico jamais poderia facultar graus
académicos, primários, médios, ou superiores, a quem não possuísse os
conhecimentos da Doutrina Cristã proporcionais à sua idade. O nosso exame da
Eternidade apenas incidirá no Amor Sobrenatural a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo por amor de Deus. Certamente que os estudos terrenos realizados para
mais eficazmente anunciar a Glória extrínseca de Deus, possuem todo o mérito
Sobrenatural, sobretudo os estudos civis de Filosofia, Direito e História, que
tanto auxiliam no desbravar dos obstáculos que o mundo tão frequentemente
coloca à acção da Santa Madre Igreja.
Após a revolução de 1789, a maçonaria
internacional no seu afã de construção dos estados laicos, empregou todos os
seus esforços na laicização do ensino. Mesmo quando admitisse o placebo da
“aula de Religião e Moral,”tal não influía, nem podia influir, decisivamente,
num sistema escolar estabelecido na ignorância total, ou na negação positiva,
de Deus Nosso Senhor e Sua Santa Madre Igreja.
A revolução de 1789 instituiu definitivamente
uma tara que já evoluía desde o século XV – o maquiavelismo. Efectivamente, o
maquiavelismo existia já bem antes de Maquiavel (1469-1527), no extremo
naturalismo dos estados italianos e na própria decadência religiosa (mas não
apostasia) da Santa Madre Igreja e da própria Santa Sé. O maquiavelismo de
direito e de facto, substituiu ou quis substituir a hegemonia da Santa Madre
Igreja pelos nacionalismos e egoísmos estatais terrenos; esta foi a sua obra
caracterizadamente LETAL, que a revolução de 1789 consolidou. DEVE SER TITULADA
COMO A GRANDE INVERSÃO ANTROPOCÊNTRICA DOS ÚLTIMOS 600 ANOS. Porque o
Magistério da Santa Madre Igreja sempre ensinou que os Estados, conquanto
legítimos e necessários, SÃO SOCIEDADES PERFEITAS EM SENTIDO DEFICIENTE; AO
PASSO QUE A SANTA IGREJA É UMA SOCIEDADE PERFEITA EM SENTIDO EMINENTE, PORQUE A
ELA COMPETE GLORIFICAR A DEUS NOSSO SENHOR E CONDUZIR AS ALMAS AO BOM PORTO DA
ETERNIDADE; AO PASSO QUE AOS ESTADOS COMPETE, COM PLENA AUTONOMIA TÉCNICA,
ASSEGURAR O BEM ESTAR NATURAL, AINDA QUE EM ESSENCIAL DEPENDÊNCIA, RELIGIOSA,
FILOSÓFICA, E MORAL, DA SANTA MÃE IGREJA. O Maquiavelismo é constitutivamente a
negação de todo o Direito Público Eclesiástico, este mesmo fundamentado no
Direito Divino Sobrenatural.
A grande decadência religiosa e civil da
Humanidade nestes seis séculos resulta da aniquilação progressiva deste Direito
Público Eclesiástico. Em particular, as guerras cruentíssimas que o século XX
testemunhou, constituíram o desfecho último dessa decomposição acelerada da
convivência nacional e internacional. Porque a Santa Igreja sempre louvou o
patriotismo, fundamentado no quarto Mandamento da Lei de Deus, MAS SEMPRE
ABOMINOU O NACIONALISMO ATEU, QUE IDOLATRA O ESTADO. Dessa idolatria só escapou
o Presidente Garcia Moreno, já citado, o qual chegou a enviar ao Papa Pio IX um
documento de Estado, em branco, mas
assinado pelo Presidente, para que o Papa escrevesse, ele próprio, o texto da
Constituição; e, ainda que parcialmente, a Cruzada Nacional espanhola de 1936-39.
Mas esses regimes foram de curta vida, e o regime nacional do Generalíssmo
Franco nem sequer deixou qualquer vestígio institucional, pois que a Coroa foi
restabelecida nas mesmas bases liberais que haviam atormentado a Espanha nos
cento e cinquenta anos precedentes, e produzido as constituições de 1869 e
1876, que proclamavam a liberdade religiosa, e que foram severìssimamente
condenadas pela Santa Sé.
Uma das mais graves consequências do
pecado original, É QUE NEM OS INDIVÍDUOS, NEM OS POVOS, APRENDEM COM OS SEUS
ERROS E PECADOS. MUITO PELO CONTRÁRIO, REPRODUZEM-NOS SEMPRE A NUM PATAMAR MAIS
COMPLEXO E MAIS LETAL.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 5 de Outubro de 2016
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves
Cabral
Fonte: https://promariana.wordpress.com/2016/10/12/procurai-antes-de-tudo-o-reino-de-deus-e-a-sua-justica/
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