(“e o futuro da humanidade passa pela família”)
Os séculos XX
e XXI apresentaram, em todos os campos, uma crise da família. Pelo divórcio[1], o matrimônio deixou de ser indissolúvel; pela
anticoncepção[2], o ato conjugal deixou de ser aberto à vida; pela
esterilização cirúrgica[3], a fecundidade matrimonial foi radicalmente
atacada. A Constituição Federal de 1988 reconheceu a fornicação habitual
(“união estável”) “entre o homem e a mulher” como “entidade familiar” (art.
226, §3º). Em 2011, o Supremo Tribunal Federal, resolveu, contra a
Constituição, reconhecer a “união estável” de pessoas do mesmo sexo (!) como
“entidade familiar”[4]. Em 2012, a mesma Corte, atribuindo a si o papel
de legislador, aprovou o aborto de crianças anencéfalas[5].
Todos
esses marcos legais e judiciais foram precedidos e acompanhados de mudanças na
família. Sofre-se de uma crise de identidade familiar. Ninguém sabe qual função
deve desempenhar. Outrora o marido era o chefe da sociedade conjugal, e exercia
essa função “com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos
filhos” (art. 233, CC/1916). Hoje não se aceita que a família tenha
uma única cabeça. Para se evitar o autoritarismo, acabou-se até com a tão
necessária autoridade. Na ausência de um chefe, nada mais resta aos cônjuges,
em caso de divergência, senão submeterem-se a um juiz da vara de família (art.
1567, parágrafo único, CC). É o Estado invadindo a intimidade familiar.
Se examinarmos bem, nos
últimos tempos, quem mais mudou dentro da família foi a mulher. Ela renunciou a
sua missão de ser “um céu de ternura, aconchego e calor”. Decidiu deixar de ser
coração para ser cabeça como o marido. E a família tornou-se um monstro de duas
cabeças e sem coração.
A mulher envergonhou-se de ser
“do lar” com seus filhos e saiu para lucrar algum “dólar” em competição com o
marido. Trocou a glória de ter muitos filhos pela vantagem de ter um alto
salário. Abandonou as saias que tão modestamente se acomodavam aos seus
quadris, feitos para abrigar um bebê, e passou a vestir as apertadíssimas
calças jeans, inicialmente projetadas para homens que
trabalhavam em mineração. Reivindicou para si até os vícios que outrora só eram
tolerados entre os homens, como o tabagismo e o alcoolismo.
Eis como ficou a mulher
desfigurada, privada de sua característica própria, que é a maternidade, e fora
de seu lugar privilegiado, que é o lar. Comparemo-la com aquela descrita
pelo Papa Pio XII em um discurso feito a um grupo de recém-casados em 1942,
comentando um trecho da Escritura que compara a esposa ao sol da família:
A família tem o brilho de um
sol que lhe é próprio; a esposa. Ouvi o que a Sagrada Escritura afirma e sente
a respeito dela: A graça da mulher dedicada é a delícia do marido. Mulher
santa e pudica é graça primorosa. Como o sol que se levanta nas alturas do Senhor,
assim o encanto da boa esposa na casa bem-ordenada (Eclo
26,16.19.21).
Realmente, a esposa e mãe é o
sol da família. É sol por sua generosidade e dedicação,
pela disponibilidade constante e pela delicadeza e atenção em relação a tudo
quanto possa tornar agradável a vida do marido e dos filhos. Irradia luz e
calor do espírito. Costuma-se dizer que a vida de um casal
será harmoniosa quando cada cônjuge, desde o começo, procura não a sua
felicidade, mas a do outro. Todavia, este nobre sentimento e propósito, embora
pertença a ambos, constitui principalmente uma virtude da mulher. Por natureza,
ela é dotada de sentimentos maternos e de uma sabedoria e prudência de coração
que a faz responder com alegria às contrariedades; quando ofendida, inspira
dignidade e respeito, à semelhança do sol que ao raiar alegra a manhã coberta
pelo nevoeiro e, quando se põe, tinge as nuvens com seus raios dourados.
A esposa é o sol da família
pela limpidez do seu olhar e o calor da sua palavra. Com seu olhar e sua
palavra penetra suavemente nas almas, acalmando-as e conseguindo afastá-las do
tumulto das paixões. Traz o marido de volta à alegria do convívio familiar e
lhe restitui a boa disposição, depois de um dia de trabalho ininterrupto e
muitas vezes esgotante, seja nos escritórios ou no campo, ou ainda nas
absorventes atividades do comércio ou da indústria.
A
esposa é o sol da família por sua natural e serena sinceridade, sua digna
simplicidade, seu distinto porte cristão; e ainda pela retidão do espírito, sem
dissipação, e pela fina compostura com que se apresenta, veste e adorna,
mostrando-se ao mesmo tempo reservada e amável. Sentimentos delicados,
agradáveis expressões do rosto, silêncio e sorriso sem malícia e um
condescendente sinal de cabeça: tudo isso lhe dá a beleza de uma flor rara mas
simples que, ao desabrochar, se abre para receber e refletir as cores do sol.
Ah, se pudésseis compreender
como são profundos os sentimentos de amor e de gratidão que desperta e grava no
coração do pai e dos filhos semelhante perfil de esposa e de mãe![6]
Inúmeras vezes o Papa São
João Paulo II disse que “o futuro da humanidade passa pela família”. Mas o
futuro da família passa pela mulher. Se a mulher, à semelhança de Maria,
assumir com alegria sua missão materna de acolher a vida, podemos esperar um
futuro melhor.
Oração pelo Brasil
Ó Maria concebida sem pecado,
olhai pelo nosso pobre Brasil,
rogai por ele, salvai-o.
Quanto mais culpado é,
tanto mais necessidade tem ele
da vossa intercessão.
Ó Jesus, que nada negais a vossa Mãe Santíssima,
salvai o nosso pobre Brasil.
Anápolis, 17 de outubro de 2016.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Notas
[1] Legalizado
pela Emenda n. 9, de 28 de junho de 1977.
[2] A
anticoncepção deixou de ser contravenção penal com a lei 6734, de 1979.
[3] Legalizada
pela lei 9263, de 12 de janeiro de 1996 (lei do “planejamento familiar”).
[4] ADPF
132 / ADI 4277, julgadas em 4 e 5 de maio de 2011.
[5] ADPF
54, julgada em 11 e 12 de abril de 2012.
[6] Discorsi
e Radiomessaggi, 11 mart. 1942: 3,385-390.
Fonte: http://www.sensusfidei.com.br/2016/10/20/o-futuro-da-familia-passa-pela-mulher/#.WB4ywforK00
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