"Quem deseja que a estrela da Paz desponte e se estabeleça sobre a sociedade, rejeite qualquer forma de materialismo, que não vê no povo mais do que um rebanho de indivíduos,os quais, desunidos e sem consistência interna, vêm a ser considerados como matéria de domínio e de arbitrariedade."
Alberto
Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa
Pio XII, em passagens da sua Radiomensagem “Con
Sempre Nuova Freschezza”, pronunciada a 24 de Dezembro de 1942:
«A ordenação
Jurídica tem, além disso, como alto e árduo objectivo, assegurar as relações
harmónicas, quer entre indivíduos, quer entre as sociedades, quer ainda no seio
destas. Conseguir-se-á isso se os legisladores se abstiverem de seguirem
aquelas perigosas teorias e práticas infaustas à comunidade e sua coesão, cuja
origem e difusão se deve filiar numa série de postulados erróneos. Entre esses
deve incluir-se o positivismo jurídico, que atribui uma enganosa majestade à
publicação de leis puramente humanas e abre caminho a uma perniciosa separação
entre leis e moralidade; da mesma forma, o conceito que reivindica para certas
nações, raças ou classes, o instinto jurídico, como último imperativo e norma
sem apelação; finalmente, aquelas várias teorias que, embora diversas entre si
e procedentes de pontos de vista ideològicamente opostos, concordam umas com as
outras em considerar o estado, ou o organismo que o representa, entidade
absoluta e suprema, isenta de fiscalização e de crítica, mesmo quando os seus postulados
teóricos e práticos vão de encontro à aberta negação dos dados essenciais da
consciência humana e Cristã.(…)
Para fim tão
alto, nós, desde o Presépio do Princípe da Paz, confiados em que a Sua Graça se
difundirá em todos os corações, dirigimo-nos a vós, amados filhos, que
reconheceis e adorais em Cristo o vosso Salvador, a todos aqueles que estão
unidos connosco, ao menos pelo vínculo espiritual da Fé em Deus, a todos
finalmente quantos anelam por se libertarem das dúvidas e dos erros, ansiosos de
Luz e de Guia; exortamo-vos com encarecida insistência paterna, não só a
compreender ìntimamente a seriedade angustiosa da hora presente, mas também a
meditar as suas possíveis auroras benéficas e Sobrenaturais, e a unir-vos e
trabalhar juntos pela renovação da sociedade em espírito e Verdade. (…)
Quem deseja
que a estrela da Paz desponte e se estabeleça sobre a sociedade, rejeite
qualquer forma de materialismo, que não vê no povo mais do que um rebanho de
indivíduos,os quais, desunidos e sem consistência interna, vêm a ser
considerados como matéria de domínio e de arbitrariedade. (…)
Defenda a
indissolubilidade do matrimónio; dê à família, célula insubstituível da
sociedade, espaço, luz e ar,para que ela possa atender à missão de perpetuar
nova vida e de educar os filhos num espírito que corresponda ás próprias e
verdadeiras convicções religiosas; conserve e fortifique ou reconstitua,
segundo as suas forças, a própria unidade económica, espiritual, moral e
Jurídica; trabalhe para que das vantagens materiais e espirituais da família
participem também os criados; PENSE EM PROCURAR PARA CADA FAMÍLIA UM LAR, ONDE
UMA VIDA FAMILIAR, SÃ, MATERIAL E MORALMENTE, CONSIGA PATENTEAR-SE COM TODO O
VIGOR; PROCURE QUE OS LOCAIS DE TRABALHO E AS HABITAÇÕES NÃO ESTEJAM TÃO
SEPARADOS QUE TORNEM O CHEFE DE FAMÍLIA ESTRANHO AO PRÓPRIO LAR; TRATE,
SOBRETUDO, DE QUE ENTRE AS ESCOLAS OFICIAIS E A FAMÍLIA RENASÇA AQUELE VÍNCULO
DE CONFIANÇA E DE AUXÍLIO MÚTUO, QUE EM TEMPOS IDOS SAZONOU FRUTOS TÃO
BENÉFICOS; E QUE HOJE EM DIA DEU LUGAR À DESCONFIANÇA, NAS TERRAS ONDE A
ESCOLA, SOB O INFLUXO DO MATERIALISMO, ENVENENA E DESTRÓI O QUE OS PAIS HAVIAM
INSTILADO NA ALMA DOS FILHOS.»
O Santo Natal é
a Festa do Nascimento do Filho de Deus feito Homem no seio da Sagrada Família;
da Família modelo, que todas deveriam estabelecer como fundamento Sobrenatural
de toda a vida matrimonial, de todo o amor paternal e maternal, bem como de
todo o amor filial. E nem se argumente que a Santidade da Sagrada Família é
inalcançável; pois evidentemente que o é; mas exactamente por isso é que
constitui a Encarnação da Eterna Norma Divina familiar numa realidade humana;
porque é Nosso Senhor Jesus Cristo, Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, Quem
irradia toda a Luz de Santidade da Sagrada Família; Nossa Senhora e São José,
APENAS REFLECTEM ESSA LUZ, MAS REFLECTEM-NA COM UMA FIDELIDADE TÃO EXCELSA
QUANTO ESTÃO PRÓXIMOS DA FONTE DE TODAS AS GRAÇAS. Consequentemente, a Sagrada
Família, mais até do que a Santa Madre Igreja possui um Fundamento Divino
Pessoal com elementos humanos; porque a Santa Madre Igreja, na sua face humana,
não é impecável, enquanto que a Sagrada Família o é: Em primeiro lugar, Nosso
Senhor Jesus Cristo, é Essencial, Intrínseca e Substancialmente Santo, COM UMA
SANTIDADE INCRIADA, e não por uma qualidade acidental, mas por Si mesmo e
constitutivamente; depois, a Bem-Aventurada sempre Virgem Maria, a mais santa
de todas as criaturas, inclusivamente dos Anjos, mas santa não por si mesma,
mas por uma qualidade acidental criada, (acidental, em sentido estritamente
filosófico) de Direito, por um Privilégio de Direito, num acto de Providência
absolutamente extraordinária, mediante o qual foi isenta do pecado original, e
que lhe foi outorgado por Deus Nosso Senhor, preservando-a de toda a mancha, mesmo
venial, e até de imperfeições, das quais não se livraram os maiores santos; São
José, contraiu o pecado original, sendo santificado no ventre da sua mãe, por
um acto de Providência especial, tal como São João Baptista, a sua
impecabilidade não é absoluta como a de Nossa Senhora, mas é superior à dos
maiores santos; e constitui uma pia opinião pensar que São José está no Céu em
corpo e alma, tendo sido um daqueles santos que ressuscitaram aquando da morte
de Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 27,52). Não é impossível, bem pelo contrário,
que a Santa Madre Igreja venha a definir o Dogma da Assunção de São José. Como
pode a Sagrada Família ocupar a mais sublime e elevada hierarquia do Reino dos
Céus, sem se encontrar, ela própria, unida em corpo e alma?
A Natividade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo de Deus feito Homem, constitui assim uma
exaltação Sobrenatural da família, inserida sacramentalmente no Corpo Místico
de Cristo, e célula fundamental da sociedade. Porque a família possui uma
prioridade lógica e ontológica, natural e Sobrenatural, sobre a sociedade.
Nosso Senhor, novo Adão, que era Deus, quis nascer numa família já regularmente
constituída, ao contrário do velho Adão constituído já em estado adulto.
Efectivamente, a Santíssima Trindade, na Sua Eterna Sabedoria, poderia ter
constituído Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, já Homem plenamente
adulto, mas não o fez, inseriu Nosso Senhor numa Família, modelo Sobrenatural
absoluto de todas as famílias.
Neste quadro
conceptual, é fácil verificar como o princípio ateu da liberdade religiosa
oblitera a essência Sobrenatural do Natal, criando um vazio, um báratro, de tal
forma profundo, que arruina a razão de ser da própria família, e por isso da
mesma sociedade.
Efectivamente, o
modernismo como sentimentalismo cego e estéril sempre existiu, embora cultural
e religiosamente seja mais específico da época laicista (séculos XIX e XX), tal
como o deísmo o foi nos séculos XVII e XVIII. Este modernismo, compêndio de
todas as heresias, tal como o definiu São Pio X, como verdadeiro SIDA
espiritual, uma vez assumido, para castigo da Humanidade, pela face humana do
Corpo Místico, pôs termo à época laicista e deu início à idade pós-cristã, que
é também a idade do anti-Cristo.
As aberrações
contra a família sempre existiram, e em alto grau, basta ler a Sagrada
Escritura; MAS A SIMPLES EXISTÊNCIA DA SANTA MADRE IGREJA COMO REALIDADE SOCIAL
E CULTURAL, AINDA QUE OSTRACIZADA PELO ESTADO, E ATÉ, FREQUENTEMENTE, PELA
SOCIEDADE CIVIL, CONSTITUÍA UMA BARREIRA OBJECTIVA QUE IMPEDIA QUE REALIDADES
ABSOLUTAMENTE CONTRA A NATUREZA FOSSEM INSTITUCIONALIZADAS. É conhecido como a
maçonaria é extremamente poderosa em Itália desde há duzentos anos; MAS SÓ
CONSEGUIU INSTITUCIONALIZAR O DIVÓRCIO (1969) E O ABORTO (1978) IMEDIATAMENTE, A
SEGUIR AO VATICANO 2, E POR CAUSA DELE, QUANDO O TRONO DE PEDRO JÁ ESTAVA
OCUPADO POR ANTI-CRISTOS. O próprio Islão só expressou o paroxismo do seu
satanismo intrínseco, na ausência, e por causa da ausência, da Santa Madre
Igreja e seu Papa, como realidade social e cultural.
Ao liquidar a
face humana do Corpo Místico, satanás logrou uma sinergia global do muito mal
sempre existente no mundo, e a tal ponto, que a expressão moral quantitativa
desse mesmo mundo É TODA ELA DESESPERADAMENTE PÉSSIMA, pois que já não existe
instituição alguma constitutiva da Verdade e do Bem. E A CAUSA DESSE MAL
EXTREMO É A AUSÊNCIA DE PAPA E A PRESENÇA DO ANTI-PAPA.
A denominada
“ideologia do género” para a qual existe uma distinção entre o sexo biológico e
o género socio- cultural, justificando assim toda e qualquer união, com o
pretexto de que as pessoas se apaixonam por pessoas, sendo muito secundário que
sejam, ou não, do mesmo sexo biológico, constitui um tipo ideológico tão
estruturalmente aberrante e hediondo, que só poderia desenvolver-se na idade do
anti-Cristo, já sem a presença sobrenaturalmente benfazeja da Santa Madre
Igreja, como realidade social e cultural.
A dissolução dos
santos Mistérios Sobrenaturais do Natal, PELA PRÓPRIA FACE HUMANA DO CORPO
MÍSTICO, através do princípio da liberdade religiosa, transformando-os numa
espécie de CARNAVAL DO PAI NATAL, ataca tão fundo a própria ordem natural da
realidade humana, que constitui um ponto caracterizadamente nevrálgico,
mediante o qual se pode concertar a destruição, moral, social, cultural, e até
física, do Género Humano, em curto espaço de tempo, e com meios materiais
mínimos. Até há poucos anos julgava-se serem as bombas de hidrogénio a
constituir o maior perigo para a Humanidade; ENGANAVAM-SE! O MAIOR PERIGO É MORAL,
E DENOMINA-SE IDEOLOGIA DO GÉNERO, CONSEQUÊNCIA DIRECTA DO COLAPSO DA FACE
HUMANA DA SANTA MADRE IGREJA.
Nunca, desde
Adão, a Humanidade atravessou momentos tão profundamente dramáticos como este;
nem na segunda Guerra Mundial, que constituiu o maior castigo colectivo
aplicado à Humanidade antes do Vaticano 2. Foi Nossa Senhora que comunicou à
Jacinta que “as pessoas mortas na guerra que há-de vir, vão quase todas para o
Inferno.” Pois é curial pensar que as almas baptizadas catòlicamente, que
faleceram nos últimos cinquenta anos, foram quase todas para o Inferno. Porque
é corolário evidente que a admissão do princípio da liberdade religiosa implica
a necessária negação do Inferno, e portanto também do Céu – e os consectários
derradeiros consistem na negação de Deus e da imortalidade da alma.
Consequentemente, não se pode combater Bergoglio com as armas do Vaticano 2,
porque este último contém IMPLÍCITA, MAS REALMENTE, o primeiro.
LOUVADO SEJA
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 2 de
Dezembro de 2016
Alberto Carlos
Rosa Ferreira das Neves Cabral
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