“Quando 45 eruditos dos principais meios de comunicação
católicos escrevem a um Papa para lhe pedir que repudie os numerosos erros do
seu próprio documento para que não dê lugar a uma cisão, sabemos que a Igreja
está a experimentar um acontecimento sem precedentes.”
Christopher A. Ferrara
FatimaNetWork
A Igreja Católica está a ser abalada até às suas fundações no
rescaldo da publicação da Amoris Laetitia e com a carta ‘confidencial’do PapaFrancisco aos Bispos de Buenos Aires (que rapidamente extravasou os limites e
foi tornada pública), que afirma que a admissão à Sagrada Comunhão de adúlteros
públicos em “segundos casamentos” é a única interpretação correta da Amoris.
Lemos agora que Josef Seifert, célebre filósofo
austríaco e amigo do falecido Papa João Paulo II, declarou numa entrevista natelevisão que certas afirmações da Amoris Laetitia são “objetivamente
heréticas” e que o Papa deve agir no sentido de as corrigir, “para evitar o
cisma, a heresia, e uma divisão total na Igreja…” O Professor Seifert é um dos 45 signatários,
todos eles Católicos eruditos pertencentes aos principais meios de comunicação
social da Igreja, do documento que pormenoriza numerosas proposiçõesheterodoxas e mesmo heréticas da Amoris Laetitia, e que vêm pedir ao Papa que
as condene.
A crítica, enviada a todos os Cardeais da Igreja, não
produziu até à data nenhuma ação corretiva por parte de Francisco. Entretanto,
a “divisão na Igreja” para a qual Seifert adverte já está em marcha, e factos
recentes indicam que é o próprio Francisco que a está a promover. Estes factos
estão resumidos no site da Fraternidade São Pio X (FSPX) para a qual Francisco
propôs, declaradamente, uma estrutura judicial para a regularização total da
sua missão canónica.
Repare-se no que a FSPX assinala: “Na Alemanha, eles
[os divorciados e ‘recasados’] já recebem a Sagrada Comunhão”, enquanto nas
Filipinas as palavras da Conferência Episcopal que segue a Amoris são:
“[T]ambém vamos fazer o mesmo”, porque “A misericórdia não pode esperar. A misericórdia
não deve esperar!” e “[A]queles que vivem em uniões irregulares devem ser
convidados à ‘mesa dos pecadores em que o Sacratísimo Senhor Se oferece a Si
Próprio como alimento para os miseráveis.’” Na Polónia, Francisco,
declaradamente, disse em privado aos Bispos polacos que cada Conferência
Episcopal local pode decidir o assunto por si própria; e em Buenos Aires, como
já foi notado, declarou ele que a Sagrada Comunhão dada a adúlteros públicos em
“certos casos” é a única interpretação correta da Amoris.
Pelo contrário, no Canadá, “os Bispos de Alberta e do
Território Noroeste afirmaram em diretivas pastorais que a Igreja Católica não
mudou a sua prática relativamente aos Católicos divorciados e civilmente
recasados”, que devem arrepender-se do seu adultério e comprometer-se a uma
emenda de vida, cessando as suas relações adúlteras, antes de receberem a
absolvição e serem admitidos à Sagrada Comunhão. O mesmo se passa quanto ao
Arcebispo Chaput de Philadelphia [E.U.A.], que insiste em que o ensino e a disciplina
eucarísticos bimilenares continuam em vigor, e que as pessoas divorciadas e
“recasadas”, se não puderem separar-se por causa dos filhos, devem viver
castamente para serem admitidas aos Sacramentos.Do mesmo modo, Sua Ex.ª D.
Thomas Olmstead de Phoenix [E.U.A.], ignorando intencionalmente a Amoris
Laetitia, declara que aderirá ao “Magistério da Igreja especialmente ao do
Beato Paulo VI, de São João Paulo II e do Papa Emérito Bento XVI, que reafirmam
a tradição constante da Igreja.”
Por outro lado, o Arcebispo Cupich de Chicago, um
progressista notório que Francisco elevou a esta importante Sé episcopal, já
foi além da Comunhão sacrílega para os adúlteros públicos em “segundos
casamentos”, ao declarar que até aqueles que vivem em “uniões homossexuais” com
a prática habitual da sodomia podem receber o Santíssimo Sacramento se eles
“chegarem a essa decisão de consciência tranquila” e que a Igreja deve
“ajudá-los a seguir em frente e respeitar isso.”
Talvez o ponto de vista mais perspicaz sobre esta
situação aterrorizadora seja o que a FSPX expressou: “-Estará a Amoris Laetitia
a provocar a divisão dentro da Igreja, ou antes a manifestar heresias e cisões
já presentes entre o clero do mundo inteiro?” Eu teria de responder que são
ambas as coisas. Veja-se o que observou o Padre Ray Blake, com uma franqueza
admirável e muita coragem, à luz do prevalecente carácter tipo ‘republica das
bananas’ que o Bergoglianismo gerou: “-É uma ironia que o próprio Papa, o
‘ministro da unidade’, se torne o centro e a fonte da desunião. Talvez fosse
precisamente isso que o Conclave de 2013 desejava quando elegeu Jorge
Bergoglio, que já era conhecido como uma figura divisiva tanto nos Jesuítas
como na sua Diocese de Buenos Aires.”
E o artigo de John Allen sobre este facto conclui:
“Quer seja propositado quer não, o que o Papa Francisco realmente fez foi
escolher a descentralização sobre uma das questões mais contenciosas da vida
Católica atual.” Allen diz que, quando perguntou ao Cardeal Francisco Arinze da
Nigéria, atualmente reformado, o seu parecer sobre a “opção de
descentralização” durante o Falso Sínodo sobre a Família, o Cardeal Arinze
respondeu: “O senhor vai dizer-me que podemos ter uma Conferência Episcopal
nacional num país que aprovaria alguma coisa que, noutra Conferência, fosse
considerada um pecado? Será que o pecado muda com as fronteiras nacionais?
Tornar-nos-íamos igrejas nacionais.”
-Deus nos valha! Quando 45 eruditos dos principais
meios de comunicação católicos escrevem a um Papa para lhe pedir que repudie os
numerosos erros do seu próprio documento para que não dê lugar a uma cisão,
sabemos que a Igreja está a experimentar um acontecimento sem precedentes.
Recorde-se que, segundo o Cardeal Mario Ciappi, outro amigo de João Paulo II e
também o seu teólogo pontifício pessoal, o Terceiro Segredo de Fátima prediz
que “a grande apostasia da Igreja começará pelo cimo.” Se esta situação não
representa a apostasia, a espalhar-se por todo o Mundo com a ajuda do próprio
Papa, então as palavras perderam o seu significado.
-Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
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